por Sebastião Pinheiro (publicado no Facebook)
O presente é de egoísmo oportunista em escala absoluta. A cada fim de
semana são mais de cem mortos na disputa mercantil por venda de droga de alta
rentabilidade financeira, econômica que contraditoriamente não é intervinda (?)
Ao mesmo tempo em que pessoas promovem passeatas e protestos contra os
sacrifícios religiosos de animais domésticos transformando-se em “despacho
humano” em acinte ou deboche escrito em quatro idiomas (foto).
Nas manifestações
cidadãs ou nas redes de informação/alienação social pululam os arautos do
retorno dos militares da Guerra Fria, “capitães de mato” com poder absoluto
sobre vida, comportamento; Ao mesmo tempo em que no Congresso Nacional há uma
escalada “religiosa” aproveitando a roubalheira da coalizão, legalizando uma
série de arbítrios nas antigas ações de Estado, impactantes, mesmo quando a
justiça, educação, saúde e oportunidades mantinham as castas da corte (nobres,
plebeus, escravos e indígenas), pois o governo está cadáver insepulto.
Mas se isso fosse
circunscrito a temática subcontinental, regional ou local não seria um
problema, já que facilmente sanável pelo poder mundial globalizado. Por não
entender esse “presente”, obriguei-me a ser “módulo” de “vetor” com direção e
sentido ao passado.
A nacionalização do
Canal de Suez por Gamal Abdel Nasser foi um rastilho de pólvora entre os
muçulmanos no pan-arabismo que está registrado em um singelo livro do político
Carlos Lacerda com vergência brasileira à época. Ali encontramos o nascimento
do Iêmen do Norte em 1962, liberto da Federação da Arábia do Sul, disfarce do
Protetorado britânico do Aden na proteção do petróleo da Pérsia e Arábia
Saudita e depois identificado como Iêmen do Sul no conflito bélico até os anos
70. O Iêmen do Norte foi condenado à morte durante os oito anos (1986-1994) da
Rodada Uruguai de gestação da nova Ordem Internacional que iria substituir a
Guerra Fria pela Organização Mundial do Comércio.
A situação em Sanaa
não é diferente na Líbia, Iraque, Síria, Paquistão, Afeganistão, Nigéria,
Quênia embora todos sejam doutrinados para pensar que isso é um devaneio na
intolerância ou ignorância religiosa/cultural, como tampouco permite perceber
os massacres humanos nos choques de quadrilhas do narcotráfico, destruição de
escolas ou deturpação do ambiente social da pobreza. Ao mesmo tempo em que o
segmento de “petshops” ganha espaço e status de “guerra santa” pelo bem-estar
animal doméstico sacrificado para aplacar outra fome.
Retornei da imersão
ao passado lentamente, lembrando que no México há o alerta: Aguas, con los
pendejos con iniciativa (Cuidado com os tontos empreendedores). Já na culta
Europa, EUA, Canadá e Austrália o mercado criou uma nova figura muito além do
“aprendiz” das corporações medievais (Lehrlings): É o “voluntario” que é
espalhado ao mundo em missão messiânica para alterar infra-estrutura nas
comunidades sem justiça social ou governo. Internamente esse voluntário cumpre
o rito de passagem e iniciação no mercado de trabalho sem custos ao Estado e
durante três a seis meses trabalha duro para merecer a vaga de assalariado pelo
empregador que não corre riscos e formata como quer o antigo cidadão.
Simultaneamente entre nós, a “vaca tosse”, a formalização do trabalho vai “pras
cucuias” através de uma terceirização que nem os autores do projeto sabem o que
é, mas foi imposta pelos representantes de bancos e CEOs transformados em
diplomatas dos países centrais na Rodada Uruguai da OMC. Os diplomatas das
elites e cortes periféricas já estão, também, com os dias contados substituídos
pelos Cursos de Relações Internacionais ou Diplomatas de Mercado deleitam-se
sobre o neologismo solidariedade (econômica, financeira, sanitária e
humanística) como a da propaganda sobre a menina nordestina Luana (foto) que
poderá comer se você doar um real ao dia, embora a ela chegue somente 0,07
centavos.
Abaporu, Tarsila do Amaral - 1928 |
Desculpem aqueles que estão pensando que nossa preocupação é com a
alienação das bandeiras sociais, políticas locais, desgoverno ou na reação
violenta nos países nominados. O que está se consolidando assustadoramente é um
totalitarismo de mercado verticalizado, cuja argamassa é sua violência, acima
de qualquer valor humano cultural, social ou religioso em pró do consumo
antropofágico de tudo e todos, muito parecido à época do manifesto futurista de
Marinetti no inicio do Século XX, contudo, agora, sob o controle financeiro
internacional (CIRF). O quadro (foto) está pintado há quase um século, o
“manifesto antropofágico” escrito, basta degluti-lo ou continuar submerso...
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