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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

É preciso que corações e mentes compreendam a importância do húmus na vida.

Na TV do império se propala que a humilhação é origem de todos os ódios (revoltas e revoluções), e a razão principal de todos os crimes desde Caim até as mínimas desavenças escolares. O que é estimulado pelo poder através das normas, leis, crenças, publicidade, propaganda, lucros, jogos, manobras político (religioso) econômica e social. Em um momento em que a crise ambiental ultra-social ameaça sua sobrevivência, se faz necessário uma contextualização do termo humilhação. 

A ação de humilhação é estranha, poderosa e daninha. Gandhi com sua humildade a enquadrou sobre a humanidade: “Sempre me foi um mistério como os homens podem glorificar-se com a humilhação de seus semelhantes”; Einstein, com sua sabedoria a projetou sobre as conseqüências morais, éticas e espirituais: “A humilhação e opressão mental por ignorantes e educadores egoístas causam estragos na mente do jovem que jamais podem ser desfeitos e muitas vezes exercem uma influência nefasta por toda a vida”.

Mas o quê significa humilhar? Etimologicamente este termo tem a mesma raiz de humilde que origina a maior de todas as virtudes, a humildade; também de humano e humanidade. Aquilo que se origina do Húmus. Tanto para o religioso quanto para o cientista o húmus é o princípio da Vida (Humus venit nos habebit humus), do húmus veio e a ele retornará canta o Hino dos Estudantes “Gaudeamus igitur”.Humilhar é a ação degradante de chafurdar a pessoa no húmus, com sentido de degradação (lama), pois os que trabalhavam com húmus eram escravos, sem qualquer tipo de liberdade ou sequer direito à vida. Humilhar era a pior forma de tortura praticada pelos tiranos. Hoje é uma forma sofisticada de subjugo ao dinheiro através da corrupção ou êxito a qualquer preço, sem valor ou mérito.

O contraditório é que não ressalte em nenhuma sociedade que o agricultor é o humano que atua como maestro-regente na orquestração sinfônica de transformar o Sol em alimentos para a humanidade e precisa dominar a sabedoria e conhecimento sobre o húmus que é a fertilidade da terra, saúde e qualidade da Vida. Pode haver uma função mais importante, estratégica, espiritual ou religiosa que a de produzir alimentos sem saber quem irá consumi-lo? Então por que permanece o significado semântico babilônico, egípcio, romano? A resposta está que a agricultura é a origem de todas as atividades sociais, mas poucos sentem orgulho desta ascendência, embora em nenhum lugar do mundo ela esteja no mercado ao sabor da oferta e procura, e, humilhar não tenha um significado honorável.

Na TV do império se propala que a humilhação é origem de todos os ódios (revoltas e revoluções), e a razão principal de todos os crimes desde Caim até as mínimas desavenças escolares. O que é estimulado pelo poder através das normas, leis, crenças, publicidade, propaganda, lucros, jogos, manobras político (religioso) econômica e social. Em um momento em que a crise ambiental ultra-social ameaça sua sobrevivência, se faz necessário uma contextualização do termo humilhação. É preciso que corações e mentes compreendam a importância do húmus na vida no solo e agricultura como única solução frente à irreversibilidade da Mudança Climática pelos Gases do Efeito Estufa, mas isso não é do interesse (imperial) de bancos, corporações e governos. Recentemente uma ONG internacional invadiu uma plataforma de petróleo no Oceano Ártico. Uma bela jovem de nossa cidade participou da ação, onde todos foram presos e depois anistiados por pressão internacional. Famosa com a repercussão, a jovem sofreu uma “humilhação” pecuniária posando ao natural (nua) para a Revista Playboy. Há uma estiagem prolongada em três regiões brasileiras (NE, SD, CO) com grave crise hídrica e os interesses oportunistas de Nestlé e Coca Cola em aumentar a demanda por suas marcas de águas naturais vendidas como águas minerais em estelionato, muito longe do sentido radical de humilhar são respaldados na mídia em meio ao “psicoterrorismo”. Encontramos a velha forma de humilhação idiota e corrupta querem nos fazer tomar água de esgoto cloacal e industrial, mas ignoram que toda água doce nasce nos oceanos, sendo o Pacífico o maior deles.

Nos oceanos do planeta há o encontro das correntes marinhas denominados de “gyre” (giros) há vários, mas cinco são os principais (foto), sendo o maior o do Pacífico Norte que está entre a América e a Ásia, casualmente nas áreas de maior densidade populacional. Não obstante, jamais vi uma matéria jornalística ou televisiva sobre a mesma buscando “humilhar” as crianças, jovens e sociedade com sabedoria, restaurando o valor semântico e radical do termo. São raríssimos os documentos de entidades, governos e instituições científicas a respeito do “Great Pacific Garbage Patch”, uma espécie de lixão flutuante como esponja gigantesca com mais de 12.500 quilômetros de diâmetro. Seu núcleo mais sólido (ilha) é do tamanho do estado do Texas nos EUA, com centenas de metros de profundidade formada pelo lixo oceânico que gira continuamente ao sabor das correntes marinhas e cresce dia a dia. Essas esponjas impedem os oceanos de evaporar a água doce que, através das chuvas e neve alimenta os mananciais do mundo, mas querem a alienação e que reciclemos os esgotos cloacais para comprar água natural vendida sob marca pela Nestlé e Coca-Cola para seus lucros. Hoje para se falar em Mudança Climática é necessário pedir licença aos bancos multilaterais ou as “máfias ambientais” encasteladas na burocracia e corrupção dos governos centrais ou periféricos.

Quando partidos políticos revolucionários e movimentos sociais são envolvidos no torvelinho do “giro” humilhados e induzidos a mudar o nome da agricultura ignorando o conhecimento, valor e essência do húmus na terra e na vida ficam a preocupação que as ilhas de lixo, que vão unir-se em um novo Gondwana, logo em uma Pangea de lixo ultra-social. Humilhando no sentido babilônico comemoram o “Dia Mundial do Não Uso dos Agrotóxicos”, o que é estimulado pelo Agronegócios, pois lhe convalida & garante 364 dias de uso de lixo tecnológico sem fiscalização, controle, responsabilidade ou remorsos. Diante da voragem da Eugenia Mercantil, nas “Vacas Sagradas” e “aparelhos”, conscientemente “humilhado” no sentido radical, alegremente, sem ódio, continuaremos cantando: Gaudeamus igitur, iuvenes dum sumus. (bis) Post iucundam iuventutem, post molestam senectutem, nos habebit humus. Ubi sunt qui ante nos in mundo fuere? Vadite ad superos, Transite ad inferos, ubi iam fuere. Vita nostra brevis est, breve finietur. Venit mors velociter, rapit nos atrociter, nemini parcetur... A vitória não está distante e a paz de Gandhi e Einstein chegará para todos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

'Pergunte ao Solo e às Raízes'

'Uma análise do solo tropical e mais de 70 casos resolvidos pela agroecologia'

Novo livro (ISBN 9788521318378) de Ana Primavesi lançado recentemente pela editora Nobel apresenta um resumão com uma pegada bem prática de outras obras da autora, como o clássico Manejo Ecológico do Solo.

O livro é do tipo que você não para de ler, pelo menos para quem é da área rural, e pela qualidade das informações e importância, é leitura sine que non, acessível a todos os cidadãos. Agricultura não é só produzir alimentos, é uma questão de salvar o Planeta!

Bem, como dizem os indianos: "a violência urbana tem origem na decadência dos solos", portanto, os escritos, o legado da Dr. Ana, mulher guerreira que se dedicou a vida pelo manejo correto dos solos brasileiros, devem chegar aos mais carentes, principalmente aos moradores periféricos das grandes e médias cidades.

O livro é uma ferramenta que traduz à nossa atual rebeldia, as questões técnicas e emergenciais sobre a agricultura. O sistema agroindustrial sobre o domínio das grandes Multinacionais, tendo o Estado como cúmplice, está em guerra com a Terra e o destino é a extinção. Portanto, é preciso despertar a importância de ocupar os milhares de hectares de solos degradados em todo o Brasil; organizar-se-ão no resgate da cultura em propagar a biodiversidade na terra, pois se não o:

"Sepulcro mediano me mate nesta tarde
Beberemos desta água, Nicodemus
Oremos, pois vamos suar veneno"

Aos extensionistas, estudantes, e a todos os cidadãos cuja a urgência de inclusão socioambiental e também de segurança alimentar, tornou prioridade alarmante neste século, assim no caminhar diário, ter em pauta o entendimento sobre a agricultura em solos tropicais.

O inimigo está na embalagem nova de conceitos antigos. O consumismo adormecido trouxe a seca de presente, e o futuro...? quanto mais ouvirmos o bipe do caixa registrador dos SuperHiperMercados mais próximos estaremos da extinção.

Voltar ao campo, voltar ao campo, voltar ao campo...


_a cartilha: O Solo Tropical - casos - Perguntando sobre o solo, foi cedido gentilmente pela Ana Primavesi ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST_

Quase tudo que está no livro também está na cartilha _ACESSE AQUI_

Valeu Ana!!!


   

domingo, 16 de novembro de 2014

O colonialismo interior e o “Dia Mundial pelo não uso de agrotóxicos”



A data a ser comemorada em três de dezembro pode ser mais uma oportunidade de dar-se conta das tramas engendradas pelas grandes corporações para que o governo execute e a sociedade consuma, por exemplo, na matriz da biotecnologia milhares de vezes mais poderosa

por Sebastião Pinheiro

Nesse Dia do Saci, ontem segundo um projeto de lei, não encontrei um sequer nas lojas em Porto Alegre, somente Halloween e coisas do seu gênero. A dignidade permite que não se agrade a todos e há situações, que a autenticidade exige que não se agrade a ninguém ou nem a muitos para sempre. Situação saudável, pois não abre espaço a decepções. Contudo, há fatos que entristecem profundamente e por muito tempo. Por exemplo, quando descobres algo que deveria ser de amplo conhecimento e divulgação e ficou escondido durante meio século. É ou não é traição?

Calejado participei no resgate de “Pães de Pedras” de Julius Hensel, proscrito durante 115 anos; “O Húmus” de Selman Waksmann idem por mais de 70 anos, mas agora fiquei chocado ao ler por primeira vez sobre o cientista estadunidense Morton Biskindi.

Não exagero. Ele, em 1947, há 67 anos portanto, fez uma correlação entre o crescimento epidêmico do número de crianças atingidas por pólio (paralisia infantil) nos EUA e o crescimento do uso de DDT. Recordo que naquela época não existia ainda a vacina Salk e muito menos a Sabin. O gráfico divulgado à epoca deveria deixar de cabelo em pé qualquer burocrata ou político naquele país. Muito estranho, mas não houve nenhuma medida ou repercussão. Por quê?

Na escola foi-me ensinado e imposto pelos meios de comunicação que aquela era a maior democracia do mundo, embora a 13ª Emenda Constitucional tenha determinado um prazo de 30 anos aos estados para iniciar aplicá-la em seu território. Acompanhei as manifestações em 1966-68 pelos direitos raciais divulgados como “Igualdade de Direitos Civis”. Sou obrigado a recordar a habilidade de Malcolm X ao recorrer à Conferência de Bandung (1955) quando africanos e asiáticos acusaram os europeus, o que o fez preterir de encaminhar reivindicações ao Congresso em Washington sobre os direitos civis, mas recorrer às Nações Unidas pleiteando o respeito aos Direitos Humanos... Foi assassinado, da mesma forma que Martin Luther King e uma dezena de outros. Democracia é outra coisa.

Frequentei boas bibliotecas e pretendo possuir os mais importantes livros sobre Agrotóxicos em pelo menos seis idiomas, mas jamais vi uma referência ao Professor Morton Biskind. Então, as únicas referências sobre os efeitos colaterais do DDT eram dos soviéticos do Instituto de Higiene Rural de Saratov. Eles afirmavam já em 1949 que a molécula e seus metabólitos (degradabólitos) tinham efeitos colaterais sobre os hormônios, o que posteriormente na década de 80 encontrei, an passant nas referências bibliográficas de Francis Chaboussou em “As plantas doentes pelo uso de Agrotóxicos”, da L&PM.

Para a totalidade dos agrônomos e biólogos as referências aos riscos dos venenos tinha gênesis na leitura subversiva de “Primavera Silenciosa” da cientista Rachel Carson, em 1961, traduzida para o vernáculo pela Editora Melhoramentos em 1963, mas rapidamente desaparecido das livrarias pela vontade militar das empresas de agrotóxicos no ano seguinte, e multiplicada febrilmente após o surgimento das fotocopiadoras de forma clandestina...

Pela vontade militar das empresas de agrotóxicos conheço muitas faculdades de agronomia onde os estudantes que perguntavam sobre, ou nominavam o livro, tinham sérios problemas com os professores, óbvio que essa era também uma das razões das ditaduras (Espanha, Portugal, Grécia e Turquia) na culta Europa, onde também morreu suicidada Petra Kelly.

O DDT foi banido dos EUA em 1969. Neste ano teve seu uso proibido na cultura do Fumo aqui no Brasil por razões evidentes e continuou sendo utilizado duas décadas depois nas Campanhas de Saúde Pública. Agora lembro do causídico Sobral Pinto esgrimindo o artigo 14º da Lei de Proteção aos animais para defender seu compatriota um preso político. Depois ele desafiou o imperialismo defendendo os membros da missão chinesa, presos e acusados de espiões. Hoje este tipo de paladino está extinto. É mais fácil, pois todos justificam erros e incompetências, porque os outros também erram e são incompetentes. O “Ut Caesaris coniugium non esse honestum, honestum habes videre" (A mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta) com a democracia das grandes corporações foi pras cucuias.

Desde 1996, após a Conferência de Weybridge, o DDT está entre os “disruptores endócrinos”. Uma década depois passou a ser, também “obsógeno” com as descobertas Felix Grün & Bruce Blumberg, em UC Irvine, dispara os genes da obesidade, da mesma forma que o açúcar enzimático de milho HFCS usado nas colas, balas e refrigerantes. Tudo isto pode ser constatado nos livros: “The Autoimmune Epidemic”, de Donna Jackson Nazakawa e “The Epidemy of Absence”, de Moises Velásquez-Mannoff. Se achares que sou radical, te ofereço copiar “Salt, Sugar, Fat”, de Michael Moss. O problema é mais complexo, não adianta consumir livros...

Detesto ficar remoendo o passado, mas as desconstruções na memória cívica obrigam a lembrar outro cientista Don Huber, agrônomo, coronel especialista em armas químicas e biológicas do exército norte-americano, que vem denunciando os riscos do herbicida Roundup à base de Glyphosate (Glifosate) causando Mal de Alzheimer, Parkinson, CWD, Doença Jakob-Krefeld pela quelação de microelementos e traças. Isto consta no livro “Poison Spring” de E. G. Vallianatos e precisa ser lido, não consumido, por todos os cidadãos, para termos outra democracia, diferente da imperial-corporativa-eugenista-mercantil, “em que tudo é permitido, mas nada possível”, exceto através do dinheiro ou seu sucedâneo.

Mas, não sejam ingênuos, as leituras referidas exigem estudo, reflexão e alteridade. Principalmente a última e precisam ser contextualizadas para evitar fascínio e deslumbre com a liberdade obtida, pois para o império tecnologia é combustível para o poder corporativo. Poder que age com inteligência e faz ressurgir seu passado, para que não se perceba onde e o que ele pretende alcançar. Quando apresentam sua “mea culpa” na matriz da química no Agronegócios, aqui em auge e inquestionável, patinamos polarizando a favor (governo) ou contra (cidadania) e não nos damos conta do que as grandes corporações estão tramando para que o governo execute e a sociedade consuma, por exemplo na matriz da biotecnologia milhares de vezes mais poderosa.

No dia seguinte às comemorações do “Dia Internacional do Saci”, coloco uma de suas estripulias que encontrei depois de uma ventania e redemoinho.

- No aspecto interno, o governo nos últimos 20 anos foi incapaz de controlar a venda de agrotóxicos, sequer aplicou a lei, não fez fiscalizações, nem educou ou capacitou os trabalhadores e agricultores para o “uso adequado” da propaganda, diminuindo ou eliminando as intoxicações, preservando o meio ambiente e natureza. Assim chegamos em 2004 ao topo dos primeiros consumidores mundiais, embora nossa agricultura seja inferior à da Índia e muito menor que à norte-americana.

Algum incauto poderia alegar uma “herança maldita” do governo anterior de FHC, mas um estudo das estatísticas denuncia o contrário. O ministro da agricultura de Lula, eng. agr. Roberto Rodrigues criou a Câmara Temática de Agrotóxicos e nomeou Cristiano Walter Simon da ANDEF/GIFAP (Lobby das Corporações de Agrotóxicos em 27/07/04) seu presidente para a “façanha”. Recentemente o BNDES afirmou que o setor ainda pode crescer 25 bilhões de dólares...

O DDT continua presente nos campos e à mesa do brasileiro através do conhecido acaricida Dicofol, muito utilizado na Fruticultura, em especial na Citricultura, além de amplamente usado nos Hortifrutigranjeiros em especial em morangos. Há muito se sabe que ele tem em sua formulação 11% de DDT gerado durante a síntese, pois sua única diferença com o DDT é uma molécula de oxidrila.

O pior é que o Dicofol degrada-se nos mesmos resíduos carcinogênicos do DDT (DDE e DDD) que permanece nos alimentos, ou seja, são os mesmos do DDT, o que aumenta o problema. Se a saúde e meio ambiente não importam, deveria se evitar o nível de ridículo, pois há a espada de Dâmocles sobre a Economia pelo uso de Dicofol em citros.

Aliás, a “caipirinha” é o drinque nacional e o limão é usado com casca... Não é possível enfrentar o Império sem destruir o colonialismo interior, então para quê comemorar em 03 de Dezembro o “Dia Mundial pelo não uso de agrotóxicos” ou fazer passeatas reivindicatórias como se não houvesse responsabilidade ou governo?
Fazê-lo só nos leva à “Democracia Corporativa Imperial”, embora induzidos & manipulados pensemos estar construindo o nosso próprio projeto de poder.

Meio ambiente sustentável: cidadania ou mercadoria?



O aparelho e indução ensinam e representam simulacros, longe da realidade e respaldam a inércia política, ao mesmo tempo em que, manipuladas, municionam corporações, mídia e organismos multilaterais no interesse estratégico dos espaços virtuais do mercado, como marionetes da Sociedade do Espetáculo.

por Sebastião Pinheiro

O amigo Marcelo Viñas solicitou um artigo para “El Martillo” acompanhado por várias edições anteriores. Neles reencontrei Jorge Rulli e Ricardo Carrere, como sempre brilhantes e a reflexão sobre a mensagem de ambos levou-me a propor esta abordagem: “Qual é o interesse hoje na América Latina e mundo em receber uma análise a partir da perspectiva de duas ou três gerações anteriores”? E quem é o responsável por isso?
 
Mantenho a tradição, o repto é “o maior do mundo”, mas algumas premissas evitam incompreensão, vaidade, personalismos e assemelhados. Sou um ancião, trabalho em uma universidade elitista, com os movimentos sociais do campo em toda América Latina, onde poucos acadêmicos, 63 anos depois ainda não sabem o que foi o “Ponto 4” do discurso de posse de Harry Truman em 20 de janeiro de 1949. Mesmo ano em que os países incluíram em suas constituições os direitos individuais de segunda geração, consequência da “Rerum Novarum” de Leão XIII, respostas aos impactos do manifesto e livro de 1867... Os anseios, frustrações e consequência, todas conhecemos…
 
Nasci e vivo em um país periférico com ansiedade em ter o sétimo PNB do mundo sendo o 88º em IDH, mas tive a oportunidade de ser um “vendedor de jornais” enquanto estudava na UNLP na Argentina, país que tinha o orgulho de possuir mais livrarias em um quarteirão que em muitas capitais nacionais no subcontinente, editava mais livros científicos em espanhol que todos os outros países da mesma língua, com cinco prêmios Nobel, três na área de ciência, quando os poucos galardoados entre os vizinhos o eram por luta contra as contradições sociais. Ah! O Martin Fierro, a Bíblia gaúcha. 
 
Ah! Si supiera la ley                las trampas del potentao.
Las noches que me he pasao                a mate amargo y galleta,
por no mirarle la jeta                   al oreja de encargao.
 
Em junho de 1948, na Olimpíada de Londres, Delfo Cabrera conquistou ouro na Maratona e a delegação argentina foi a décima terceira colocada, com 7 medalhas, 3 de ouro e 3 de prata; no dia 20 de janeiro do ano seguinte pela primeira vez se utilizou o termo “desenvolvimento” como substantivo político e metalinguagem semântico e todos passamos a fugir do subdesenvolvimento, diplomaticamente transformado em desenvolvimento, sem perceber que uma osteoporose corroía muito lentamente o esqueleto da sociedade periférica. A memória é elemento essencial da cidadania e cultura.
 
Pela dinâmica dos avanços na ciência e tecnologia pode um estudante de 1950 ter melhor formação que um similar trinta anos depois? No entanto isso passa, e cada vez mais universidades elitistas (Vacas sagradas, Ivan Illich) se diferenciam e através de seus cursos de pós-graduação formam as elites para a administração internacional. Elas funcionam como “buracos negros” (tão cheios de entropia que não há espaço para a “luz” ou tempo para o saber.
 
Se observarmos a preocupação da grande maioria dos estudantes desde então, vemos que agora, são induzidos a discutir, prioritariamente, a tração 4 x 4 e passar várias horas nas redes sociais, logo os compromissos (Manifesto do Córdoba, 1918) e informações anteriores caem no vazio ou diluídas no significado de “sustentável”. Isso era ensinado por De Fina, Parodi, Burkardt, Papadakis, Lindisquit, Garassini, Vital, Cabrera, Sivori, Molfino, Arriaga e muitos outros, mas depois surgiu a energia obscura... Que dizer então de agrotóxicos, transgênicos, nanotecnologia, agronegócios e agroecologia, biocombustíveis e legislação florestal, etcétera?
 
Não se preocupem as ONGs foram criadas com doação de dinheiro, da benevolência ou complexo de culpa entre ricos para transformar estes temas em mercadorias de fácil engolir e opinar (consumismo), futuros nichos de mercado restritos à guerra entre grandes corporações, pois estes temas são tratados com a manipulação da mídia com a falácia do “espantalho”, “bode expiatório” e distrações várias; quando não com a teoria dos jogos sobre a informação e inteligência e outros objetivos em nada pacíficos.
 
Podemos discorrer sobre a evolução e tratamento de cada um dos temas anteriores para exemplificar, mas para fazer isso necessitamos desenvolver a criação e aplicação da ciência (tecnologia) no centro e periferia. Vamos imaginar a superfície de um lago em repouso absoluto, sem vento ou qualquer interferência. Sobre qualquer ponto nesta superfície deixamos cair uma pedra, este será o centro. O impacto da mesma causa uma onda, resposta à inércia da massa. Quanto maior a pedra, maior é a força de expansão da onda e mais longe irá chegar. Marcando o momento exato do impacto veremos que a expansão da primeira onda e as seguintes (reações à anterior) corre ao longo da superfície até chegar à margem (sua periferia). O momento do impacto pela pedra rompe a inércia e uma grande revolta ocorre, no entanto na margem nada ocorreu, o repouso é absoluto. Da mesma forma que quando o máximo reboliço chega à margem, no centro tudo retornou à tranquilidade.
 
Disse Mao: “Toda tecnologia provoca impactos”, por isso sempre ciência (ou descoberta) transformada em produto (tecnologia) antes de ser lançada precisa avaliar seus impactos (positivos e/ou negativos), pois há diferença no poder entre centro e periferia o que para facilitar denominaremos de autonomia e heteronomia. No passado a aplicação de uma descoberta ou nova criação entre o centro e periferia poderia tardar dezenas de anos, mas com a evolução, cada vez é menor o tempo, logo, maior seus impactos. Então, é essencial a utilização de instrumentos de ideologia (crença): medo, fascínio, ambição, alienação e comodidade, no cotidiano, formação, mídia, ou como dizem: “way of life”.
 
Estamos prontos para começar, mas ainda não temos elementos de consolidação do saber. O vamos buscar em “A Jornada para o Oeste”, escrito em 1539 por Wu Cheng’en, quando os demônios eram descobertos com espelhos mágicos, pois necessitamos um desses espelhos para que todos possamos perceber o que passou desde o discurso presidencial de Harry Truman, pois agora todos são obrigados a repetir que, mudou o paradigma na agricultura, indústria e sociedade. No entanto não se vê nenhuma diferença a não ser que tudo está cada vez pior, enquanto o “cowboy” deixa o cenário e entra o “velho mandarim”.
 
Carol Lewis conduziu a todos através do espelho e Boaventura de Souza Santos mostrou o que está por detrás, “Em pela mão de Alice”.  Para não aceitar a mudança de seis por meia dúzia, emprestemos o espelho mágico para identificar os antigos demônios do centro anterior, para alcançar ainda os por nascer do novo.
 
Em 1621, Francis Bacon no seu “Scientia Universalis” afirmava: “A arte e tecnologia são contribuições humanas à natureza” justificando seu credo “O conhecimento científico é poder tecnológico sobre a natureza”; contra ela tudo é permitido em nome dela. O que ocorre, é a alteração do tempo. Assim evoluirá o poder sobre o mundo da natureza e homens, com seus medos, crenças e desejos. As contradições servem, no tempo exato, somente para a evolução do próprio poder, e não necessita ser homogêneo, mas tender a ele e cada órbita social evolui como lhe é permitido, conforme sua distância do centro de poder, espelhado nele. Os recalcitrantes, indiferentes ou insurgentes pagam o preço de sua pretensão ou ousadia.
 
Mas, desde o credo Baconiano, predomina, na sociedade, o domínio sobre a natureza. Em sua fase química de 1840 a 1980 promoveram a perda de vitalidade, destruição e contaminação do solo como se ele fosse infinito ou pudesse ser substituído na produção de alimentos e ter seu Tempo alterado lentamente.
 
Justus von Liebig
Já, em 1820, o jovem barão alemão Justus von Liebig, filho de um importante comerciante de pigmentos e tintas, foi estudar química na França.  Ele não compreendeu, nem se fascinou com os avanços franceses em fermentação e dedicou-se à química. Sua investigação era reduzir batatinhas e cereais a matéria seca, e depois fazia cinzas e analisá-las.
 
Percebeu que elas tinham um conteúdo de cinzas constante fossem retiradas de um solo rico ou pobre em húmus (e matéria orgânica). Aplicando as mesmas quantidades destas cinzas ao cultivo, aumentava a produção em forma linear. Desta forma, pretendia demonstrar a pouca importância do húmus para a produção da agricultura. Sua interpretação foi que a fertilidade estava mais dependente dos sais que do conteúdo em húmus (matéria orgânica) e vida no solo. Isto revolucionou a economia mundial.
 
O barão von Liebig começava a utilizar adubos químicos na agricultura alemã, obtendo uma grande produção em áreas menores (produtividade), alterando totalmente os tempos e contextos. Até então a terra rica em húmus era cobiçada pelos impérios, reinos por ser a base estratégica da riqueza e poder (Quesnay, 1694-1774), Adam Smith (1723-1790), Ricardo (1772–1823), pela renda da terra, impostos, taxas e temas correlatos). Ademais de deslocar o tema da superpopulação, sem poder aquisitivo, que tanto preocupava os britânicos...
 
As autoridades imperiais imediatamente enviaram estudantes à Alemanha e importaram especialistas alemães para o desenvolvimento de sua química industrial. Foi assim que o cientista alemão August Wilhem von Hofmann foi contratado na Alemanha para trabalhar no Chemistry Royal College, em 1845. Ele havia desenvolvido a síntese de anilinas que tornaria o plantio do índigo na Índia ou América um negócio secundário que desapareceria em pouco tempo substituído pelos produtos de síntese. Dominar o novo antecipadamente seria altamente lucrativo.
 
Joseph Henry Gilbert, ex-aluno de Justus von Liebig, em 1842, criou a área dos fertilizantes químicos na Estação Experimental Imperial de Rothamsted, que iniciou freneticamente experimentos pioneiros na sistematização da ciência dos sais fertilizantes de Liebig, logo anunciados aos quatro cantos do mundo, simultaneamente com os alemães.
 
A matéria prima dos fertilizantes eram as rochas minerais e imediatamente todas as áreas do império foram prospectadas para suprir a necessidade mundial e monopolizar o mercado antes que os alemães cujo império era circunscrito à Europa e quatro pequenas colônias na África, estabelecesse suas bases.
 
Em meados do Século XIX a proposta de agricultura foi escrita e descrita por Liebig, mas seus discípulos britânicos se anteciparam nos negócios. Criaram as análises de solos através das cinzas, onde não havia “valor” para o conteúdo de matéria orgânica nos mesmos. Estas análises de cinzas não levavam em consideração o Nitrogênio, Enxofre e Carbono que se desvaneciam na queima, o mesmo, que o Silício que se transformava em dióxido inerte, contrariando a evolução geoquímica, já dominada pelos franceses com a fermentação do esterco para a mineralização do N, S, O e C, por isso estes elementos formam seus (bio)ciclos, parte do ciclo do Sol, onde cada um deles é transformador de energia através de um sistema enzimático. O mais estranho é que esta ciência se sustente sobre a nutrição mineral (pelas raízes), sem levar em conta que a “mineralização” é a última etapa da transformação da energia em um biociclo, e, sua absorção por uma nova raiz é o inicio do novo ciclo vivo.
 
Isto ficou relegado por interesse estratégico da Economia (militar, civil, tecnológica, financeira e eugenista).  Um século e meio depois, com a matriz tecnológica da biotecnologia é conveniente organizar a obsolescência e superação dos químicos pelos produtos de fermentação/fotossíntese de interesse central, e a periferia servil festejará.
 
O barão von Liebig transformou suas pesquisas em poder econômico através de patentes e foi mais longe na pesquisa dos alimentos, e com êxito, produziu pela primeira vez um substituto do leite materno. Sim, von Liebig é o inventor do leite em pó, que Henrich Nestlé patenteou.
 
Liebig inventou e patenteou a carne cozida em conserva e pôs fim ao monopólio mundial e negócio bilionário do charque (carne seca) dos ingleses.
 
Contudo, na agricultura, os primeiros navios carregados de salitre da Bolívia e Peru foram atirados ao mar, pois os camponeses alemães não aceitavam a mudança cultural na fertilidade do solo nem desejavam consumir a novidade.
 
Isso será mudado progressivamente, por meio de propaganda, subornos, “ciência de resultados”, ensino especializado, extensão rural e, além do mais, por normas e regulamentos governamentais.
 
Assim o terceiro cavalo apocalíptico passou a ser apresentado de forma sensacional (fome) e desapareceu da ciência e política sua forma verdadeira (Starvation, Famine ou Inedia). Por exemplo, os babilônicos e egípcios as conheciam pela alteração dos rios Tigre-Ufrates/Nilo (inundações e secas). Estas fomes foram muito bem classificadas por Cícero. Na Irlanda, em 1840, o resultado da política britânica fez crescer a miséria e monocultura da batatinha como subsistência. Isto foi chamado de fome, mas havia exportação de alimentos para pagar a renda da terra e não para comer. A ideologia impede ver que o emprego de fertilizantes industriais de Liebig fragilizou o sistema imunológico e fortaleceu a infestação das “doenças” daquele cultivo e conhecemos a primeira epidemia moderna (1845-1852) que passou a ser usada como propaganda de medo e terror para a aceleração e ampliação do novo modelo de agricultura.
 
Na América do Sul, havia no litoral do Pacífico, uma rocha muito estranha, o excremento das aves fossilizado, conhecida e utilizada pelo império Inca como Guano das Ilhas para diferenciar do Guano das Cavernas (Astecas) que era o resultado da fossilização dos excrementos de morcegos. Na mesma região, havia gigantescas jazidas de rochas salitrosas. A disputa pelo monopólio destas reservas iniciou e se tornou violenta. O empresário von Liebig e império alemão buscavam conseguir concessões através de subornos às autoridades oferecendo parte do pagamento em forma de armamentos. Os franceses faziam o mesmo, e os ingleses não eram diferentes, mas tinham uma vantagem, eram sócios nas ferrovias, portos e transporte marítimos. Podiam levar vantagens diminuindo as tarifas, taxas e custos de serviços, e, quando as coisas não estavam ao seu gosto, provocavam a rebelião interna ou a guerra externa, como já haviam feito antes em todas latitudes e longitudes de seu império.
 
A elite servil de Bolívia e Peru foram induzidas pelos interesses de von Liebig e II Reich para, em meio a esta turbulência, constituir uma “aliança defensiva” para garantir suas riquezas naturais, concedida a elos para exploração e antecipando-se aos britânicos.  Estes, prevendo os riscos para seus interesses aumentaram o valor do frete no transporte de salitre e guano pelas ferrovias e navios nos seus portos o que provocava uma diminuição das margens de lucros das grandes empresas e governos locais. Uma parte dos guanos e salitre era paga pelos concessionários com armamentos, navios de guerra, uniformes, botas, formação, instrução e logística militar.
 
A diplomacia britânica insuflou a Chile a cobiçar esta nova riqueza y território. Ele, sem declaração de guerra, invadiu a Bolívia e ocupou a cidade portuária de Antofagasta. Por a reação peruano-boliviana, o exército chileno cruzou o deserto, ocupou Lima e venceu a Guerra do Guano em três anos, permitindo aos britânicos a primazia na indústria de fertilizantes na agricultura eliminando os alemães. O pior é que nós denominamos o salitre, de Salitre do Chile, do território boliviano conquistado.
 
De outra parte, von Liebig, sobre o rio Uruguai construiu um frigorífico, metade na margem argentina (Gualegüaychu) e metade  na uruguaia (Fray Bentos). Vendia ossos moídos como Farinha de ossos para fazer fertilizantes ou alimento animal. Também fazia a mistura de minerais nacionais ricos em Potássio, assim surgiu o Phoska (sigla do alemão Phosphorus e Kali, também conhecido como P–K) para a batatinha, como marca registrada. Pelo êxito obtido passou, a agregar Nitrogênio e obteve uma nova marca, NitroPhosKa e a partir de então o mundo conhece o anagrama NPK base da agricultura industrial.
 
A disputa comercial pelo guano e salitre foi transformada na guerra do Guano (1879-1884) entre bolivianos, peruanos e chilenos, por interesses ingleses, franceses e alemães.
 
Os negócios de von Liebig cresciam como um complexo: leite em pó, carne em conserva, fertilizantes e pigmentos integravam o monopólio que se consolidava no Estado Nacional Industrial. Daí o surgimento da Interessen Gemeinschaft (I.G Farben) a primeira multinacional e quarta maior empresa do mundo, berço da indústria de alimentos, onde foi criada a Saúde Pública Industrial.
 
Desde o início se sabe que os alimentos industrializados jamais terão a qualidade dos naturais e isso dificulta os negócios e interesses do poder industrial. Por isso, se criou dentro da Saúde Pública, a Vigilância Sanitária com poder de Polícia. E a ética educacional na produção (fomento) foi substituída pelo medo e terror à repressão policial.
 
O grande risco que existia, então, eram as contaminações biológicas pelas más condições de higiene, ignorância e incompetência nas transformações de alimentos artesanais. Mas o governo criou o poder de polícia para eliminar a concorrência dos “naturais” e “artesanais” protegendo os interesses das indústrias. Normas, regras, leis, infraestruturas foram elaboradas, impostas e controladas policialmente. Houve uma seleção na produção, que fortaleceu as grandes indústrias, seus investidores e coletores de impostos.
 
Dia a dia novos conservantes e aditivos eram adicionados aos alimentos industrializados assim como substâncias maquiadoras de sabor, cor, textura, conservação. O exemplo é didático: os embutidos protéicos (carnes e derivados) eram difíceis de embalar pelo desenvolvimento de microorganismos. Entre os mais perigosos estava o botulismo. O agregado de açúcar, nitratos e nitritos antes da pasteurização eliminou este tipo de risco e deu cor rosada a carne. Risco, ainda hoje utilizado para pressionar o uso de mais tecnologia, inversão e seleção empresarial, eliminando os fabricantes pequenos.
 
A contaminação biológica cedeu lugar à contaminação química, protegida e instrumentalizada pelo Estado. A quantidade de Chumbo e Mercúrio nas latas era tão grande que matou toda uma expedição norueguesa no Pólo Norte, somente, academicamente, descoberto quase duzentos anos depois.
 
Em 1870 o II Reich entrava em guerra contra a França pelas reservas de Carvão e Ferro da Alsácia–Lorena, pois necessitavam garantir energia e matéria-prima para sua industrialização. Nesta guerra apresentaram por primeira vez o “projétil” ou “munição industrial” pré-fabricada e galenas de comunicação. O interessante é que o produto militar saía das fábricas “civis” do barão von Liebig. Uma fábrica civil que podia se transformar em militar. Era uma garantia sem custos extras para o Estado e devia ter muito mais poder por parte do governo e sociedade, assim, toda a pólvora era obtida de modificações do Nitrophoska (Carvão, Enxofre e Nitrato de Potássio) e outros compostos químicos para explosivos complexos de futuro civil e militar.
 
Os ingleses perceberam que o petróleo era mais versátil e rentável que o carvão mineral, e que os alemães sem acesso ao petróleo ficariam em desvantagem e facilmente submetidos política e economicamente. Junto com holandeses e norte-americanos, bloquearam o acesso alemão à nova matriz energética e tecnológica. Os alemães sem competitividade para a química do petróleo foram à guerra para ter acesso ao petróleo.
 
Perderam a Primeira Guerra Mundial e o poderoso sistema multinacional criado pelo nobre von Liebig, já falecido (suicídio) passou as mãos dos ingleses e franceses como indenização por isso a patente do leite em pó, Frigoríficos Liebig passaram a chamar-se ARMOUR, ANGLO, SWIFT em 1920, com participação da coroa inglesa…
 
O emprego de fertilizantes químicos não provocou no início, um grande desequilíbrio ou impacto na vida e no solo, mas a cada dia uma maior solubilidade e concentração através da síntese aumentaram o uso e os impactos progressivos, interessantes para a emergência que é a guerra...
Ao grande impacto dos fertilizantes concentrados, nas doses crescentes se agregaram os fungicidas e herbicidas, os primeiros impedindo a formação dos líquenes e os segundos, mais catastróficos, destruindo o acúmulo de Carbono para a nutrição dos microorganismos e formação de Matéria Orgânica no solo.
 
Isto imporia as doses progressivas de fertilizantes para aumentar a produção, mas mascara a diminuição na qualidade das colheitas, alimentos e produtos com muita água, poucos minerais e desproporcionados, mínima durabilidade e baixo valor nutricional. Por isso, a crise (industrial) dos alimentos iniciou em Alemanha em 1910 com o uso de inseticidas arsenicais em batatinhas, hortaliças e parreiras, mas ficou preterida por a ação policial da Saúde Pública e, principalmente, pela Primeira Grande Guerra Mundial.
 
No final da guerra, entre todas as crises alemãs, a discussão sobre o Arsênico ganhou as organizações camponesas e sanitárias. Restando às autoridades governamentais de Saúde Pública a introdução do conceito tolerância a uma quantidade de veneno intencional sobre os alimentos, mesmo quando os sanitários e epidemiologistas comprovavam os altos riscos cancerígenos do Arsênico para pulmão, fígado e pele. O pior era a destruição da ética na produção de alimentos e consolidação da ideologia totalitária de eugenia mercantil.
 
O mítico Grupo Rockefeller, ao monopolizar a indústria da energia e transformar seu capital industrial em financeiro, foi pressionado pela lei antitruste, em 1909. Criou uma Fundação, duas Universidades (Rockefeller de Nova York especializada em saúde e de Chicago em economia), adotou o modelo alemão do barão Justus von Liebig para educação, saúde, agricultura, indústria e sociedade, na diversificação de seu império financeiro, pois pretendia apropriar-se do Banco Central dos EUA.
 
Em 1913, criou: - A Câmara de Educação Geral (General Education Board), também o Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura (National Institute for Food and Agriculture) os serviços de Cooperativismo e Extensão Rural (Cooperative Extension Service) e dentro deles os Clubes 4-S (4 –H Club) para modernizar as crianças do campo a absorverem mais rápido as novas tecnologias superando resistências culturais e familiares; - Escolas de Economia Doméstica visando formar mulheres educadoras e esposas para o consumo crescente de produtos e alimentos industrializados através da oferta de comodidade ao alcance do poder aquisitivo; - O controle do ensino técnico fundamental, médio e superior enquadrando de tal forma o “modelo”, políticas, experimentação, fomento (extensão) e propaganda, como dogma científico para economia, educação, agricultura e saúde”.

Camponesa atenta! Hoje, não mais em nosso nome...
O Grupo Rockefeller enviou em 1930 os matemáticos, Max Mason e Warren Weaver para estudar na Alemanha os mais recentes avanços para aplicar à sociedade norte-americana em diferentes equações posteriormente aplicáveis a todo o planeta. Foi assim que nasceu a Tennessee Valley Authority com uma doação de 30 milhões  de dólares daquele grupo para o New Deal do governo norte-americano. A TVA construiu uma serie de represas hidroelétricas, diques, canais de navegação, para a regularização do leito do rio Mississipi e produção de eletricidade. Um dos subprodutos da eletricidade é os fertilizantes sintéticos patenteados que foram desenvolvidos a partir de ácidos sulfúrico e fosfórico, ademais de derivados de petróleo. Em resumo a doação de 30 milhões de dólares do grupo permite ao mesmo um retorno em moeda atual de nove bilhões de dólares a cada ano desde então.  Se não fora suficiente, no complexo de geração de energia elétrica vai a ser produzido todo o Alumínio norte-americano para o esforço bélico na Segunda Guerra Mundial e nos laboratórios de Oak Ridge será enriquecido o Urânio para a fabricação das Bombas Atômicas (O. Hahn e L. Meitner), levadas por L. Szilard, que decidirão a Segunda Guerra Mundial na Ásia.
 
Estas são razões muito fortes para a proscrição dos livros “Pães de Pedra” de Julius Hensel e Húmus: Origem, Composição Química e Importância na natureza, de Selman Waksman, depois, Prêmio Nobel da Paz (1952) e um dos mais importantes cientistas na Segunda Guerra Mundial, que produziu antibióticos descobertos por Alexander Fleming, em 1928, em escala industrial salvando milhões de vidas e posteriormente criando um mercado bilionário para a indústria farmacêutica mundial com sua estreptomicina. Ele é um dos pais da biotecnologia moderna.
 
O Grupo Rockefeller fora um dos principais financiadores dos líderes bolcheviques e da Revolução Soviética, não por ideologia, mas pela oportunidade sobre o petróleo de Baku que o Czar não lhe permitia acesso. Na Segunda Guerra Mundial, já com participação dos EUA financiava através da Fundação os programas de genética eugenia ideológica do Barão Otmar von Verscheuer e seus pupilos Joseph Mengele no Kaiser Wilhelm (Max Planck) Institute, pois participava por cima da Guerra em seu próprio interesse. Seus projetos para a produção de gasolina sintética a partir do carvão mineral e borracha sintética “Buna” são bem mais que uma nova alvorada para a energia e plásticos, feita em sociedade com Hitler, onde iriam trabalhar com mão de obra escrava de judeus dos campos de concentração.
 
Nos EUA, na América Central, Caribe e do Sul seu sistema de educação, agronomia e saúde impera. Um exemplo é suficiente: em Honduras ele abriu a “Escola Agrícola Pan-Americana de Zamorano ao lado da Base Militar de Palmarola (Soto Cano, U.S. Army). Ambas eram militares em sua formação, com a função de garantir toda a inversão financeira e as instalações industriais da United Fruit & United Brands, na indústria de bananas, o embrião para a agricultura industrial e indústria de alimentação do modelo von Liebig. Em Zamorano jovens  das elites latino-americanas eram militarmente formados e doutrinados para ação “prussiana” e até muito recentemente aquela faculdade de agronomia não admitia mulheres.
 
Depois da paz na Segunda Guerra Mundial, a reconstrução de Europa, a estrutura das ONU e Ordem Mundial, nada mais foram que a vontade do Grupo, que é o “dono” do Banco Central dos EUA e que doou até mesmo o terreno e construção da sede da ONU, talvez pela mesma razão de financiar Hitler e a revolução bolchevique ou impor governos nas Repúblicas de Bananas no Caribe e meridionais. No Brasil há desinformação, mas o acordo MEC-USAID, de verdade foi uma doação privada da Fundação Rockefeller às universidades brasileiras para “impedir a escalada de esquerdista” no início do governo Kennedy, que tinha como secretário de Estado, Dean Rusk, anterior presidente da Fundação Rockefeller. O mesmo tipo de doação da Fundação havia sido enviada ao governo chinês de Chiang Kai-shek em 1948 para frear a revolução maoísta.
Poderíamos continuar olhando no espelho para ver o reflexo dos agrotóxicos, transgênicos, nanotecnologia, agronegócios, agroecologia, bicombustíveis e legislação florestal, etcétera?
Seria conveniente ver a realidade daqueles mestres antes nominados, quando não se pode ter mais Estado Nacional, Bem-estar Social ou Pátria Mãe?
 
Somos mantidos na ignorância descontextualizada, não sabemos que o Carbono do Sol vivo contido na terra fértil (húmus) provocava a cobiça e era a causa de todas as guerras, pois significava mais alimento e riqueza. Assim se construíram os impérios antigos da Suméria de Gilgamesh, Caldeia, Assíria, Babilônia, Egito etc., como resíduo de mercadoria consumida.
 
Na sociedade industrial as máquinas se alimentam da energia do Carbono do Sol fossilizado nas rochas, que é transformado em calor, vapor, eletricidade etc. Através da Hulha, Lignito, Antracito e Turfa se construíram gigantescos impérios nos últimos dez séculos e permitiu nascer o Estado Nacional.
 
Mas, vimos que os carvões minerais foram suplantados em sua importância pelo seu congênere, o petróleo. Este nasceu, mais recentemente, sem berço nobre ou vínculo pátrio e trouxe a empresa privada, que lentamente se transformou em multinacional. A disputa pelo novo alimento industrial ou combustível, organizou, destruiu, fortaleceu e provocou todas as guerras e revoltas nos séculos XIX, XX e atual, ceifando a vida de mais de cem milhões de pessoas, abrindo caminho para a construção do Estado Mundial Totalitário através da eugenia mercantil, em marcha acelerada.
 
O maior segredo dos poderosos nos últimos cento e cinquenta anos foi gerar, impedir, manipular e induzir conhecimentos, saber e informação para evitar a percepção de que no solo as máquinas, mas também os humanos necessitam o mesmo alimento: Carbono do Sol, o que dá uma poderosa dualidade ao Carbono, alimentar máquinas e seres vivos (energia).
 
Repito, o mítico Grupo Rockefeller organizou o sequestro das sementes dos agricultores e as confinou nos seus diversos Centros Internacionais (CIMMYT, CIAT, IATA, CIP, IRRI etc.); O Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo, em México, jamais teve qualquer importância para os camponeses nacionais, mas a indústria da alimentação se fortaleceu. A grande meta inconfessável, tanto de von Liebig quanto de Rockefeller é unir as duas fontes de alimentos em uma só, por isso todas as empresas de petróleo, são as grandes empresas de alimentos humanos e animais, que é a maior indústria do planeta. Os frigoríficos Liebig, depois da Primeira Guerra Mundial foram entregues para pagamento da dívida da derrota e se transformaram em “Anglo”, “Armour” ou “Swift”, com a participação da Coroa Britânica e capitais norte-americanos. Bill Gates comprou a Ilha Svalbard para a Arca II, parte do mesmo demônio e ideologia, sem dividir espaço com a realidade anterior, pois agora a realidade é outra: roubar os oito mil anos de domesticação (ordenação de genes) e 150 anos de hibridações dirigidas (cruzamentos e hibridações) como base para a inserção de genes de interesse em disputa de nova hegemonia.
 
Hoje a palavra mágica é sustentabilidade, não a relativa ao historiador Eisuke Ishikawa e o período Edo (1603-1867) no Japão, mas a emergida na Ronda Punta del Este no Uruguai no nascimento da OMC.
 
Com o final do petróleo como fonte financeira e militar estratégica de energia e sua substituição pela biotecnologia com organismos transgênicos ou geneticamente modificados, agora é necessário que se saiba como é possível aumentar os depósitos de Carbono no Solo e Mar, quando há Mudança Climática e as tundras estão aquecendo e os oceanos perdendo sua capacidade de armazenamento. Australianos e canadenses fazem reuniões para exigir pagamento pela sua ação de recolocar gás carbônico ao solo e para isso são necessários inóculos (micróbios) melhorados. Isto será feito em todo o mundo, mas não com pagamento aos agricultores, mas as grandes corporações transnacionais prestadoras de serviços ramificados da WWF e semelhantes, atrás das cortinas e biombos na COP 17 em Durham na África do Sul.
 
Faz vinte e cinco anos um grupo de antropólogos vem estudando silenciosamente a Terra Preta Indígena, na Amazônia. Se diz que a expedição de Hitler à Amazônia tinha como objetivo secreto, estudar aquele solo, e lá, ainda hoje, se encontram algumas tumbas dos expedicionários, filmes nos museus alemães e saber no Kaiser Wilhelm (Max Planck) Institute... No Brasil, somente nos últimos três anos é que algumas pessoas começaram receber algumas “migalhas” informativas teleguiadas sobre a mesma.  Aqueles indígenas, ao longo dos últimos dois ou três mil anos, criaram em seus assentamentos humanos, humildemente, grandes depósitos de húmus, sobre uma rocha mãe paupérrima, em grandes áreas de terra tão fértil quanto o Chernozem da Ucrânia, a Pampa Úmida Argentina, mas em “péssimas” condições ambientais pelo excesso de chuva e calor. Ela é considerada a terra mais fértil conhecida. O grupo Bill Gates tem mais de 2.500 biólogos moleculares esquadrinhando a “Terra Preta Indígena”, pois ela é a base para a Aliança para a Revolução Verde na África, onde está Kofi Annan, e, também na América Latina e Ásia, onde pode fazer os retornos obtidos com o TVA parecer um óbolo ou esmola, quando o Euro está em crise.
 
A petroquímica, agora, é apenas industrial e fica relegada à China (que ainda utiliza o carvão mineral, mas não aguenta mais sua polução); Brasil (primeiro consumidor de agrotóxicos, que causam câncer e doenças); e Índia, com igual destino. Em nossas universidades o frenesi é encontrar e identificar “marcadores moleculares” essenciais para as grandes corporações. Se os biólogos moleculares e biotecnólogos tivessem um tênue verniz de informação sobre matéria orgânica do solo contida na Terra Preta Indígena, não procurariam esses “marcadores moleculares”, mas os “marcadores ambientais” ou proteômicos de maior utilidade estratégica que os anteriores. Mas a Fundação Rockefeller, também, financia ONGs manipuladas e induzidas para que discutam as sementes da Monsanto, fazendo parecer que isso tivesse alguma importância cidadã ou nacional.
  
AGROTÓXICOS: Militantes do governo com dinheiro de Fundação Heinrich Böll do governo alemão, apoio das igrejas cristãs alemãs, Fundação Ford, Grassroots (Edge Alliance Greengrants-Rockefeller Brothers Fund) fazem um livro de autoajuda contra os agrotóxicos e lançam uma campanha permanente inócua em contra os mesmos. Na televisão todos os dias se denuncia que os pimentões e tomates estão muito envenenados, aterrorizando a população. O estranho é que quem denuncia é a agência do governo (MAPA, ANVISA, IBAMA, INST. CHICO MENDES), mas nos últimos trinta anos, o governo brasileiro jamais aplicou uma multa por uso ilegal de agrotóxicos, apenas “finge agir”. A campanha é permanente para esconder que o anterior primeiro consumidor (EUA), do qual éramos só cinco por cento há cinquenta anos, agora é segundo colocado e logo será o terceiro. O patrulhamento político não permite perguntar se essa decadência está ligada ao desenvolvimento da biotecnologia. Em todo o mundo nos últimos trinta anos os agrotóxicos são o passado e devem preocupar quem os fabricam e não a população vítima, pois eles não foram criados para a agricultura ou saúde, mas com a finalidade explícita de ganhar guerra, dinheiro e consolidar uma sociedade estratificada através de metas de eugenia mercantil em um Estado Mundial Totalitário controlado por grandes corporações. O único lugar onde as vendas de agrotóxicos cresceram foi no Brasil. Acima de 170% nos últimos dez anos. Informação é humanidade, mas quando se discute o bode expiatório criado por eles, dou subsídios e elementos para que criem anticorpos...  A Federação das Indústrias de São Paulo tem seu espelho mágico que nos faz ver demônios fictícios em seu interesse. Assim criou o Instituto de Embalagens Vazias de Agrotóxicos com dinheiro público, único no mundo.
 
O agronegócio que ocupa ambientalistas incautos e a mídia interessada discute as Legislações Florestais, mas aqui, também, a questão é outra: Para quê uma Lei Nacional quando o Estado é Mundial e Totalitário, principalmente em países que não cumprem as leis que têm e as mudam quando as corporações desejam. Hoje no México, Argentina, Chile, Brasil e Nicarágua estão discutindo a mesma lei florestal sem que se conheça em cada um destes países esta realidade. No Brasil os professores de Silvicultura discutem o plantio de eucalipto, dentro da Universidade pública como um negócio rentável, ignorando a “Classificação de Uso do Solo”; Um grupo de agrônomos da Extensão Rural (criada pela Rockefeller Brothers Fund) discute a introdução do Eucalipto no município de Canguçu, no Rio Grande do Sul, região de maior concentração de minifúndios da América Latina.  No Chile há eucalipto irrigado em Bío-Bío. Haja Deus!
 
O fim inconfessável do agronegócio é expandir as fronteiras agrícolas em toda América Latina como forma de acelerar as políticas públicas para o Estado Mundial Totalitário, mas isso precisa ficar no inconsciente profundo, pois para a esquerda a resposta é a agroecologia, que se transformou em discurso vazio, sociológico, preparando terreno para a Coca-Cola, Nestlé, Cargill e Pepsico. Ignora que no norte de México, o empresário mediano subsidiado que produz 17 toneladas de milho/ha não dorme agoniado pelas dívidas, enquanto o camponês de Chiapas colhe, na mesma área, quarenta toneladas de alimentos, incluindo quatro toneladas de milho, dorme 12 horas ao dia, mas é mal tratado pelos burocratas do governo por não estar endividado e desesperado. Agora com a organização da produção através de ONGs e Ajuda Técnica Internacional, serviços de Terceiro Setor (Certificação, Inocuidade e Rastreabilidade) de produtos orgânicos os camponeses começam a perder o sono  pelo mesmo endividamento. 
 
Muitas ONGs rurais foram criadas pela, torno a repetir, mítica Fundação Rockefeller e congêneres para substituir sua Extensão Rural e trabalhar com os “novos excluídos”, um belo laboratório social de avançada. No dia 06 de outubro de 2006, o Movimento Agroecológico Latino-americano condecorou com a medalha Anna Marie Primavesi, uma senhora belga da Soynica na Nicarágua, que levou o leite de soja para as crianças daquele país. Os camponeses nica não produzem soja. Mas ela recebe grandes somas da Fundação Rockefeller e AiDA para assim proceder. Um dos principais produtos da agricultura nicaraguense é o gergelim que não tem preço. Na Índia, EUA e União Européia o leite de gergelim é um dos alimentos mais nobres para crianças, depois do leite materno...  Nós, também mudamos o leite materno pelo leite em pó através dos médicos, governo e igreja... Nas escolas as frutas e merendas pela Coca Cola, sem saber que ela é feita com o efluente do processo kraft de fabricação de papel o licor negro (lignina solúvel em álcalis), também importante para engordar gado nos EUA. Há relação de seu consumo com a epidemia de obesidade?
 
A inocuidade é o novíssimo medo, sua segurança está relacionada à lei de bioterrorismo alimentar dos EUA de 07 de junho de 2002 e não tem nada a ver com alimentos, mas com a segurança interna naquele país, que eles nos fazem pagar para tê-la. Enquanto os mexicanos são acusados de produzir tomates com Salmonella e tiveram de vender sua produção para os mesmos “coiotes gringos”, com uma rebaixa de 95% no preço; O mesmo passou com o melão de Honduras... E não sabemos sequer o que é FSIS/USDA; FDA/HHS; AMS/USDA; CDC/HHS; APHS/USDA... Por que as TVs e Rádios não divulgam isso? Podem? Então, pude entender a preocupação na criação de uma Sociedade Científica Latino-Americana para tratar de Agroecologia ou as políticas públicas internacionais e regionais, que continuam sendo remediações mitigatórias precursoras do Estado Mundial Totalitário com seus instrumentos tecnológicos de alienação para a Eugenia Mercantil. E as sutilezas imperiais de G. Orwell em “1984”.
 
Guerra é paz - liberdade é escravidão - ignorância é força
 
No programa Milênio da TV Globo (23/07/12 às 23h30min), Lucas Mendes entrevistou Joe Jackson autor de “The thief at the end of the world – Rubber, power, and the seeds of the empire” (O ladrão no fim do mundo – Caucho, poder e as sementes do império), sobre o roubo de 70 mil sementes de Seringueira levadas para a Grã Bretanha (Sri Lanka) destruindo a economia amazônica.
 
O assunto foi tratado como inédito, fruto de investigação histórica, e com veneração. Entretanto, Gustav Diessl fez o longa metragem “Kautschuk, die Grüne Hölle” (Borracha, o Inferno Verde) com mais de 60 atores, filmado no coração da Amazônia em 1937, por interesses nazistas contando em detalhes aquela história.
 
O aparelho e indução ensinam e representam simulacros, longe da realidade e respaldam a inércia política, ao mesmo tempo em que, manipuladas, municionam corporações, mídia e organismos multilaterais no interesse estratégico dos espaços virtuais do mercado, como marionetes da Sociedade do Espetáculo.
 
Algumas horas antes da Conferência “Rio + 20”, cúpula ambiental da OMC, o mundo foi aturdido pelo cientista James Lovelock (autor da “Hipótesis Gaia” sobre os estudos de Lynn Margoulis) ao declarar que, seus dados sobre os riscos de Mudança Climática estavam errados... No início a hipótese fora recebida raivosamente pela academia, mas o tempo amainou a situação e o tema tornou-se segmento de interesse tecnológico e preocupação prioritária de diversos governos, bancos e investidores.
 
Recebemos a notícia e seu impacto, mas não vimos reações oficiais (diplomáticas ou acadêmicas na imprensa, meios de comunicação ou de governos apoiando ou rechaçando a manifestação. Por quê? Entretanto, nos últimos vinte anos, bilhões de dólares foram gastos com o tema e até mesmo um “Painel Intergovernamental com cientistas sobre a Mudança Climática” foi criado no seio das Nações Unidas dada a “seriedade multilateral” ao tema, que dividiu a láurea do Prêmio Nobel da Paz (2007) com o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore Jr., então candidato democrata à presidência. Ele elaborou e patrocinou a película “Uma verdade Inconveniente”, sobre o Aquecimento Global, ganhador de dois prêmios Oscar, o que torna a situação mais absurda, pois se supõe que o vice-presidente (candidato à presidência) possua informações privilegiadas.
 
Ciência e religião possuem significados que devem ser decifrados. Ambas trabalham com Vida (e morte), mas em tempos e espaços muitas vezes antagônicos. Em 1970 ressurgiu o tema filosófico recorrente sobre a discussão “meta-ética” a respeito do “valor” e “neutralidade da ciência”, em uma época onde liberdade era algo raro e condicionada em todos os países do mundo mergulhados no autoritarismo da bilateralidade da guerra fria, onde todos eram interna e externamente vigiados, controlados e amedrontados no interesse dos pólos em litígio e o valor era transformado em preço. “Não se trata de compreender o mundo, mas transformá-lo”, conforme os ensinamentos de Epicuro, aproveitado por Marx na11ª Tese sobre Feuerbach e posteriormente por N. Chomsky e muitos outros.
 
Por essa época, Bruce Ames, outro cientista californiano apresentou ao mundo o teste biológico que leva seu nome para identificar o potencial de mutagenicidade & carcinogenicidade de compostos químicos. Os ensaios foram festejados e todos se capacitaram para executá-los nos quatro cantos do mundo. Era a época dos petrodólares com florescimento da química orgânica, com um alto consumo na agricultura, saúde e indústria. As autoridades de Saúde Pública trabalhavam avaliando e classificando os riscos e perigos dos agrotóxicos. O emprego maciço do Teste de Ames era um seguro para impedir uma epidemia futura, mas contrariava os gigantescos interesses mercantis (e militares) das empresas.  Com discrição ele foi adotado nos países centrais como um dos oito testes ecotoxicológicos (U. S. Pesticide Act). Era oferecida uma oportunidade à vida em um modelo diametralmente oposto.
 
Houve perseguição e tentativa de desmoralização contra Bruce Ames, mas através do programa de televisão “60 minutos” da CBS em 1989, ele conseguiu proibir o produto “Alar” (Daminozide) usado como hormônio vegetal em maçãs e amadurecedor artificial de tomates. Vinte e cinco anos depois da criação de seu método, ele voltou a atrás e passou a elogiar os agrotóxicos: -“Uma pequena quantidade de venenos não causaria tanto dano, já que eles permitiam baratear o custo das frutas e hortaliças tão importantes na alimentação para evitar o câncer, melhorar a saúde”. De forma estranha refutou a finalidade de seu próprio método. Recaída para a morte?
 
Nos EUA, “onde tudo é permitido, mas só possível através do dinheiro, toda opção é única”, por mais independente que seja um cientista, a dinâmica e ideologia da sociedade o transforma. Há um enigma entre o “Teste de Ames” e “Disruptores Endócrinos”1. - Os estudos sobre os disruptores endócrinos são tão complexos e caros que as empresas teriam custos altíssimos, insuportáveis. Essa questão foi silenciada imediatamente e, talvez, a opinião do renomado cientista possa ser decifrada, pois ele foi pioneiro no estudo de disrupção em répteis e aves, nos EUA. É possível a ilação com o tema da mudança climática? 
 
A disrupção endócrina conhecida como Enfermidade do Colapso das Colmeias, que afeta as abelhas, onde não há uma dose mínima aceitável de veneno que possa ser aceita de forma convencional é escândalo até mesmo no Brasil, líder no consumo de agrotóxicos. Estamos acompanhando a mesma ação de nossas autoridades e as vinculações dos agrotóxicos com os obesógenos.
 
A pesar da “Rio + 20” e “fashion economia verde” (nada mais que propaganda da vida, para manter o modelo de privilegio à morte), a OMC não permite a fiscalização e controle do uso de agrotóxicos em nenhum país e até mesmo a Diretiva Comunitária 91/414 de União Européia não está sendo mais aplicada em nenhum país da comunidade, no entanto o uso de agrotóxicos cai vertiginosamente na UE e nos EUA.
 
Relacionar a mudança de opinião do autor do “Teste de Ames” e a mudança de opinião do autor do risco do Aquecimento Global, também, deve ser decifrado. A matriz tecnológica não é mais química, mas biotecnologia e os países centrais estão digladiando-se sobre o potencial econômico da “Terra Preta Indígena ”, sua fertilidade, capacidade de fixar grandes quantidades de gás carbônico industrial ao solo agrícola sustentável e simultaneamente permitir a Revolução Verde na África (Microsoft, Rockefeller, Cargill, Nestlé, Coca-Cola, Pepsico, Phillips Morris, Unión des Banques Suisses e outros) com lucros vultuosos.
 
O novo enigma é: para se fazer o “BIOCHAR” (carvão vegetal) essencial para a elaboração da Terra Preta Indígena é necessário queimar muitíssima madeira da floresta tropical e isto necessita de respaldo científico. Na situação anterior é uma contradição pela mudança climática. Com a revisão de Lovelock, as corporações estão livres para queimar todas as selvas e acumular saber e desenvolver tecnologias para as grandes corporações alcançarem produção de nano compostos de Carbono (naturais) a baixo custo. E, desta forma, dentro de vinte anos dominarmos o mercado deste segmento econômico, seguramente, através de polímeros de biosíntese (nanotecnologia) do metabolismo microbiano, quando, então, a queima ficará obsoleta e será impedida. Um grama de biochar pode ser espargido uniformemente em uma área superior a um hectare de terra com uma capacidade de adsorção física superior a mil vezes seu peso em ácidos húmicos e substâncias similares. As grandes corporações estão desesperadas, pois cada tipo de queima de madeira por seus metabolismos secundários dá origem a um carvão vegetal diferente de efeito específico sobre a biota do solo e metabolismo dos micróbios. Logo, produzir “biochar in situ” é instrumento científico barato para elas. A academia periférica é isotérica quando deveria ser exotérica.
 
Não há saúde sem harmonia com a água. Faz duas décadas uma campanha internacional passou a ocupar os meios de comunicação sobre o futuro da água, com sérias ameaças de sua crescente escassez. A comoção surfou sobre a onda ambiental e atingiu as raias da desesperação. A água deixava de ser elemento com valor essencial à vida e passava a ser mercadoria com preço no mercado.
 
Os governos capitanearam junto aos meios de comunicação as campanhas de desinformação depois da criação da OMC e a água passou a ser uma commodity. É algo bastante raro que a água que nada mais é que parte do ciclo do Sol possa escassear, pois isso é uma aberração para a física. A água não se perde, nem se destrói. Não existe água doce, pois toda água doce surge da evaporação do mar por ação do Sol.
 
O que ocorre é que a ação humana na devastação da natureza altera o fluxo, depósito e harmonia do ciclo da água (doce) em determinadas regiões, bem aproveitado para criar a economia mercantil da água. Talvez seja por isso que a “Guerra da Água” ocorrida entre transnacionais (francesas) e mulheres bolivianas da cidade de Cochabamba não foi veiculada na mídia. O preço da água estava dolarizado e aumentava conforme a variação do câmbio, com a população não podendo utilizá-la naquela região árida da Bolívia e quando as famílias deixaram de usar a água vendida e começaram a usar a água  da chuva, as empresas passaram a cobrar os mesmos valores como se a água da chuva fosse das concessionárias com o governo como cúmplice...
 
O incremento de Carbono no solo aumenta o armazenamento e regula o fluxo de água, interfere na conservação de ambos. O exemplo do ocorrido com a água, também o Carbono (“Biochar”) se transforma em commodity, sem perceber que, os micróbios só podem comer o Carbono produzido pelo Sol. Ele como adsorvente físico das substâncias do metabolismo e autopoiese microbiana são essenciais para a biotecnologia na agricultura do planeta...
 
“Teoria da conspiração” é campo de estudo de Michael Barkun e ajuda entender o acima exposto, onde ficamos à mercê de interpretações estranhas e incompreensíveis.
 
- Recordemos que o mesmo cientista Lovelock fez um estudo para o governo francês sobre Urânio da mina de Oklo no Gabão, de baixíssima concentração de isótopo físsil e descobriu que bactérias através de seu metabolismo haviam consumido aquela radioatividade em um reator metabólico;
 
- Determinou, ainda, a origem do buraco na Camada de Ozônio, como função do uso de compostos CFC2.  Entretanto, a maior concentração industrial desses gases (ODS) ocorre no hemisfério norte, mas lá não há um “buraco sobre o Ártico” e sim sobre a Antártica. Há inconfidências que, a origem do buraco na camada de Ozônio na Antártida foi provocado por testes bombas termonucleares em 1957; mas, o exemplo final dentro da “teoria da conspiração” são os vírus sintéticos militares HIV, Ébola e, H5N1 da gripe aviária, criado contra a avicultura e que matou mais de dois milhões de frangos em Taiwan. Entretanto, encontrou um controle inusitado na China, o chá de anis estrelado (Illicium verum), rico em ácido shiquímico.
 
- A empresa Roche La Hoffman, onde tem participação o ex-secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld com informações privilegiadas, organizou a biosíntese do anis estrelado através da reação com ácido fosfórico para obter a patente do Fosfato de ácido shiquímico- Ethyl (3R,4R,5S)-5-amino-4-acetamido-3-(pentan-3-yloxy)cyclohex-1-ene-1-carboxylate, denominado TAMIFLU. O simples chá transformou-se em instrumento mercantil, de venda oficial a governos que não promovem a saúde, mas a trata

Fonte: EcoAgência

sábado, 8 de novembro de 2014

Resgate a Utopia

Zumbi (resistência) . Oliver (agronomia consciente) . Criolo (música, poesia, ritmo, guia para unir Campo e Cidade)


Em 1920, quando Alexander Chayanov escreveu a novela Viagem de meu irmão Alexei ao país da utopia camponesa, a Revolução Russa mal tinha completado três anos. Vivia-se um período de profundas transformações, pois a Primeira Guerra Mundial alterara toda a geopolítica mundial, estabelecendo novas relações de força entre as potências. Prever o futuro, naquele momento, era uma aventura arriscada demais.

De que forma se consolidaria o regime socialista e como ele influenciaria o mundo? Que impacto teria na sociedade russa, ao longo das próximas décadas, um sistema conhecido apenas nas teorias políticas e econômicas? A História estava, como nunca, em aberto. Diversas direções eram possíveis, sujeitas a inúmeras variáveis.

Hoje, 84 anos depois, conhecemos os resultados daquelas transformações e sabemos que o socialismo se desfez no confronto com a realidade, após quase um século servindo como modelo antagônico à hegemonia do capital, do liberalismo e do individualismo. Com o socialismo morreu, para as gerações atuais, a noção de utopia. Aparentemente, no mundo globalizado, não existem mais alternativas.

Por isso é fascinante tomar contato com esta obra de Chayanov. Antes mesmo que o socialismo russo adquirisse contornos claros, o autor propõe-se a dar um salto histórico até 1984 e descrever que Rússia e que mundo ele encontra no futuro. Ou seja, descreve sua própria utopia socialista: uma sociedade absolutamente estável, onde o Estado não se faz sentir na vida dos homens, onde não há cidades com mais de 20 mil habitantes, onde os camponeses são o centro da dinâmica social e econômica e têm acesso às formas mais elevadas de cultura, pois o objetivo principal daquele mundo utópico é a elevação espiritual do homem.

São valores tão puros que soam quase ingênuos. E a utopia parece tão perfeita que transmite até mesmo uma sensação opressiva. Será? Talvez o nosso estranhamento, nos dias de hoje, a um pensamento tão singelamente utópico se deva ao fato de desconhecermos o que é uma utopia. Reino da perfeição, inatingível, mas com o qual se pode sonhar e do qual se deve tentar aproximar.

Deste modo, ler a Viagem de meu irmão Alexei ao país da utopia camponesa vale a pena para resgatar o sentido de utopia; para pensar em que rumos diferentes o socialismo poderia ter tomado, e onde foi que deu errado; para discutir conceitos filosóficos como a liberdade, a igualdade e a sujeição a um Estado (ainda que ideal); e, finalmente, porque é uma experiência prazerosa: mesmo investindo em minuciosa descrição da organização social e suas origens históricas, a novela é, sobretudo, ficção de boa qualidade, que prende e surpreende o leitor do início ao fim.

Incrível que Chayanov consiga tudo isso em apenas 14 curtos capítulos. Mais incrível ainda é saber que uma obra tão emblemática e importante - que, segundo alguns críticos literários, inspirou George Orwell a escrever o clássico 1984 - permanecia praticamente desconhecida no Brasil.


Lilly Kolisko

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