Notícias do Hortão a seguir...
Arquivo Juquira Candiru Satyagraha
JUSTIFICATIVA DE INCUBAÇÃO DO CENTRO DE
AGRICULTURA ORGÂNICA DE GUARAPARI - ES
Em 1981 consolidaram-se os
anseios e reações ao modelo de agricultura moderna imposto pela ditadura no 1º
Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa, em Curitiba – PR, repetido três
anos depois em Petrópolis – RJ. A partir das eleições diretas o governo do Rio
de Janeiro apoiou um analista do BNDES (economista Sérgio Cabral de Carvalho)
na divulgação e mobilização de práticas alternativas junto aos prefeitos
municipais convidados. Em um destes
eventos participou Roberto Valadão, prefeito Municipal de Cachoeiro do
Itapemirim, e seu chefe de Arborização e Urbanismo, eng. agr. Nasser Youssef
Nasr, que demonstrou interesse e instalou em uma área de cinco hectares o
Centro de Agricultura Natural “Augusto Ruschi”, o “Hortão Municipal”,
para abastecer a merenda escolar de quinze mil alunos e obras sociais (creches,
asilos, orfanatos e restaurante dos funcionários, onde se alimentavam mais de
700 funcionários do município), com mínima estrutura e recursos.
Isto poderia parecer um trabalho
corriqueiro, mas naquele Hortão toda a produção de frutas e hortaliças era
feita sem uma gota de veneno ou de fertilizantes químicos solúveis, tampouco
havia controle das mal denominadas ervas daninhas e assustava mais aos técnicos
que aos leigos com o cultivo feito totalmente no meio do mato. Os resultados práticos na produção e estética
dos produtos modificaram a visão induzida importada de que os produtos
orgânicos deviam ser pequenos, feios e com má apresentação.
O manejo de matéria orgânica (Ciclo
do Carbono) era o forte do Hortão, com aplicação de preceitos inéditos,
como: “Não existe inseto praga, mas insetos com fome”; as plantas adventícias
(ervas daninhas) são os melhores alimentos do solo através dos micróbios; “Nosso
cultivo é o intruso e deve se proteger com comunidade vegetal de plantas
adventícias, que se tirada provoca a fome nos insetos e o ataque...”; “Uso do
pó de granito e mármore dos teares de pedra da região”.
A fama do Hortão ganhou o
mundo e provocou inveja no novo prefeito que lutou desde seu primeiro dia para
destruir a iniciativa. Sem ingenuidade, a
merenda escolar é um dos maiores instrumentos de corrupção em nosso país desde
a da criação do INAF.
Em 1987 a poderosa Petrobras
resolveu ampliar este projeto para os terrenos baldios da cidade de Campos dos
Goytacazes, no Rio de Janeiro, junto às organizações comunitárias e de mulheres
para mitigar a fome, com rotundo sucesso.
Este modelo foi útil ao governo revolucionário cubano no soçobrar da
União Soviética no declarado de “Regime de Emergência”.
Somente os brasileiros podem
acreditar neste trabalho científico de alto gabarito, que jamais recebeu o
devido apoio oficial dos governos federal, estadual; e no municipal era apenas
tolerado por sua repercussão, mas foi lentamente aniquilado pela vaidade
doentia de um prefeito carreirista, talvez interessado na privatização da
merenda escolar e suas oportunas propinas.
Tive a oportunidade de presenciar
um “famoso” entomologista, professor da renomada Universidade de Viçosa, que
foi recebido com um alerta: “Professor, todos os insetos que o senhor conhece e
também os que não conhece estão aqui presentes, mas sem um alfinete nas costas”.
O que fez o mesmo imediatamente retirar-se por “assuntos urgentes a resolver”.
A agricultura orgânica, hoje
denominada sociologicamente de agroecologia, era ali executada como
“agricultura natural”, onde os índices de produtividade eram fabulosos:
Laranja, 8 caixas padrão por planta de seis anos, quando a média nacional é de
2,5 caixas. Cenoura e Beterraba 100 toneladas/ha, enquanto a média nacional é
de 35 toneladas/ha. Todos os valores eram fantásticos, por exemplo, um pé de
alface oscilava em 900 e 1.100
gramas. No caso
da difícil produção de tomate, é bem verdade, que a média nacional era de 80
toneladas por ha, entretanto, o Hortão produzia 63 toneladas/ha, mas com
um teor de matéria seca 33% maior, com sementes próprias, sem o alto custo de
produção.
Aos dez anos, em 1994, a BBC de Londres
escolheu o Hortão entre as quatro maiores inovações tecnológicas existentes,
mas este foi o último ano do Hortão por vontade do então prefeito. O eng. agr. Nasser foi obrigado a demitir-se
da prefeitura municipal pelas perseguições, embora tenha conquistado um mandato
de Deputado Estadual. Reeleito resolveu enfrentar os desmandos e corrupção da
Aracruz Celulose e sua teia de proteção. O que conseguiu foram 23 processos
kafkianos para sua desmoralização.
Entretanto, ressurgindo das
cinzas como a ave mitológica Fenix, em 2004, o Hortão está agora em Guarapari,
cidade litorânea do mesmo Estado brasileiro, sem que houvesse uma
responsabilização pelo tempo, conhecimento e avanço perdido, com o apoio da
antiga Fundação Juquira Candiru, hoje Juquira Candiru Satyagraha. Eis que, em uma área de 15 Hectares com cultivos inovadores como coco, banana,
jaca, abiu, goiaba, banana, caju, manga, citros, cravo, canela, hortas, milho,
feijão, aipim, além de tanques de criação de
peixes, a Fenix levanta vôo com maior ímpeto. A terra vem sendo
trabalhada com maior inovação e os resultados são mais retumbantes ainda. A única coisa que permanece igual à época
anterior, é o descaso das autoridades, preocupadas em apoiar ONGs e suas
campanhas de “faz de conta” sobre o uso de agrotóxicos, transgênicos e
perfumarias similares.
O antigo Hortão Municipal
teve o registro de mais de vinte mil visitas de cidadãos de todas as nações do
planeta, onde tecnologias inovadoras como o uso da vegetação adventícia como
alimento dos micróbios e fortalecimento do Ciclo do Carbono para a fertilidade;
uso de pó de mármore via foliar; uso de biofertilizantes e uso de farinhas de
rochas para a mineralização dos alimentos e elevação de sua qualidade, que hoje
são moda consumista. Todas tiveram ali seu berço esplendido com uma antecedência
de 30 anos da matriz da “Saúde do Solo”, hoje política pública multilateral e
oficial na União Européia, que deverá chegar ao Brasil dentro de cinco a dez
anos quando for de interesse das multinacionais.
Um curso estratégico de “Saúde do
Solo”, com Cromatografia de Pfeiffer, permitiu a análise sistemática do solo da
área cultivada e inicio do álbum que levará ao Atlas do solo do Centro de
Agricultura Orgânica para acompanhamento da evolução da vida, Ciclo do Carbono,
controle e sistematização de sua fixação ao solo, da mesma forma como uma mãe
acompanha o crescimento e desenvolvimento de seu filho em um álbum de
fotografias, na nova etapa da Juquira Candiru Satyagraha, “Húmus é Vida”.
Em um mundo caótico em que banqueiros
oportunistas e ONGs confabulam por dinheiro para “ajudar pobres e
marginalizados” ou para fixar Carbono ao Solo e salvar a natureza e planeta para
viabilizar a biotecnologia, no Centro de Agricultura Orgânica isto continua a
ser feito de forma consciente e responsável, com poupança e recursos próprios, embora
tenham seus executores que purgar perseguições e difamações por haver desafiado
não só as multinacionais de agrotóxicos, fertilizantes, extensão e pesquisa
rural, mas, e principalmente, por ter desafiado a poderosa empresa de celulose
de sua majestade real britânica (Aracruz Celulose), desmascarando pelas contundentes
ações parlamentares do eng. agr. Nasr.
A situação geológica privilegiada
do Centro de Agricultura Orgânica de Guarapari permite intensificar as ações,
cursos, formações, capacitações e orientação acadêmica (nacional e
internacional) através da pioneira produção nutracêutica, por estar
cercado por gigantescos “batolitos” de basaltos, que permite
analisar a riqueza e diversidade mineral contida no solo, e em função das
tecnologias empregadas no ciclo da matéria orgânica, podem ser
parcimoniosamente encontrados nos alimentos ali produzidos, aumentando
consideravelmente o seu valor.
As 300 toneladas ao ano de
produção diversificada desses alimentos nutracêuticos serão destinadas e absorvidas
pela Prefeitura Municipal de Guarapari, para atender à “merenda escolar” e a
“obra social municipal”, além de servir de modelo aos municípios capixabas e
brasileiros. A certificação da produção
através da Cromatografia de Pfeiffer garante a Saúde do Solo, inocuidade das
tecnologias empregadas a consumidores através dos profissionais de saúde
(nutricionista, assistente social, enfermeiros e médicos), além do consumo
dirigido com análise, avaliação e estudo com projeção internacional. Integrando-a à formação nacional e regional,
principalmente com as Escolas Famílias da região, onde a relação benefício/custo
direta será inferior a 0,20 centavos por quilograma de alimento fornecido.
A Lei Nacional 11.947/10 e a
resolução Nº 38 do FNDE impõe a aquisição de 30% de produção orgânica na
merenda escolar. A PM de Guarapari e prefeituras vizinhas cumprirão os outros
70% com uma ação única no país, através de preceitos de Inocuidade Alimentar,
hoje política pública na União Européia, Nafta e Japão onde o Centro de
Agricultura Orgânica possui excelência tecnológica com mais de trinta anos de
experiência. O alimento nutracêutico
chegará às Escolas e obras Sociais higienizado conforme as normas de inocuidade
controlado (traçabilidade) pelas nutricionistas, semi processados para o
consumo e segurança alimentar dos alunos e consumidores.
A incubação visa permitir formas
de viabilizar:
- A relação entre o Centro de
Agricultura Orgânica e a Prefeitura Municipal de Guarapari (Convênio de
Comodato) para a produção por um período em função das inversões e
infra-estrutura necessárias;
- Um número determinado de
técnicos, estudantes e agricultores formados nos cursos, seminários e estágios
do Centro;
- Roteiro de visitas de turistas
internacionais e nacionais durante a temporada turística;
- Parceria da Prefeitura Municipal
de Guarapari, com os poderes municipais vizinhos interessados na divulgação das
Tecnologias Desenvolvidas e incubadas pelo Núcleo de Economia Alternativa da
UFRGS, com supervisão das entidades profissionais já citadas.
- E outras atividades em comum
acordo, por exemplo, produção de leite, carne bovina ou arroz, para
a garantia todo abastecimento, que em caso de fenômenos meteorológicos, é possível
em um local próprio do município, a instalação de uma área de produção desses
alimentos nutracêuticos, capacitação e formação complementar.
Estamos respondendo à Universidad
Autônoma de Chapingo, México, berço da Revolução Civil Agrária, interessada em participar nas ações
do Centro de Agricultura Orgânica.
Porto
Alegre, 02 de abril de 2012.
Núcleo de Economia Alternativa - UFRGS.
Um comentário:
Espero que ainda haja espaço para se fazer justiça ao engenheiro agrônomo Nasser Youssef Nasr. O Brasil é berço de muita inteligência. Temos muitos Santos Dumont, Nasser e outros que merecem ter ser seus nomes no Hall da Inteligência Brasileira. Quanto aos políticos, sou contra ruas e avenidas terem o nome de pessoas tão inúteis.
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