Ao
atingir o ATROPOCENO (termo que evoluiu da Noosfera esculpida por Theillard du
Chardin, Wladimir Vernadsky e Edouard LeRoy em 1922), o Prêmio Nobel Paul J.
Crutzen buscou demonstrar a capacidade dos humanos em comprometer a atmosfera do
planeta e os riscos deste acometimento para a Vida. Vida que não existe sem a
energia dos alimentos, que antes, subentendia-se ser produzida pela
Agricultura, mas hoje em dia isto também é questionado.
Para
se entender o que é agricultura necessita-se dizer que ela não existe na
natureza, pois é a criação de um grupo de espécies denominada de
“ultrassociais”, que produzem os alimentos que necessitam no espaço da
natureza. Os mais antigos seres ultrassociais são as Térmitas a mais de 300 milhões
de anos atrás; as Formigas cortadeiras a mais de 130 milhões de anos atrás;
as Abelhas melíferas a mais de 60 milhões de anos atrás e mais recente algumas
toupeiras; e, finalmente as Mulheres a mais de 10 mil anos atrás o que nos
inclui nesta classe especial de seres vivos. É imprescindível ler “A Natureza”
de J. W. von Goethe para perceber que a agricultura existe enquanto o tempo
humano ocupar seu espaço. Depois ela volta a suas origens ao finalizar as ações
ultrassociais.
Mutatis
mutandis, nos últimos 30 anos o substantivo agricultura perdeu força e dois
neologismos inundaram o mundo: AGROECOLOGIA e AGRONEGÓCIO com a estratégia de
se perceber o antagonismo.
A
agricultura, palavra de origem latina “agri” referente a campo e, “cultura” com
respeito a cultivar, é um ato social inerente a homens e mulheres que tem
modificado sua práxis e paradigmas ao longo da história dependendo das
condições climáticas, geográficas, topográficas, econômicas, sócio políticas e culturais,
respondendo aos diferentes modelos estruturais segundo o contexto. Isso mostra que seria impossível a existência de uma visão única de desenvolvimento da agricultura, e pelo contrário, o desenvolvimento da agricultura é diversificada e contextual. Apesar disso impõe uma visão hegemônica que se converte em violência estrutural sem que percebemos suas raízes originais pelos interesses do poder e sua consolidação é cotidiana cada vez com maior ênfase. Na moderna enciclopédia “Wiki”, em
inglês é possível ler a definição de indústria de alimentos (A Food Industry é
um complexo, coletivo global de diversas empresas que fornece a maior parte dos
alimentos consumidos pela população mundial. Somente agricultores de
subsistência, aqueles que sobrevivem ao que cultivam e os caçadores-coletores
podem ser considerados fora do escopo da indústria de alimentos moderna, que
inclui:
Agricultura:
criação de culturas, animais e frutos do mar;
Fabricação:
agroquímicos, construção agrícola, maquinaria e material agrícola, semente,
etc.;
Processamento
de alimentos: preparação de produtos frescos para o mercado e fabricação de
produtos alimentares preparados;
Marketing:
promoção de produtos genéricos (por exemplo, propaganda de leite), novos
produtos, publicidade, campanhas de marketing, embalagens, relações públicas,
etc.;
Atacado
e distribuição: logística, transporte, armazenagem
Foodservice
(que inclui Catering);
Mercearia,
mercados de fazendeiros, mercados públicos e outros varejistas;
Regulamentos:
normas e regulamentos locais, regionais, nacionais e internacionais para a
produção e venda de alimentos, incluindo a qualidade dos alimentos, segurança
alimentar, soberania alimentar, marketing / publicidade e atividades de lobby
da indústria;
Educação:
acadêmico, consultorias, vocacional;
Pesquisa
e desenvolvimento: tecnologia alimentar;
Serviços
financeiros: crédito, seguro.)
Esta definição adversa mostra como, o que antes era ação da agricultura humana, atividade
ultrassocial, é agora um terreno dominado por setores poderosos envolvidos nela, através da violência
estrutural, de bloquear e destruir a consciência social, e de negar sua interdependência com o
biopoder campesino em todos os rincões do mundo por mais longe e periféricos que pareçam.
Da
mesma forma que no “Ponto Quatro” do discurso de Truman, ao jurar o cargo de presidente dos Estados Unidos em 20 de
janeiro de 1949, constava dois tipos de agricultura: A 'Moderna' e a de
'Subsistência'. A moderna assentada nos novos insumos e tecnologia de capital por qual instituía-se o crédito; A de subsistência era o nome dado a Agricultura Familiar de forma desdenhosa para que aceitassem mais rapidamente os créditos para adquirir insumos e tecnologias.
O tempo passou e agora temos dois "novos" conceitos: o 'Agronegócios' e a 'Agroecologia'. Antes, a agricultura moderna domesticava a agricultura de subsistência através de créditos, da extensão rural e do ensino das
ciências rurais. Aqueles recalcitrantes que resistiram as políticas públicas multilaterais, internacionais e nacionais deixaram de ser de 'subsistência', e agora fazem parte da agricultura familiar agroecológica, enquanto hoje ambas estão com a mesma finalidade reducionista
em nichos de mercados diferentes para pobres e ricos respectivamente. A
expressão “bolha da realidade” torna-se necessária quando se fala de Agroecologia
no Hemisfério Sul, pois ilustra a distância entre o discurso e a
prática, entre o real e o ideal, de países e territórios sob o controle e poder da indústria de
alimentos que não permite - ou elaboração a sua medida -, das políticas públicas.
Falamos do esgotamento de uma e o crescimento de outra embora, o que acorre na realidade é o
controle total de ambas, controle monolítica, exercida pelo poder da indústria (Council on
Foreign Relations). O aparente “esgotamento” da “agricultura moderna” não
significa que a sociedade industrial necessita mudar seu modelo, mas que a
forma como vem sendo realizada, deve adaptar-se ao suporte natural que não
aguenta mais as grandes inversões de energia exógena, com base na química de
síntese industrial. Quer dizer, muda a matriz tecnológica que deixa der
ser de química industrial grosseira, e passa a ser uma matriz "de vida", biossíntese, matriz muito
seletiva para uma meia dúzia de empresas que superam os Estados Nacionais e tem
capacidade para fazer inversões superiores a mil milhões de dólares ao ano. O poder do, AGRONEGÓCIOS, tradução
de Agrobusiness merece uma análise sintática: Agricultura é fruto do trabalho
ultra social das espécies citadas antes e é uma contradição usar a expressão
agri-business (sem ocupação) pois ela somente existe através do trabalho e fora
da natureza. Em espanhol agro-“negócio” tem o mesmo significado, negação do
ócio. A que ócio se refere, se a agricultura não existe na natureza e é a ação ultrassocial que permite uma imprescindível produção de alimentos?
O matemático Carol
Lewis primeiro e Boaventura de Souza Santos depois, nos levam ao espelho onde o
real e o virtual ocupam a mesma imagem. A
agro+ecologia, neologismo criativo que reflete no espelho, elimina o sufixo
"Cultura" de profundo significado no contexto em que o húmus cria as guerras, por
ganância, por civilização, pela agri+cultura apoiada pelo exército.
Nada
na América Latina questiona o Agronegócio. A presidenta da Argentina Cristina
F. de Kirchner tentou cobrar o pagamento dos custos da segurança social através
de impostos dos agronegócios e foi derrotada por seu povo vítima da propaganda massiva.
A nova ordem internacional não permite tal cobrança, o que é uma afronta, uma
desgraça.
Para
evitar desequilíbrio ou visão unilateral do problema que já nos deu tanto dano
na fase da "agricultura moderna" é que se criou a agroecologia sem poder, com
discurso e retórica, como uma bandeira manipulada, manipulável e ingênua, que é tomada pela a maioria dos movimentos sociais
agrários e rurais da América Latina. Bandeira que conta com sua própria aristocracia científica-intelectual formada no seio das universidades dos Estados Unidos e Europa, onde a essência emancipadora do poder campesino, do sujeito político, do ator social transformador, alcança para scientific papers e congressos, mas praticamente nunca para a realidade.
Olhemos para a educação. Porque o México adapta a carreira de Engenharia
Agroecológica, que já tem registro faz 25 anos e no Brasil a licenciatura e
Bacharelado vazios de poder? Parece que no México utilizam-se a mesma estrutura acadêmica-administrativa de
professores de suas Universidades Autônomas junto aos cursos tradicionais, propiciando uma transição suave e indolor, enquanto aqui no Brasil se cria escolas
em locais isolados e sem condições mínimas de materiais como laboratórios ou infraestruturas de acordo com as necessidades do curso? Será para montar um faz de conta, uma farsa, satisfazendo o
Banco Mundial – CFR, mas sem criar incômodos ao Agronegócios?
"biofertilizantes" com microgeo, NOVA 'Extensão' agroecológica do Estado... |
No caso do Brasil quando se retornou a “democracia”, aquela extensão rural foi abandonada, as grandes organizações e grupos contestadores retornados do exílio passarão a
criar ONGs com dinheiro “indulgentes” de cidadãos dos países industrializados.
Indulgentes dólares, libras, euros, yenes, que buscam expiar a culpa induzida pelas grandes corporações pelo marketing
e mídia de massa subliminar, interessadas na nova mudança no sentido da matriz
tecnológica da biotecnologia e biologia molecular para vender os serviços da
agroecologia. É inconsciente o valor proporcional do custo participativo de
cada logo, etiqueta, selo e certificado no trabalho campesino (café, cacau,
frutas, legumes, etc.). Essa é a Agroecologia deles e não somente no Brasil, mas também no México e Colômbia por dois exemplos (Ne$tlé, Caca-Cola,
PepsiCo, Cargill, GIZ, USDA, JICA, assim como Fundações, Organizações e demais entidades, que, com dinheiro privado ou triangulando dinheiro público, levam a cara e os interesses da matriz hegemônica).
É
Ortega e Gasset quem disse: “A juventude raramente tem razão nas coisas que
dizem, mas sempre tem razão nas coisas que afirma”. Por todo Brasil se escuta
reclamações das condições do curso e desilusão dos alunos. É muito raro que se
consiga êxito na Agroecologia sem uma grade acadêmica com suficiente Cálculo,
Matemática, Estatística, Física, Biologia, Fitogeografia, Botânica, Química,
Bioquímica e Fitoquímica, Fisiologia, Etnologia, Pedagogia e Filosofia.
É
difícil enfrentar uma articulação que tem por trás uma Ordem Internacional. Em vários países da América Latina a agroecologia inunda ou inundará as universidades, assembleias legislativas, ministérios e
congressos nacionais, como o contraponto ao Agronegócios que corre solto sem
controle para a distração, não de alegria, mas o resultado é útil para desviar a atenção dos mais
humildes e dar fé de futuro aos mais jovens. Há um outro cão com esses ossos! é o
ditado que deveria sem empregado, mas não é assim.
O
resultado da ganância do capitalismo na agricultura industrial moderna impôs o
termo banqueiro “sustentabilidade”, que em economia significa manutenção de
stock de capital e, a criação do neologismo Agribusiness, urbi et orbi
traduzido como “agronegócios”, um termo muito contraditório pois, como não há
agricultura na natureza - como se havia mencionado antes, ela é o resultado do trabalho ultra social -,
então tampouco pode haver ócio nela e é aonde mais se rouba “mais valia”
através da escravidão, servidão, salário e consumo de serviços desnecessários e
tira a dignidade do campesino por apropriar-se de seu biopoder ultrassocial.
Durante os
governos de Lula e Dilma no Brasil, a inveja política e mesquinhes, conduziu a fiscalização do
governo (INPS) a fechar a Cooperativa Ecológica Coolméia com mais de 30 anos de
idade e de exemplo no mundo.
Os agronegócios nacionais passam a significar a sustentabilidade sem solução de
continuidade para o abastecimento ao mundo das commodities subsidiadas pelo
faminto povo latino-americano que deve abastecer por meio da transformação da
indústria para que as quedas internacionais dos preços garantam os negócios
através do consumo interno. Parece, que ninguém quer ver que a ação ultra social é
cotidianamente transferida do campesino para a indústria de alimentos. Por outro lado, a importação de serviços quita o valor dos produtos e faz os países
centrais, através de uma dúzia de empresas, monopolizar o comércio
internacional de alimentos de qualidade. A Alemanha por exemplo, sendo a maior produtora
de orgânicos-agroecológicos, sendo que sua produção agrícola, pesqueira e florestal gera somente 3% de seu Produto
Interno Bruto. Lá a palavra agroecologia é estranha dentro de sua academia, política e economia, no entanto, é importante para o seu comércio exterior.
O artigo Agribusiness, peasants,
lefts-wings goverment on the State in Latin American: An review and theoritical
reflections, de L. Vergara-Camus y Cristóbal Kay (Wiley Agrarian Change, 03/01/2017), é leitura necessária e
de útil discussão em todos os ambientes agroecológicos, pois podem induzir a desvios ideológicos. Qual é o governo latinoamericano que esteve ou está realmente no “poder”? A maioria deles unicamente administraram o governo ou parte do mesmo, respondendo aos interesses de oligarquias locais e internacionais, do CFR, dos grupos banqueiros, das Multinacionais,
das Indústrias, dos proprietário de terras e da mídia de massa. É necessário reconhecer que longe de consolidar-se um
genuíno “poder de esquerda”, alguns governos impulsionados por organizações e movimentos campesinos, sindicatos, e sociais, atuam como mecanismos de contenção e midiatização de lutas populares. Também é certo que existem governos na América Latina que apesar das pressões do poder financeiro, político e midiático mundiais, assim como de limitações internas como a especulação e alienação de grandes setores da população, sua existência tem permitido a abertura de espaços massivos de participação, organização e formação política. No entanto, administrar um Estado que se tem construido e funcionado e operado sob as regras da Ordem Mundial dominante, dificilmente resultará em um único fato político-administrativo de "governar", no desenvolvimento de um biopoder campesino crescente, sólido ou de qualquer outro poder popular vivo.
Poderia terminar aqui, mas volta a Educação e ao nosso recente giro pelo Nordeste do Brasil. Nos
últimos 30 anos não realizaram investimentos, em educação, saúde,
segurança, agricultura e alimentos. Tudo foi é violência estrutural manipulada e
conduzida com maestria. Neste sentido o artigo citado é contundente: “A patente paradoxal
da mobilização (popular) com proposta da retórica das ações virtuais com muita
propaganda e publicidade inconsequente”. Algumas ONGs que faziam trabalhos com as migalhas das indulgência da comunidade europeia, passaram a ter dezenas de milhões de dólares para executar o acima
exposto como se fossem políticas públicas. No Sul maravilha uma OSCIP de um
herói governo recebeu 2,5 milhões de reais, embora os encarregados de um
departamento de economia solidária de uma incubadora universitária dispunha
de 150 mil reais. Aos mesmo tempo, um deputado conquistou para seu grupo de apoio
500 mil reais por emenda parlamentar ao orçamento nacional... Isto foi repetido em todas as latitudes e
longitudes nacionais e ultramar. Tivemos a oportunidade de visitar uma ONG e
ela passou a ter a estrutura de um órgão federal, com mais de 80 monitores de
computador, automóveis, enquanto a municipalidade local estava envergonhada e com
atraso no repasse em seus recursos por ter gestão independente.
Agora
os vejo humilhados, chorando porque dois terços do seu pessoal foi despedido pelos
cortes das dotações orçamentais. Não há humildade, nem autocrítica em dizer: pelo governo
devíamos propostas e propósitos sociais e ideológicos inerentes ao povo, bem
aproveitado pelos golpistas da CFR, Indústria e Agronegócios. Fizemos um
desserviço ao Biopoder Campesino.
Minha
triste conclusão é que a agroecologia é um espelho virtual da realidade dos
interesses da indústria de alimentos, que já está escondida por trás do
espelho, aguardando a ordem para refletir a sua imagem sustentável, vazia de
poder tão arrogante e prepotente quanto a agricultura moderna das ditaduras,
mas com o humano cada vez mais deformado.
No
entanto, apesar das decepções e desilusões, nem tudo está perdido. Devemos denunciar o
preparo para os técnicos nacionais e internacionais das grandes empresas,
atuando em agroecologia para a Nestlé, Caca-Cola, Cargill, Pepsi Cola e outras
com desenvoltura no "upgrade" do agronegócio ecológico.
Todo
o trabalho que fizemos desde 1968 na agricultura e que nos custaram muitos danos
econômicos sociais e outros pela ditadura em interesses das multinacionais de
agrotóxicos, hoje são conquistas para a Ne$tlé, Caca-Cola, Monsanto, Bayer, etc. Os
alimentos orgânicos (agroecológicos) são ideologicamente e religiosamente para
os mais ricos, "educados" e de fora (exportação), e nesta história, os movimentos sociais autênticos foram usados na
transição de uma matriz tecnológica por outra.
Contudo,
não fomos derrotados. Hoje em dia trabalhamos com o Bio-Poder Campesino e nele,
com ESPIRITUALIDADE, que começamos a perceber um México multiétnico. A atividade
ultra social da agricultura impõe valores espirituais, espiritualidade campesina que não deve-se confundir
com o misticismo e o esoterismo europeu pois é antagônico a todos eles, espiritualidade que é resistência. Mas cuidado que já na Holanda e na Universidade
Oxford há dez anos fazem estudos sobre como introduzir “espiritualidade” no
comércio de alimentos “agroecológicos”. Recordamos a banana jarocho de Vera
Cruz que jamais teria a competência dos orgânicos (agroecológicos) da Ne$tlé,
Caca-Cola. Agora parece que passa a tê-lo. Embora, ao longo do tempo
ganhamos no bio-poder campesino, pois antecipamos a imagem para diante do
espelho e nela perde a condição virtual e passa a ser real.
O
que nos deixa atônitos não é a falta de laboratórios e práticas verdadeiramente
agroecológicas no Hemisfério Sul, e sim a sua extensão-agroecológica que está
sendo gestada na faculdade de educação, em um país que nunca, jamais, em tempo
algum aplicou políticas públicas de Paulo Freire com poder (e bio-poder
campesino), mas somente com governos caricatos e despossuídos. Será que estamos
preparando o ambiente publicitário para que a extensão assuma a função ultra
social campesina a favor da indústria de alimentos? Onde a biotecnologia
escoltadas pelos neo-agrônomos utilizam da interface dos insumos agroecológicos da
indústria de alimentos, espalhadas por bacharéis e nutricionistas?
Nos
deixa envergonhado, não com essa realidade, mas com a ausência de um nacional
na bibliografia do artigo diversionista referido acima, e embora, tenha mais de dez referências a presidenta do Brasil. Isso impede e induz o estudioso em ver a
“bolha da realidade virtual da agroecologia”. Calar-se seria ser cúmplice ou
comparsa. Não tenham medo, recordamos os anos 80 em que recebemos no Sul
maravilha três especialistas alemães em agricultura orgânica. O estranho é que
eles tinham cinco anos de estudos na Escola da multinacional de agrotóxicos
Hoechst e somente um curso de 3 meses em agricultura orgânica, mas chegaram
como “experts”. Com o que viram, um retornou em uma semana com forte choque
cultural. A outra, da mesma forma, retornou em três meses, depois de cair de um
cavalo. O último ficou muito perturbado com a campanha contra os agrotóxicos de
sua Alma Mater e a lucidez contra a “bolha virtual” do GTZ-CFR...
Nas
universidades agora surgem as cadeiras de Agroecologia, com professores
deficientes pela formação ortodoxia e os alunos reclamam, pela mesma visão e
missão da Ordem Internacional da agroecologia industrial com sua ganância e
reducionismo, pois o que estão fazendo é substituir o veneno químico e
fertilizantes sintéticos por produtos biossintéticos das mesmas grandes
empresas que somente substituem sua linha de produção. Mudança lenta e gradual
para não incomodar estruturalmente, na periferia do mundo, ao sabor dos
interesses centrais, que há 30 anos tem na biopirataria da agricultura orgânica
sua venda rentável de serviços e ganancias formidáveis, embora o que mais
avança é o discurso sociológico Agroecologia sintonizado com bandeiras e
militância dos movimentos sociais ansiosos por governos ao invés de poder.
Poucos
foram os que montaram estratégias, organizaram a produção e desenvolveram
tecnologias para a agricultura orgânica e agroecologia. A rebeldia no Sul do
Brasil, êxitos processos e pioneirismo, mas também foram sufocados pela
alienação, corrupção e servilismo ao serviço do poder do grande capital
internacional e aquelas ânsias de “governo”. Vivemos isso.
A
“Agroecologia do U.S. State Dept.” se tornou um fogo de palha que se alastra
sem conservação de energia ou produção de calor, mas prepara corações e mentes
para as grandes empresas, pois não há políticas públicas de genuíno biopoder
campesino.
Com
tudo, seu valor hoje em dia é superior a 200 mil milhões de dólares/ano de
comida de alta qualidade, exclusiva para a elite em contradição com seu
discursos e aparente utopias, mas meras distopias a serviço da Eugenia de
Spencer, Hitler e outros.
Fundação Juquira Candirú Satiagraha
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