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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Vítimas dos agrotóxicos

10 de abril, 2017


 Tião P.
Juquira Candirú
Atendendo o presidente do STR de Mostardas, pegamos um pinga-pinga da Palmares na madrugada de sexta-feira e chegamos ao meio dia na cidade. Nossa tarefa entrevistar trabalhadores rurais vítimas dos agrotóxicos e visitar produtores da CoopTram que estão realizando agroecologia com farinhas de rocha, biofertilizantes e outras técnicas ultramodernas, ainda não disponíveis no agronegócios. Quanto aos agrotóxicos estou nessa lide há 50 anos e as coisas só pioram. É triste, desolador que 27 anos depois da promulgação da Lei Nacional dos agrotóxicos e 35 anos depois da Lei Estadual as coisas tenham piorado pela inação dos órgãos governamentais tanto federais quanto estaduais e tudo continue pior que na época da ditadura militar que os estimulava de forma corrupta e as intoxicações oficiais eram superiores a 680 mil/ano calculando bem por baixo e mais de 12 mil eram imolados oficialmente. Consultem o ex-diretor Dr. Alfredo Benatto do Ministério da Saúde.

O pior é que a situação está pior com o surgimento dos inços mutantes resistentes aos herbicidas (Glyphosate, Roundup). São mais de 220 espécies mutantes já registradas em todo o planeta e o número cresce em progressão geométrica. Antes de questionar sobre seus danos sobre a saúde, natureza e economia devemos nos preocupar com as misturas de herbicidas (Glifosato + Gamit) com outros produtos como creolina, querosene, água-sanitária, ácido oxaloacético que criam coquetéis mortais. Já há acusações nos EUA de que algumas dessas mistura provoca o nascimento de crianças autistas e naquele país em 2032 metade das crianças serão autistas. Contudo, os patrões continuam sonegando os equipamentos de proteção individual (EPI) por eles impedirem o rendimento do trabalhador. Por outro lado a agroecologia cresce lentamente pela pressão e corrupção dos poderosos dos insumos do agronegócios.

No STR de Mostardas tive a oportunidade de entrevistar uma família de vítima de intoxicação, que não foi tratado com os antídotos específicos. Hoje, 13 anos depois está inválido, e se diz de forma irresponsável que ele teve meningite e não uma intoxicação. O que seria muito fácil periciar com análises imunológicas no mesmo. Outro trabalhador, colega de trabalho do mesmo na mesma época e nas mesmas condições recebeu o diagnóstico de leptospirose. O mesmo tipo de análise imunológica comprova se o mesmo já teve contato com a Leptospira sp., e por quantas vezes. Mas somente onde saúde seja patrimônio cidadão e riqueza nacional em países com autonomia, e não heteronomia.

O diabólico é que as entidades patronais atuam com os lobbies e máfias dos agrotóxicos fazendo de conta que capacitam os trabalhadores para evitar intoxicações, mas no fundo estimulam o uso desbragado dos venenos e não há obrigação do uso dos EPIs.

Um dos campos que continuam, ainda, mais desconhecido é a toxicologia dos venenos agrícolas. Nessa semana tomei conhecimento de uma jovem estagiária na Fundação Zoobotânica intoxicada com Neguvon (Trichlorfon DL50 =700mg/Kgvivo). Poucas pessoas sabem que o Neguvon ao misturar com água de sabão se hidoriliza e se transforma em Diclorvos, DL50 = 70, fosforado 10 vezes mais tóxico inibindo a acetil-colinesterase. O importante é que os intoxicados por fosforados não têm cura, apenas uma alta por carregarem os riscos da intoxicação pelo resto de suas vidas. Também o órgão público NÃO oferece o EPI que é uma norma de trabalho oficial.

Já em Mostardas encontrei um caso raro de uma vítima das misturas irresponsáveis de venenos. Este veneno muito usado nas lavouras transgênicas é um fosfonil, grupo central de muitas armas químicas como o Sarin, Soman, VX e Tabun. Este herbicida inibe a colinesterase cerebral, bem mais que a plasmática e a sérica. Há um trabalho científico: Effect of glyphosate herbicide onacetylcholinesterase activity and metabolic and hematological parameters inpiava (Leporinus obtusidens) de Glusczak L1, dos Santos Miron D, Crestani M, Braga da Fonseca M, de Araújo Pedron F, Duarte MF, Vieira VL. No qual participam muitos brasileiros.  ( em português outro documento: tese de doutorado da Lissandra Glusczak _AQUI_)

O outro trabalho científico é de Modesto e Martinez e adverte sobre o risco desses mesmos venenos no stress oxidativo dos exaustos trabalhadores rurais um dos mais significativos fator de câncer na atualidade.

Pesquisadores na agricultura, médicos, farmacêuticos e nutricionistas sabem e calam. Os agricultores e trabalhadores rurais recebem diagnósticos desmoralizantes para não dizer cretinos.

Sim, estamos pior que a 50 anos atrás. O genocídio continua lentamente ceifando vidas e sonhos imolando a humanidade, principalmente os mais pobres em processo de eugenia mercantil.

O Ministério Público do Trabalho pode autorizar o STR de Mostardas e todos seus pares a iniciar a notificação das intoxicações por agrotóxicos para liquidar com essa ameaça à sociedade.


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