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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 26 de junho de 2015

"Ó donos do agrobiz"


Ontem (18 de junho) o Jornal da Cidade de Porto Alegre da Rede Bandeirantes veiculou matéria da apresentadora de AGRIBUSINESS, sobre a garantia da qualidade dos alimentos produzidos com o uso de agrotóxicos e ressaltou suspeição sobre a qualidade superior daqueles sem seu uso e justificou seu preço mais caro.
Há vinte anos Porto Alegre era uma das mais pujantes cidades do mundo nas palavras do Professor de Harmut Vogtmann na produção de orgânicos que não eram vendidos em lojinhas especiais ou butique, mas em uma Feira Livre Pioneira na América de uma Cooperativa de Produtores e Consumidores fundada por visionários e falida por corruptos e militantes partidários. Ele como lente em Agricultura Orgânica sabia que a Alemanha Ocidental fora obrigada a mudar sua legislação (Absatz 214) anos antes pela campanha organizada na cidade e Estado por Magda Renner, Giselda Castro e outras (RIP) que já não estão entre nós: “Proibir aqui os Agrotóxicos proibidos em seu país de origem”.
Quem não lembra quando na novela da Globo apareceu a Regina Duarte dizendo que se o defensivo não chegasse ia perder toda sua produção. Em 15 segundos o dinheiro corrupto destruía décadas de conscientização, mobilização.
Em 1976 o Presidente Carter enviou uma alta comissão do USDA à Europa para aprender Agricultura Orgânica (esse é o nome dado na época pelo governo e inteligência alemã à Agricultura além da matriz química, enraizada no seu IFOAM). Os alemães disseram que suas melhores fontes científicas eram yankees. O relatório do governo Carter foi traduzido pela SEPLAN - Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq e publicado com as recomendações para a mudança em 1980. Aposto cem dólares como esse relatório não faz parte de acervo de bibliotecas públicas & entidades de pesquisa nacional.
Em 1980 o governo Reagan nos EUA obrigou que todos os trabalhadores estrangeiros tivessem treinamento de segurança e cuidado no uso de agrotóxicos pelos custos da previdência social emergencial, principalmente na Califórnia.
Estes cursos foram disponibilizados através das universidades norte-americanas e pasmem que muitos cursos eram oferecidos em idiomas nativos das etnias mexicanas (chontal tocolaval, mixteco, zapoteco, huichol, Náhualt e outros, pois muitos dos “braceros” não dominavam perfeitamente o espanhol.
Em 1991 por efeito das campanhas em Porto Alegre os países da União Européia baixaram a Diretiva Comunitária 414/91 que obriga a todos os que lidarem com agrotóxicos fazerem um curso de 120 horas com práticas de não uso e alternativas ao uso. Na cidade de Feliz/RS dois jovens filhos de camponeses em estágio na Suíça e Alemanha fizeram este curso e um deles sendo estudante de agronomia, demonstrou sua dificuldade para acompanhar.
Em 1994 a Farm Bill de Clinton mudou o nome da Comissão de Conservação do Solo para Conservação dos Recursos Naturais e Água (Natural Resources of Conservation Service) e a queda no consumo de agrotóxicos começou a cair nos EUA no mesmo momento que crescer no pais no mercosul no final do governo FHC e Lula quando ultrapassou os EUA que tem uma agricultura em valor dez vezes a nacional, mas nós somos o grande campeão.
Entender isso é fácil há o livro "Cosmos" do Barão A. von Humboldt escrito a 170 anos e continua muito atual e útil. Ele permite compreender como o autor estrangeiro conseguiu entender pessoas e povos do Novo Mundo para decifrar, decodificar os segredos da natureza. Entender em sentido amplo significa estar muito além da física, química, biologia, matemática, espiritualidade ou crença mítica. Entender requer transformar a aprendizagem (e apreendido) para servir aos interesses de seu país (Alemanha) de extrema pobreza natural. Por meio do “saber” pôde ver a evolução do recurso em separado do local de origem. Foi ali que começou a biologia molecular, que é capaz de criar o milho, cacau, grana cochonilha, baunilha ou sapoti, sem qualquer ligação com a natureza do seu Centro de Origem, Centro de Dispersão, muito além do que fizeram mercadores, militares ou sacerdotes & aventureiros. Aceitamos ou repelimos as criações sintéticas (não-naturais, agrotóxicos, OGMs), sem perceber que nas entrelinhas do livro se lê os riscos e perigos que elas representam para quem possui História Natural, valor escandalosamente distorcido pela cupidez do preço, em dólares/euros/Yuan através dos serviços de diversões, infiltrações e manipulação indutora do poder crematístico (políticas multilaterais, publicidade, propaganda e ideologia) sobre os valores éticos.
Desde “Cosmos” usar a casca do sabugueiro ou chá caseiro tradicional tornou-se atraso e ignorância, enquanto comprar Aspirina, moderno, sem perceber que estava ocorrendo uma mudança de comportamento entre o "saber local" e o produto industrial exótico, que custava dinheiro. Dilema que no Centro não havia por não existir o natural existente na periferia.

É assim que o artificial concentra poder sobre o natural. É por isso que toxicologia leva esse nome tirado de Toxikon o nome das flechas envenenadas no sangue da Hidra por Hércules, que serve à Agrotoxikon (Agrotóxicos).

Tive a oportunidade de através da matéria de ontem recordar no verão a mesma jornalista narrar no mesmo jornal com orgulho e sensibilidade a felicidade e solenidade da abertura de uma lata de corned beef ou presuntada na sua família no interior de Alegrete.
Gostaria dos amigos, a reflexão sobre a ingenuidade a que somos levados dispondo de carne fresca e barata, o que na Europa não existe equivalente e transformar em memória e solenidade o consumo seja da presuntada ou da aspirina. Foi por isso que substituímos o leite materno pelo leite em pó de vaca.

Mural do Chuli
Visitando o Museu da Agricultura Moderna em Fray Bentos, Uruguai e vendo o Mural do Chuli (foto) de Ricardo R. Cíchero nossa jornalista poderá entender porque os soldados britânicos, franceses, italianos ou alemães usavam a expressão “Fray Bentos” como interjeição de felicidade por terem carne enlatada na penúria da guerra (foto). Fazê-lo em nosso cotidiano soa alienado/aculturado. Situação a que estamos submetidos todos e nos torna caricatos & periféricos.

Caricato & periférico de ter uma “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos” quando o governo não cumpre a lei nem permite que os agricultores sejam treinados efetivamente em segurança do trabalho nos moldes da DC91/414 e similares ao mesmo tempo em que (talvez por orgulho) afirme sermos os campeões.

Coloco a disposição da jornalista uma cópia do livro Altered Genes, Twisted Truth com a corrupção na FDA com respeito aos transgênicos gratuitamente.

por Juquira Candiru

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