15 dezembro 2019
por Tião
Hoje é domingo, o penúltimo antes do Natal, para mim "Natividad". Um colega e ex-amigo me disse "velho" (“vetusto”) desde os três anos minha única avó que conheci me dizia a mesma coisa, mas não apenas convivia comigo como passávamos fome juntos. Aos três anos e dez dias, meu pai morreu e minha mãe voltou para a maternidade. Eu e meu irmão de 40 dias, que passou a ser criado pela avó, enquanto minha mãe voltava à fabricação de tecidos onde começou com 14 anos. Eu era o braço canhoto da avó carregando água e comecei a carregar água para casa por mais de 100 metros, a lata era de um kg de leite em pó do irmão mais novo. Meu tio construiu o quarto para minha mãe com tijolos e todos nós e eu, o ajudamos, carregando uma divisória, parede a parede que ele tirava de uma gaveta para cima dos andaimes; telha a telha e eu até fiz a mistura de areia e cimento. Meu tio disse isso durante toda sua vida quando ele me apresentava.
Em casa, a fome era um problema e, aos cinco anos, comecei a coletar o pó preto (húmus) do lixão próximo e transportá-lo para o pátio, diante de uma lagoa que estava aterrada para à venda, brotava muita água. Minha horta tinha boas chicórias, mas os alfaces eram ruins pelo calor de São Gonçalo e da baixa aeração do solo. Na natividad, minha mãe me deu um livro de Hieronimus van den Bosch, "Max e Moritz", aprendi a ler sozinho.
Meu problema era que os 30 patos do quintal gostavam muito mais de minhas hortaliças. Os patos na água não ficam doentes e buscam sua comida, galinhas não, e não tínhamos como alimentá-las; produzi tomate, mas nunca consegui colher os frutos maduros. Colhíamos pequenos e deixávamos na bandeja de colorir, mesmo ainda pequenos, algumas que conseguimos. Passei dois anos junto com minha mãe e ganhei a sorte grande, sem saber, quando minha tia, irmã de minha mãe, soube que eu ia entrar na escola primária. Fui morar em São Paulo. Bolsista da escola particular de meus primos, o Colégio Batista Brasileiro no bairro Perdizes.
Fiz o primeiro ano em que tive três professores, um de religião, outro de música e canto. Eu quis voltar para a miséria e fome por minha mãe. Voltei a comer o que meu tio conseguia com sua espingarda, ele gostava muito de caçar e o que ele trazia comíamos: jiboia, coruja, tlacuache (gambá), caymán (jacaré), lagarto. Muitas vezes com a primavera trazia algumas rolinhas e até pardais domésticos.
Éramos camponeses deslocados pelo desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial. Com meu tio aprendi a fazer dinheiro com latas velhas, alumínio, cacos de vidro, cobre e até bronze para vender para a sucata e ajudar em casa.
Perdi um ano e mais uma vez minha mãe disse que não estava aguentando e que minha tia me queria com ela. Não pensei duas vezes e atendi. Meu irmão chamava a avó de mãe e a mãe pelo nome. Ensinei a ele o correto tinha o ódio da minha avó e o olhar triste de minha mãe...
Agora entrei no Grupo Escolar Guimarães Frontino, em Santana, uma escola pública que ainda existe e tive minha educação inglesa. Eu era muito bom aluno e ao lado havia uma biblioteca que era meu verdadeiro lar, voltando para casa apenas para comer e dormir. Aos sábados, nos tianguis, carregava sacolas para as senhoras e ganhava para ir à matinês para assistir os filmes. Todo mundo gostava dos índios, mas eu sempre estava do lado dos indígenas... O programa gringo comigo saiu pela culatra.
Fiz o ensino fundamental e minha tia que queria me fazer "filho", sem conseguir, só queria que eu ficasse e voltei para minha mãe. Não parei de estudar, fiz um exame de admissão no ensino médio com 1200 pessoas, todos com mais de 21 anos e passei em quarto lugar... Passei a estudar à noite para trabalhar durante o dia.
No entorno havia se degradado socialmente e a violência era assustadora. Em poucas semanas, eu sabia distinguir o som de um tiro de parabellum, de uma derringer (arma curta) ou revólver magnum. Em um ano, vi mais de 30 assassinatos, era a época do Esquadrão da Morte, do treinamento da ditadura ... na periferia.
Graças ao Sindicato de minha mãe fui trabalhar no Departamento Comercial da República Popular da Bulgária na rua México, no Rio de Janeiro. Em 1963, retornei para São Paulo, pois meu primo em uma visita ao Rio de Janeiro percebeu que eu estava mais para o alvo do Esquadrão da Morte... Vi o golpe militar na perspectiva do Rio de Janeiro e o senti em São Paulo, onde fiz entregas dos “Novos Rumos” que o departamento comprava vinte assinaturas e eu distribuía, desde o Edifício Triângulo na Rua José Bonifácio, 24 em São Paulo.
Com o golpe militar, fui estudar em um colégio interno, livre da avó, tia, mas sem informações sobre o país. Levei meu irmão que não havia estudado e fiz o curso de tratorista. Fiz todo o curso e conheci a famosa faculdade de agricultura em Piracicaba. Sabia que aquilo não era para os pobres, ainda mais com a lei do Boi, que reservava lugares para os filhos dos proprietários de terras. As outras eram mais do mesmo e eu já não era mais trigo limpo. Deixei o país e fui para a Argentina.
Fiz o curso de ingresso e passei entre os melhores, com mais de 800 alunos. Para viver, vendia jornais nas ruas à tarde e à noite. Autônomo, ganhava em uma semana o que minha mãe ganhava em um mês... Não me falem do Brasil, eu o conheço. Fui enganado e repatriado sem o saber pela inteligência do MRE (Itamaraty), mas como gato retornei à casa em La Plata e hoje poderia estar morto pelos facínoras.
Em 1969, parei de vender jornais todos os dias e fui vender às sextas e domingos no Hipódromo de La Plata, onde eu tinha entrada livre... Ganhava um pouco menos, mas pude estudar muitíssimo mais.
Tudo isso é a introdução, pois o que está chegando agora é difícil, pesado e triste. O cônsul honorário brasileiro em La Plata, que vivia com tarifas de trigo argentino embarcado para o Brasil, me apresentou a um médico veterinário Alexander Robertis, major do exército britânico pesquisador militar de armas biológicas (carbúnculos hemáticos e sintomático) na Segunda Guerra Mundial. Esse senhor me falou de um cidadão norte-americano interessado em aprender português. Eu era o único estudante brasileiro em La Plata. Ele alertou: “Ele é um especialista em criptografia chinesa na Mariner, na Coreia. É um daqueles norte-americanos que vive o mundo a serviço de seu país.” Ensinar português, como em uma sala de aula, equivalia a ganhar dinheiro de um mês. Fui procurar o gringo em uma escola de idiomas. Vi seu diploma na parede e seus quadros de U.S. Mariner era oficial, John Russel Spann.
O gringo se apresentou, junto ao lado dele estava um jovem estudante argentino de humanas, devido ao corte de cabelo e à maneira de olhar e falar me pareceu ser “tacuara” a associação nazista-fascista argentina, antissemita e xenofóbica. O gringo fez uma pergunta, você é católico? Sim, sou. É praticante? Sim, sou. Sua igreja? Vou aos Palotinos (San Vicente de Paul) aos domingos, mas quando há exames fico em dívida.
Fui contratado, três aulas por semana e fui para a escola onde ele ensinava inglês e era ali a sala de aula. Ele não estava interessado em nada, a menos que eu lia um livro em português. O livro foi sobre a vida de Santa Teresa do menino Jesus e foi escrito em Lisboa em 1932 ... Todo mundo sabe que muitas vezes é mais fácil falar espanhol em Portugal do que português para eles entenderem.
A aula durou duas horas e ganhei 50 dólares. Para morar em La Plata, você precisava de 30 dólares por mês. Às vezes eu tinha que ler a mesma página dez vezes. Passei a suspeitar que ele era analista de criptografia por audição e não por escrita dos ideogramas chineses.
Depois de dois meses, onde ele não disse uma palavra e eu repetia a vida de Santa Teresa do Menino Jesus. Ele começou a falar português como gringo, mas com um tom quase perfeito, melhor do que os falantes em espanhol. Me surpreendeu. Ele sabia português melhor que eu. Que tiro foi esse, che. Ele apareceu onde eu morava, uma casa de família, onde eu alugava metade de um quarto compartilhado com um salteño que estudava arquitetura e era "coya" de Tartagal.
Hoje é domingo, o penúltimo antes do Natal, para mim "Natividad". Um colega e ex-amigo me disse "velho" (“vetusto”) desde os três anos minha única avó que conheci me dizia a mesma coisa, mas não apenas convivia comigo como passávamos fome juntos. Aos três anos e dez dias, meu pai morreu e minha mãe voltou para a maternidade. Eu e meu irmão de 40 dias, que passou a ser criado pela avó, enquanto minha mãe voltava à fabricação de tecidos onde começou com 14 anos. Eu era o braço canhoto da avó carregando água e comecei a carregar água para casa por mais de 100 metros, a lata era de um kg de leite em pó do irmão mais novo. Meu tio construiu o quarto para minha mãe com tijolos e todos nós e eu, o ajudamos, carregando uma divisória, parede a parede que ele tirava de uma gaveta para cima dos andaimes; telha a telha e eu até fiz a mistura de areia e cimento. Meu tio disse isso durante toda sua vida quando ele me apresentava.
Em casa, a fome era um problema e, aos cinco anos, comecei a coletar o pó preto (húmus) do lixão próximo e transportá-lo para o pátio, diante de uma lagoa que estava aterrada para à venda, brotava muita água. Minha horta tinha boas chicórias, mas os alfaces eram ruins pelo calor de São Gonçalo e da baixa aeração do solo. Na natividad, minha mãe me deu um livro de Hieronimus van den Bosch, "Max e Moritz", aprendi a ler sozinho.
Meu problema era que os 30 patos do quintal gostavam muito mais de minhas hortaliças. Os patos na água não ficam doentes e buscam sua comida, galinhas não, e não tínhamos como alimentá-las; produzi tomate, mas nunca consegui colher os frutos maduros. Colhíamos pequenos e deixávamos na bandeja de colorir, mesmo ainda pequenos, algumas que conseguimos. Passei dois anos junto com minha mãe e ganhei a sorte grande, sem saber, quando minha tia, irmã de minha mãe, soube que eu ia entrar na escola primária. Fui morar em São Paulo. Bolsista da escola particular de meus primos, o Colégio Batista Brasileiro no bairro Perdizes.
Fiz o primeiro ano em que tive três professores, um de religião, outro de música e canto. Eu quis voltar para a miséria e fome por minha mãe. Voltei a comer o que meu tio conseguia com sua espingarda, ele gostava muito de caçar e o que ele trazia comíamos: jiboia, coruja, tlacuache (gambá), caymán (jacaré), lagarto. Muitas vezes com a primavera trazia algumas rolinhas e até pardais domésticos.
Éramos camponeses deslocados pelo desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial. Com meu tio aprendi a fazer dinheiro com latas velhas, alumínio, cacos de vidro, cobre e até bronze para vender para a sucata e ajudar em casa.
Perdi um ano e mais uma vez minha mãe disse que não estava aguentando e que minha tia me queria com ela. Não pensei duas vezes e atendi. Meu irmão chamava a avó de mãe e a mãe pelo nome. Ensinei a ele o correto tinha o ódio da minha avó e o olhar triste de minha mãe...
Agora entrei no Grupo Escolar Guimarães Frontino, em Santana, uma escola pública que ainda existe e tive minha educação inglesa. Eu era muito bom aluno e ao lado havia uma biblioteca que era meu verdadeiro lar, voltando para casa apenas para comer e dormir. Aos sábados, nos tianguis, carregava sacolas para as senhoras e ganhava para ir à matinês para assistir os filmes. Todo mundo gostava dos índios, mas eu sempre estava do lado dos indígenas... O programa gringo comigo saiu pela culatra.
Fiz o ensino fundamental e minha tia que queria me fazer "filho", sem conseguir, só queria que eu ficasse e voltei para minha mãe. Não parei de estudar, fiz um exame de admissão no ensino médio com 1200 pessoas, todos com mais de 21 anos e passei em quarto lugar... Passei a estudar à noite para trabalhar durante o dia.
No entorno havia se degradado socialmente e a violência era assustadora. Em poucas semanas, eu sabia distinguir o som de um tiro de parabellum, de uma derringer (arma curta) ou revólver magnum. Em um ano, vi mais de 30 assassinatos, era a época do Esquadrão da Morte, do treinamento da ditadura ... na periferia.
Graças ao Sindicato de minha mãe fui trabalhar no Departamento Comercial da República Popular da Bulgária na rua México, no Rio de Janeiro. Em 1963, retornei para São Paulo, pois meu primo em uma visita ao Rio de Janeiro percebeu que eu estava mais para o alvo do Esquadrão da Morte... Vi o golpe militar na perspectiva do Rio de Janeiro e o senti em São Paulo, onde fiz entregas dos “Novos Rumos” que o departamento comprava vinte assinaturas e eu distribuía, desde o Edifício Triângulo na Rua José Bonifácio, 24 em São Paulo.
Com o golpe militar, fui estudar em um colégio interno, livre da avó, tia, mas sem informações sobre o país. Levei meu irmão que não havia estudado e fiz o curso de tratorista. Fiz todo o curso e conheci a famosa faculdade de agricultura em Piracicaba. Sabia que aquilo não era para os pobres, ainda mais com a lei do Boi, que reservava lugares para os filhos dos proprietários de terras. As outras eram mais do mesmo e eu já não era mais trigo limpo. Deixei o país e fui para a Argentina.
Fiz o curso de ingresso e passei entre os melhores, com mais de 800 alunos. Para viver, vendia jornais nas ruas à tarde e à noite. Autônomo, ganhava em uma semana o que minha mãe ganhava em um mês... Não me falem do Brasil, eu o conheço. Fui enganado e repatriado sem o saber pela inteligência do MRE (Itamaraty), mas como gato retornei à casa em La Plata e hoje poderia estar morto pelos facínoras.
Em 1969, parei de vender jornais todos os dias e fui vender às sextas e domingos no Hipódromo de La Plata, onde eu tinha entrada livre... Ganhava um pouco menos, mas pude estudar muitíssimo mais.
Tudo isso é a introdução, pois o que está chegando agora é difícil, pesado e triste. O cônsul honorário brasileiro em La Plata, que vivia com tarifas de trigo argentino embarcado para o Brasil, me apresentou a um médico veterinário Alexander Robertis, major do exército britânico pesquisador militar de armas biológicas (carbúnculos hemáticos e sintomático) na Segunda Guerra Mundial. Esse senhor me falou de um cidadão norte-americano interessado em aprender português. Eu era o único estudante brasileiro em La Plata. Ele alertou: “Ele é um especialista em criptografia chinesa na Mariner, na Coreia. É um daqueles norte-americanos que vive o mundo a serviço de seu país.” Ensinar português, como em uma sala de aula, equivalia a ganhar dinheiro de um mês. Fui procurar o gringo em uma escola de idiomas. Vi seu diploma na parede e seus quadros de U.S. Mariner era oficial, John Russel Spann.
O gringo se apresentou, junto ao lado dele estava um jovem estudante argentino de humanas, devido ao corte de cabelo e à maneira de olhar e falar me pareceu ser “tacuara” a associação nazista-fascista argentina, antissemita e xenofóbica. O gringo fez uma pergunta, você é católico? Sim, sou. É praticante? Sim, sou. Sua igreja? Vou aos Palotinos (San Vicente de Paul) aos domingos, mas quando há exames fico em dívida.
Fui contratado, três aulas por semana e fui para a escola onde ele ensinava inglês e era ali a sala de aula. Ele não estava interessado em nada, a menos que eu lia um livro em português. O livro foi sobre a vida de Santa Teresa do menino Jesus e foi escrito em Lisboa em 1932 ... Todo mundo sabe que muitas vezes é mais fácil falar espanhol em Portugal do que português para eles entenderem.
A aula durou duas horas e ganhei 50 dólares. Para morar em La Plata, você precisava de 30 dólares por mês. Às vezes eu tinha que ler a mesma página dez vezes. Passei a suspeitar que ele era analista de criptografia por audição e não por escrita dos ideogramas chineses.
Depois de dois meses, onde ele não disse uma palavra e eu repetia a vida de Santa Teresa do Menino Jesus. Ele começou a falar português como gringo, mas com um tom quase perfeito, melhor do que os falantes em espanhol. Me surpreendeu. Ele sabia português melhor que eu. Que tiro foi esse, che. Ele apareceu onde eu morava, uma casa de família, onde eu alugava metade de um quarto compartilhado com um salteño que estudava arquitetura e era "coya" de Tartagal.
O gringo me trouxe um convite para participar do congresso de jovens da "Sociedade de Defesa da
Tradição, Família e Propriedade" em Buenos Aires, que começaria na semana seguinte. Minha resposta era
fácil: não tenho tempo, nem dinheiro para ir ... Ele tirou do bolso o equivalente
em dólares a 8 aulas (400 dólares).
Não sabia o que era TFP, não havia como recusar. Significava voltar aos berros diários, Jornal, O dia, Crônica, Razão e Gazeta, diariamente no Hipódromo, das 14:00 às 00:00, todas as sextas e domingos. Minha estratégia era ir sem levar as roupas e bolsas solicitadas, pois ficaríamos confinados por cinco dias com comida, cama e sem despesas. Cheguei à Av. Figueroa Alcorta 3260 - 1425 - Buenos Aires, um castelo medieval ao lado da embaixada da Espanha.
Entrei, havia estudantes de toda a América Latina, até cubanos de Miami. O chefe era um argentino, da Universidade de Salvador de Buenos Aires (particular), que fez doutorado em História, tinha uma perna mais curta e usava uma bengala com um bastão de prata de mais ou menos de uma libra e pertencia a uma família milionária (B.V.) Ele me perguntou: “muitos comunistas e revolucionários em La Plata. Como você aguenta?” - Para os soberbos argentinos, a resposta deve ser clara: eu vendo jornais para pagar meus estudos, e levo muito tempo para estudar.
Nos levaram a um salão, falei com um suposto peruano que ficou irritado quando perguntei a ele se falava quechua; fiz o mesmo com um boliviano, pois “frágil”, ele quase desmaiou e se afastou quando eu inteirei se ele falava aimara. Havia 2 brasileiros, mas eram adultos. Um nasceu na França e ali se criou, descendente da família real. O outro nascido na Etiópia, filhos de italianos, a quem corrigi, à Abissínia. Ele se espantou, conhece lá? Eu disse a ele que conhecia a música "Fascetta nera" dos soldados italianos. Ele ficou com bons olhos e ouvidos para mim.
Entramos em uma sala e a apresentação dos slides era de um território na Patagônia, perto do rio Azul ou Branco, nas florestas andinas da Patagônia. Todos os jovens estavam vestidos com roupas muito parecidas com o exército norueguês porque era de cor chocolate escuro. Eram acampamentos que não eram "escoteiros" ou em férias escolares, estavam sujos de mais e exaustos. Aquilo era outra coisa.
Um grande homem se aproximou com um problema sério na coluna: - Eu sou o Sr. Kruger. Por causa de suas dificuldades em andar, tive a audácia de perguntar. Desculpe, são consequências de acidente ou da guerra? - Estávamos recolhendo assinaturas contra o aborto aqui perto e os revolucionários vieram e nos refugiamos aqui no castelo. Por fim, entrei e fiz a alavanca com meu corpo, as mãos e nos pés a 45 graus na porta. Eles deram seis tiros de Ballester Molina (9 milímetros) que atravessaram a porta e alojaram um na minha vértebra. Olhando para o céu com as mãos, ele disse que todos rezaram por nove dias para me salvar. Eu passei na frente dele, sabia o que era entrada e saída de uma bala de nove milímetros, pior ainda depois de passar por uma porta de carvalho com cinco centímetros de espessura. Onde eu vim para amarrar meu burrito?
Tocou a campainha e a sala se transformou em um teatro sem que eu percebesse (foto acima). Todos se sentaram e começaram a peça de Plínio Correa de Oliveira, "O que está acontecendo hoje em Cuba". Primeiro ato, uma família de fazendeiros discute possíveis problemas sobre a Revolução. Segundo ato, o rádio traz diretrizes sobre o iate (yacht) que não pode ir a mais de 1,6 km da costa e o protesto do filho mais velho que discute com o pai e a mãe a liberdade de ir e vir na presença da criança do ensino fundamental.
O terceiro ato, no rádio, anunciam um comunicado do comandante Che Guevara e o velho manda desligar o rádio, porque não quer ouvir o idiota. Uma dica espreita na porta e um grupo de homens barbudos entra com seus charutos e dão duas, três rajadas de metralhadora e AK-47 e levam todos presos exceto a criança... Último ato: A criança em lágrimas surge e pede ao público: Não desejem que isso aconteça na Argentina. E todos batem palmas freneticamente, é claro que favelados não são idiotas, eu também estava batendo palmas e olhando para a porta. John Spann veio, feliz como pinto em merda quente, e perguntou, você gostou? - Muito original. E saiu contente. E eu pensei, sem família, sem moeda, sem aonde cair morto. Que merda é essa. Houve um coquetel por mais de duas horas e todos foram para os quartos. Eu não pude não havia levado minhas roupas. Voltei para La Plata no último trem. Na saída, fiquei com tanto medo que o guarda da Polícia Federal da Embaixada da Espanha disse: Eu escuto os tiros. Rindo disse que todo fim de semana é assim, você se acostuma.
Um mês após o incidente, recebi uma visita de John Spann, que não queria o dinheiro de volta, pois queria continuar com as aulas. Entendi, eles precisavam de um estudante brasileiro para colocar uma bandeira naquela merda. Mas sua missão era outra no Brasil. Paguei as 8 aulas avançadas e ganhei uns três meses mais, depois soube que ele estava indo para São Paulo. Sede Mundial da TFP, um dos órgãos que construiu a radicalização do processo ditatorial no Brasil. Qual é a participação deles nisso? Não duvido que seja algo muito diferente da fé.
Não sabia o que era TFP, não havia como recusar. Significava voltar aos berros diários, Jornal, O dia, Crônica, Razão e Gazeta, diariamente no Hipódromo, das 14:00 às 00:00, todas as sextas e domingos. Minha estratégia era ir sem levar as roupas e bolsas solicitadas, pois ficaríamos confinados por cinco dias com comida, cama e sem despesas. Cheguei à Av. Figueroa Alcorta 3260 - 1425 - Buenos Aires, um castelo medieval ao lado da embaixada da Espanha.
Entrei, havia estudantes de toda a América Latina, até cubanos de Miami. O chefe era um argentino, da Universidade de Salvador de Buenos Aires (particular), que fez doutorado em História, tinha uma perna mais curta e usava uma bengala com um bastão de prata de mais ou menos de uma libra e pertencia a uma família milionária (B.V.) Ele me perguntou: “muitos comunistas e revolucionários em La Plata. Como você aguenta?” - Para os soberbos argentinos, a resposta deve ser clara: eu vendo jornais para pagar meus estudos, e levo muito tempo para estudar.
Nos levaram a um salão, falei com um suposto peruano que ficou irritado quando perguntei a ele se falava quechua; fiz o mesmo com um boliviano, pois “frágil”, ele quase desmaiou e se afastou quando eu inteirei se ele falava aimara. Havia 2 brasileiros, mas eram adultos. Um nasceu na França e ali se criou, descendente da família real. O outro nascido na Etiópia, filhos de italianos, a quem corrigi, à Abissínia. Ele se espantou, conhece lá? Eu disse a ele que conhecia a música "Fascetta nera" dos soldados italianos. Ele ficou com bons olhos e ouvidos para mim.
Entramos em uma sala e a apresentação dos slides era de um território na Patagônia, perto do rio Azul ou Branco, nas florestas andinas da Patagônia. Todos os jovens estavam vestidos com roupas muito parecidas com o exército norueguês porque era de cor chocolate escuro. Eram acampamentos que não eram "escoteiros" ou em férias escolares, estavam sujos de mais e exaustos. Aquilo era outra coisa.
Um grande homem se aproximou com um problema sério na coluna: - Eu sou o Sr. Kruger. Por causa de suas dificuldades em andar, tive a audácia de perguntar. Desculpe, são consequências de acidente ou da guerra? - Estávamos recolhendo assinaturas contra o aborto aqui perto e os revolucionários vieram e nos refugiamos aqui no castelo. Por fim, entrei e fiz a alavanca com meu corpo, as mãos e nos pés a 45 graus na porta. Eles deram seis tiros de Ballester Molina (9 milímetros) que atravessaram a porta e alojaram um na minha vértebra. Olhando para o céu com as mãos, ele disse que todos rezaram por nove dias para me salvar. Eu passei na frente dele, sabia o que era entrada e saída de uma bala de nove milímetros, pior ainda depois de passar por uma porta de carvalho com cinco centímetros de espessura. Onde eu vim para amarrar meu burrito?
Tocou a campainha e a sala se transformou em um teatro sem que eu percebesse (foto acima). Todos se sentaram e começaram a peça de Plínio Correa de Oliveira, "O que está acontecendo hoje em Cuba". Primeiro ato, uma família de fazendeiros discute possíveis problemas sobre a Revolução. Segundo ato, o rádio traz diretrizes sobre o iate (yacht) que não pode ir a mais de 1,6 km da costa e o protesto do filho mais velho que discute com o pai e a mãe a liberdade de ir e vir na presença da criança do ensino fundamental.
O terceiro ato, no rádio, anunciam um comunicado do comandante Che Guevara e o velho manda desligar o rádio, porque não quer ouvir o idiota. Uma dica espreita na porta e um grupo de homens barbudos entra com seus charutos e dão duas, três rajadas de metralhadora e AK-47 e levam todos presos exceto a criança... Último ato: A criança em lágrimas surge e pede ao público: Não desejem que isso aconteça na Argentina. E todos batem palmas freneticamente, é claro que favelados não são idiotas, eu também estava batendo palmas e olhando para a porta. John Spann veio, feliz como pinto em merda quente, e perguntou, você gostou? - Muito original. E saiu contente. E eu pensei, sem família, sem moeda, sem aonde cair morto. Que merda é essa. Houve um coquetel por mais de duas horas e todos foram para os quartos. Eu não pude não havia levado minhas roupas. Voltei para La Plata no último trem. Na saída, fiquei com tanto medo que o guarda da Polícia Federal da Embaixada da Espanha disse: Eu escuto os tiros. Rindo disse que todo fim de semana é assim, você se acostuma.
Um mês após o incidente, recebi uma visita de John Spann, que não queria o dinheiro de volta, pois queria continuar com as aulas. Entendi, eles precisavam de um estudante brasileiro para colocar uma bandeira naquela merda. Mas sua missão era outra no Brasil. Paguei as 8 aulas avançadas e ganhei uns três meses mais, depois soube que ele estava indo para São Paulo. Sede Mundial da TFP, um dos órgãos que construiu a radicalização do processo ditatorial no Brasil. Qual é a participação deles nisso? Não duvido que seja algo muito diferente da fé.
John Russel Spann posteriormente fundou a TFP nos
EEUU (foto) e foi seu presidente por um longo tempo. Ele morreu
em 28 de julho de 2019, espero que possa encontrar-se com a Dra. Marie
Françoise-Térèse Martin da ordem das Carmelitas Descalças, canonizada como Santa
(foto). Eu prometi vomitar isto somente 50 anos depois. Nem a necessidade
econômica, nem a ingenuidade ou a ignorância justificam correr aqueles riscos
éticos e morais.
As Torres Gêmeas da foto caíram sobre
eles com o grito das gargantas famintas do povo, mais fortes que as
de Jericó, que derrubaram outro poder. Os pastores do "Pare de Sofrer" estão expulsos da Rússia e
Angola e começarão a ser restringidos em outros países por lavagem de dinheiro
"e outros". A fé é uma virtude do amor, não um negócio corrupto. Aqui
o Deputado pastor estuprador foi expulso do partido. Perderá o mandato?
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"no artigo 5º, inciso IV da Carta da República: 'é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato'."