“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.”
Paulo Freire
24 de março
Por Sebastião Pinheiro
A situação pandêmica não nos nivela a todos, mas é
uma oportunidade genuína de vermos nossa cara na cara dos outros. Será que
finalmente consegui entender a metáfora de oferecer o outro lado da cara depois
da bofetada...?
Não desejo abordar o trivial por causa da
polarização entre as “flores de laranjeiras” perfumadas e os das "bílis
nauseantes". Ontem tive o privilégio de assistir o venerável Prof. Dr. A. Fauci, consultor científico dos presidentes desde Reagan até o atual.
Ele é um especialista em infectologia. Como cientista, ele tem consciência de quem
é e do que faz, razão pela qual se consolidou desde 1984 na Casa Branca.
O presidente Trump nada mais é do que outro
"fissurado por Gardenal", como o nosso, mas com uma assessoria de
primeira linha mundial. Trump tenta impor sua opinião sobre o consultor, mas não
consegue e sabe que se não o respeitar, perde, e a cidadania cobra, e como
cobra, por ser uma marca de caráter e isso não se passa entre nós, também por
marca de caráter (personagem). O exemplo é o ministro da saúde obrigado a ficar
calado diante do chefe e do almirante (médico) da ANVISA a submeter-se ao
"ex-capitão"..., da mesma forma como o repórter se submete ao Datena,
Huck, Silvio Santos, Ratinho et allii nas rádios, TVs e não-cidadãos dia a dia.
Há confusão entre os do "Show
Business": Madero, Havan, Justus, Malafaia, Pastor RRSoares, Edir
Macedo ou O. de Carvalho que são farinha da mesma sacola de Bolsonaro e seu
pessoal espelho, confundindo seus negócios com a administração pública.
Grosseiramente, poderia dizer que eles são
analfabetos ou desumanos, mas o mais fácil é esclarecer o que são: "gestio
rei publicae", senhor presidente, ministros e empresários: "Considerando que o
termo gestão provém de gestio, que, por sua vez, provém de gerere
(traga em si mesmo, produza), fica claro que a administração não é apenas o ato
de administrar um bem de si mesmo (outros), mas é algo que vem com ele, porque
está contido nele. E o conteúdo desse ativo é a capacidade de participar, um
importante sinal de democracia. Somente aqui está a administração de um serviço
público, que (re) duplica seu caráter público (re/público)”, isto foi ensinado em Harvard por dois brasileiros,
um exilado (Paulo Freire) e o outro sequestrado, torturado e morto na
ditadura militares (Anísio Teixeira).
Olhe, esse pensamento é hegemônico na sociedade
brasileira, mesmo entre os que agora são oponentes ou contraditórios ou
orgulhosos opositores; pior, não esperem que a peste mude esse comportamento...
Em uma greve por vitórias foi colocado nas paredes
de uma universidade - “Entre que a Casa é Sua”, buscando apoio no povo. Uma senhora no cargo mais
importante da Universidade falou contra as cotas étnicas, que ameaçavam perder
qualidade e excelência...
A peste do vírus será superada, mas as outras
quando começarem a ser tratadas pela educação através do sujeito "gestio
rei publicae".
***
Colegas
e amigos argentinos usarão essa imagem para marcar a força das vítimas ausentes
da ditadura militar 40 anos depois. Um jornal de Porto Alegre quase entende que
dois resultados da análise de covid-19 são sonegados. Isso não é anormal por
razões de Estado, no entanto, o comportamento de Sua Excelência em relação à
população é um grave crime de saúde.
A
história não esquece ou perdoa os sem caráter: - "A calamidade veio sobre
vocês, meus irmãos, e meus irmãos vocês a merecem." A Praga, Albert Camus,
1947.
***
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