"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sábado, 2 de setembro de 2017

CONSCIÊNCIA CÓSMICA: REFLEXÕES EM CONTRAPONTO


06 de setembro 2013
por Sebastião Pinheiro



- Meus referenciais são Medo, Miséria e Violência, alicerces de Humilhação e Servidão e os pontos propostos mundiais hoje, são inclusões para consumo e mitigação sem reconhecimento ou arrependimento, mas trampolim para a construção do Estado Mundial.


Os sequestrados em sua dignidade, humanidade e espaço foram transformados em semovente de propriedades privadas ou Estado, sem direito a espaço público ou esperança, mas herdamos sua insurgência. Sei que é difícil se entender visceralmente isso, então repasso um relato de um chefe de clã no oeste de Angola quase Zâmbia e Congo no final do Século XIX. Eles usavam uma árvore frondosa, muito resistente, que produzia frutos muito saborosos e folha igualmente comestível, além de madeira útil, a tamarindo, que eles pensavam que não era uma árvore nativa, mas exótica, trazida da Índia. Por ser longeva esta árvore era usada para transmitir a oralidade entre gerações e cada grupo na tribo tinha o seu exemplar ancestral. Era cotidiano um adulto e uma criança se aproximarem da árvore, e ele dizia que ela estava contando para ele a longa história, épica, epopeia, mitologia, ética, comportamento, crenças e costumes de seu grupo particular (consuetudinário).


Um dia chegou à comunidade um pastor anglicano, acompanhado de autoridades coloniais e para facilitar sua catequese usou o poder e mandou cortar todas as tamarindos... A comunidade em pouco tempo dispersou sem referencial.


O raro é que o pastor, um ser culto, religioso com o histórico da
Redenção
escravidão, ágil assim. O comum é que os nativos adotaram a árvore “exótica” além do estereótipo de natureza, cultura e fraternidade. O novo sequestro, sem transporte trazia um açoite invisível, da mesma forma que hoje, o mercado impõe o consumo, e, em castas determina na sociedade nacional e mundial sua qualidade de cidadania. Há muitas formas de impor o medo, a violência e a servidão, este é o terror de Estado. Uma lei pode expulsar da senzala, infeliz espaço de sofrimento na propriedade privada, sem abrir espaços públicos na sociedade, com mais terror, medo, violência e servidão tornando o quadro Redenção de Can de Gómez y Grocos a pretensão fascista do Estado e governos. A insurgência foi subir as ladeiras dos morros para cultivar bananas e poder se inserir na sociedade através do trabalho, brava insurgência brasileira, que o aumento de população e a escassez de espaço transformaram em favelas, para deleite intelectual exótico elitista-eugentista, que consome ávido seu produto, a cultura popular autóctone, irreverência e insurgência. Porque não se estuda que mesmo aumentando a violência não perdemos a convicção da felicidade.


Estamos em uma universidade que se diz pública, mas com cinquenta anos de idade fui aprender o porquê da feijoada, este Boccato di Cardinale, feito com os as vísceras, restos e sobras não aproveitadas no porquinho pururuca da Casa Grande. Vamos além, é interessante que não se ensina tampouco que o arroz com feijão é uma dieta africana, considerada entre as mais nutritivas e de baixo custo. Sim, quem introduziu o arroz na América foram os sequestrados e também o feijão. Hoje, o praticamente extinto arroz africano, Oriza glaberrima é base secreta de grandes grupos como Rokefeller e Bill Gates para garantir a Revolução Verde na África, por ser uma planta C4 que enfrenta a mudança climática e as altas temperaturas... Ele foi domesticado há mais de 7 mil anos nas várzeas do Niger; da mesma forma que o feijão africano que nós conhecemos como feijão fradinho, macassar ou feijão tropeiro, que na Universidade de Indianna é considerado planta estratégica para o Terceiro Milênio, por sua resistência à seca e calor. O grande mestre Milton Santos disse haver encontrado em uma sala de aula muito mais estudantes negros no sul dos EUA que em seus vinte e
cinco anos de aula na USP. Ele não se referiu a George Washinton Carver, nome dado ao segundo submarino atômico dos EUA. Desconhecemos quem foi este cientista procurado por Henry Ford para produzir o combustível de seus automóveis e somos o país dos bicombustíveis. Aquele cientista que salvou milhares de soldados norte-americanos na primeira guerra mundial; introduziu vinte mil variedades de soja nos EUA em 1900.


Voltemos à casa. Antes de trazer Zumbi e a Serra da Barriga, sou obrigado a trazer a saga do Almirante Abukbar, do Império do Mali, que viajou por todo o rio Amazonas em 1322, conforme registros históricos. Dizem que as inscrições nas pedras na confluência do Negro e Solimões são de sua expedição, um século e meio antes de Colón. Hoje as comunidades ribeirinhas estão mobilizadas, pois as inscrições nas pedras, patrimônio da Unesco, correm riscos, contrariam os interesses da Coca-Cola que é concessionária para a venda daquela água, em uma região que deve receber acima de cinquenta milhões de refugiados ambientais organizados pelo Estado Mundial Totalitário. Isto não pode sair na imprensa, nem discutido na academia conforme.


Na Serra da Barriga, não houve problemas, até a reclamação da Companhia das Índias Ocidentais de prejuízos pela concorrência no comércio de produtos ao longo do Rio São Francisco. O bispo de Salvador foi o interlocutor e tradutor entre os rebeldes e a milícia de bandeirantes que não sabia o português e só falava tupi-guarani. O resultado foi o genocídio econômico, social e cultural. O insurgente vê ao longo do tempo, que aquilo foi um berço, onde indígenas se africanizaram, embora isto fique em segundo plano para especialistas e acadêmicos. Hoje, em Jatobá, Petrolândia, Palmeiras dos Índios há indígenas totalmente africanizados.

A relação é transcendental, descendentes dos remanescentes da Serra da Barriga serão moradores de Canudos duzentos anos depois e o mesmo massacre, onde as crianças sobreviventes do sexo feminino foram distribuídas nas casas de prostituição da região. Por favor, em Poço Redondo em Sergipe visitem a Serrade Zefa da Guia, na Serra que leva o seu nome. Fui lá aprender etnobotânica de plantas medicinais e religiosas. 

Assim como a Nestlé faz barrinhas de chocolate para os flagelados do Sudão, a Coca-Cola se apropria a água do Amazonas. Este refresco era feito com o extrato de duas plantas a Coca nativa do Altiplano da Cordilheira dos Andes e Cola nítida, o cacau do Sudão, planta africana de alto valor medicinal.


A Coca sofreu um processo de extração de principio ativo para uso militar que foi patenteada por uma corporação alemã. Os holandeses a levaram para Bogor nas montanhas da Indonésia e a cultivaram oficialmente, com uma riqueza em alcalóide até cinco vezes maior, que a planta nativa dos Andes e manipularam o mercado de narcóticos até a Segunda Guerra Mundial, quando o Prêmio Nobel Fritz Haber inventou a MDMA ou metanfetamina e a substituiu na finalidade militar. A Coca-Cola, hoje, é feita com efluente de fábrica de celulose, conhecido como licor de lignina, inventado pela Monsanto, mas isso interessa o cidadão, não o consumidor.


Na extensão desta universidade tivemos a oportunidade de levar estudantes para conhecer a escritura da doação de terras feita pela Dona Quitéria na Casca em Mostardas, assistimos a ignorância e arrogância de um procurador da República ameaçando um desesperado descendente herdeiro ser ameaçado por juntar dinheiro para o pagamento de taxas no Incra com medo de perder o direito por aquelas terras. Contudo não vemos o respeito à aquela escritura que tem delimitação foi usurpada, roubada. Mas, para quê direito, o que é cidadania, logo não há processo. 


O mesmo ocorreu na Argentina, onde a milícia denominada mazorca do ditador Rosas chacinou a população de africanos. Embora eles fossem os mais aguerridos defensores de Buenos Aires na invasão inglesa e constituíssem o Batalhão dos Morenos. Os poucos que conseguiram cruzar o rio da Prata engrossam a comunidade uruguaia.


A maior preocupação do governo Bush Jr. na Reunião das Nações Unidas em Joanesburgo em 2002 era a reivindicação dos descendentes negros norte-americanos em recuperar suas terras, recebidas após a abolição e que foram tomadas através de KKK e incêndio no registro civil de terras. Houve casos de Cartórios de Registros de Terras terem sofrido até 18 incêndios no Sul dos EUA em menos de uma década após os anos trinta. Na imprensa, nem uma linha...


Não há espaço para agricultores negros na agricultura do Brasil, são raríssimos até mesmo os assentados pela Reforma Agrária, nas universidades, que possuíam reserva de vagas para latifundiários no interesse da Fundação Rockefeller, agora há a remediação com cotas, sem uma avaliação fora do consumo. No vestibular há a frenesi dos selecionados. Na vara criminal há o sentimento de dor de pais ao verem seus filhos debutando para a outra universidade que lhes toca.


Para muitos o tempo passa rápido, e logo teremos uma ascensão social, ninguém mais saberá que era proibido jogador negro na seleção de futebol ou que alguns clubes obrigavam seus atletas a passar pó de arroz no rosto para disfarçar sua origem... 


Não é fora de propósito dizer: O genocídio continua e os descendentes dos antigos sequestrados são mortos à bala antes de alcançar a idade adulta, em todas as periferias das regiões metropolitanas.



O que mudou. Nada, apenas há um mercado de consumo. Nada mudará enquanto não for banida a miséria, violência e humilhação.

- Fanáticos não têm dúvidas ou convicções, apenas arrogância e violência na dimensão de sua ignorância. O poder sabe e impõe suas políticas públicas de erosão da sabedoria e cultura. No controle da insurgência usa corrupção e tortura (para separar o fanático do convicto) contra alienados ou rebeldes para a construção do Estado Mundial Totalitário.


Com sabedoria chegamos até aqui. Agora a luta é mais encarniçada interna e externa e nos obriga com convicção a um contraponto muito mais forte, pela dignidade, fraternidade humana e consciência cósmica ou noosfera. Para tal, possuímos espiritualidade genética. Uma homenagem à Roza Pinheiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

"no artigo 5º, inciso IV da Carta da República: 'é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato'."

Rede Soberania

Rede Soberania
Esta Nação é da Multitude brasileira!

Blogueiros/as uni vós!

.

.
.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...