by Santiago Caruso |
25 de agosto 2013
por Sebastião Pinheiro
Transformar uma informação em rentável segmento
da economia é a arte que se sofistica através dos tempos e feito com tanta
habilidade e sutileza que necessita ser exemplificada para tornar-se visível e compreensível...
Ao fim da Segunda Guerra Mundial o plano para
implantar a “agricultura industrial” em todos os países, tanto do Ocidente como
no Bloco Soviético, colônias africanas e asiáticas usou as figuras da “Fome no
Mundo” e Superpopulação no Planeta como instrumentos de medo e ordenamento
incondicional. Já havia o desespero da recém terminada guerra e começava a
reconstrução na Europa e Japão, além das campanhas de fim do colonialismo
tradicional, parte do neologismo “desenvolvimento” (industrial era omitido) e
seu espelho subdesenvolvido da Nova Ordem. Assim se satisfaziam a todos,
principalmente através de Hollywood, TV, rádio e imprensa escrita com a
informação dirigida. Somos filhos e netos deste momento.
A Agricultura, Saúde e Educação eram a primeira
necessidade comum a todos capitaneada pelos organismos multilaterais das Nações
Unidas recebidos com glória e insumos da química industrial, combustíveis,
máquinas, fertilizantes, sementes híbridas, agrotóxicos e extensão, tudo em
sincronização e sintonia com o crédito bancário e organismos multilaterais.
Ir contra da Nova Ordem naquele momento era ir
contra o poder e seu modelo e logo se era qualificado de místico (religioso
fanático ou excêntrico), ficcionista, louco ou comunista, este último colocava
a vida em supremo risco.
Mas as críticas veladas, ignoradas e
desmoralizadas não eram jogadas fora, serviam para aperfeiçoar a ordem em sua
evolução e “upgrade” nas academias e institutos sociais centrais. Por isso
ninguém se deu conta de sua organização e aplicação, pois quem o fez era a
própria Ordem em seu espaço e na velocidade do seu interesse. Para decifrar o
ocorrido são necessários muitas vezes mais de cinquenta anos fazendo ligações
inverossímeis próximas à “teoria da conspiração”.
Em 1960 o câncer de mama era uma doença terminal
que no máximo em três anos destruía seu portador. A cientista do governo dos
EUA, Rachel Carson ao saber-se portadora de um tumor no seio começou uma série
de artigos no jornal New York Times com referências ao impacto dos venenos
agrícolas que a ciência já começava discretamente denunciar. Da coletânea
destes artigos organizou o livro “Primavera Silenciosa”. Em nada diferente em
um livro de poesias escrito em 1927 pelo poeta Stephen Vincent Benét que serviu
de modelo para o escritor Dee Brown escrever o decantado livro “Enterrem meu coração na curva do rio” em 1970.
O poema (1927) repercutiu somente entre
especialista em literatura, onde é conhecido, mas o livro tornou-se cabeceira
de todo ambientalista, ecologista em todo o mundo, dito em outras palavras foi
“consumido”, por interesse do poder da informação, mas de forma controlada,
pois não expandiu para a questão indígena embora seja este seu foco principal.
Somos o que a mídia quer como quer e quando lhe aprouver. Não fiz qualquer
tentativa de manipular ou induzir, apenas expus um pensamento para análise.
Anúncio publicado em 1955 na edição em español da revista Life. |
Continuemos: Os primeiros venenos orgânicos
sintéticos HCH e DDT haviam substituídos sais minerais tóxicos derivados do
Arsênico que qualquer empresa de fundo de quintal podia produzir, mas
tecnologicamente nada mais eram que frações destiladas do petróleo (olefinas)
cloradas da primeira e segunda série de Julius Hyman. Serviram para inaugurar
o mercado de venenos sintéticos, pois eram de largo espectro e baixo índice de
toxicidade aguda, mas deviam ser substituídos por duas razões: - A primeira era
terem sua rentabilidade comprometida pela divisão de oferta, principalmente
entre as empresas refinadoras de petróleo; - A segunda, mais importante, as
moléculas recolhidas no arsenal nazista eram ésteres fosforados de uma
sofisticação que assegurava grande vantagem na Guerra Química por mais de um
Século (Com o componente militar secreto do TBP um éster também do acervo
nazista que em emulsão com querosene à quente servia para separar o Urânio
físsil e Plutônio para as bombas atômicas a baixo custo, importante na corrida
armamentista da guerra fria).
Imbuída de sua responsabilidade os grandes bancos
(Chemical Bank) tinham interesse na substituição dos organoclorados, pelos
fosforados de cem a dez mil vezes mais rentáveis. Mas precisavam que isto fosse
feito sob controle para evitar o caos ou retrocesso no mais importante setor da
agricultura industrial, estratégico para a corrida armamentista. O livro de
Rachel Carson foi consumido sem grandes impactos na agricultura
norte-americana. Teve algumas empresas que fizeram documentos contrários a ele,
“Desolate Year”, da Monsanto em 1962, mas a “inteligência industrial”
soube
contornar, organizar & financiar em todo o mundo a “Campanha contra os Agrotóxicos” dirigidas, e nos seus interesses.
Somente em um lugar sabemos que não vingou a
Campanha da Indústria, no Sul do Brasil, pois estava o Lutz, a Agapan e a
Coolméia, além de um grupo de autênticos ecologistas que dominavam a temática
do veneno. Um exemplo, quando a indústria ordenou as suas ONGs financiadas que
declarassem um não à “Dúzia Suja” (aqueles clorados ultrapassados e não tão
rentáveis, nome baseado no livro/filme homônimo que fala de doze criminosos
heróis na Guerra), isto entre nós fez oba-oba em São Paulo e Rio de Janeiro,
mas no Rio Grande do Sul e Paraná havia a pergunta: Podes dizer qual é a dúzia
limpa? Outra campanha 03 de dezembro, Dia Mundial do NÃO USO DE AGROTÓXICOS.
Não seria melhor usar só nesse dia lembrando Bhopal e deixar todos os outros 364
dias sem usar?
Esta rebeldia criou um espaço que rapidamente se
transmutou em uma agricultura sem venenos com base científica como em nenhum
lugar com a maior feira livre conhecida na época. As conquistas foram muitas,
leis municipais, leis estaduais, lei nacional. Em agosto de 84 foi estabelecido
um selo para garantir o consumidor da qualidade dos morangos do Estado com
análises do LARV do M.A em parceria com a Emater/RS. Este certificado gratuito
não evoluiu por ser subversivo à ideologia da agricultura industrial e em menos
de uma década desapareceu e também aquele laboratório no M.A.
Nessa época os toxicólogos apresentavam a figura
de um hipopótamo totalmente submerso no rio, apenas com as narinas visíveis e
diziam que assim era a toxicologia dos venenos, conhecíamos apenas 0,5% dos
seus riscos. Hoje a situação dos agrotóxicos não está somente consolidada, está
blindada pela OMC (Agronegócios), o hipopótamo submergiu e se sabe menos de
toxicologia que em 1970, inclusive o governo. Na mídia como na ciência qualquer
informação contra agrotóxicos perde a conta de publicidade ou bolsas de
pesquisas. Hoje o agronegócio transforma induz e manipula agricultores, que veem
a preocupação ambiental como coisa de perdedores e concentrar a posse da terra
é tudo o que interessa. O governo açula seus militantes em campanhas cosméticas
para tirar uma casquinha e animar a torcida, sem mobilizar, conscientizar ou
educar, apenas consolida sua heteronomia.
Pelo lado da saúde, afinal o câncer de mama que
matou Rachel Carson hoje representa em nível mundial uma indústria superior a
centenas de bilhões de dólares; leucemia outro tanto; fígado, pâncreas, pulmão
etc., etc., .... Todos eles programadas a crescer exponencialmente. Neste
momento o número de agricultores é um pouco maior que os de presidiários, mas à
medida que diminui os primeiros aritmeticamente, os segundos crescem
geometricamente (lembrando alguém que fez esta relação sobre alimentos e
população). Mas isso dá dinheiro, muito dinheiro, pois é um processo de eugenia
mercantil. Essa é a mão invisível que outro alguém se referiu. Quanto à
educação é melhor calar. Não dá, para não dizer.
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