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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sábado, 2 de setembro de 2017

PREÂMBULO DO MANIFESTO DA JUQUIRA CANDIRU SATYAGRAHA




 29 de agosto de 2013
por Pinheiro, Tião

Para perceber nossa realidade, muitas vezes, é preciso sair do meio e do ambiente. Os rumos das devastações ambiental, cultural e de minorias étnicas, além do assanhamento das transnacionais em conluio com o regime, nos levaram, em novembro de 1982 (Lateinamerika Unweltschutzseminar, Humboldt Universität, Berlin), a propor a criação de uma entidade, para discutir a agricultura pós-agrotóxicos, a biotecnologia e a engenharia genética.

Em 08 de outubro de 1983, em Altér do Chão, às margens do rio Tapajós, no coração da Amazônia, foi idealizada a "Fundação Juquira Candiru" ao denunciarmos os planos de cientistas alienados de usarem herbicidas desfolhantes (Agente Laranja), nas linhas de transmissão e no futuro lago da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, em função de toda a corrupção e incompetência para a retirada de madeira. Optamos por uma fundação em resposta às similares de cunho argentário.

O manifesto foi escrito em fevereiro de 1984, no Quilombo existente na "Ilha Tocantins" situada no rio de mesmo nome, ao encontrarmos a primeira das setecentas castanheiras mortas com desfolhantes, usados para expulsar os habitantes locais, e diz: "O brasileiro mais autêntico, mais identificado com a natureza é o mais espezinhado e expulso pelos interesses estranhos de seus compatriotas, cúmplices de imposições de empresas, governos e organismos internacionais”.

Nem mesmo isolado nos últimos rincões, o homem brasileiro é respeitado ou deixado em paz, pela cobiça e pugna entre interesses internacionais da biotecnologia industrial (engenharia genética), ávida pelos recursos naturais e os interesses obsequentes das elites agrárias nacionais, e locais de destruição da floresta para ocupação de seu espaço com capim e gado.

O hileano autóctone ou sincretizado é destruído, sem chances de preservar sua cultura e sobreviver com dignidade. Sua identidade com o meio que o envolve e absorve-o é vista como nociva pelos usurpadores do poder e elites.

Entretanto, nós somos a JUQUIRA, macega que responde à moto-serra, ao fogo e devastação com a rebrota e cada vez que é agredida fica mais enfezada e espinhenta, criando o ambiente para a restauração da floresta. Somos também o pequeno peixe CANDIRÚ dos rios e igapós da Amazônia, que entra pelos nove orifícios do invasor levando o desespero e morte.

A "Juquira Candirú", muito antes de defender elites, interesses e cidadãos do regime ou o ser ideal do Estado defende o estado ideal do Ser Universal, através da autopoiese do Sol e metabolismo das Rochas, antagônico ao TER, que são suas apropriações no tempo e espaço, atualmente mal denominada de economia, porém mera crematística. Somos parte e herança de uma civilização e cultura, ainda, viva e latente em todo o continente americano. Transcendemos a tudo, defendemos a Vida.

A "Juquira Candirú" é virtual, não adota estatutos, regras ou hierarquias. Todos os que assim desejarem farão parte dela independente de credo, raça, ideologia ou saber.

Uma de suas insígnias é o "sapo cururu com muitos olhos" ou "muiraquitã", sobre o "campo semeado de milho", cercado pela "pata do jabuti".

Conta a história dos Kayabi que uma índia mandou seu filho preparar o terreno para plantar. Para ajudá-lo e fazer vingar melhor o cultivo disfarçou-se de cotia e escondeu-se em uma cova. No preparo do solo, o filho pôs fogo na mata e a cotia, sua mãe morreu queimada. Entretanto, no local, onde ela morreu, nasceu uma planta, que produzia muitos grãos todos juntinhos, o milho. Para lembrar sua origem, ele, quando aquecido, através do fogo, transforma-se em uma linda flor branca, a pipoca (ressurreição). O "campo semeado de milho é a iniciativa de mudança. O "sapo muiraquitã" é o aviso de bem-aventurança e sorte; o "sapo cururu com muitos olhos" é o alerta para os riscos e perigos das inovações e a "pata do jabuti" é a segurança no avançar. A serpente emplumada arco-íris comendo a ponta da cauda é a renovação na busca da saber com arte (sabedoria).

Em 1998 ao cumprir 15 anos soubemos que, para formar uma fundação é necessário um bem próprio (prédio) e ao não possuí-lo, mudamos sua denominação pela palavra SATYAGRAHA do sânscrito.

Aos seus trinta anos, diante do desespero social e econômico que assola a humanidade, com seu consumismo, alienação e corrupção impostas pela Ordem Internacional, ela adota a bandeira Joly Rouge (Jolly Roger) nascida com os templários e usada pelos piratas. Sob sua autenticidade todos tinham a liberdade de lutar pela igualdade sem medo; Quando necessário confiscavam o produto da ambição dos poderosos; Se incompetente pagavam o preço com a vida, nada mais justo. Esta como a cruz de Cristo é hoje mais necessária que nunca para salvar o valor da Vida e mesmo o Planeta Terra da Eugenia Mercantil.

As orbitas da caveira foram avivadas com o Sol, nossa única forma de energia. Sob os ossos cruzados a divisa (Satyagraha) em sânscrito anuncia “a verdade não se oculta” à não-violência, emulando Mahatma Gandhi.

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