Projeto bacana de coordenação de Heloisa Maria Bertol Domingues (MAST/MCTI) e Nadja Paraense dos Santos (HCTE/UFRJ)...
_ACESSE AQUI: TODOS OS VERBETES_ |
A história da relação da química com a botânica tem sido pouco, ou
quase nada, estudada. No entanto, é desta relação que nasce o
conhecimento sobre a ação das plantas nos organismos vivos, estando na
base da fisiologia. A química não revela à botânica apenas a composição
da planta mas ensina à sociedade a usá-las, mostrando-lhe as suas
propriedades e dizendo se esta ou aquela pode servir como alimento,
medicamento ou mesmo veneno. É desta relação que falam os verbetes ora
apresentados neste multimídia. Eles não são o dicionário encontrado no
Arquivo Imperial, de Petrópolis, em 2003, são apenas uma seleção das 334
plantas apresentadas nele, que contém a análise química e as
propriedades como complemento da classificação tradicional de uma
planta. Representa os primórdios da bioquímica.
Teria sido dessa relação o nascimento da química?
Pergunta irrespondível. Porém, pode-se afirmar com certeza que foi a
partir dela que nasceu o consumo, a troca e o comércio dos recursos
botânicos, inicialmente restritos aos saberes locais e hoje cerne dos
conhecimentos que tem permitido a incorporação de tantos princípios
ativos quantos são os produtos novos que surgem no mercado, colocados à
disposição da sociedade, para alimentar, curar ou matar. Se hoje as
moléculas são parte de uma “guerra ecológica” elas são também, como
foram no passado, meio de sobrevivência.
Os verbetes aqui apresentados são um retrato de como os
cientistas, partindo de uma classificação que descrevia a aparência da
planta, interagiam com os saberes locais e preocupavam-se em
avalizá-los, ou não, para o consumo em massa. Eles são parte de um
dicionário botânico, escrito no século XIX e nunca publicado, que dá
visibilidade à química, apresentando-a como a ciência chave para o uso
social das plantas. Aliás, essa originalidade do dicionário motivou-nos a
assumir a tarefa difícil de dar publicidade a um documento extenso que
nem ao menos a identidade do autor foi possível, até hoje, conhecer.
Porem, permite perceber o estado da arte, tanto da química quanto da
botânica, no início da segunda metade do século XIX.
O trabalho meticuloso de transcrição do manuscrito de
1600 páginas foi de Elaine Andrade Lopes, bem como, nesta etapa, ela
assumiu a preparação dos verbetes, o levantamento das imagens e a
preparação de todo o conteúdo aqui apresentado. A entrada desse
documento nas nossas pesquisas, no MAST, que permitiu transformá-lo em
multimidia, decorreu da parceria estabelecida com Nadja Paraense dos
Santos, professora do HCTE/UFRJ, que vem dividindo a coordenação da
pesquisa desse documento.
Heloisa Maria Bertol Domingues
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