Trecho do livro As Plantas Mágicas - Botânica Oculta, tradução de Attílio Cancian - do incrível médico, filósofo e estudioso Paracelso.
CULTIVO OCULTO DAS PLANTAS
Existe uma agricultura mágica cujos preceitos e sistema prático ou modus
operandi foram esquecidos. O fundamento desta arte consiste em semear o grão na
matriz exata que lhe é complementar e que, por isso mesmo, lhe corresponde. Assim
como, dentro de regime de misticismo, o homem que achou seu tipo celeste se
converte por este mero feito em poderoso executor de obras e admirável orador,
a semente lançada em sua terra própria ou conveniente alcança a sua maior
perfeição genérica.
As semeaduras se fazem sob os auspícios de Saturno; os antigos
lavradores chamavam de Sat à semente e de Satur ao semeador. Semear significa o
mesmo que internar alguém na escuridão, no profundo e no mistério.
As trevas provocam a luz e a massa informe dos cotilédones putrefatos
chamam a flor radiante de cor e de perfumes ou a árvore majestosa e copada. Vejamos
o que acontece na grande maioria de casos de semeadura, isto é, quando a terra não
corresponde em um todo ao germe que lhe é confiado. Anteriormente já vimos que
o desenvolvimento subterrâneo deste se verifica sob a influência do Sal, do Enxofre
e do Mercúrio da terra. O Sol está ali presente, como criador universal da
vida, mas seus raios vitais invisíveis não são assimiláveis pelo grão escondido
debaixo da terra mais do que quando lhe aparecem em qualidade de
correspondência complementar com o mesmo. Chegamos então à conclusão de que, se
a terra onde o grão se acha não satisfaz a essas condições, o Ens do germe
estende suas pequenas raízes, esgotando suas forças em busca daquilo de que
necessita e não encontra em sua proximidade imediata. Então a raiz cresce seca
e rugosa, da mesma forma que o caule: o Sal, o Enxofre e o Mercúrio consomem-se
a si mesmos e consomem sem resultado a vida solar que lhes chega sob uma
qualidade inferior não assimilável por eles.
A arte pode remediar este inconveniente fundamental de duas maneiras:
escolhendo com cuidado a terra que seja apropriada ao germe que terá que
fecundar; ou, se a planta já tiver germinado, proporcionando-lhe um estimulante
vital.
No primeiro caso convém conhecer a fundo tanto a proporção de
participação do Sal, do Enxofre e do Mercúrio na composição da terra e do grão
germinativo como a composição química que entra num e noutra.
No segundo caso, produzem-se, no transcurso da preparação da pedra,
particularmente por via de sequidão, diversos líquidos de depósito que executam
mui acertadamente a função de médicos para as plantas misérrimas ou enfermas. De
tudo isto faremos menção, em capítulo à parte, ao falar do crescimento mágico
das plantas.
Além das relações da planta com o sol que a nutre fisicamente, deve-se
escolher para ela uma sociedade que lhe seja propícia. Certas plantas
prosperam, vivendo ao lado de outras, e morrem se suas vizinhas lhes são
antipáticas. Daí se deduz uma questão de afinidade ou antipatia, como poderíamos
demonstrar com múltiplos exemplos; e os seguintes foram feitos por
experimentação diária.
A oliveira é amiga da videira e quer estar longe da couve. O ranúnculo (a
anêmona) é amiga íntima do nenúfar. A arruda deseja viver perto da figueira. Enfim,
os agentes exteriores e em particular a luz exercem também sua influência
poderosa sobre a vida vegetal. O raio azul do espetro ativa a vegetação e o
raio amarelo a retarda. Camilo Flammarión realizou, sobre este ponto, experiências
terminantes e notabilíssimas.
COLHEITA DAS PLANTAS
- A boa doutrina astrológica nos ensina que as plantas devem ser colhidas
em determinadas horas planetárias, ou melhor, no momento da conjunção dos planetas
favoráveis sob cuja influência se acham, e quando os astros maléficos se
encontram fora do raio de ação.
O pequeno dicionário que se acha no final da obra indicará os diversos
casos que podem apresentar-se.
CRESCIMENTO MÁGICO DAS PLANTAS
O Dr. Carlos du Prel cita a seguinte passagem de Simão o Mago: "Com
apenas um gesto meu a terra se cobre de vegetação, as árvores crescem à vista
dos mortais ... Meu poder é tal que faço sair pelos da barba dos efebos ...
Mais de uma vez consegui que num instante crescessem rapidamente os arbustos
que ainda não tinham saído da mãe terra ...".
Cristóvão Langhans conta o seguinte fato, num dos relatos de suas
interessantes viagens: "Um faquir pediu uma maçã de Sina; tendo-a na mão,
abriu-a, retirou dela uma de suas pevides e colocou-a debaixo da terra depois
de tê-la borrifado um pouco com esta. Cobriu a parte da terra com uma pequena
cesta, colocou uma pequena porção de fumo na boca e, ajustando a seus lábios um
fio encerado, fê-lo correr diversas vezes por entre o fumo umedecido. Poucos
instantes depois levantou a cesta do chão e, para surpresa de todos os
presentes, mostrou-nos que crescera uma planta na terra no escasso tempo de
meia hora. Tornou a cobrir a planta, fez alguns gestos raros e pronunciou
algumas palavras misteriosas. Quando ergueu novamente a cesta vimos que a
planta, além de ter crescido rapidamente, adornara-se com magnificas flores
cheirosas; os companheiros do extraordinário faquir acompanharam-no então em
seus gestos e movimentos e pudemos observar, imediatamente, que a planta já era
uma árvore crescida e que dela safam exuberantes frutos. A fim de
amadurecê-los, o faquir começou a dar um novo banho de fumo a seu fio
maravilhoso e, passados uns quinze minutos, oferecia-nos cinco maçãs de
esplêndida formosura e perfeitamente maduras. Provei uma delas e posso afirmar que
achei-a muito semelhante aos frutos naturais; o comissário guardou uma para si
como lembrança; o faquir arrancou, logo, a árvore com a raiz e jogou-a na água".
Vejamos outra prova da qual foi testemunha um viajante de nosso tempo.
Quem no-la relata é J. Hingston em sua obra The Australian Abroad:
"Do terraço de um dos hotéis da rua principal vi um grupo de truões
agachados no chão. Um deles colocou uma noz na terra, sobre as lajes, cobriu-a
com dois pedaços de pano, que levantou várias vezes com a finalidade de afastar
dos espectadores toda idéia de embuste."A noz partiu-se ao meio e aos
poucos foi se transformando até que, passados uns dez minutos, se converteu num
pequeno arbusto, com suas folhas e raízes."
Fatos semelhantes a estes têm sido observados na própria Europa. Em 1
715, um médico chamado Agrícola realizou as seguintes experiências em
Ratisbona, na presença do conde de Wratislau:
I. Dispondo apenas de doze limões, fez crescer doze limoeiros com suas
raízes, galhos, folhas e frutos.
2. Realizou também a mesma experiência com maçãs, pêssegos e
albaricoques, cujas árvores fez crescer até a altura de quatro ou cinco pés (um
pé = O,33m).
3. Para completar o resto da conferência destinada a esta classe de
experiências, apresentou quinze amêndoas em estado de germe e fê-las crescer à
vista do público, continuando assim magicamente seu desenvolvimento normal como
se estivessem embaixo da terra, porém com extraordinário aceleramento. Concluiremos
estes relatos maravilhosos, explicando outro ainda mais estupendo, se possível,
no qual o protagonista do fenômeno é um fantasma. Os pormenores que iremos
transcrever foram tomados também da obra do doutor du Prel, o famoso sábio que
os ouviu dos lábios de uma testemunha ocular:
"Num centro espírita, um médium inglês, Srta. d'Espe-rance,
conseguia a materialização de um espírito que se fazia chamar de lolanda.
Durante uma de suas materializações, o fantasma pediu uma garrafa, água e
areia; despejou a água e a areia na garrafa e colocou esta no chão, descrevendo
ao seu redor alguns passos circulares; colocou imediatamente algumas sementes
de Ixoracrocata e de Anthurium Schexe-rianum em cima dum pedaço de pano branco
e retirou-se para o quarto escuro donde aparecera. Instantaneamente vimos
mexer-se alguma coisa dentro da garrafa, lolanda mostrou-nos uma planta com
suas folhas verdes, raízes e capulhos. A garrafa foi jogada ao chão e o fantasma
entrou novamente no quarto escuro. Transcorreram ao máximo quatro ou cinco minutos
e eis que todos os presentes, em número superior a vinte, puderam examinar com inteira
liberdade as pequenas plantas, de umas seis polegadas de altura, com flores
frescas e brilhantes. Relatos parecidos podem ser lidos nos livros de
Taver-nier (Voyage en Turquie), de Du Potet (Journal du Magné-t/sme), de
Gouguenot des Mousseaux (Les hauts phénomè-nes de Ia magie), etc.
As experiências muito conhecidas de Lufs Jacollíot, cujas obras estão
profusamente difundidas pelo mundo, confirmam igualmente esses relatos antigos.
Tampouco os filósofos mais proeminentes se manifestam, teoricamente,
adversários de tais experiências.
"Sabemos — diz Eduardo von Hartmann — que as funções psicológicas
da verdade vegetal podem ser poderosamente excitadas por meio dos raios luminosos
de grande força, valendo-nos da eletricidade ou de reações químicas; e que algo
disto acontece também com o homem. Uma criança de quatro anos pode conseguir o
desenvolvimento de uma pessoa de trinta anos; e certos frutos que via de regra
crescem velozmente, podem, por meios artificiais, alcançar uma maturação mais
acelerada. Disso se depreende a possibilidade de que a força mediúnica opere também
de uma maneira análoga."
O doutor du Prel, de quem tomamos todas estas citações, constrói do seguinte
modo uma teoria que pode ser mais interessante: Da mesma forma que a vida
intelectual, no homem a vida orgânica oferece o exemplo da ação duma potência
aceleradora análoga a essa que estudamos ao tratar das plantas. Nosso autor se refere
a uma citação feita por ele mesmo em outra obra, La Philosophie de Ia Mystique.
Trata-se da alteração do tempo em determinados fenômenos do sonho,
durante os quais vários quadros ou cenas passam diante de nossos olhos e cujo
desfile dura, ao que parece, muitas horas, quando na realidade sua duração é
tão diminuta que é apenas questão de segundos.
No seio materno, ao término de nove meses o homem passa por um processo
biológico que, na natureza exterior, dura milhões de anos. (Consulte-se Antropogenia,
de Haeckel). Por que há de ser impossível a uma vontade exercitada construir ao
redor de um ens vegetal ou animal, e até mineral, se quisermos, uma matéria
invisível que proporcione a dito ens alimentos muito mais dinâmicos, isto é,
mais espirituais? Isto é o que faz o faquir, segundo o que assegura o Dr.
Encausse, em seu tratado de Magie pratique; é com sua própria vida que faz
desenvolver a semente sobre a qual coloca sua mão. Naquele instante sua alma se
acha concentrada numa espécie de fogo vivo de seu corpo astral, chamado em
sânscrito o Swadishtana Tchakra, e estas são as forças da vida vegetativa que
nutrem e desenvolvem o fenômeno diante do homem maravilhado.
Em lugar de pedir emprestado os materiais de ditos alimentos invisíveis
a um organismo humano, pode-se buscar aqueles da Natureza; então é quando a
Alquimia usa os seus processos. Eis aqui um par de fórmulas, tiradas de um
tratado magistral sobre esta arte:
'Toma-se uma onça de Marte e uma onça de Vênus; amolecem-se a 75 graus
num globo de vidro grosso; acrescenta-se ao caput mortuum verde ou encarnado
uma quantidade de licor dissolvente esverdeado. Destila-se durante longo tempo;
torna-se a destilar até as escórias, cinco ou seis vezes, de modo que não fique
nada no recipiente. A evaporação se transformará num sal fixo e vermelho. Se
forem colocadas sementes numa caçarola onde haja água com sal e se acrescentar
um pouco de dito sal, as sementes germinarão rapidamente e nascerá um arbusto
com folhas de reflexos dourados e frutos magníficos".
Fonte: Paracelso _AQUI_
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