por Sebastião Pinheiro
Dois respeitáveis
jovens amigos postaram o vídeo sobre a chuva de agrotóxicos no Mato Grosso. Eu
tinha a idade deles, quando na cidade de Tangará da Serra mais de uma centena
de pessoas morreram pela mesma intoxicação; e em Rio Verde (GO) a CETESB encontrou
mais resíduo de venenos no altar da catedral da cidade que nos campos de
algodão. Porque a história se repete?
O cientista afirma
que foi pesquisado o leite materno e encontrado venenos, mas o prato é
recalentado há meio século. Os primeiros mapas foram feitos em 1950 e o
levantamento mundial foi feito em 1966 depois do escândalo das águias na
América do Norte (EUA, Canadá e México). Igual que aqui, na Guatemala outro
“cientista”, em 1978 encontrou no leite materno os inseticidas que agora
aterrorizam meus jovens amigos. Lá a Nestlé aproveitou a onda para fazer
propaganda que o seu leite (Ninho) era mais são, pois as vacas comiam somente
capim onde não era aplicado aquele veneno incitando as mães consumi-lo
abandonando o aleitamento materno.
É um mundo muito
estranho, o chargista sueco que desenhou o profeta Maomé com cara de cachorro
foi chamado para debater a liberdade de expressão resultando em três mortos em
Copenhagen, uma das cidades mais humana e civilizada da Europa, onde o
Glyphosate está proibido, não por contaminar a água.
Lembram-se do nosso
filósofo contemporâneo Edmundo, o Animal, que jogou pelo Vasco e Palmeiras que
chamou um juiz de futebol de “Paraíba”. Recebeu o desafio de um trabalhador
(nordestino) da construção civil carioca: “Eu queria vê-lo dizer “Paraíba” aqui
nessa obra”.
Benito Juárez |
É verdade, antes
havia respeito ao direito alheio significando a paz (B. Juarez, foto), mas
hoje, é tudo consumo, mercadoria e não há valor em nada que não tenha preço. E
até a blasfêmia é usada como arte, cultura e direito.
O pior é que as
notícias vão e vem sem nenhum acumulo cívico, educacional ou riqueza moral.
Antes os
agrotóxicos eram tecnologia militar deslocada para a agricultura para subsidiar
a corrida armamentista embora obsoleta, mas os valores que eles representam
podem ser percebidos quando o país passa a ser o primeiro consumidor do mundo
em 2004, no governo de quem? O estranho é que todas as audiências no congresso
nacional, requerimentos na MPF e ações públicas de seus correligionários foram
para as calendas gregas. Os exemplos dos EUA em capacitação e treinamento de
agricultores baseados nas normas da EPA ou da Diretiva Comunitária 414/91 da
União Européia jamais foram aplicados, no entanto ONGs para-partidárias
enriqueceram nesse mesmo período pregando uma agricultura sem venenos, que
outro renomado cientista afirmou ser coisa de duendes, sereias e boitatás.
O amigo Dr. Joel
Filártiga está apavorado com o meio bilhão de litros de Glyphoste usados no
mundo. Há muitos que afirmam que a doença celíaca (Intolerância ao Glúten)
(foto) é provocada pelo Glyphosate e outros dizem que os “obesógenos” são
disparados pelos agrotóxicos.
A Monsanto diz que
seu herbicida foi inventado por seu cientista John Franz, que está no Hall da
Fama, no entanto a molécula de Glyphosate tem patentes industriais anteriores à
Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, Áustria e Hungria. Ele era patenteado como
um poderoso agente quelatizador de minerais (sequestrador de minerais no
ambiente, alimentos, água, etc.).
Se eu perguntasse
para um estudante secundário europeu ou asiático os riscos e perigos do uso
desse agente quelatizador na agricultura, em um trabalho de grupo orientado,
por um período de quatro horas, se obteria um resultado de excelente qualidade.
No entanto, nas universidades nos cursos de Biologia, Nutrição, Agronomia e
Veterinária na América Latina é impossível fazer entender ao professor dos
agronegócios o porquê as plantas adventícias Buva (Conyza bonariensis); Cardo
Estrela Amarela (Centaurea diffusa, C. soltistialis) dentre outras, infestam os
milhões de hectares de campos onde se usam aquele herbicida. Estas plantas
adventícias como muitas outras possuem em seu metabolismo secundário mecanismos
de acumulo de micronutrientes (oligoelementos) e elementos traços e sub-traços
que a sua vez podem bloquear a toxicidade daquele herbicida
(8-Hidroxiquinoleína). Ao mesmo tempo em que nos cultivos (soja, trigo, milho,
arroz, feijão etc.) por não haver mecanismos similares as plantas ficam
carentes desses elementos estratégicos, entre eles as Terras Raras resultando
na “fome oculta” (Hidden Hunger), postado ano passado e cria a corrida para os
alimentos de grife para os que podem pagar mais, enquanto a ignorância
permanece exponencial através dos alimentos escassos, erodidos em minerais e
outros nutrientes.
Em certos países se
está acelerando a maturação e secagem de grãos para facilitar a colheita em
condições climáticas adversas. O desequilíbrio nesses cultivos leva à formação
e incremento de micotoxinas (vomitoxina), que proíbe o consumo animal desse
grão no país, mas não o impede de que seja vendido para países pobres da
África, sob a alegação que o comprador é responsável pela qualidade do que
adquire (Folha de São Paulo de 23 de Dezembro de 2014).
Voltando ao
vitupério do “Animal”: - Essa liberdade de expressão (expressa+ ação) é igual
ou diferente das dezenas de degolados, explodidos, chacinados, estuprados e
outros diuturnamente mostrados em nossos lares?
Não é necessário
explicar que os agrotóxicos na época da ditadura civil-militar eram objetos na
luta pela cidadania. Hoje eles são sujeitos de terror, alienação, medo e
conformismo do consumidor vítima da Eugenia Mercantil do Império
Edição Oliver Blanco
Sebastião Pinheiro, pelo 'facebook'
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