por Edison Durval Ramos Carvalho*
Entre tantos assuntos que desafiam a história da ciência e da religião, estão as reflexões sobre o universo e o Eu (self).
Vale iniciar esta sustentação, destacando que a quase totalidade dos pensadores até o século XIX, tinham como Visão, fazer com que as suas descobertas, confirmassem a perfeição do universo.
A ciência, retomada dos Gregos e de outros povos, nos séculos XVI e XVII, (por Nicolau Copernico, Johannes Kleber, Galileu Galilei, Rene Descartes etc.) trazia em seu arcabouço fundamental, o intuito genuíno de confirmar a perfeição da criação.
Os fatos reais, entretanto, mostraram que o idealismo harmonioso(mundo das ideias/natureza perfeita) platônico, emprestado à interpretação da bíblia e ao catolicismo do século IV, em diante, esbarravam em aspectos inconciliáveis:
1. A Terra não é o centro do universo e nem mesmo do nosso sistema solar. Ou seja, a Terra é um microgrão achatado (eliptíco), num universo sempre infinito; como demonstraram Copernico e Galileu e toda a física e astrofísica que os sucederam até os dias de hoje.
2. A Lua, por sua vez, é cheia de rugosidades e imperfeições, bem como o Sol tem inúmeras manchas. Essas constatações do holandês Keppler colocaram novos desafios, ao caldo cultural à época, em ebulição, numa europa ocidental católica e cristã, em tensão diante das reformas Luterana e Kalvinista.
3. Como se os fatos acima, já não fossem suficientes para mexer em tudo o que se acreditava até então, o francês Descartes vem ainda com a história do cogito cartesiano - "Penso, Logo Existo".
Ou seja, trocando em miúdos, o que o Matemático diz é que o exercício da Razão, resulta em autonomia, liberdade e pragmatismo para o indivíduo Ser e se apropriar da natureza (Mundo/Universo).
O somatório dessas ideias, trazidas por um lado, das ciências iluministas e por outro, das reformas protestantes, da primeira metade do século XVI, pretenderam dar maior poder ao Eu no mundo e menos às instituições deste mesmo mundo.
Em meu entender, esses elementos desdobraram-se numa cultura, para além do antropocentrismo de então! Há que se falar agora de uma visão ética e moral, muito mais egocêntrica, competitiva e lucrativa; propulsora da revolução industrial, do capitalismo predatório, da sociedade de consumo e da globalização financeira!
Se a natureza não é perfeita e nem sagrada; se não há uma verdade institucional pronta e pré-definida para se submeter; e se o Eu é dono da razão e do mundo; quem manda é Ele mesmo, especialmente os pré-eleitos, mais fortes e vocacionados!
Para refletir sobre o modo de vida da sociedade ocidental contemporânea (inundada de conhecimento, tecnologia e crendices), ajuda muito lançar o olhar sobre o percurso feito até aqui; visando (re) interpretar o passado, trazer alguma luz para o presente e, quem sabe, rever o como Ser e fazer daqui para frente!
Grande abraço à todos (as)
*Geólogo, Mestre em Geociências. MBA em Gestão e Empreendedorismo Social, Ph.D em Educação Brasileira.
fonte: página pessoal do facebook
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