08 de fevereiro 2018
por Sebastião Pinheiro
Bom dia amigos
dizem que estamos nas vésperas do Carnaval em meu país e é algo esdrúxulo, pois
há lugares onde os carnavais dos anos anteriores ainda não terminaram. Tudo
aqui é um pandega. Fiz um retiro na costa atlântica do Estado para me recuperar
da viagem no México e colocar em prática tudo o que aprendi lá. Encontrei uma
catástrofe no meu retorno (Foto1) e gostaria de escrever sobre o maior evento
de todos os tempos que ocorreu na cidade onde moro, Porto Alegre, "A
Universidade".
Confesso que não
conhecia o termo. Na época esse humilde colecionador de selos postais cria que
o termo que estava errado em um selo postal lançado durante algum evento. Na
minha ignorância, faltava a "D" na Universidade e rapidamente comprei
algumas centenas de selos, que têm alto valor quando trazem erros, pois cria que
ele seria removido do Serviço. Então sabia o que significava Universidade.
Pela primeira
vez no Hemisfério Sul uma cidade acolheu o evento juvenil mundial em pleno
calor da Guerra Fria, depois da Independência da Índia; criação de Israel e
subsequente Guerra no Levante; nacionalização do Canal de Suez; Revolução Chinesa;
Guerra da Coreia; expulsão dos franceses da Conchinchina, Revolta dos Húngaros;
bloqueio de Berlim e construção do Muro. As coisas se endureceram com a
Revolução Cubana e a cada dia recebemos uma nova explosão nuclear na atmosfera.
Era muito miserável ser jovem em qualquer latitude ou longitude do planeta. A
música era uma saída, que até hoje marca as gerações posteriores.
Porto Alegre
recebeu a universidade, depois da cidade de Sofia em RP da Bulgária. Sou
pedagógico, existem dois tipos de Universidades, a de verão e a de inverno,
assim como na Olimpíada, 30 de agosto até 8 de setembro, talvez pelo Clima 30
de agosto até 8 de setembro, talvez por causa da Clima e Comportamento da
Cidade, que tem um dos climas mais estranhos com um verão muito severo.
A infraestrutura construída foi Espartana considerado o desperdício que vimos na
Copa do Mundo (2014) e na Olimpíada (2016) recentemente no país, talvez porque
a corrupção ainda não era uma Ordem Internacional, pois a Guerra Fria não tinha
acumulado riqueza e a reconstrução era a prioridade primeira em ambos os lados
do mundo, apenas deslocada pela Carreira Armamentista. O Estádio Olímpico da
equipe de futebol do Grêmio Porto Alegre foi construído e inaugurado com a
abertura dos desfiles dos Jogos, onde foi cantado o irreverente (elitista?) Hino
Mundial da Juventude "Gaudeamus Ingitur"; um conjunto habitacional
para atletas com cinco blocos, cada um com o nome de um Continente; e um
humilde e recatado Estádio de Basquetebol e Voleibol sobre a avenida Ipiranga.
As estruturas sociais da cidade absorverão as outras atividades esportivas.
Foi o maior evento esportivo internacional e há pouca memória. Poucos sabem que as irmãs
Tamara e Yrina Press campeãs olímpicas competiram em Porto Alegre, igual a
Valery Brummel medalhista olímpica em Salto no Alto, mas não houve o embate
esperado entre Ocidentais e o Bloco Soviético, pois a Universidade foi quase esvaziada
pelo tempo, no entanto, como na anterior os russos permaneceram no topo.
Eu era criança e
vivia a mais de mil e quinhentos quilômetros de distância com meus tios e
trabalhava no Departamento Comercial da Legação da República Popular da
Bulgária em San Pablo, mas não tinha a dimensão do mundo, mesmo quando naquela
cidade acorreu poucos meses antes os Jogos Pan-Americanos. Lembrei-me da
Universidade, quando um vendaval destruiu a cobertura do estádio das disputas
de atletismo e foi muito feio para o bairro, a memória e a cultura da cidade
(foto), mas quem dá importância a esses valores quando vivemos no meio dos
traficantes de todo e qualquer tipo de violência e vantagens imorais, se não
for ilegais.
A delegação
(revolucionária) cubana ainda não tinha condições de competir como potência
esportiva por Playa Girón e a crise dos Mísseis R12 e R14 de outubro de 1962 e
passou quase despercebida e o boicote permitiu que os brasileiros tivessem uma
presença razoável no evento.
Na mesma época, um
evento relacionado à Guerra Fria e à Revolução Cubana ocorreu no Rio Grande do
Sul, perto de Porto Alegre e também repercutiu no país vizinho o Uruguai. Pela
decisão dos yanques de bloquear Cuba, os países latino-americanos foram estimulados
a repartir cotas do açúcar cubano que os EEUU consumia subsidiado. Na ilha do
Caribe até a escravidão existia de trabalhadores haitianos que se quer sabiam
falar o espanhol. Entre os proprietários teimosos que não conseguiram chegar à
Flórida, os responsáveis pela degradação humana, foram fuzilados.
Pois tanto o Rio
Grande do Sul como o vizinho Uruguai decidiram cultivar a cana-de-açúcar para
abastecer o mercado dos ianques. Foi criada uma empresa pública de AÇÚCAR
GAÚCHO S.A. nos arredores de Porto Alegre, tecnicamente um absurdo dentro da
realidade canavieira nacional, que privilegiava o Nordeste onde estava uma
elite ancorada que foi destruída pelos industriais de San Pablo, mas a
realidade permanece tão séria quanto era antes. Funcionou menos de 20 anos e encerou
suas atividades (foto2). Sempre gostei de
rir das situações, sem me intrometer. Quando eu soube
que o país vizinho
aproveitou para cumprir sua quota de açúcar e que o único lugar onde havia um
microclima para o cultivo da cana-de-açúcar era em Bella Unión, quando o país
era mais favorável à beterraba açucareira um moderna cultivo industrial, íntimo
para a produção de lácteos (tops). Então vem o riso, porque é entre os
trabalhadores da cana-de-açúcar que se consolida o Movimento Revolucionário de Tupamaros, que despontou entre os mais organizados e endurecidos de toda a
América Latina, pelo nível de educação pública e valores de cidadãos cultivados
no país exemplar.
AGASA |
A foto da
abandonada AGASA havia me deixado muito chocado (foto2). A última vez que estivera
ali, foi como funcionário público federal do Ministério da Agricultura, em uma
investigação (pessoal) sobre o uso clandestino de fungicidas mercuriais, quando
aprendi 1,2 toneladas de fungicidas Merpacine vendidos clandestinamente pela
empresa Sandoz, depois Novartis e hoje Syngenta. Na época, o contato telefônico
com o gerente (equatoriano) do mercúrio clandestino me disse para conversar com
o Diretor de Saúde do Ministério da Agricultura, em Brasília, porque ele não
iria dar os dados da comercialização criminoso. Fizemos que as autoridades da
Saúde do Estado e da Polícia Federal obtivessem os dados alguns segundos depois
com o mesmo assunto e também com o Diretor corrupto. Consegui sobreviver até a
posse do presidente Collor, que cumpriu o pedido das empresas de me expulsar do
Ministério, mesmo tendo estabilidade por ter concursado público.
Hoje, o atual
presidente septuagenário atende o Ministro da Agricultura para que a Lei
7802/89 elimine a ANVISA e as do Meio Ambiente, para que a legislação continue
sem aplicação e nunca tenha sido aplicada uma sequer única vez nos últimos 29
anos, mas com mudanças para atender interesses comerciais das empresas em três
oportunidades.
Os índios estão
sendo levados a cultivar soja para que as empresas do agronegócio possam dizer que
tem direito aos créditos de Carbono, principalmente para atender os interesses
do grupo Chicago Climate Exchange, aonde operam, Bunge, Cargill, Monsanto,
Grobocopatel, Maggi, entre outros (foto 3). O cartão que Al Gore tem em sua mão
diz: CCCP, que em cirílico é SSSR, significando URSS, engraçado, não?
Como todo ser
vivo com cada inspiração e respiração, fico mais velho, mas a melhor maneira de
lutar continua é estudar e ter memória para que o passado nem sempre seja o
amanhã. Abaixo os corruptos e vivas outros carnavais. Minha fantasia é repetida
do primeiro que eu fiz no Carnaval de 1950. Eles me pintaram de preto com
carvão muito fino. Bem, eu vou fantasiar sobre Picumã (Fuligem em Guarani), pois
eles querem vender certificação para Biochar.
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