Para perceber nossa
realidade, muitas vezes, é preciso sair do meio e do ambiente. Os rumos das
devastações ambiental, cultural e de minorias étnicas, além do assanhamento das
transnacionais em conluio com o regime, nos levaram, em novembro de 1982 (Lateinamerika
Unweltschutzseminar, Humboldt Universität, Berlin), a propor a criação de uma
entidade, para discutir a agricultura pós-agrotóxicos, a biotecnologia e a
engenharia genética.
Em 08 de outubro de 1983, em Altér do Chão, às margens do rio Tapajós, no coração da Amazônia, foi idealizada a "Fundação Juquira Candiru" ao denunciarmos os planos de cientistas alienados de usarem herbicidas desfolhantes (Agente Laranja), nas linhas de transmissão e no futuro lago da Usina Hidroelétrica de Tucuruí, em função de toda a corrupção e incompetência para a retirada de madeira. Optamos por uma fundação em resposta às similares de cunho argentário.
Em 08 de outubro de 1983, em Altér do Chão, às margens do rio Tapajós, no coração da Amazônia, foi idealizada a "Fundação Juquira Candiru" ao denunciarmos os planos de cientistas alienados de usarem herbicidas desfolhantes (Agente Laranja), nas linhas de transmissão e no futuro lago da Usina Hidroelétrica de Tucuruí, em função de toda a corrupção e incompetência para a retirada de madeira. Optamos por uma fundação em resposta às similares de cunho argentário.
O manifesto foi escrito em fevereiro de 1984, no Quilombo existente na "Ilha Tocantins" situada no rio de mesmo nome, ao encontrarmos a primeira das setecentas castanheiras mortas com desfolhantes, usados para expulsar os habitantes locais, e diz: "O brasileiro mais autêntico, mais identificado com a natureza é o mais espezinhado e expulso pelos interesses estranhos de seus compatriotas, cúmplices de imposições de empresas, governos e organismos internacionais”.
Nem mesmo isolado nos últimos rincões, o homem brasileiro é respeitado ou deixado em paz, pela cobiça e pugna entre interesses internacionais da biotecnologia industrial (engenharia genética), ávida pelos recursos naturais e os interesses obseqüentes das elites agrárias nacionais, e locais de destruição da floresta para ocupação de seu espaço com capim e gado.
O hileano autóctone ou sincretizado é destruído, sem chances de preservar sua cultura e sobreviver com dignidade. Sua identidade com o meio que o envolve e absorve-o é vista como nociva pelos usurpadores do poder e elites.
Entretanto, nós somos a JUQUIRA, macega que responde à moto-serra, ao fogo e devastação com a rebrota e cada vez que é agredida fica mais enfezada e espinhenta, criando o ambiente para a restauração da floresta. Somos também o pequeno peixe CANDIRÚ dos rios e igapós da Amazônia, que entra pelos nove orifícios do invasor levando o desespero e morte.
A "Juquira Candiru", muito antes de defender elites, interesses e cidadãos do regime ou o ser ideal do Estado defende o estado ideal do Ser Universal, através da autopoiese do Sol e metabolismo das Rochas, antagônico ao TER, que são suas apropriações no tempo e espaço, atualmente mal denominada de economia, porém mera crematística. Somos parte e herança de uma civilização e cultura, ainda, viva e latente em todo o continente americano. Transcendemos a tudo, defendemos a Vida.
A "Juquira Candiru" é virtual,
não adota estatutos, regras ou hierarquias. Todos os que assim desejarem farão
parte dela independente de credo, raça, ideologia ou saber.
Uma de suas insígnias é o
"sapo cururu com muitos olhos" ou "muiraquitã", sobre o
"campo semeado de milho", cercado pela "pata do jabuti".
Conta a história dos Kayabi que uma índia mandou seu filho preparar o terreno para plantar. Para ajudá-lo e fazer vingar melhor o cultivo disfarçou-se de cotia e escondeu-se em uma cova. No preparo do solo, o filho pôs fogo na mata e a cotia, sua mãe morreu queimada. Entretanto, no local, onde ela morreu, nasceu uma planta, que produzia muitos grãos todos juntinhos, o milho. Para lembrar sua origem, ele, quando aquecido, através do fogo, transforma-se em uma linda flor branca, a pipoca (ressurreição). O "campo semeado de milho é a iniciativa de mudança. O "sapo muiraquitã" é o aviso de bem-aventurança e sorte; o "sapo cururu com muitos olhos" é o alerta para os riscos e perigos das inovações e a "pata do jabuti" é a segurança no avançar. A serpente emplumada arco-íris comendo a ponta da cauda é a renovação na busca da saber com arte (sabedoria).
Em 1998 ao cumprir 15 anos
soubemos que, para formar uma fundação é necessário um bem próprio (prédio) e
ao não possuí-lo, mudamos sua denominação pela palavra SATYAGRAHA do sânscrito.
Aos seus trinta anos, diante do
desespero social e econômico que assola a humanidade, com seu consumismo,
alienação e corrupção impostas pela Ordem Internacional, ela adota a bandeira
Joly Rouge (Jolly Roger) nascida com os templários e usada pelos piratas. Sob
sua autenticidade todos tinham a liberdade de lutar pela igualdade sem medo;
Quando necessário confiscavam o produto da ambição dos poderosos; Se
incompetente pagavam o preço com a vida, nada mais justo. Esta como a cruz de
Cristo é hoje mais necessária que nunca para salvar o valor da Vida e mesmo o
Planeta Terra da Eugenia Mercantil.
As orbitas da caveira foram
avivadas com o Sol, nossa única forma de energia. Sob os ossos cruzados a
divisa (Satyagraha) em sânscrito anuncia “a verdade não se oculta” à
não-violência, emulando Mahatma Gandhi.
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