Sabe-se o tipo de formação de um indivíduo através de seu discurso. Aqueles que usam informações como vetores de comunicação, geralmente, são pessoas oriundas de famílias de mínima escolaridade e humildes, pois sua fonte de aprendizado é a escola pública e se lustram com os meios de comunicação menos qualificados (O Dia, Notícias Populares, Diário Gaúcho, Programa Flávio Cavalcante, Chacrinha, Sílvio Santos, Gugu, Linha Direta, Datena e similares) e há os que, ainda, frequentam igrejas de autoajuda.
O avançar nos degraus da instrução lhes permite entender e interpretar um pouco daquilo que as elites usam em seus discursos conceituais, sem perceber as reais intenções no transfundo político, ideológico e social. Mas, sua perseverança e empenho garantem, então, construir uma contraposição aparente, tão sólida quanto o grau de dedicação e nível de inteligência.
Ao estar liberado da sistemática escolástica, pode inovar e surpreender com uma visão da realidade oriunda de sua “informação conceitual” própria. Um exemplo pode ser visto na questão ambiental, em particular nos agrotóxicos, nos últimos trinta anos. Introduzida, manipulada e conduzida por interesses dogmáticos do capitalismo, essas questões foram subvertidas no texto, discurso e ação por cidadãos de fora do contexto (Rachel Carson, Ivan Illich, Feyerabend, Lutzenberger e muitos outros), na mídia, governo autoritário e elites conservadoras ou alienadas.
Provocando uma reação e intervenção drástica e cara para a retomada de seu controle, além de contar, no plano externo com uma nova ordem (OMC) e no plano interno com o oportunismo totalitário travestido de militantes progressistas de ONGs e movimentos sociais. Tudo isto fica submerso na voracidade do mercado, que a tudo consome.
O advogado Paulo Freire, ao descobrir sua realidade tornou-se “educador”, ou melhor, “para-educador” e o “vovó viu a uva” transmutou em “a água e a seca”, “a terra e a cerca” em nova pedagogia. Contudo, os detentores do poder bem sabem que, o que ele fez, para “todos”, revolucionário, está plasmado em “Didática Magna”, do Bispo Jan Amos Komesky (Comenius) desde 1627, que é copia do produzido um século antes pelo assessor de Martim Lutero, Jörg Spalatin (Burkhardt) em 1450, do “ensinar tudo a todos”.
As elites sabem esconder o que é de seu interesse e ambos os autores chegam à atualidade maquiada à sua feição e utilidade. Em uns, novos autores acrescentam dia a dia nova roupagem e retoques, que acrescentam e evolucionam àqueles conceitos. Em outros, na periferia, de discurso informativo e pouco conceitual, se divulga e cultua Paulo Freire como alternativa revolucionária, quando na verdade a elite o transforma no “status quo” conservador de seu stablishment. A comprovação é simples: Aplique-o na educação de um país como Japão, Alemanha, Holanda ou Estados Unidos. É desnecessário e impróprio. Dito isto, voltemos ao tema.
Jamais poderemos colocar em igualdade a formação clássica de alta qualidade com a obtida através de “informações” de escola pública e mídia periférica. Illich antecipou isto em “A vaca Sagrada”.
Na sociedade brasileira vemos estudantes que colam mesmo na universidade, mesmo quando suas fontes de estudo são sebosas apostilas com mais de trinta anos, com alguns anagramas de tecnologia, mas sem qualquer conteúdo para sua interpretação e possibilidade de redesenho. Apenas consumir é a ordem... Os cursos de pós-graduação seguem no mesmo diapasão e os mais ideologicamente afinados com os professores são eleitos para cursos de 18 meses (mestrado) ou 48 meses (doutorado) onde são obrigados a ler capítulos de livros sem conhecer o mesmo através de leitura reflexiva e aprofundada. Discutem sobre o capítulo ou parte do capítulo de interesse do professor/orientador, lido em apenas dois dias e muitas vezes sem a compreensão do texto, que será explicitado em seminário de forma teleguiada ideológica ou mercantil (cartão corporativo de empresas ou governo).
A realidade está: Jovens oriundos dos movimentos sociais (ONGs, MST, etc.) estão ávidos por ascender socialmente, e os cursos de mestrado, doutorado são um ótimo atalho. Isto convém às elites pelo que vimos anteriormente. Na grande maioria são oriundos de formação deficiente e com um tênue verniz de formação político ideológica, com discurso e ação com erros primários e a compreensão grosseira, alimentada por uma revolta interior gigantesca. O que serve com justeza1 no programado para eles: Um ser totalitário, grosseiro e, principalmente dócil, amestrado ou “doutor” dos “40 pensamentos” de Nietzsche. Eles servem como uma luva, pois discutem sua especialidade da forma como seus amos desejam e pensam que sua titularidade lhes dá competência para atuar fora delas. Há, no aparelhamento da máquina pública isto pode ser visto por toda parte. Em cartórios governamentais uma plêiade dos primeiros digladia com os segundos sem conhecimento de causa (biologia molecular e por extensão em seus bio-riscos, aqui denominado de biossegurança, ambos convalidando os interesses dogmáticos dos OGMs e o preço elevado dos alimentos orgânicos. A pândega segue, como troça carnavalesca, pois não percebem que o agrotóxicos de Rachel Carson e do GATT sempre foram manipulados e se transformaram nos OGMs de Jeffrey Smith e OMC com uma manipulação mais sofisticada, pois a violência evoluiu.
O triste é que nada mudou: Apenas a Realidade.
Juquira Candiru Satyagraha
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1 Ler: El lado obscuro de la enajenación estudantil
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