05 de janeiro
Por Sebastião Pinheiro
O amigo Marco A. Corbari me enviou a foto, era o terceiro ano do nosso campo de metagenômica em Seberi/RS, mas há outros mais antigos, já com 20 anos, no Nordeste do Brasil, em homenagem ao Movimento Camponês, MPA.
No mundo ocidental, é comum relacionar a Europa como o centro dos avanços na ciência, na cultura e no conhecimento, razão pela qual se diz que os estudos de sucessão ecológica ou vegetal começam com Buffon em meados do século XVIII, no entanto, podemos esperar que na Índia nos dias anteriores ao rei Ashoka ou na China nas dinastias anteriores que isso já era conhecido há muito tempo.
O Brasil em sua imensidão possui apenas seis biomas terrestres, sendo os mais conhecido internacionalmente e maiores, a Amazônia e o Cerrado, a savana brasileira que contém 5% da diversidade vegetal no mundo.
No entanto, o Cerrado foi ignorado pelos constituintes de 1988 por determinação das agro-corporações da CIM (internacional) e não constou, explicitamente, na Carta Magna, pois desde 1975 o Cerrado devido às suas características de solo totalmente mecanizável e com baixo nível de fertilidade natural era o espaço e território ideal para os ideais da Revolução Verde, como foi o Vale do Yaqui no passado, ou os Três Rios em Sonora, no México e a ditadura militar preparou um Programa chamado Polo-Centro para a ocupação agrícola total da área. O Cerrado foi condenado à morte, quando a Syngenta imprimiu em Uberlândia, o lema: O portal do Cerrado; muito significativo.
O Cerrado hoje é o berço do agronegócio mundial e o próprio governo chinês tentou alugá-lo no governo de FHC – Fernando Henrique de Cardoso, impedido pelas mesmas forças. A situação se agravou nos últimos 20 anos com uma devastação mais acelerada do que em qualquer outra parte do planeta, encoberta pelos governos anteriores em seus atos e metas ilegais e irregulares.
No atual governo, passou a contar com o apoio de políticas públicas de infraestrutura, com fogo e pressão sobre comunidades tradicionais, indígenas e outras com acusações de atitudes fascistas, genocídio e ecocídio.
Devido às suas características, a sucessão ecológica ou vegetal no Cerrado periodicamente queima naturalmente os campos, de modo que suas espécies arbóreas possuem uma casca grossa de cortiça, o que torna o fogo o fator de perturbação para espécies anuais, mas não para espécies arbóreas a não ser quando o fogo antropológico é implementado para facilitar a transformação da área, juntamente com as cadeias de desmatamento em grandes áreas.
Hoje é possível dizer que o fogo já é raro no Cerrado, pois está quase totalmente coberto por commodities de milho e soja e o fator que causa distúrbios na sucessão ecológica ou vegetal no solo é o herbicida Glyphosate®, pois não é mais solo ultrassocial, apenas solo liebigniano, suporte inerte para as raízes, altamente valioso, pois a cada ano é necessário aumentar as quantidades de fertilizantes químicos, fósforo e correção de calcário e glifosato/Glufosinato do Diabo. Em poucos anos o Cerrado Natural não existirá na paisagem, apenas na memória. A ciência nacional ignorará por ser heterônoma e a importância da serule do solo do Cerrado Natural para a fixação dos gases de efeito estufa na regulação biótica do clima do Planeta, que vale até mil vezes mais do que todo agronegócio por sua biodiversidade desconhecida...
O solo do Cerrado está em regressão acelerada com o desenvolvimento de musgos na estação chuvosa em resiliência ao processo de meteorização da rocha-mãe, que é pura areia e contaminação química.
O dramático é que
a economia hídrica na região está em tal grau de alteração, pois ali nascem
gigantescas bacias hidrográficas do Paraná, Paraguai, Prata, Araguaia
Tocantins, mas isso é interpretado como ótimo, pois concentrará ainda mais a
propriedade e empresários selecionados, pois já é necessária a irrigação
artificial de alto investimento com os pivôs centrais. Então as áreas serão
centenas de milhares e até milhões de hectares. O problema em algumas áreas com
pecuária extensiva também é grave, devido à baixa utilização e até cinco anos,
apenas viável economicamente devido ao tamanho das propriedades, visto como
estratégico pelo CIM – Complexo Industrial Militar.Pivôs no Projeto Jaíba - MG vistos por satélite
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- BRASIL - IRRIGAÇÃO - RUMO AO ESGOTAMENTO
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