Documento Final do I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores.
Contribuiu, Humberto Palmeira, via e-mail - Coordenação Nacional do MPA
Resoluções e Compromissos do I Congresso do MPA
No pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, São Paulo, local histórico da luta
operária brasileira, na semana internacional da alimentação, reunidos quatro mil
camponesas e camponeses de dezenove estados brasileiros, acompanhados de
delegações camponesas e operarias de quarenta organizações aliadas, com presença
internacionalista de quinze países, no I Congresso do MPA, fruto de um amplo mutirão
que envolveu a base, a militância e a sociedade, em um congresso rico em mística e
alegria analisamos a conjuntura e decidimos sobre os rumos do MPA.
Através da simbologia dos alimentos saudáveis produzidos pelo campesinato brasileiro
entregues às organizações trabalhadoras urbanas o MPA convoca a sociedade, em
especial os trabalhadores urbanos à construir o “Plano Camponês e a aliança camponesa
e operária por soberania alimentar”.
Neste contexto, considerando a crise internacional do capitalismo, o acirramento da luta
de classes e a ofensiva conservadora da burguesia e o avanço do capitalismo sobre os
territórios camponeses na forma de monocultivo, grandes barragens, mineração,
contaminação por transgênicos e agrotóxicos, e que esta crise ameaça os camponeses e
sociedade como um todo, reafirmamos nosso compromisso com a defesa da
PETROBRAS como maior símbolo da Soberania Nacional, com a defesa da Soberania
Popular e da Democracia como pilares da construção de um país que tenha no povo sua
prioridade. Assim decidimos:
1. Afirmamos a classe camponesa e os povos das águas e das florestas como a base do
desenvolvimento do campo. A agricultura camponesa como modo de produzir e de
viver, a luta camponesa como parte da luta da classe trabalhadora e o Plano Camponês,
nosso projeto político estratégico como contribuição para construção de um Projeto
Popular e Socialista para o Brasil.
2. Diante da apropriação e da destruição da natureza pelo capitalismo e suas graves
repercussões à Vida na Terra e a saúde humana, resolvemos lutar para cuidar da
biodiversidade, das sementes, mudas, raças de animais, da vida do solo, cuidar da água,
dos minérios, das fontes de energia e dos alimentos como patrimônios dos povos a
serviço da humanidade.
3. Construir a política de alianças a partir da luta por Soberania Alimentar. Reafirmar a
aliança na Via Campesina, construir em luta a aliança com os setores urbanos, com o
operariado e as massas populares, com a juventude urbana e com os intelectuais
orgânicos da classe trabalhadora.
4. Na construção organizativa afirmamos:
Nosso objetivo: contribuir para a construção de uma sociedade socialista pela
projeção do Plano Camponês como projeto da classe camponesa, considerando seu
fundamento para a construção de um Projeto Popular para o Brasil.
Caráter: somos um movimento camponês, popular, de massa, autônomo, de luta
permanente, em processo contínuo de formação, afirmando o campesinato como classe
social.
Mensagem Política: produzir alimentos saudáveis com respeito a natureza para
alimentar o povo brasileiro, afirmando o campesinato como sujeito necessário para
construção do socialismo.
Modelo Organizativo: coerente com nosso Caráter, Objetivo e Projeto Estratégico e
visualizando as lutas que se colocam, resolvemos que o salto de qualidade, do ponto de
vista organizativo, está na afirmação do Movimento baseado em três pilares
organizativos: 1 - Organização Política; 2 - Organização de Massas; e 3 - Organização
Econômica/Institucional.
A construção organizativa do MPA está ancorada no processo de formação e
luta permanente.
5. Diante do papel econômico, social e político das mulheres camponesas e das
mulheres em geral, reafirmamos nosso compromisso de ampliar e aprofundar a
participação das mulheres na construção do MPA, fortalecer a luta das mulheres por
políticas públicas para o enfrentamento da violência contra as mulheres, pela defesa e
melhorias no SUS e pelos direitos previdenciários.
6. Massificar o trabalho de juventude ampliando sua participação na construção do
MPA e na luta de massas. Consolidar os coletivos estaduais e construir as Brigadas de
Juventude. Resgatar a Agitação e Propaganda na perspectiva da construção da Aliança
Camponesa e Operária, desenvolver trabalhos na produção, comercialização, arte e
cultura, lazer que resultem na formação e na organização.
7. Diante do quadro de destruição da natureza e da vida humana e do ataque aos direitos
dos povos e das mulheres camponesas, firmamos nosso compromisso em ampliar o
debate com a base camponesa e a sociedade através das campanhas:
7.1 – Campanha Permanente contra os agrotóxicos e pela vida;
7.2 – Campanha das “Sementes: Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade”;
7.3 – Campanha “Basta de Violência contra as Mulheres”;
7.4 – Campanha “Fechar Escola é Crime”.
8. Construir auto sustentação organizativa, econômica e financeira capaz de garantir
autonomia política e ideológica na construção do Movimento.
9. Plano Camponês:
9.1 - Desenvolver e controlar nossa atividade produtiva através dos Sistemas
Camponeses de Produção, tecnologias de base ecológica, uma nova rota de insumos,
controlando a comercialização de nossa produção ligando campo e cidade através do
abastecimento popular de alimentos, afirmando a necessidade da reforma agrária como
condição da redistribuição da população no espaço geográfico do país e uma das
soluções para crise social e ecológica.
9.2 – Afirmar a educação camponesa como processo pedagógico que brota da
produção, da luta e cultura camponesa. Afirmar o conceito de campesinato, o trabalho
com as crianças através da ciranda e da educação infantil, levar o Plano Camponês para
as escolas e comunidades, dar organicidade nacional ao trabalho do Coletivo de
Educação, fazer lutas contra o fechamento das escolas e por políticas públicas para
educação camponesa.
9.3 – Afirmar a cultura como elemento de resistência, expressão determinante do
modo de vida de um povo, contra a indústria cultural. Dar organicidade ao trabalho de
cultura dentro do MPA, ampliar o trabalho de cultura através da organização de grupos
de cultura popular, do teatro, arte, músicas, danças e outros expressões que recuperem a
memória da classe camponesa e que ajude na construção de novos valores sociais.
10. Construir sistema de comunicação interno e externo, capaz de comunicar a
mensagem política do MPA, informar a militância sobre a conjuntura e as experiências
camponesas, e se inserir na luta por democratização dos meios de comunicação.
11. Reafirmar nosso compromisso e solidariedade com a luta internacional através da
ação concreta, da troca de experiências, dos intercâmbios dando continuidade e
ampliando a política de alianças no Plano Internacional.
12. Plano de Lutas: Lutar Contra as multinacionais do agronegócio e controladoras dos
alimentos, contra o Estado Burguês, estimular as lutas locais por solução dos problemas
cotidianos e de enfrentamento aos grandes projetos, por políticas públicas de caráter
camponês e pela nacionalização do programa camponês.
Pavilhão Vera Cruz, São Bernardo do Campo – São Paulo – 16 de Outubro de
2015
I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores
Plano Camponês: Aliança Camponesa e Operária por Soberania Alimentar
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