10 de fevereiro
Por Sebastião Pinheiro
As coisas mais idiotas são aquelas orquestradas para parecerem casuais, pior espontâneas. O que não é novidade, o triste é que um contingente crescente acredita piamente no que vê, escuta e é repercutido.
Três exemplos:
A) Um refugiado congolês foi torturado ao “ar livre” na praia, com o analista diretor acompanhando por celular à distância. (Fernandinho, Beira-Mar comandou uma execução passional assim, faz mais de vinte anos, depois transmitida pela rádio). Esta ação e execução segue estamentos e comportamentos superiores?
B) Um cidadão negro e humilde (não é pleonasmo) foi morar em um condomínio. À Sua presença cidadã há “reação gentrificada” de desvalorização do território e um dos condômino em espreita lhe aplica o corretivo com sua “manu militare? Um tiro incompetente não é suficiente, e lhe dá mais dois tiros (misericórdia/confere) a um corpo caído. O ruído atraí gente e obriga o socorro?C) A campanha eleitoral continua em curso: Um deputado imberbe em novo partido, uma deputada de esquerda de álibi e um “influenciador de rede social”. O tema condizente para o eleitorado da maior metrópole do hemisfério sul: racismo, nazismo, ardor totalitário.
ABC é o “bas fond” dos últimos quatro anos de sindemias, onde o infeliz vírus é contingência.
Finalmente, chegamos à la “piece de resistence”. Uma lei sobre agrotóxicos foi revogada em advocacia administrativa para a ideologia do Complexo Industrial Militar, quando o Estado ignora que toda a chuva sobre o território do RS está contaminada por resíduos de herbicidas e sua natureza possui mais de 100 espécies mutantes portadoras de genes dominantes. O conteúdo da lei estadual pune os responsáveis, daí a advocacia administrativa.
Ontem, chegou a vez da lei nacional e o mesmo processo é executado por interesses unicamente pecuniários, com disfarces ideológicos, políticos e de ódio, quando uma grande maioria sequer sabe sobre o que votou.
Demonstrar isso é bem fácil: Em 1640 foi construído o primeiro portal de Brandenburg na Prússia. O mandatário Friedrich Wilhelm em 1780 mandou construir um novo portal. Sobre ele colocou o símbolo máximo a Vitoria em uma quadriga do militarismo espartano e romano.
No livro religioso do Ocidente, em João, há nas “Revelações” a figura dos quatro cavalos que compõem a quadriga e seus cavaleiros surgem dos selos abertos: Conquista, Guerra, Peste e Fome.
Um chefe religioso Mandinga de Bioko, antiga Fernando Pó, que foi de Portugal, mas trocada com a Espanha e grande confidente do revolucionário Kwame N’krumah, que estudou nos EUA, Inglaterra é o libertador de Gana e fundador da União de Estados Africanos. Em aula ele dizia a pouca distância do portal de Brandenburg, em Berlim:
- Vejam os 4 cavalos na quadriga. Eles representam o pior do capitalismo internacional. Eles não permitem a Vida e Liberdade. A única forma de combatê-los e derrotá-los é com uma arma muito poderosa. Esta arma é o alimento, para todos, em abundância e constância sempre. Dia a dia vemos a destruição dessa arma libertadora: A agricultura e o camponês, principalmente, onde há elites doentes servis com vergonha de quem são.
Os três exemplos pedagógicos demonstram o grau de alienação, cumplicidade e ignorância.
Em 1944 Rachel Carson observou os efeitos do DDT sobre a vida na Patuxent Wildlife Refuge e propôs ao editor da Reader’s Digest um artigo sobre o DDT. A resposta foi, este assunto é desagradável. O Complexo Industrial Militar já exercia sua função de destruir a arma alimento.
Dezoito anos depois conhecemos Primavera Silenciosa. Já se passaram 60 anos e toda chuva tem Glifosato, e logo terá Glufosinato da Quadriga. É ou não é apocalíptico? Carpe Diem.
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