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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib

Entrevista
Agricultura brasileira é deficiente

fonte: foto
De acordo com o engenheiro agrônomo Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib, é possível desenvolver uma agricultura sustentável por meio do manejo ambiental, sem utilizar agrotóxicos

Por: Graziela Wolfart e Patricia Fachin

Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib assinou, juntamente com outros pesquisadores, um relatório que acusa a Monsanto de saber, há mais de 30 anos, que o herbicida Round-Up provoca anomalias congênitas. O professor da Unicamp estuda os efeitos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente desde a década de 1970 e afirma que testes feitos com o glifosato, princípio ativo do Round-Up, “mata qualquer criatura de origem vegetal, (...) causa problemas de desenvolvimento embrionário, atinge células de tecidos do corpo humano e prejudica o desenvolvimento das crianças”.

Em entrevista à IHU On-Line por telefone, Mostafa Habib menciona ainda que a transgenia, outro ramo de atividades da empresa, também causa impactos à saúde humana. “Realizamos testes em animais de laboratório com a ração fabricada a partir da soja transgênica e soja não transgênica. Observamos impactos negativos no desenvolvimento dos ovários e do sistema reprodutor dos animais”, relata.

Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib é graduado em Engenharia Agronômica e mestre em Entomologia (Controle Biológico) pela Universidade de Alexandria, Egito, e doutor em Ciências Biológicas (Entomologia) pela Unicamp. Além de lecionar na instituição, ele é pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp.


***Alguns catados da entrevista:

“... Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio  entendeu quando aprovou a produção e a comercialização, é um produto de largo espectro tóxico, ou seja, mata qualquer criatura de origem vegetal. Ele ainda é tóxico para o ser humano e causa problemas de desenvolvimento embrionário, atinge células de tecidos do corpo humano e prejudica o desenvolvimento das crianças.”

“É fundamental realizar pesquisas para definir o zoneamento agrícola brasileiro e verificar quais são as condições agrícolas de cada região do país. Dentro desse zoneamento, é preciso ter um plano governamental para otimizar as condições de cada região. Não é possível plantar soja desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas; isso é ridículo. Portanto, cada região do Brasil deve identificar a sua vocação, a sua coerência e ver como ela se manifesta na cultura local.”

“As multinacionais que produzem agrotóxicos desrespeitam a sociedade brasileira e o futuro desse país. Elas utilizam o Brasil para ter retorno financeiro e, hoje, trabalham para retirar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o poder de opinar sobre os agrotóxicos, que são os maiores inimigos da saúde brasileira.”


“O modelo do agronegócio brasileiro é arcaico porque se baseia na exportação de grãos, que serve de matéria-prima para os europeus fabricarem ração animal. Se esse setor fosse um pouco mais inteligente, poderia produzir a ração no Brasil e exportar o produto com um valor agregado. Já estou cansado de ver o Brasil exportando matéria-prima e chamar isso de agronegócio; isso é agroburrice, ignorância. Países que buscam o seu desenvolvimento não podem exportar matéria-prima, energia e, muito menos, água.”

“O que acontece no Brasil é uma atividade agrícola extremamente deficiente, que precisa evoluir.”



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