Lobrobô - Pereskia Aculeata
"Se introduzíssemos a diversidade perdida,
faríamos muito mais pela fome no mundo"
Pat Roy Mooney
via Sebastião Pinheiro
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O pérfido
Tony Blair veio a público desculpar-se de forma cínica por ter usado um falso
pretexto para invadir o Iraque, Afeganistão e polarizar o Oriente Médio. Meio
milhão de mortos e cem milhões em desespero, mas muitos lucros... Lembro que o
primeiro ato do interventor Paul Bremer no Iraque foi proibir o uso de sementes
camponesas e obrigar a compra de sementes patenteadas das empresas
transnacionais (Ordem 81). Paul Wolfwitz arquiteto do relatório que permitiu
aos facínoras Bush & Blair a destruição de um dos berços da Humanidade e
saqueio de seus tesouros, foi agraciado com a presidência do Banco Mundial.
Vendo a cara deslavada do Blair na TV repassei as “leis de sementes”.
A primeira Lei de Proteção aos
Cultivares dos EUA (Plant Patent Act) é de 1930; Logo imitada por Cuba e pela
Argentina através da Lei 12.253 de 1935 que tinha dos artigos 22 ao 27 o
Fomento à Genética. Está lei esteve vigente até o dia 30 de março de 1973
quando o Estatuto da Revolução Argentina a substitui pela Lei 20.247, revogando
explicitamente os artigos acima citados. A ditadura militar fora derrotada nas
eleições de 11 de março/73 e o governo democrático logo assumiria, mas uma lei
democrática foi destruída para garantir os interesses da Royal Dutch Shell,
neofiosis da Cia. das Índias, através de sua concessionária International Plant
Breeders - IPB.
No Brasil a primeira tentativa de
Projeto de Lei foi apresentada ao Congresso Nacional em 1947, sob o nº 952, de
autoria do ex-senador sergipano Gracho Cardoso, que tinha como objetivo tornar
extensivas as garantias da lei de propriedade industrial às invenções, criações
ou introduções novas, obtidas ou realizadas na agricultura e jardinagem.
O Ministério da Agricultura,
imediatamente criou o Registro Nacional da Propriedade Agrícola e Hortícola
destruindo a pretensão legal, criando um cartório. Casualmente em janeiro de
1949 é anunciado o Ponto Quatro, onde sementes é um dos eixos básicos.
Os entreguistas civis e os militares
da Revolução Redentora iniciaram um movimento no governo do ditador General
Garrastazu Médici para tramitar a lei brasileira de proteção aos cultivares
coincidentemente feito pela International Plant Breedes subsidiária da Royal
Dutch Shell, instalada no Distrito de Sertão em Passo Fundo, através do
documento "Four Lines Plan for Brazilian Agriculture".
O governo do ditador Geisel
empossou seu ministro da Agricultura Allyson Paulinelli no dia 15 de março e já
no dia 31 de maio o projeto de lei da IPB começava a ser implantado no Brasil.
Casualmente "ipsis literis" à lei N 20.247 aprovada nos estertores da
ditadura argentina, mas não coincidência.
O professor da USP José Pastore
(com curso de Ph.D em Sociologia pela U. de Wisconsin, Meca dos bolsistas
rurais brasileiros nos EUA) fez um relatório sobre a importância desse
legislação para a recém criada EMBRAPA.
O tema da proteção às sementes tornou-se o “coqueluche” entre os técnicos. O Estado de São Paulo dominava o mercado de sementes de forma hegemônica em função do seu IAC, ESALQ e Secretaria dos Negócios da Agricultura e não via com bons olhos os interesses estrangeiros e começou a reagir AEASP (Pimenta, Lazarinni).
O tema da proteção às sementes tornou-se o “coqueluche” entre os técnicos. O Estado de São Paulo dominava o mercado de sementes de forma hegemônica em função do seu IAC, ESALQ e Secretaria dos Negócios da Agricultura e não via com bons olhos os interesses estrangeiros e começou a reagir AEASP (Pimenta, Lazarinni).
A estratégia da IPB foi atuar
pelo Sul, onde em 1930 a ditadura Vargas havia criado o cultivo do trigo sob
proteção estatal com uma estrutura de Estações Experimentais Federais e
Estaduais. As peculiaridades pastoris do Estado fez criar em Encruzilhada do
Sul a Estação Experimental de produção sementes forrageiras.
No RS era muito atuante a AGIPLAN
e a ABRASEM e um grupo de técnicos havia visitado os EUA para aprender o que
eram sementes patenteadas.
Não era necessário afirmar que
era muito difícil e perigoso questionar tecnicamente os interesses poderosos,
pois recebias a ameaça e rótulo de subversivo ou a condena de comunista.
O presidente da Sociedade de
Agronomia do RS era E. Caldeira chamou uma reunião sobre o Projeto de Proteção
aos Cultivares da IPB e comparecemos como funcionário da Delegacia Estadual do
Ministério da Agricultura, nela ficamos encarregado de coordenar o grupo de
discussão sobre sementes. No grupo havia técnicos da Federação das Cooperativas
de Trigo e Soja (Fecotrigo) então poderosa, IASSUL e corria o boato que um
renomado criador de variedades M.R já havia se apropriado de uma coleção
estatal e vendido para a IPB; estavam burocratas e tecnocratas do governo
gaúcho, os pesquisadores da Embrapa e professores universitários e alguns
teleguiados da IPB, Continental (Contibrasil). Era uma lagoa de muitos
pescadores de águas turvas de intenções disfarçadas. O melhor antídoto é
fantasiar-se de protagonista para poder atuar anônimo (clandestino).
Projeto Produção de Sementes Agroecológicas Bionatur |
Induzimos
um colega de trabalho ligado à fiscalização de sementes a fazer ver a
importância do tema ao chefe Laboratório do M.A, médico veterinário, louco por
servir a revolução a ir a um deputado governista a tratar sobre a importância
do tema e caráter prejudicial do Projeto de Lei aos interesses patrimonialistas
locais. Escrevi um documento de seis páginas e os acompanhei à audiência com o
Deputado. Fui sabatinado duro por mais de duas horas. Entusiasmado o deputado
solicitou subsídios e recebeu o “rascunho de estudo”. Ele foi integralmente
publicado na edição dominical do Correio do Povo, principal jornal da cidade.
Não se falou mais no projeto de lei da IPB que vendeu suas instalações e
retirou-se. Dez anos depois, o Petracco no CREA trouxe Pat Mooney ao Brasil e
foi traduzido o livro “Seeds of the Earth” (O escândalo das Sementes). O risco,
agora era a mercantilização da Biodiversidade e os Transgênicos. Mais 10 anos e
se voltou a falar no assunto quando foram aprovadas as Leis de Biossegurança N.
8.974/95 e Proteção aos Cultivares N.9.456 de 25.04.1997 no governo de FHC.
Incógnitos, mas bem adiante, já havíamos idealizado junto à Coolméia e
“desenvolvido” (no sentido embriológico e não do neologismo político do Ponto 4
de Trumann) junto ao MST o Projeto Produção de Sementes Agroecológicas Bionatur
que ajudamos formatar e participamos com os estudantes da UFRGS na primeira
colheita (foto) em atividade de Extensão Universitária. Kissinger que chacinou
milhares de jovens recebeu o Premio Nobel usou a mídia como forma mais
eficiente para amansar, domesticar e alienar que os militares. Logo, as
ditaduras são de mercado. Muitos servem ao “meio ambiente” e ao “sustentável”.
Anacrônico persistimos em destruir a heteronomia milita(r)-(nte), pois nossa
preocupação sempre foi com as outras sementes como por exemplo a de lobrobô
(foto) pelo seu significado sanitário, histórico, social... e outros; Jamais
& outros...
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