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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Segundo cérebro e a água de Porto Alegre


por Sebastião Pinheiro

A colega Raniera solicitou informações sobre a água de Porto Alegre. Meu sarcasmo pampeano permite intitular essa resposta: Do “bigstick” de Eisenhower ao tapinha nas costas de Obama.
foto 1
O livro “The Second Brain” (O Segundo Cérebro), do médico Michael Gershon é “Best Seller” e causa comoção ao denunciar a destruição pelos hábitos de vida impostos pelo “Complexo Agro-Industrial, Alimentar, Financeiro (agronegócios). Há 42 anos, em Brasília, quando o Brasil reatou relações diplomáticas com a China, suspensas dez anos antes quando a missão diplomática daquele país foi presa, expropriada de seu dinheiro, condenada e posteriormente indultada e expulsa nos dias seguintes ao golpe militar (foto 1); O ditador Geisel recebeu a nova comitiva chinesa (foto 2) e para luzir sua ação social, naquele então a palavra Social nem constava no nome e sigla do BNDE, disse aos comunistas asiáticos que, toda criança na escola brasileira recebia uma merenda escolar. O pobre tradutor chinês da missão ficou numa saia justa, pois não conseguia traduzir a intenção das palavras do ditador sobre o termo merenda, o tradutor brasileiro tentou explicar, mas a comitiva estrangeira não conseguia entender o porquê de se comer na escola de um turno. Depois de algum nervosismo e sorrisos amarelos dos locais. O chefe da delegação foi claro e objetivo: “Na China toda criança sai de sua casa o suficientemente alimentada para não necessitar comer na escola, pois isso prejudica o seu aprendizado”. A parte final da tradução para o português ficou incompleta graças ao “desconfiômetro” do tradutor nacional, e até mesmos os estrangeiros entenderam.
foto 2
Primeiro a “cantina”, e depois a merenda escolar, desde então continuam sendo um dos itens de maior corrupção na educação do país pelo interesse da indústria de alimentos. O INAN e PRONAN foram criados pela lei 5.829/72 e regulamentado pelo Decreto 72.034 de 31 de março de 1973, um dia antes do décimo aniversário do golpe militar pelo carrasco Médici, mas as políticas doSAN começaram no Estado Novo no interesse da indústria futura (No Colégio Batista Brasileiro em 1954 todos os alunos receberam creme dental e escova da Kolynos que ensinou a escovar os dentes e logo em seguida a Nestlé distribuiu jogos e latinhas de Nescau).
Já passou mais de meio século de muita euforia e milhões de crianças continuam tanto mal educadas quanto famélicas recebendo sua única alimentação na escola ou complementando-a com o “Bolsa Família”, que carece de qualidade. O que preocupava o embaixador chinês agora é exponencial.
Itamar Franco pretendeu acabar com a mega corrupção ao municipalizar a merenda escolar através da Lei 8.913 de 1994. Contudo, o estado de SC deu um exemplo ao exigir que a alimentação escolar fosse natural e orgânica com a Lei 12.601 de 18 de Dezembro de 2001. Antecipando-se o governo federal editou a medida provisória N. 2178-36 centralizando os recursos para a aquisição da mesma, ludibriando a qualidade e natural.
Com a Lei 11.947/09 o governo federal tornou monopólio a compra por entidades alinhadas a ele, e fez muito alarde e propaganda. As quantidades compradas nunca atendem a necessidade nacional, quando os gastos em propaganda sobre a referida política pública gastou pelo menos dez vezes aquele valor em proselitismo vazio e eleitoreiro, mas não política pública consolidada.
O tempo passou. A China é uma potencia mundial com astronautas e mantém o alicerce comunista, mas sua nomenclatura veste “Armani” e usa sapato “Louis Viutton”; Os daqui também, mas as crianças continuam com a tradicional merenda que na maioria das vezes é sopa instantânea, sardinha em lata, macarrão, arroz e Tangs, Q-sucos de todas as cores e sabores. Infelizmente com essa alimentação não vamos ter os cinco Prêmio Nobel que a Argentina tem, nem os três do México, os dois do Chile ou o de Peru, Colômbia e Guatemala. Nem nossas crianças serão selecionadas para a produção de matéria fecal para o OPENBIOME BANK do M.I.T, o que poderia, no futuro, transformar-se num segmento de recebimento de divisas maior que o de remessa dos trabalhadores no exterior. Nem terão seu “segundo cérebro” funcionando melhor para ajudar o desnutrido primeiro, sobrecarregado com a merenda e o estudo simultâneo.
Sobre a água de Porto Alegre/RS que está com cheiro hediondo, George Orwell foi lapidar: “In a time of universal deceit, telling the truth is a revolutionary act” (Em tempo de fraude universal, dizer a verdade é um ato revolucionário). Mas, ao assistir a entrevista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável/RS e ver o Diretor do Departamento de Água e Esgoto da Prefeitura tomar água, lembrei o saudoso Lutzenberger quando a apresentadora Tânia Carvalho em entrevista ao eng. químico Millo Raffin, ele rebateu as informações técnicas: “O que o tecnocrata está dizendo é que em cada copo de água potável distribuída pode haver uma colherinha de merda dissolvida”. Era época do Prefeito (indicado pela Marinha) Socias Villela no regime autoritário.
O tempo passou, envelheci e triste acompanho as informações que o cheiro presente na água é devido à Actinomicetes, um singelo absurdo. BuckminsterFuller ensina: “You never change things by fighting the existing reality. You change something by building a new world that makes the existing model obsolete” (Você nunca muda as coisas lutando contra a realidade existente. Você muda algo através da construção de um novo mundo que faz com que o modelo existente fique obsoleto). Ignorar não só ciência e tecnologia, mas invariavelmente a cordura e bom senso é a formação do tecnocrata heteronômico.
A hidrologia no RS mostra que mais de 33% da água passa pela cidade de Porto Alegre carregando tudo que, desde os limites das bacias é nela suspenso ou dissolvido. O tratamento de potabilidade e higienização física e química, já não consegue manter a qualidade biológica e a água perde vida.
O impacto dos resíduos de Glyphosate que aumentou significativamente nos últimos 18 anos e é um poderoso quelador de todos os minerais. Minerais fundamentais no metabolismo da microbiota na água para sua purificação e qualidade. Os trabalhos científicos de Antony Samsel & Stephanie Seneff , do MIT sobre os impactos sanitários sobre o sistema enzimático dos citocromos (CYP) causando a depleção de sulfatos (Fe, Mn, Co, Mo y não formação do DMSO precursor do MSM, etc.) com um amplo espectro de alteração nos metabolismo de protistas, plantas e animais. Algas produzem toxinas altissimamente perigosas em épocas especiais do ano em blow up e o Glifosato provoca isso.
Cidadãos em sociedades soberanas não necessitam de adjetivos junto aos nomes para esclarecer valores, pois entendem a significação e significado semântico nas coisas, senso comum ou consciência coletiva. Sociedades dominadas ou alienadas adoram adjetivos embelezando substantivos por não ter memória cívica.
Há aproximadamente 30 anos começamos a escutar os termos: “segurança alimentar”, “sementes crioulas” e “sustentabilidade” repetidos de forma impertinente nos movimentos sociais, mídia, órgãos de governo, e, principalmente nos documentos dos organismos multilaterais. Sempre que uma ordem está a ser implantada os neologismos surgem para educar e aculturar consumidores e gestores políticos heteronômicos. 
A repetição à exaustão por pessoas humildes leva ao messianismo, o que é bem explorado pelo poder e mercado. 

O termo “segurança alimentar” oriundo do desenvolvimentismo da sociedade industrial através da SAN no Estado Novo foi substituído pelo de “soberania alimentar” da OMC manipulado e induzido no meio político subalterno e posto ao serviço da indústria de alimentos, beneficiada com a troca.


No mundo a maior indústria é a de alimentos e sua pretensão é libertar-se totalmente e definitivamente da agricultura e natureza para seu poder supremo sobre a energia alimentar, o que significa crescimento continuo.
Sugestivo, um irônico yankee diz: - É por isso a segunda indústria é a de medicamentos.
Diversos artigos em revistas científicas começam a propalar o novo vocábulo: “segundo cérebro”, neologismo para os intestinos, pois o seu funcionamento garante a qualidade do “primeiro”, o mais vital do corpo. A ciência comprova que o funcionamento dos intestinos influi sobremaneira nos sistemas imunológico, endócrino e nevrálgico através do cérebro [The enteric nervous system consists of some 500 million neurons,[6] (including the various types of Dogiel cells),[1][7] one two-hundredth of the number of neurons in the brain, and 5 times as many as the one hundred million neurons in the spinal cord.[8] The enteric nervous system is embedded in the lining of the gastrointestinal system, beginning in the esophagus and extending down to the anus.] wikipedia
Há quatro epidemias mundiais (foto3):

Nele se enquadram:
- A “Doença Renal Crônica”, provocada pelo herbicida conforme os trabalhos dos cientistas acima;
- A “Epidemia crescente de Diabetes” detonada (despertar de genes) pelo efeito gatilho do referido agrotóxico.
- O “Autismo” provocado pelo uso do referido herbicida aplicado sobre as sementes transgênicas; É afirmado que 50% das crianças nascidas nos EUA em 2032 serão autistas.
- A outra é a “Disbiose Intestinal” ou Síndrome do Intestino Irritável com mais de um milhão de pacientes e que já matou somente nos EUA 50 mil pessoas, pois a indústria de alimentos é hegemônica às refeições. Os principais agentes da disbiose são o Clostridium difficile e as Salmonelas. Estes dois patogênicos oportunistas são facilmente controlados por saprófitos através de sideróforos, mecanismo que somente os saprófitos dispõem para solubilizar os sais de ferro no ambiente tornando o metal indisponível para os patogênicos. Os sideróforos são destruídos pela ação quelante do Glyphosate e a microflora perde diversidade, cuja persistência na água é termoestável até 370ºC e biologicamente indestrutível por ser bactericida e fungicida destruindo os ciclos do Enxofre, Nitrogênio e Oxigênio do Efeito Estufa da mudança climática. Quanto mais diversa e abundante a Microbiota Fecal (nos intestinos) mais facilmente são controladas os referidos patogênicos.
Embasados nos estudos da velha medicina chinesa os cientistas e médicos norte-americanos optaram por uma solução menos radical, ideológica e mais rentável a “sopa dourada”. Uma sopa de excrementos recém expelidos e naturais administrada ao paciente. Este tratamento escatológico recebeu o pomposo nome de Transplante de Microbiota Fecal. Seu desenvolvimento como biotecnologia de ponta trouxe a projeção de um mercado superior ao trilhão de dólares. Pelo que no Massachusetts Institute of Technology (M.I.T) foi criado o OPENBIOME BANK para a compra de excrementos humanos já representa um segmento de bilhões de dólares. Hoje o pagamento é de 40 dólares por dose de fezes além de um bônus de 10 dólares para a doação continua por cinco dias seguidos. O transplantado paga pelo menos mil vezes este valor. O interessante é que médicos e cientistas nos Estados Unidos e México garantem que a epidemia tem sua exacerbação a partir dos resíduos de herbicida Glyphosate® nos alimentos transgênicos e água permitido legalmente. A U.S. EPA já aumentou em 233% sua tolerância nos alimentos.
Ocorre que o principio ativo do Roundup® foi registrado como fungicida e bactericida em 2014 pela Monsanto precavendo-se de responsabilidades perante as autoridades sanitárias e povo norte-americano.
Em microbiologia molecular há o neologismo Metagenômica, (do grego: além da genômica). No intestino há uma diversidade de 4 a 6 x 1030 ( lê-se dez elevado à potencia 30): De 4 a 6.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 indivíduos, dos quais as técnicas tradicionais de cultivo em laboratório e identificação alcançam na atualidade somente 1%. Contudo, a biologia molecular permite extrair seu DNA/RNA, mas não identificá-los em separado.
Trabalhar com esse universo desconhecido exige mudanças radicais. Desde Pasteur, na saúde e Liebig, na indústria de alimentos e agricultura, o dogma é esterilização total e absoluta como base da higiene. Na Metagenômica há um universo desconhecido que necessita ser identificado e conhecido para entender como faz funcionar melhor o primeiro cérebro descortinando um mundo biológico, econômico, financeiro gigantesco que fará tudo existente até agora ser comparado à descoberta da luz e do fogo. Este segmento científico, tecnológico, sanitário, industrial vale muitos bilhões de dólares.

Para as indústrias de Alimentos e Medicamentos, o Openbiome Bank, acelerador do axioma de liberdade da natureza, que enquanto não chega fará o que tem muito dinheiro comer orgânicos (vitalizados) certificados. Quem tiver pouco dinheiro tomará a “sopa dourada”, idem, certificada, quem não tiver sofrera as conseqüências da eugenia biológica, parte do seu dogma capitalista.

Se, a indústria de alimentos chama a endosimbiose em nosso intestino de “segundo cérebro” por razões mercadológicas, mais propriedade há em afirmar que a Microbiota do Solo que alimenta aquela diversidade através da Simbiogênese de Kozo-Poliansky (1924, baseado em “Apoio Mútuo de Kropotkin”, 1890) é muito mais o "segundo coração da humanidade", através da regência ético-moral camponesa, que professa a saúde no solo (Bio~poder camponês). Quando o camponês recebeu a fórmula do biofertilizante sabia que os micróbios eram a nova ferramenta tecnológica, sem se preocupar com sua ação ou identidade, necessidade implícita da indústria de alimentos e sistema financeiro. Quando por resistência Julius Hensel começou a usar os pós de rochas não era necessário defini-lo como um "transplante de células-tronco da rocha-mãe" para a restauração do sistema imunológico do solo contaminado y degradado pela agricultura moderna que provoca a epidemia de disbiose em humanos, que agora procura sustentabilidade e soberania alimentar para os ricos, através da segurança mercantil de seus neologismos.

Em agroecologia com Bio~poder camponês se “elimina as causas” protege o “segundo coração” e elimina as desigualdades, através da saúde no solo, mas somente as "Pedagogia da Autonomia" e Pedagogia da Indignação (Paulo Freire) nos fazem entender que somos pós de estrelas ou “espíritos em jornada humana”, como alertou Teilhard du Chardin. Na Sociedade Industrial periférica “comer merda” é vendido como ciência de ponta, mas desconhecem metagenômica, mesmo quando a estudam. (Foto 4 capa) Crianças comem alimentos naturais em Chiapas (México), onde se pratica e exerce o bio~poder camponês.

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