por Sebastião Pinheiro
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Dois governadores presos, dias após a Presidente do 3º Poder parafrasear
seu conterrâneo D. Ribeiro: “Se não forem construídas escolas, dentro de 20
anos não teremos recursos para construir presídios suficientes”. Uma pena que
ela não esclareceu que aquele Ministro da Educação, amigo de Anísio Teixeira
revolucionou a educação nacional em pouco tempo pelo que foi chamado a mais de
20 países latino-americanos para reformular suas escolas/universidades. Foi um
dos primeiros listados para ser expulso do país na ordem do golpe
norte-americano em 1964. Em seu retorno, idealizou, planejou e construiu como
vice-governador quase 300 CIEPs no Rio de Janeiro. Serviu de pretexto, não de
modelo para Collor construir os seus CAICs. Na mesma capital do Rio de Janeiro
o atual prefeito muda o nome e chama de “Escolas do Amanhã”. Sim, não há no
país do futuro as “escolas públicas do ontem” forjando talentos no desejo de
Anísio Teixeira, D. Ribeiro e muitos outros, pois governadores roubam. Isto
continua sendo subversão, mesmo entre os pouco letrados.
Em uma madrugada fria no inverno de (1981) indo para o Instituto onde
estudava em Saarbrücken, em frente à escola secundaria estava uma aluna com uma
capa amarela com lâmpadas vermelhas piscando. Ela era a guarda de transito.
Todos os transeuntes e veículos à respeitavam. Passei ali durante todo o ano
letivo e cada dia era um aluno diferente que servia a todos os outros chegando
45 minutos antes e saindo 45 minutos depois da aula. Aqui li um cartaz em uma
greve na Universidade: “Entrem a Casa é Sua”. Confesso que já se passaram 20
anos e ainda não entendi o que estava escrito naquela faixa, pois presenciei
uma jovem indígena Suiá com pinturas, plumas e colares ser recebida com
deboches, assobios e gritos de filmes de Hollywood. A infeliz professora que a
acompanhava pedia em desespero respeito. Sim, ainda não entendi, pois somente a
ignorância tudo pode...
Sou um infeliz e para mim o tempo não passa: Ainda me coloco na situação
da jovem indígena, da professora, de um transeunte e da jovem alemã agente de
transito. Visitei o IFAL- campus Murici, terra de “Rei-Nan” Calheiros, o
presidente do Senado que ganhou mais um processo por improbidade. Ali os alunos
são obrigados a comprar uma quentinha a doze reais todos os dias, pois fazem
até 100 kms para estudar. Vi três deles dividirem uma pelos parcos recursos,
mas o presidente do Senado tem doze processos.
O problema é bem mais grave que o afirmado pelo Presidente Temer e não
está em não saber o que é uma P.E.C. (PEC 55), mas em entender o significado de
alterar uma constituição para limitar recursos à Educação quando o futuro é
incerto, desculpe, mas o buraco é mais embaixo. Quem traz a reflexão não é o
grevista idiota com seus gritos e assobios, nem a indígena assustada que não
entendia o que “naquela casa”, sua, acontecia. Será que devemos ir a um centro
espírita e por meio de um “cambono” invocar D. Ribeiro, Anísio Teixeira e
outros, e psicografar os significados? Ou devemos esperar que a nomeklatura de
Trump determine a “Nova Aliança para o Progresso”?
Eu não queria abordar o tema de Educação, até estava bem agrário,
preocupado com o capim Annoni, que o Bolívar Annoni trouxe da Namíbia, África
do Sul de contrabando e já contamina todo o Pampa. Minha preocupação é por
estar cooperando com uma cientista às voltas com a recuperação de áreas
mineradas. Na “ecopoiese” ou “recolonização” nas áreas mineradas, após os
microrganismos surgem ciperáceas e gramíneas, que agora são “Poaceae”.
Estudando encontrei que o Departamento de Agricultura dos EUA tem trabalhos
científicos sobre o acúmulo de Césio137 e Césio 134, além de outros
radionuclídeos mais persistentes em diversos tipos de pastos, entre eles no
tenebroso capim do Bolívar Annoni. Despertei com a macaca preocupado em gritar:
Quantos Becquerel será que as queimadas de pastagens liberam todos os anos?
Lembrando que 1 microcurie é igual a 37.000 Becquerel.
Antes que algum apressado tente justificar a insignificância das
unidades é preciso esclarecer que o importante não é o que está escrito, seja
aqui ou na Lei. O que está escrito vale para “bicheiros” ou governadores
corruptos e ainda os que pretendem defender-se atacando juízes. Isto não vale,
pelo seu significado, para a jovem agente de trânsito na frente de sua escola,
pois ela ali estava aprendendo outra coisa, que não é ser agente de trânsito.
Apenas aprendendo que cidadania não se delega com o voto, nem se compra em
farmácia.
Todo o resto é apenas ânsia e
incompetência quando o poder é um fluxo unidirecional que não admite divisão ou
compartilhamento. Será que um dia todos acordarão com a macaca para ser agente
de trânsito diante da Escola. Folgo vê-lo.
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