"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Mutirão micorrhyzum da RAE

A rede de agriCultura ecológica de Araçatuba e Região, a RAECONVIDA! vós, tu, eles, elas, nós...



"Micorriza ou Micorrhyzum é uma associação mutualística do tipo simbiótico, existente entre certos fungos e raízes de algumas plantas.

As micorrizas formam-se quando as hifas de um fungo invadem as raízes de uma planta. As hifas vão auxiliar as raízes da planta na função de absorção de água e sais minerais do solo, já que aumentam a superfície de absorção ou rizosfera. Deste modo as plantas podem absorver mais água e adaptar-se a climas mais secos. Os fungos, como "pagamento" dos seus serviços, recebem da planta os fotoassimilados (carboidratos), que necessitam para a sua sobrevivência e que não conseguem sintetizar, pois não possuem clorofila." (vide foto)

Abordaremos um pouco disso no mutirão: sementes, raízes, Micorriza; assim como, o preparo do Bocashi - adubo orgânico fermentado - e sua utilização na agricultura, por exemplo, na estruturação e elevação biológica do solo; em proporcionar um melhor start na germinação, enraizamento e, o arranque remineralizado (com os 45 elementos da tabela periódica). Os usos também da farinha de rocha ou pó de rocha nos solos tropicais.

Bem, outros assuntos, por exemplo,... a quebra da dormência das sementes, segundo cita Teruo Higa. Botá-las em movimentos com o uso do EM, efeito do Bocashi também. Seria tanto as sementes espontâneas, já presentes no solo como as de plantio muvucado, o mix de sementes (leguminosas, gramíneas, oleaginosas, e tal) o que hoje é uma prática importante na condução e manejo dos solos em transição de assegurar um sistema de produção orgânica, em evolução para um sistema mais complexo, realista e natural. Até porque, o uso de agroquímicos em larga escala extinguiu boa parte da composição original de nossa biomassa nativa...

Importante falar da auto-criação de novas raízes: pivotantes e fasciculadas. Ana Primavesi diz que "não se consegue melhorar o solo mecanicamente" portanto, a maneira correta é cambiar para a aeração biológica do solo; seria adubar com plantas, contribuir para o pousio da terra. Segundo ela, 80% dos nutrientes dos solos tropicais estão em sua biomassa.

Assim, nos planejamentos posteriores, dar sequência no manejo da biomassa, com observação cândida, realista; pensando nos microcosmos, e cosmovisão evolutiva para um sistema mais Bio arborizado. Práticas como a do Bocashi, proporciona um melhor arranque na recuperação e no acréscimo de vida ao solo, assim como outras que a agregam: biofertilizantes, produção de microrganismos eficientes - EM, fosfito, rochagem. Sim! Bons alimentos surgirão, com certeza.

'Simbora..' 'se envolve João', caí dentro. Será compreensível e confortante a todos que comparecer, pois buscamos ser diretos na essência geral humana, essa ou aquela ciência. Vindicar a democracia requer primeiro a revolução pela barriga. Luz!

completa Ana, 'A natureza nunca pode ser forçada a fazer o que o homem considera bom. Ela tem de ser respeita!'  é... mas essa frase, sabe pra quem foi né? direta a tal Revolução Verde. 


Local: sítio Morada de São Francisco - 3,5 km à direita após passar em frente ao Aeroporto de Araçatuba.

Horário: oficial 7h. (para quem quiser meditar e reverenciar o nascer do sol, 6h)

contribuiu Oliver Blanco




quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

nova Cruzada


por Sebastião Pinheiro
Sou iletrado, pois conheci Nelson Rodrigues através das colunas do jornal “O DIA” da cidade maravilhosa comprado por um tio motorista de ônibus afeito as suas manchetes sanguinárias, ali aprendi: “Toda unanimidade é burra”. No entanto, todos os meios de comunicação entraram em sintonia e diapasão repetindo o tresloucado ato dos irmãos no Semanário Charlie, sim Hebdo quer dizer a cada sete dias. Há a reprimenda velada: Condene o ato e não permita nenhum "mas".
Refugiado no Balneário Pinhal vendo minha pimenteira Bhut Jolokia doação dos Drs. Michel e Dudu florescerem, acompanhei pelas rádios e jornais locais, o malho ideológico, doutrinário e imbecilizante.
Bertold Brecht traz o equilíbrio: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama de violentas às margens que o comprimem”. Quando a Tonantzin (mexicana) é transfigurada na Virgem de Guadalupe há um choque de poder, mas não de religiosidade; Quando São Jorge, casualmente centurião romano nascido na Síria (Turquia) ou Palestina se transforma em Ogum há a mesma transmutação, com incremento de fervor devido ao choque de poder e liberdade de religiosidade (sincretismo). Ambos exemplos não são suficientes para entender, que os semitas dizem Adonai para preservar o nome Yahveh que não deve ser dito ou escrito. Reconheço o temerário que seria pichadores saírem pela Palestina escrevendo nos muros este vocábulo em hebraico. Porque não o fazem nos EUA e Ocidente? Será por respeito à religiosidade? Ou ao poder?
Cobiça, rebeldia, blasfêmia e idolatria fizeram a Igreja Católica aprimorar suas técnicas de persuasão no que ficou conhecido como Inquisição recomendo o livro Torture [http://www.medievalwarfare.info]
Quando jovens “pied noirs” obrigados durante toda a vida a escutar (Qu’um sang impur Abreuve nos sillons! Que veut cette horde d’esclaves, De traîtres, de róis conjures? Pour qui ces ignobles entraves, Ces fers dês longtemps prepares?) jogam-se à espiritualidade e sofrem a lavagem cerebral pelo ódio religioso que a transfigura. Vemos a violência, bestialidade e crime. Sua realidade não diferente daqueles jovens frutos de estupros criados e transformados em soldados castrados por Saladino para receberem seus pais nas Cruzadas seguintes. Sim, passaram 21 gerações que para o poder nada significa. Hoje poucos sabem onde ficava a Escola das Américas, o que ela ensinava e quem foram seus destacados alunos...
Arguir direito à “liberdade de expressão” é tolice mercadológica sem cabimento. Lembrem quando o poder contrariado quis colocar a religiosidade dos cristãos alemães como entrave às metas de Hitler. A resposta do ditador foi a cobrança do dízimo como imposto pela Receita Federal e entrega a Igreja que imediatamente calou a boca e vimos o que aconteceu urbi et orbi. O que estamos vendo hoje são a mesma cobrança e marchas.
O jovem soldado norte-americano desesperado (e sem liberdade de expressão), a usou na porta do banheiro de seu quartel no Vietnã: “Starting a War for peace is like fucking for virginity”.
Espiritualidade transcende a nome, imagem e faz superar o suplício e a morte (a própria Igreja Cristã tem os soldados romanos Jorge, Expedito, Sebastião dentre outros) que abraçaram outra crença à do poder. Em Abu Grhaib, Guantánamo e outras é de se esperar a mesma espiritualidade...
A orquestração Ocidental foi magnífica. Sem ingenuidade não é possível manter o preço do petróleo a menos de cem dólares por muito tempo (para enfraquecer e controlar o Califado no Iraque-Síria), pois isso incomoda e muito a Arábia Saudita.
A nova Cruzada é lançada sem que tenhamos ideia do se passaram nas IX anteriores, tampouco a atual visa controlar terroristas. Haja visto o "Wikileaks". O que interessa é uma saída e crescimento econômico para o Ocidente estagnado e uma cidadania totalitária sob tutela integral.
Lançamos loas e tertúlias sobre o ocorrido na cidade francesa sem perceber nossa culpa e cada vez fica mais protelada nossa "Chançon de Gesta" como podemos ver nas duas fotos.
Brecht também vaticinou: “O cão bastardo está morto, mas a cadela que o pariu está no cio novamente”. Nada muda.

Havia um Império, no meio do caminho

"homem do tanque" - do massacre na praça da Paz Celestial em Pequim (China)
por Sebastião Pinheiro

sugestão de título, foto capa e epígrafe Oliver Blanco

"E vendo, sem contraste e sem braveza,
Do vento ou das águas sem corrente,
Que o nau passar avante não podia." Camões 
(epígrafe, contribuição do blog @extensionista)

O império absorve tudo, como um buraco negro (1), nem a luz escapa do seu domínio, logo não há diversão (2). A etimologia do termo significa diferentes opções, mas no totalitarismo econômico, tempo para o lazer (3).
A política subalterna pode ter os significados (1), (2) e (3).
“O chiclete Adams fabrica”; “O basquetebol foi criado em Springfield, Virgínia”; e, “Walt Disney nasceu em Chicago”. O chiclete é extrativismo maia há mais dois milênios; O Basquetebol foi criado em Montreal, Canadá; e Disney nasceu espanhol. Há quem necessite de convencimento.
Tortura: é uma forma de convencimento extremo e violento, quando outras formas como adulação, suborno, corrupção não produz efeito e emprega estigma, medo, dor, mutilação, detenção e desaparecimento. Toda reação a ela provoca repulsa nas estruturas de poder, que busca sua atenuação e controle através de publicidade, crença, mito, propaganda e diversão com intuito de “humilhação”.
Com os prolegômenos acima recebo o Relatório do Congresso dos EUA sobre a “Guerra ao Terror” detonada por Bush Jr. e suas singulares técnicas de torturas, em meio às atuais manifestações do judiciário Yankee de não abrir processo contra três policiais anglo-saxões algozes de três não-cidadãos negros, sendo um deles uma criança retardada. Aquele relatório é uma “Bula Indulgente” à corte do ex-Caesar, acima das convenções internacionais, leis e constituição nacional, e respalda a decisão dos juízes. Países foram “terceirizados” para torturas, e assim, líbios foram entregues a Kadhaffi; Sírios foram transferidos à Damasco e egípcios e paquistaneses foram entregues aos militares respectivos; outros países mais corruptos receberam a empreitada por dinheiro. Como sempre os Yankees obtiveram maior eficiência e menores custos.
O pior é que doze anos depois de detidos clandestinamente, sem formalização de processo, “alguns menos culpados” foram entregues a outro governo, que estranhamente alegou razões humanitárias para recebê-los em beneplácito ao Império e atual Caesar.
Antigamente, os mais velhos tratavam a repercussão de crimes de uma forma que as crianças tinham medo, pavor. Entre os mais notórios criminosos na metrópole estavam: - “Meneghetti” (Gino Amleto Meneghetti) conhecido como o homem-gato e – “Sete Dedos” (Benedito Lima Cézar), perigosos facínoras, o último participante na chacina da Ilha Anchieta em 1953. O folclore sobre ambos marcou o Século XX, e agora retorna, diante da realidade nacional e mundial.
É difícil transportar o tema tortura & crime de Estado de uma sociedade à outra, ou mesmo de uma época à outra, mas o pior é quando se lucra com a memória da violência.
O trabalho do bioquímico russo-belga, prêmio Nobel Ilya Prigogine sobre “Sistemas em Equilíbrio” e sua ruptura, instauração do caos (estruturas dissipativas) e o restabelecimento de um novo equilíbrio em nível mais elevado e assim sucessivamente na evolução do sistema serve de analogia para entender os artifícios e ardis da justiça do Império e elites nacionais nesse mister.
O deputado mais votado no RJ sobe à Tribuna do Congresso e ofende grosseiramente a parlamentar dizendo que ela não vale um estupro. Ele não ignora que estupro seja crime hediondo, mas seu desrespeito e grosseria violenta encobrem a disputa ideológica: Proteção aos seus pares nos crimes de Estado por ordens do Império.
Sim, eles foram reles objetos nas mãos dos Caesares e de seus cônsules, o que a acre deputada “sabe de cor e salteado”, mas há semelhança entre ambos. Enquanto o militar usa o objeto (o menor Champinha, psicopata assassino) para diminuir a maioridade penal (sujeito), a deputada em contraponto quer manter o sujeito como tal, considerando o objeto (menores infratores) fruto da sociedade e inação do Estado. O pior do oportunismo são as argumentações inadequadas.
Eles não compõem a moeda como cara e coroa que permite no lance o grau de liberdade. São como a moeda falsa com o mesmo signo de ambos os lados que sublima a decisão e dissemina engodos. Vivemos isto há 500 anos, o mesmo debate entre elites, onde discursos aparentam antagonismo, mas correspondem a ação unívoca e muita propaganda e publicidade.
Hoje vivemos as acusações palacianas que fariam ruborizar tanto o “Sete Dedos, quanto o “Meneghetti”, ambos reconhecidos pelo seu código de Ética restrito e até mesmo festejados nos ambientes menos cultos. O ambiente não mudou, pois imitamos os “torcedores” de uns ou de outros e nada muda. A Ética e Política são recorrentes enquanto a ciência e tecnologia evoluem cumulativamente. Impérios não se espelham em ética e política, mas sobre os benefícios da liberdade, ciência e tecnologia “como as estruturas dissipativas”, de Prigogine através da lei e ordem, também campo de discurso de partidos e políticos.
A diferença é que, o que aqui é aceito, debatido e até mesmo festejado por correligionários, na sede do Império, o decoro não tolera ou permite. Lá o advogado aciona a justiça não-cidadã em nome dos acionistas da Petrobrás (NY), sem privilégio de raça ou cor para reposição de perdas e correção de danos econômicos para a alegria do mercado.
Fui ingênuo em acreditar na promessa governamental de destruir a elite corrupta que há 500 anos explora e rouba a cidadania, nação, sociedade e país na gestão do Estado, mas aconteceu o contrário e o objeto se transformou em sujeito com mais violência.
Seleção Brasileira de Basquetebol, bicampeã mundial no Rio de Janeiro em 1963
Revivendo a época do “Sete Dedos” e o “Meneghetti” recordo de Wlamir, Rosa Branca, Amaury, Bispo e Waldemar e outros da Seleção Brasileira de Basquetebol, bicampeã mundial no Rio de Janeiro em 1963 (foto). Amaury era um jovem que trabalhava com seu pai no salão de beleza mais famoso da cidade de São Paulo (Antoine’s), cujo estado era governado pelo golpista Adhemar de Barros, responsável pelo slogan: “Rouba, mas faz”. Um grupo de jovens de elite, rebeldes (sujeito) roubou um cofre com milhões de dólares (objeto) da casa da amante do político facínora em Santa Tereza (RJ).
É difícil questionar ou tergiversar sobre a ação violenta. Não obstante, o sujeito foi transformado em objeto; Primeiro quando aguçou a ira e cobiça dos agentes pelo botim para evitar a expansão das ações, e patrimônio; Segundo, quando participantes aproveitaram para freqüentar famosos Salões de Beleza, exercitando os velhos vícios da elite, e depois, se vangloriaram do feito nas memórias desrespeitando mortos e desaparecidos semeando ódio, não anistia.
O ódio entre Montesco e Capuleto de Shakespeare não é o importante, sim a violência de ambos contra a plebe rude e ignara com a qual “Sete Dedos” e “Meneghetti” tinham identidade, e até autoridade, pois governos e religiões usam ardis para que todos tenham compaixão por Romeu & Julieta e mantenham intocáveis as elites reais e virtuais das novelas de TV.
Já os pobres de espírito ético & político articulam desculpas esfarrapadas e dia a dia fica mais nu, crendo que todos estão deslumbrados com a beleza da roupa nova do rei que só os “inteligentes” podem ver...
Ao ministro Chou en Lai foi perguntado sobre o significado da Revolução Francesa. Sábio e peremptório afirmou ser ainda muito cedo para uma avaliação (ética & política). Chou en Lai não conseguiu fugir para a URSS, seu avião foi derrubado e os Guardas Vermelhos sacudiram a China por dez anos na Revolução Cultural, a “Gangue dos 4” foi para a cadeia e surgiu Tseng Hsia Ping...
Zapata faz pouco tempo e Doze anos são apenas ontem, a elite desesperada faz água, pois é moeda falsa, tem a mesma face nos dois lados. Os escândalos demonstram que o nível de corrupção é exponencial com agravantes estúpidos e incompetentes: Transmutam sujeito em objeto violento na ação do discurso.
Nem tudo está perdido, pois a funcionalidade democrática permite desmascarar dia a dia as fantasias, más intenções, e devaneios da elite poderosa, singular e sistêmica que não precisa de luz, são súditos do império que tem outras prioridades.
O êxito, sucesso no tempo e espaço é inquestionável tanto aqui, quanto na sede do Império e até os “inimigos internos” concordam, pacificamente: Aquela seleção de Basquetebol será sempre inesquecível. O resto são escaramuças violentas (torturas) de um e de outro lado, compaixão & sentimentalismo para todos.
Um alerta: Antes do “cara ou coroa” olhe bem ambas as faces da moeda e escolha, lembre Aristóteles: O valor da liberdade não é crematístico.

Fonte: Facebook, publicado em 14 de dezembro de 2014.

"Compro uma pistola do vapor
Visto o jaco Califórnia azul
Faço uma mandinga pro terror
E vou..." Criolo

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

AGRICULTURA CONVENCIONAL X ORGÂNICA

Solos tropicais são gradeados, arados, revirados; altamente distribuem doses elevadas de calcário anuais, quebrando os agregados naturais; constantes adubações solúveis ano a ano; aplicações desnecessárias de Agrotóxicos, muito acima do recomendado, sem limites e respeito ao meio ambiente e ao seres humanos.  A foto de baixo é a horta orgânica do bairro Demétria em Botucatu, SP.   

Os defensores da agricultura convencional, que é a química, estão absolutamente convencidos de que o mundo iria morrer de fome se não houver a adubação química e os defensivos que protegem as culturas de parasitas, especialmente insetos e fungos. Os da agricultura orgânica estão igualmente convencidos de que sem matéria orgânica não há produção saudável. Antigamente, a agricultura era a base de toda economia e, no Brasil, foi a cultura do café que pagou a industrialização. Atualmente, o agrobusiness contribui diretamente com 45% da economia nacional, enquanto as indústrias química, metalúrgica, automobilística e eletrônica, de que se falam tanto, contribuem somente com 21% do PIB nacional, sem considerar o efeito direto e indireto da agricultura sobre a economia, especialmente a alimentação da população.

Admitido que o ‘agronegócio’ trabalhe com tecnologia supermoderna, com transplante de embriões em animais e plantas transgênicas especialmente resistentes a herbicidas, proporcionando lucros maiores. Mas nosso planeta está secando, e nossos solos estão se desertificando. A população está cada vez menos saudável.

Os defensores da agricultura orgânica não pretendem voltar à agricultura tradicional, embora ela apresente, especialmente nos Andes, uma sincronização perfeita entre solo, plantas, homens e religião, trabalhando sabiamente com todos estes fatores e alcançando colheitas elevadas, saborosas e nutritivas sem destruir os solos e os recursos de água. Quem tem razão? A agricultura existe somente para contribuir com os lucros ou para alimentar a população hoje, amanhã, sempre, quer dizer, de maneira sustentável.

Para terminar com toda discussão os estudantes da Esalq, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, SP, realizaram um encontro entre os exponentes das duas correntes.

- Podemos produzir mais e melhor com adubos químicos. A matéria orgânica é somente adubo químico em forma orgânica e, portanto, mais diluída, menos eficiente e mais cara para transportar e aplicar.

- Não podem produzir sem matéria orgânica porque é um condicionador do solo. E sem agregados e poros não entram água e ar no solo.

- Podemos irrigar. E quer ver um café adubado e irrigado como produz? E mostraram fotografias.

- Mas com um trato orgânico adequado, as raízes se desenvolvem melhor, exploram um volume maior de solo, recebendo mais água e mais nutrientes, portanto são mais bem nutridas. A selva tropical neste sistema produz em solos paupérrimos cinco vezes mais biomassa por ano e hectare que uma floresta de clima temperado. As plantas estão bem nutridas, apesar dos solos pobres. Portanto, somente precisamos um trato adequado do solo.

- E se as plantas ficam doentes, atacadas por insetos e fungos, vocês não usam defensivos químicos?
- Plantas somente são atacadas quando faltar algum nutriente. Porque plantas não necessitam somente de três ou sete elementos, mas de 45. Às vezes um traço ínfimo de um elemento é a diferença entre saúde e doença. E com raízes profundas e profusas, recebem o que necessitam.

- E se a fome ameaçar grande parte da população?
- A fome veio com os adubos, defensivos e herbicidas, que expulsaram os trabalhadores e pequenos agricultores do campo. Antes desta agricultura química-mecânica, o Brasil se orgulhava de não ter nenhuma pessoa faminta em seu território.

- E se vocês tiverem nematoides, o que fazem?
- Plantamos leguminosas que os controlam. E, além disso, nematoides somente prejudicam plantas fracas. - Mostraram as raízes de um cana-de-açúcar com bilhões de galhas de nematoides e que era a melhor cana da fazenda.

Os “convencionais” não se deram por vencidos.
- E se houver oito toneladas de nematoides por hectare?
A face de um pesquisador veterano se iluminou.

- Quanta matéria orgânica! – exclamou.
A risada foi dos que concordavam com ele.
- Ademais, eles prejudicam somente raízes deficientes em fósforo e boro. Coloquem uns quilos de boro, e as raízes suportam bem até oito toneladas de nematoides.

- E as colheitas recordes do agrobusiness, vocês não consideram esse lucro fantástico?
- E como as consideramos! Porém essas colheitas somente são sustentáveis por um curto prazo de tempo. Destroem os solos, fazem os rios secar e a água potável diminuir, quebram os ciclos naturais e usam plantas geneticamente engenheiradas, das quais ninguém sabe ainda a consequência sobre a natureza e, especialmente, a formação de proteínas e outras substâncias, até estranhas para as plantas, e seu efeito sobre a saúde humana. O transplante de genes ainda não está muito esmerado, está em desenvolvimento, e com certeza tem grande futuro.  Atualmente ainda arrancam cerca de 8% dos cromossomos de uma planta (e cada par de cromossomos pode ter milhares e milhões de genes) e implantam em seu lugar frações de cromossomos de outras plantas e micróbios, como, por exemplo, de Agrobacter na soja, para torná-la resistente ao Roundup. Mas para conseguir um indivíduo que preste, eles fazem milhares de injeções de pedaços de cromossomos e ainda não sabem o que está por vir desta “variedade transgênica”, porque ela recebeu muitos genes e não somente um, e pode, pouco a pouco, mostrar aberrações e plantas monstruosas. E mesmo que essas variedades sejam definitivas, não se enquadram em ciclo natural algum, quebrando os ciclos. Além disso, embora não seja muito, 4,5% da soja transgênica fracassou. Por quê, ninguém sabe.

Produção de soja orgânica - dona Belena - Tarumã, SP.  Quebrando o mito do pacote tecnológico. Produzindo qualidade biológica remineralizada e não quantidades transgênicas e de baixo teor nutricional. 

- Mas a agricultura orgânica produz pouco.
- Sim, quando não é ecológica. Mas quando for conduzida por critérios ecológicos, produz mais do que a convencional.

- E o que é ecológico?
- Por exemplo, não enterrar a matéria orgânica ou o composto mas deixá-lo na superfície como faz a natureza. Nesse caso, a matéria orgânica fica no horizonte A0 e A1.

- Mas com NPK se produz muito mais.

- Talvez por uns poucos anos e isso, nem sempre. Até se esgotarem os outros elementos nos solos. E se vocês consideram o rastro de destruição que se segue aos agricultores que saíram do Rio Grande do Sul para o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Maranhão, acabando com os melhores solos, então não se pode esperar que nossos descendentes ainda tenham de onde tirar sua alimentação. Temos o direito de gerar filhos e deixar que herdem um mundo destruído? De capital financeiro ninguém vive. Vivemos de alimentos e de água doce.

Ana Primavesi
Pergunte ao Solo e às Raízes - Uma análise do solo tropical e mais de 70 casos resolvidos pela agroecologia




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