Tree Woman by Shoshanah Dubiner |
Em 1983 um lindo
“caga-cebo”, que no sul é conhecido como cebinho ou cambacita (Coereba
flaveola) fez seu ninho a dois metros da janela de meu apartamento. O síndico
disse que ia cortar o pé de araçá vermelho (Psidium longipetiolatum), mas eu o
alertei sobre o ninho do pássaro e legislação ambiental. Quando retornei das
férias a árvore havia sido cortada e o ninho com filhotes destruído. Registrei
denúncia na Secretaria Municipal do Meio Ambiente e o condomínio foi multado em
quase mil dólares. Aceitei pagar minha parte, se fosse apresentada a ata com a
autorização do corte e licença do órgão municipal. Como não havia, o síndico
arcou com sua irresponsabilidade e crime sabendo que eu fora o denunciante. O
mais estranho é que o síndico era um fervoroso religioso (“pai de santo”).
Quinze anos depois
outro “cebinho” realizava seu primeiro vôo acompanhado de seus pais às sete e
meia da manhã na calçada da Av. Ipiranga, 3330 em Porto Alegre. Voava em minha
direção. Percebendo suas dificuldades estendi o dedo indicador dobrado para o
apoio. O esbaforido pousou e arfando ficou uns três minutos se recuperando de
sua proeza para desespero de seus pais que voavam trinando ao meu redor entre
orgulho e desconfiança. Transeuntes e transito estatelados.
Mas porque estou me
lembrando disto? O tempo passou. No único arbusto na “reserva florestal de meu
castelo de verão” no Balneário Pinhal, a um metro da varanda outro casal de
“cebinhos” está construindo seu ninho (foto), embora o verão esteja terminando.
Mas quem vai se
preocupar com ninhos ou cebinhos, quando há o Best Sellers transformado em
filme “50 tons de cinza? Em ótica o preto significa ausência de cor enquanto o
branco a somatória de todas as cores. O olho humano precisa de muito treino
para poder perceber mais de quinze diferentes tons de cinza, mas qual é a
mensagem implícita do livro/filme? No Ocidente diferente do Oriente “res
cogitans” e “res extensa” foram separadas com Descartes; e graduar tonalidades
de “poder” e “espiritualidade” entre preto e branco com fins consumistas soa a
enfermidade.
Na infância adorava
receber “passes” tanto xintoístas, quanto cardeccistas ou umbandistas. Depois
aprendi que as terapias alternativas reconhecidas pela OMS está o Reiki usa
energia ativada por um campo magnético humano sobre outro. E a “Limpia” com
ervas e plantas medicinais utilizam a energia da natureza também são aprovadas
por aquele organismo e cada povo usa o que tem, mas quem sabe pode combinar:
O
Agüariguay - Pirul (Schinus molle), inca, asteca, mapuche; A goiaba serrana
(Feijoa sellowiana), guarani; A Jurubeba (Solanum paniculatum), africana; O
fruto da Toona ciliata, da Oceania; A goiaba (Psidium guayabo) maia; O hibisco
(Hibiscus rosae-chinensis) da Polinésia; O alecrim (Rosmarinum officinale),
celta; A rosa (Rosa sp.) egípcio-greco-romano e por fim a pimenta Bhut Jolokia
híbrida (C. chhinensis x C. frutecens), da Ásia (Bhutão) para restaurar níveis
ideais de energia em cada um dos nove orifícios do corpo.
Quem estuda os
“florais” sabe da concentração e transformação da energia desde os
seres
primitivos de 3,8 bilhões de anos até o surgimento das primeiras plantas com
flores há aproximadamente 175 milhões de anos resultado da evolução reprodutiva
e sua extensão no tratamento e cura dos seres humanos e animais. O renomado
professor Lorenzo Parodi ensinava aos seus alunos que a flor é a parte da
planta com perfeição e amor, sendo as orquídeas as mais evoluídas por
transformar menos energia em sua reprodução, por tal um símbolo. Entre as
orquídeas destaca-se a baunilha Vanilla sp. (foto), que é cultuada e cultivada
pelos Maias e pelo amor das vovós quituteiras há mais de dois mil e quinze
anos. É triste ver o marketing alienante impor o consumo de “50 tons de
cinza...” como se fosse liberdade ou cultura.
Na limpeza espiritual,
a percepção pelos órgãos de sentido da energia (fluído) dos ramos floridos em
movimento sobre o corpo transforma a energia negativa com meneios: circular,
infinito, Oroborus ou anel de Moebius significando o renascer energético que
ativa o campo eletromagnético do indivíduo, família e sociedade dentro e fora
do corpo e espírito, o que é res extensa.
Observando o
diligente cebinho recordei do “leite de pombo”, alimento elaborado no organismo
da mãe sob influência de enzimas e microrganismos indispensável para o
crescimento, desenvolvimento e evolução do filhote trazido até nós no extremo
ultrassocial desde os micróbios, peixes, répteis e aves. Lembre, a cor de
nossos olhos é herança de microorganismos primitivos, que tantos problemas
raciais causam por relações de poder.
Não só a cor dos
olhos, também, muitas mulheres foram acusadas de bruxas, dominadas, subjugadas,
torturadas e mortas pelo medo de desvirtuar o interesse do poder, que nunca
teve cor, nem fé.
Em quase todas as
teses, dissertações e monografias acadêmicas que leio há o rito de
agradecimento, “primeiro a Deus...”. Esse arraigo soa estranho, atribuir maior
importância à crença, relegando a um segundo plano a fé na vida que permite
admirar a infinita beleza que há no Universo. O “Discurso do Método” é útil nas
relações de poder, mas insuficiente nas relações de vida, e perde vigência dia
a dia.
O que é mais
fantástico? O Sol, uma Bomba de Hidrogênio gigantesca ou o insignificante
micróbio que domou sua energia radiante e realizou a fotossíntese, produziu o
Oxigênio atmosférico ou a matéria orgânica com Nitrogênio, Enxofre e Carbono
fermentescível para o renascimento da vida, fertilidade infinita do solo
(Húmus) e transformação de um planeta.
O amigo R. Schmidt
sempre lembra o “Ponto de Mutação” de F. Kapra, pelo que comparamos: - A fissão
de um ou fusão de dois átomos liberam quantidades gigantescas de energia, porém
insignificantes se comparadas à energia de união de duas células para dar
origem a uma nova vida, onde a variação de tons é tão infinita quanto os
anseios de evolução da humanidade. Talvez por isso o folclore rio-platense
recomende: “Un pelo de concha tira más que una yunta de bueyes” (Um pentelho
feminino é mais forte que uma junta de bois).
A vida esconde
mistérios tão impressionantes quanto às obras de Newton, Einstein, Hawking,
Freud e outros, temidos por ameaçar as estruturas de poder, pelo que a fé se
torna sujeito (“ideológico”) enquanto a espiritualidade é tratada como perigoso
objeto, que o poder se empenha em transformar em mercadoria para gerar riqueza
e alienação.
No final da década
de 70 o filme japonês “Império dos Sentidos” era induzido da mesma forma na
ditadura.
Vale à pena esperar
os filhotes do “cebinho”, sua criação, primeiros vôos e trinados de seu canto
de liberdade, pois é o mistério da evolução da Vida. Preparar e aplicar
“limpias” que impeçam que a vida e espiritualidade sejam relegadas a vários
tons de mercadoria, pois como disse o poeta Quintana: “Eles passarão, eu
passarinho”.
fonte: facebook
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