por Sebastião Pinheiro
Sou iletrado, pois
conheci Nelson Rodrigues através das colunas do jornal “O DIA” da cidade
maravilhosa comprado por um tio motorista de ônibus afeito as suas manchetes
sanguinárias, ali aprendi: “Toda unanimidade é burra”. No entanto, todos os
meios de comunicação entraram em sintonia e diapasão repetindo o tresloucado
ato dos irmãos no Semanário Charlie, sim Hebdo quer dizer a cada sete dias. Há
a reprimenda velada: Condene o ato e não permita nenhum "mas".
Refugiado no
Balneário Pinhal vendo minha pimenteira Bhut Jolokia doação dos Drs. Michel e
Dudu florescerem, acompanhei pelas rádios e jornais locais, o malho ideológico,
doutrinário e imbecilizante.
Bertold Brecht traz
o equilíbrio: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém
chama de violentas às margens que o comprimem”. Quando a Tonantzin (mexicana) é
transfigurada na Virgem de Guadalupe há um choque de poder, mas não de
religiosidade; Quando São Jorge, casualmente centurião romano nascido na Síria
(Turquia) ou Palestina se transforma em Ogum há a mesma transmutação, com
incremento de fervor devido ao choque de poder e liberdade de religiosidade
(sincretismo). Ambos exemplos não são suficientes para entender, que os semitas
dizem Adonai para preservar o nome Yahveh que não deve ser dito ou escrito.
Reconheço o temerário que seria pichadores saírem pela Palestina escrevendo nos
muros este vocábulo em hebraico. Porque não o fazem nos EUA e Ocidente? Será
por respeito à religiosidade? Ou ao poder?
Cobiça, rebeldia,
blasfêmia e idolatria fizeram a Igreja Católica aprimorar suas técnicas de
persuasão no que ficou conhecido como Inquisição recomendo o livro Torture [http://www.medievalwarfare.info]
Quando jovens “pied
noirs” obrigados durante toda a vida a escutar (Qu’um sang impur Abreuve nos
sillons! Que veut cette horde d’esclaves, De traîtres, de róis conjures? Pour
qui ces ignobles entraves, Ces fers dês longtemps prepares?) jogam-se à
espiritualidade e sofrem a lavagem cerebral pelo ódio religioso que a
transfigura. Vemos a violência, bestialidade e crime. Sua realidade não
diferente daqueles jovens frutos de estupros criados e transformados em
soldados castrados por Saladino para receberem seus pais nas Cruzadas
seguintes. Sim, passaram 21 gerações que para o poder nada significa. Hoje
poucos sabem onde ficava a Escola das Américas, o que ela ensinava e quem foram
seus destacados alunos...
Arguir direito à
“liberdade de expressão” é tolice mercadológica sem cabimento. Lembrem quando o
poder contrariado quis colocar a religiosidade dos cristãos alemães como entrave
às metas de Hitler. A resposta do ditador foi a cobrança do dízimo como imposto
pela Receita Federal e entrega a Igreja que imediatamente calou a boca e vimos
o que aconteceu urbi et orbi. O que estamos vendo hoje são a mesma cobrança e
marchas.
O jovem soldado
norte-americano desesperado (e sem liberdade de expressão), a usou na porta do
banheiro de seu quartel no Vietnã: “Starting a War for peace is like fucking
for virginity”.
Espiritualidade
transcende a nome, imagem e faz superar o suplício e a morte (a própria Igreja
Cristã tem os soldados romanos Jorge, Expedito, Sebastião dentre outros) que
abraçaram outra crença à do poder. Em Abu Grhaib, Guantánamo e outras é de se
esperar a mesma espiritualidade...
A orquestração
Ocidental foi magnífica. Sem ingenuidade não é possível manter o preço do
petróleo a menos de cem dólares por muito tempo (para enfraquecer e controlar o
Califado no Iraque-Síria), pois isso incomoda e muito a Arábia Saudita.
A nova Cruzada é
lançada sem que tenhamos ideia do se passaram nas IX anteriores, tampouco a
atual visa controlar terroristas. Haja visto o "Wikileaks". O que
interessa é uma saída e crescimento econômico para o Ocidente estagnado e uma
cidadania totalitária sob tutela integral.
Lançamos loas e
tertúlias sobre o ocorrido na cidade francesa sem perceber nossa culpa e cada
vez fica mais protelada nossa "Chançon de Gesta" como podemos ver nas
duas fotos.
Brecht também vaticinou: “O
cão bastardo está morto, mas a cadela que o pariu está no cio novamente”. Nada
muda.
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