No dia do Bioma Pampa, aniversário do Lutz, após a atividade fui convidado à esta conversa informática. Ancião esquivo, cultivo desafios sem me intrometer/preocupar com situações pessoais ou grupais. Enunciar questões é método educacional. "No hay mal que por el bien no venga" é um antigo adágio aplicável em crises. A F.A.E, pós-Bolsonaro e pandemia exige uma reflexão profunda diante da realidade da "Nova Ordem Internacional", muito além do consumo.
A) - Uma questão permite entender a evolução: O Defensivo da Ditadura, atendia a Ordem do G.A.T.T. (1944, Bretton Woods).
Ele foi transformado em Agrotóxicos legalmente na década de 80. Hoje, na Ordem Internacional da OMC volta a ser o "defensivo" parte da identidade cultural do “sine qua non" do Agronegócios e a Lei Nacional 7802/89 e a Estadual 7.747/82 foram alteradas, pela Ordem que submete cidadania, alterando as leis para o mercado mundial e todos os assuntos a ele correlatos são: "anacrônicos"/"démodé".
Ignorância e ciúmes contaminaram e destruíram a Cooperativa Ecológica Coolméia na escalada e ansiedade de poder político, autoritário.
Há quatro anos, nos Países Baixos, 170 acadêmicos envolvidos em questões de desenvolvimento internacional, oferecem, com base nas pesquisas e conhecimentos existentes, cinco propostas para o após a pandemia do Coronavírus e a catástrofe do governo fascista de Bolsonaro.
1) Substituição do atual
modelo de desenvolvimento voltado para o crescimento genérico do PIB, por meio
de um modelo que distinga entre setores que podem crescer e precisam de
investimentos (os chamados setores públicos cruciais, energia limpa, educação e
assistência) e setores que precisam ser reduzidos radicalmente, dada sua falta
fundamental de sustentabilidade ou seu papel na condução do consumo excessivo
(como os setores de petróleo, gás, mineração e publicidade).
2) Desenvolver uma política de redistribuição econômica que preveja uma renda
básica universal, integrada a uma política social sólida; um imposto forte e progressivo
sobre renda, lucros e riqueza; semanas de trabalho mais curtas e trabalho
compartilhado; e reconhecimento do valor intrínseco da assistência médica e
serviços públicos essenciais, como educação e assistência médica.
3) Transição para a agricultura circular, baseada na conservação da biodiversidade, produção sustentável de alimentos, principalmente local, redução da produção de carne (grifo Tião) e emprego com condições de trabalho justas.
4) Redução do consumo e de viagens, com uma diminuição radical nas formas de luxo e de desperdício, em direção a formas necessárias, sustentáveis e significativas de consumo e viagens.
5) Remissão (perdão) de dívidas, principalmente a trabalhadores, freelancers, pequenos e microempresários, também nos países em desenvolvimento, pelos países mais ricos, bem como organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial) …
A tentativa de golpe militar ao novo governo, na posse e no dia 08 de janeiro aumenta nossa responsabilidade, nesta introdução ao debate e construção coletiva com pontos que sempre existiram dentro da Coolméia (hoje FAE) desde sua criação e trajetória.
O tempo passou, a Coolméia se encantou e a FAE hoje é espaço de disputa política com a Administração da Ordem Internacional.
B) - A pergunta agora é: O que perdemos ou se perdeu?
Os registros e seus retrocessos estão nos quatro cantos do mundo. Os progressos, evolução, conquistas consolidadas, mas os “contrários” também se aproximaram com o relaxamento. Nos países sem identidade e cidadania cultural é fácil ignorar o valor das virtudes, não só pela cobiça e vícios pessoais, como pela alienação promovida na sociedade, principalmente, em função de ordem econômica, política, social internacionais que se superpõem aos interesses de uma maioria nacional não-respeitada, segregada, que tem no poder do dinheiro sua alforria, com a contradição de perda de soberania e autonomia. A educação não discursa, se constrói com ações e não políticas casuísticas
A agricultura é atividade essencial, pois é a forma como os seres ultrassociais se alimentam além da natureza. Ela produz a energia que alimenta os humanos e os animais que dele dependem. Nela quem faz isso é uma parcela pequena da sociedade, que através do tempo diminui sua população no campo, mas cresce dia a dia com nas cidades nas transformações, sem que ninguém substitua este agricultor que produz a transformação do Sol em alimentos ao intervir junto aos microrganismos do solo, variações do clima, com menor poder quanto menos industrial for sua sociedade e mais dependente dele.
Nos países industriais o IDH da família camponesa é idêntico ou melhor que o da sociedade urbana e isso é antagônico nos países agrícolas em grande contradição, e a situação da família camponesa é de indigência social, cultural ao não contar com políticas públicas devido às características de suas atividades e os valores estratégicos que possui.
O estímulo à industrialização levou nesses países trouxe uma modernidade sobre uma estrutura medieval ressaltados nos períodos autoritários cívico-militares de base ideológica beneficiando um modelo de agricultura industrial moderna concentrando a posse da terra favorecendo, o grande capital, a indústria de alimentos internacional e as commodities precificadas pela bolsa de Chicago através de jogo de especulação. O RS é exemplo claro disso não perceptível pela mediocridade política.
O resultado dessas políticas em todos os países foi o êxodo rural, o envelhecimento no campo, a não substituição dos agricultores pais por seus filhos com perda de autoestima e desestruturação familiar da agricultura de escala familiar pelo crescimento de massa salarial por uma economia dia a dia mais dependente. Através dos tempos a agricultura necessita de três condições fundamentais: território, questão agrárias e modelo tecnológico, que se alteram na medida em que um aumenta em detrimento dos outros. Sendo impossível que esta figura geométrica seja reduzida.
Isso foi sempre bem escondido ou subordinado à "economia" heteronômica, que somente resolve suas crises e problemas com soluções de interesse do poder e não com as alternativas necessárias.
As grandes crises de 1930 e 2008 foram transformadas em manipulações bancárias perante a crise do coronavírus que já era esperada. O dramático é que tudo indica que seu início está na cobiça em encontrar uma vacina, para resolver economicamente um problema antes dele acontecer, que traria muito lucro para que tivesse a solução antecipada.
Na história, um início pode ser em 1842, quando passamos lentamente a adicionar substâncias a cada dia mais estranhas à agricultura. Dizer para um jovem de nossos dias que no passado recente a ração era feita em casa pelo próprio agricultor com matéria orgânica produzida por ele mesmo e que a comodidade substituiu este modelo e o artificializou ao extremo. Ou que todo o fósforo da agricultura era tirado de rochas ou das farinhas de ossos dos frigoríficos e que o manejo da matéria orgânica era feito através do Sol é correr o risco de receber risos ignorantes. Isto não é problema, o problema começa quando se privilegia o artificial sobre o natural, através de propaganda que leva à alienação e estimula a enfermidade.
É assim, que o território camponês conquistado na natureza para a agricultura e produção das necessidades ultrassociais passa a ser denominado de “meios de produção” e que ele podia ser “cercada”, vendida/comprada ao valor de mercado, o que foi crescendo em intensidade chegando aos nossos dias com tal grau de transformação que a indústria de alimentos não precisa se preocupar com a produção, mas fundamentalmente com a especulação, propaganda e marketing e hegemonia nos mercados futuros e políticas de blocos econômicos e financeiros. A centralização da comercialização beneficiou os comerciantes intermediários nas centrais de abastecimento, ao passo que no princípio, inibia e depois através de normas burocráticas impedia a comercialização, por fim com selos, certificados e regras proibia a livre comercialização.
C) - A terceira questão ainda é inconsciente, embora já tenha mais de dois séculos: A comercialização agrícola tanto por volume (L), quanto por massa (kg) eram garantidas pela qualidade do produto camponês. Mas não houve esta preocupação com as novas tecnologias e processos de produção e volume/massa de alimento passou a ter menos qualidade e também menor quantidade, enganando o consumidor.
Em ato seguido, regulamentos e normas passaram a se apropriar deste valor sem remunerá-lo, na comercialização da produção pela indústria. Na nova ordem torna-o exigência de novos serviços (inocuidades, certificações, selos, garantias).
O diabólico é que o alimento com veneno é de venda livre garantido pelo Estado, mas o produzido sem venenos necessita provar que não tem venenos, quando estes instrumentos são criados como serviços estrangeiros que passam a valer muito mais que a produção e servem, para uma elite econômica e desmerece o agricultor.
Este tipo de desenvolvimento da agricultura criou uma política de conveniência entre o alimento e os tóxicos, pois ela (indústria) produzia um para dominar o outro e aumentar sua inserção no processo de produção. É o gigantismo desse mercado que vai levar aos choques econômicos e transformados em guerras, com os agravantes que isso desenvolverá mais aceleradamente aquilo que possa ser aplicado a uma para baratear a outra. E o camponês deixará de ser produtor para ser consumidor dos insumos que são produtos de interesse bélico na sociedade civil, ao mesmo tempo que seu valor é colocado em segundo plano, pelo que ele antes representava para a concórdia e harmonia na sociedade.
O referencial anônimo, no livro Primavera Silenciosa, da cientista Rachel Carson, tentou durante a Segunda Guerra Mundial construir a denúncia, mas só alcançou a todos depois do escândalo de 1959 do Aminotriazol. Ele alterou o mundo, e todos direta ou indiretamente são frutos de sua clarividência, desde então e a crescente contaminação e a necessidade de mitigar a poluição e destruição da história natural, então nome da natureza, dominado pelo Complexo Industrial Militar referenciado pelo presidente Eisenhower em seu último discurso.
O grave é a hipocrisia do poder industrial que irá adequar-se com a exportação de todo o parque industrial obsoleto com as fábricas velhas sendo vendidas como progresso na periferia desejosa de seguir a propaganda e publicidade dos países centrais, quando isso já estava bem descrito em clássicos, mas os subornos e propinas eram instrumentos de coerção nas ditaduras instaladas ou nas democracias elitistas.
Lá fora os contrários à modernização com o parque industrial de tóxicos químicos serão colocados em “guetos” controlados para gerarem laboratórios sociais que lentamente ganharam espaço par e passo de suas necessidades com os avanços da indústria tanto civil, como militar.
Entre nós as alternativas serão vistas por todos como aberrações, insanidades, subversivas e alienação pelo poder servil, auto - totalitário servil, nessa escala de denominações à medida conquista território, a questão agraria e tecnologia para os camponeses ultrassociais, que foi, é e será sempre diferente da Europa e Estados Unidos e demais países industriais, uma rebeldia, na busca de uma identidade própria, onde o veneno e o alimentos são contradições imiscíveis, doutrinaria, ideológica e espiritualmente.
No mundo até muito recentemente o uso de venenos era incutido ao agricultor como condição sine quae non. Entre nós discutir o veneno era colocar-se entre o agricultor e o consumidor no interesse do governo militar corrupto fanático pelas armas químicas que eram e continuam sendo. Nossa estratégia encoberta foi simples: O agricultor é vítima, o consumidor é vítima, pois não há alternativas, já que o governo é cúmplice da indústria e do governo imperial na bipolaridade da Guerra Fria.
Nossa consigna reservada foi: O veneno é problema de quem o usa. Se ele quer deixar de usar é problema nosso (consigna dos Alcoólicos Anônimos). E isso foi feito, mas demorou. Os últimos a aprender isso queriam o poder na efervescência do fim da ditadura e não sabiam a diferença entre poder e governo, pois a falta de identidade e formação elitista leva a estes descalabros.
O mais absurdo é que tivemos que aprender o que queríamos ensinar ao camponês. Felizmente e isso é nossa diferença com as formações acadêmicas controladas, vigiadas e exorcizadas através do medo, o que continua assim, aqui e no mundo.
Mas logo nos distanciamos além fronteiras e sem dinheiros estrangeiros, de governos interessados. Não é necessário citar nomes, técnicas, tecnologias, processos, organizações ou coisas outras que podem ferir susceptibilidades vaidosas, na primeira onde moleques entraram e reclamaram na justiça serem empregados, quando eram sócios cooperados. É obvio que um governo alienado e com interesses pessoais faz um fiscal destruir algo que tem um valor que não é palpável ou diáfano como a cultura.
É assim, que o território camponês conquistado na natureza para a agricultura e produção das necessidades ultrassociais passa a ser denominado de “meios de produção” e que ele podia ser “cercada”, vendida/comprada ao valor de mercado, o que foi crescendo em intensidade chegando aos nossos dias com tal grau de transformação que a indústria de alimentos não precisa se preocupar com a produção, mas fundamentalmente com a especulação, propaganda e marketing e hegemonia nos mercados futuros e políticas de blocos econômicos e financeiros. A centralização da comercialização beneficiou os comerciantes intermediários nas centrais de abastecimento, enquanto que no princípio, inibia e depois através de normas burocráticas impedia a comercialização, por fim com selos, certificados e regras proibia a livre comercialização.
O trágico é que o alimento com veneno é de venda livre garantido pelo Estado, mas o produzido sem venenos necessita provar que não tem venenos, quando estes instrumentos são criados como serviços estrangeiros que passam a valer muito mais que a produção e servem, para uma elite econômica e desmerece o agricultor.
O tempo passou e vimos as estruturas aglutinadoras se encantarem e outras se transformarem em mercado tradicional de comerciantes com os vícios anteriores, pois houve solução de continuidade e relaxamento, com destruição, corrupção, e principalmente alienação sobre o novo.
Há um espólio físico e uma memória encantada, contudo o passado sempre é uma parte do alicerce do futuro. Com o atual governo vivemos um momento similar ao do militar João Batista Figueiredo, não tão ignorante, fanático e corrupto.
Qual é a realidade que estamos vivendo na pandemia? O que tiramos de proveito para organizar a retomada?
Quais são as pretensões da Industria, Supermercados, Prestadores de Serviços, Sociedade Mundial, Igrejas e Thinks Tanks?
A pergunta é clara: Depois da pandemia o que vamos fazer para recuperar os 30 anos perdidos e darmos um salto de 30 anos adiante como sempre vivemos, sem cara, sexo, cor ou religião, apenas como o intuito de aprender para poder ensinar, emulando um grande camponês chamado José Fonts (Facón Grande) na desolada Patagônia.
Desenvolver como coletivo dos bombeiros agroecológicos no monômio aprender-ensinar-amar junto aos consumidores e agricultores no elo do vínculo ultrassocial de um depender do outro sem as figuras econômicas que retiram a autonomia, soberania e liberdade de ambos.
As carências de políticas públicas igualitárias entre campo e cidade já existentes nos países industriais pode ser através do vínculo ser facilmente alcançada em todos seus matizes, pois isso já veio acoplado nas atividades da FAE desde seu início como princípio dentro da antiga cooperativa e na gestão da Feira.
D) - O que se deve fazer? Primeiro, uma análise ampla, profunda e honesta; depois propostas de construção de algo projetado para ser concluído dentro de 50 anos a partir de hoje. Com isso percebemos o que foi a "Coolméia" e o que deixamos de fazer por individualismos, ódios militantes e ignorância política.
Pode parecer difícil, mas depois do dia 08 de janeiro, tudo fica mais fácil, pois dissecando os tecidos da Coolméia encontramos:
AMOR - CIDADANIA - IDENTIDADE - EDUCAÇÃO - ULTRASSOCIAL - CULTURA - MEIO AMBIENTE - BIOMA - TECNOLOGIA - APOIO MÚTUO - DÍVIDA SOCIAL E CRISE DO CLIMA...
E) Siga o exemplo dos humildes, e corrija o tempo-espaço de Horácio:
Carpe diem quam minimum credula postero. (arrancar o dia, confiando o menos possível no próximo).
A proposta é tramitar o tombamento do Espaço Cultural da Feira da Cooperativa Ecológica Coolméia, como um MONUMENTO IMATERIAL DA HUMANIDADE, MARCO REFERENCIAL PARA REVERSÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS A PARTIR DE POPULAÇÕES TRADICIONAIS, NATIVAS, QUILOMBOLAS, PEQUENOS AGRICULTORES FAMILIARES PRATICANTES DE AGROECOLOGIA, A SER DECLARADO PELA UNESCO, UNEP e UNIDO...
Sebastião pinheiro (tião).
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