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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

domingo, 24 de abril de 2016

Geração postergada

por Tião Pinheiro

Em dezembro 2013vos apresentei Lisarb, apelidado “Pereba” pelo próprio avô. Lembram? Desde então ele se mantinha fiel aos seus princípios: calado, indiferente às ruas, meios de comunicação e inacessível à onda de enganação reacionária auto-intitulada de “revolucionária”. Contudo, indiferença não significa desinteresse ou neutralidade, apenas respeito crítico. Atônito assistiu todos os debates prévios à votação da Aprovação do Relatório de Admissão do Impedimento Constitucional da Presidente na Câmara Federal. Consciente do resultado jejuou por dois dias, lavando o corpo com água e chá de raiz de Picão Preto (Bidens pilosa, hoje Asteraceae, ex-Compositae), mundialmente reconhecido contra a neurastenia. Não atendeu telefonemas e sequer saiu ao Sol em respeito aos vizinhos e amigos divididos, dirigidos e polarizados na disputa pela mídia poluindo as redes sociais. Reagiu, quando provocado pelo casal coxinha, vizinho que troca de carro e próteses de silicone a cada seis meses, mas está com o condomínio atrasado em dez meses. – “Seu Lisarb não o vimos nem de Vermelho nem de Verde-Amarelo. A que se deve a..? O cenho franzido fez o ousado engolir a palavra omissão ou assemelhada.

Com um olhar complacente, baixando os olhos lentamente, dando a entender o valor de uma descompostura veio a resposta: - O que mais me espantou na Esplanada do Congresso foi ver a bandeira do Estado de Alagoas totalmente esfarrapada, somente identificável pela faixa vermelha e parte do Escudo. Nenhum dos 8 deputados, 3 senadores ou audiência televisiva nacional exigiu a correção. A seção responsável pelas bandeiras tem mais de 40 funcionários cujos salários é vinte vezes maior que de uma professora primaria. Essa imagem permaneceu durante os três dias da sessão sem que se corrigisse o desrespeito à cidadania. Antes de vestir uma camiseta colorida há posições a serem tomadas, pois não podem ser compradas, trocadas ou transplantadas. São como o cérebro...
Em 1976, Jimmy Carter cumpria a política de Direitos Humanos do CIRF para atingir a ditadura Soviética e vimos João Paulo II, Tatcher e Reagan a executar com precisão, principalmente na periferia, para exemplo. Lembram da fuga de Stroessner para o Brasil? Logo, surgiu Alwyn, Fujimori, Menem, Sarney. No Brasil, a Rede Globo em 1986 criou o seu “Caçador de Marajás”, que mereceu até mesmo seu programa Globo Repórter. Depois ele se tornou Prefeito Biônico de Maceió, governador e foi eleito presidente. Transformou-se no antídoto a qualquer veneno político, no modelito Fênix neoliberal das elites dos coronéis, caudilhos latino-americanos e brasileiros na nova Ordem do Consenso de Washington, pós-Guerra Fria. Collor deu no que deu e cinco anos depois, no dia seguinte à queda de Stroessner, em Assunção o passageiro perguntou ao taxista: ¿Te gusta Stroessner? A resposta: Me gusta mucho, pero el General Rodriguez, me gusta mucho más. Uma resposta na concepção indígena da minoria sufocada, sem esperança.

Não faço parte da contenda como torcedor, não sou manipulado e tenho luz própria. A análise que faço tem já quase um século e a questão é: Como a maioria indígena e mestiça na América Latina há 500 anos tratada como inferior, da noite para o dia passou ser a maioria cidadã nos governos carregando suas identidades ideológicas ou bandeiras de consumo quase monolíticas em seus discursos e exercício: Tabaré Vasquez, FHC, Lugo, Evo Morales, Bachelet, Chávez, Correa, Ollanta,Humala, Lula, Mujica, Kirchner(s), Maduro, Dilma. A onda passou, e o pouco que resta é de uma esquerda incompetente, corrupta, que não voltará tão cedo pelo vigor dos novos leviatãs tecnológicos ou pela hibridação dos Estados Nacionais com os mesmos no Ave Obama, que não é o Mouro de Veneza ou no “beija mão” à Elisabeth II. O CIRF eleva seu controle e domínio através de algoritmos a cada dia mais ajustados e precisos. O antigo Xi Quadrado da estatística, agora evoluiu para R2.


O senhor nem lembra a última invasão militar na América Latina. Foi em dezembro de 1989 no Panamá de “Piña Colada” Noriega, que aumentou as taxas e emolumentos pela circulação de narcóticos nos navios do Canal e descansa em uma prisão na Flórida, não em Guantánamo. A Escuela de las Américas, agora é um Hotel de luxo para a observação de pássaros; A invasão de Granada foi seis anos antes, pois estava sendo construído um aeroporto pelos cubanos. O interessante é que o César Reagan anunciou que o fez para evitar o bloqueio à noz-moscada, indispensável no preparo do Peru do Dia de Ação de Graças. O nobre vizinho sabe quem foi Samoset e Squanto. Fique tranqüilo nem os alunos do Virginia Tech, Stanford, Harvard ou MIT sabem. Antes de por uma camiseta eu vejo a trava no meu olho: O pirata que preside o congresso é alagoano e não respeita sua bandeira... Com licença tenho de ir à descarga matinal. Os vizinhos se entreolharam boquiabertos não entendendo o que fora dito, mas sabiam que Lisarb ia ao banheiro.

O ranzinza levava seu lixo reciclável, quando o casal vizinho, ativos “mortandela” pouco discretos, embora já acumulem seis pós doutorados nos últimos 13 anos e que haviam escutado a peroração, interromperam sua passagem ao vê-lo. – “Don” Lisarb, quais suas interpretações ou perspectivas sobre “Le Coup Blanche”? Tímido, mas com seu sorriso casmurro, para agentes públicos, respondeu: - Golpe branco? Não há exagero Sr. Doutor Professor? Nelson Rodrigues sempre parafraseia os banqueiros do jogo do bicho: “Vale o que está escrito”. Vejo as coisas mais para preto, branco, vermelho e amarelo das cores republicanas da bandeira criada por Julio Ribeiro em julho de 1888, que deveria substituir as cores dos Bragança - Orléans e Habsburgs, e a partir de 1932 ficara à disposição dos paulistas para enfrentar a troika de Vargas, por tal foi proibida até o fim do Estado Novo. Sobre o relatório assisti a aprovação durante os três dias de debates e votação, e para entender me obriguei a retiro, jejum preparatório para ler uma obra interessante escrita em 1724 por Charles Johnson, “A História Geral dos Piratas”, onde consta o Código dos Piratas, entre eles o de Henry Morgan estampado em 1678 no livro América Buccaneers. Sem sua leitura se toma partido como torcedor. Com ela, se entende o clima e brilho do Sol. Muita gente veste camisetas coloridas, como as torcidas uniformizadas criminosas, ensandecidas e assassinas que a cada fim de semana imolam um inimigo nesta sociedade sem rumo, consciência ou futuro. Eu prefiro encontrar a razão de cada voto dentro dos 11 mandamentos do Código dos Piratas.

A coalizão entre partidos devia no mínimo se comportar como os piratas no “On Parles” (Parlay), pois em economia ou política não há território para a palavra “traição”, pois ela espelha falsa ingenuidade e falsa competência.

Recomendo contextualizar essas leituras, antevendo que os piratas surgem como um mecanismo “offshore” para expropriar o esbulho espanhol–português, sem que isso levasse a retaliação e “guerra justa”. Hoje toda a economia suja do mundo resguarda-se na palavra offshore, ou seja, o pirata moderno é um “quinta coluna” inconsciente e o império não precisa invadir territórios, roubar ou cobrar proteção... Lá não há piratas nativos em terra firme, pois eles são condenados ao desterro (marroning). Os ingênuos e ignorantes pretendiam manter a hegemonia política e governabilidade através da submissão à participação em mesadas. Piratas éticos e com bons modos existe somente nos livros de capa e espada. Ou como disse o “capitão” Toninho Malvadeza: “Eu me entrego ao poder como uma prostituta. ”

O cafajeste Roberto Jefferson foi pego com o focinho na ratoeira. Denunciou e usou a expressão “óbolo”, esmola religiosa. Pirata consciente, não usou o termo dízimo em sua denúncia, pois 4 milhões foram roubados dos Correios, quando seu PTB esperava 20... Quem se apropriou dos 16 milhões queria submissão e medo por desconhecer os piratas. Estes vivem “On parles” (Parlay), sabendo que o bom cabrito não berra, dá o troco.

A história se repetiu na Petrobrás, que falta de memória. Uma aula de política (pirataria) é o que a troika (Temer, Cunha e Renan) estão ministrando ao governo e sua militância. Ela espelha o aprendizado de Cunha com o pirata Roberto Jefferson e possibilita o questionamento: É autóctone ou segue a harmonia dos leviatãs tecnológicos e Estado Híbrido do Império, via FIESP-CIRF? (foto 1)


Há de tudo na seara do Senhor, em 13 de outubro de 2013 a candidata à presidência indignada com a difamação fascista vaticinou “Se for para ganhar perdendo, eu prefiro perder ganhando”. Um verdadeiro “On parles”, “lascas do mesmo pau” e cérebro, mas sem visão pirata.

Nos últimos 60 dias vemos os difamantes espernearem de que não há corrupção e que se trama um golpe contra o Estado de Direito, quando o que houve foi apenas a inversão de posições entre sapos e escorpiões. De plano fica claro que as vítimas na fábula submergiram afogando o escorpião-cavaleiro, esgotado de seu veneno e carente do “on parles”. É do código pirata que surge o parlamentarismo, protetor de cidadania e obriga os escorpiões a viver offshore?

Fábulas e mitologia são ensinadas às crianças para figurar comportamentos ingênuos. Piratas e partidos existem pelo poder. Como em economia não há ética é necessário o “on parles” e quem não se comunica entre piratas, não se trumbica, anda sobre a prancha (foto 2) é o Código de Morgan, que está escrito e vale para todos. “O Príncipe” é para a sub-elite caricata.

Muitos se preocupam com as igrejas. Elas formam seus piratas, bons “políticos”. Nos estertores da Segunda Guerra Mundial o papa Pio XII acionado por Hitler enviou um mensageiro para evitar a invasão soviética à Alemanha. O sanguinário ditador Stalin, como bom pirata perguntou ao enviado papal: Quantas divisões de tanques e Infantaria têm sua Santidade para evitar a invasão? Foi diplomático, não perguntou onde estava o Vaticano quando da invasão e cerco à Leningrado, Moscou e a hecatombe de Stalingrado.



Com licença não estou apertado, nem vou ao banheiro. Quero escutar L’ Internacional original de 1781 de Eugene Pottier musicalizada por Pierre Degeyter em 1888, quando JulioRibeiro fazia sua bandeira republicana. O uso dela posterior é outro assunto. Continuo na barricada, apesar de vocês (foto3).


Já com os fones de ouvido escutou o grito do “vizinho mortandela”: Vou tentar um pós-doutorado sobre o histriônico Capitão Jack Sparrow, que achas?

“Pereba” nem sequer respondeu. Compenetrou-se e os acordes invadiram o ambiente, apenas uma lágrima rolou, pois mais uma geração foi postergada.

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