19 de março
Por Sebastião
Pinheiro
Sinto
nostalgia e não sei se é uma premonição diante da peste. Um amigo me alertou
sobre Albert Camus, um estudioso do tema. Bem, é possível que ele
estivesse perdendo parte de seu coração "pied noir", mas a liberdade
pertence a todos e não a um. Cuidado, as conquistas nunca são pessoais, elas
também pertencem a todos no mundo e isto é uma visão política, ideológica e
moral...
Todo
processo de dominação é agradável em seu início. A coisa mais absurda em 1964
foi o fanatismo acompanhado pelo "laissez-faire" na educação. Era uma
época muito estranha quando semianalfabetos citaram Piaget ou Kirpatrick,
enquanto era ignorados o "energúmeno" Paulo Freire e o sequestrado
e assassinado Anísio Teixeira ambos professores em Harvard...
Eu assisti, como paraninfo
em colação de grau em universidade pública com um desenho raro na disposição dos
professores e alunos formando. Professores dispostos na lateral ao público e os
estudantes na lateral a eles, mas frente ao povo e cada um selecionava uma
música de sua satisfação. Individualismo coroando o laissez-faire...
Agora, neste
ano, um estudante de Ciências Políticas e Relações Internacionais resolveu
ouvir sua música "funk", levantar a toga usando apenas calças
femininas e com salto altíssimo requebrar-se indecentemente em total
desrespeito ao presídio e ao povo. A escola é pública, no entanto, apenas reservada
até muito recentemente para a elite.
A nostalgia
vem de outra época, de exames orais com várias reuniões de professores. Após o
sorteio das duas bolas, ele passava um quarto de hora na "capela"
para ordenar sua apresentação e responder a perguntas, inimagináveis devido à
sua complexidade. Era a coroação de seu aprendizado sobre a matéria, depois de
todo os trabalhos práticos, teóricos-práticos e seminários. Cada exame poderia
levar mais de uma hora.
Não adiantava saber,
e sim como explicar o que sabias, diante de todas as barreiras interpostas pela
mesa, repito até dez professores. Era um dia solene para a vida...
Lembro-me
dessas coisas por causa da pandemia global, onde todos parecem ser artistas,
não como excesso da toga, mas também com as máscaras no rosto, como em
auditório de programas dominicais na infeliz televisão aberta nacional. (a
TV acha que não existe seres inteligentes na terra, pelo menos a TV brasileira,
Oliver...)
Na prova
oral, você tem alguns segundos para ler a intenção do professor em sua
pergunta, sempre com múltiplos sentidos e contesta no primeiro, deixando
deixando no gatilho o segundo e o terceiro para a réplica e tréplica. Você
tinha um ano para aprender todas suas manhas (truques) e estratégias, e agora
eras o toureiro desenvolvendo de forma sistêmica o uso de todos os livros e
artigos lidos, mais de oito vezes cada um e com opinião formada. 15 meses
e o presidente não aprendeu nada.
Em cada disciplina
aprovada, você estaria mais preparado para enfrentar a mais desgraçada pandemia
ou tsunami de qualquer curso fora de tua área específica, mesmo diametralmente
oposta à tua formação profissional.
A preparação não era para o
mercado, pois o trabalho é o óbvio, mas para a Sociedade de maneira integral,
onde os valores éticos, morais e cívicos eram basilares, aplicados e defendidos
em qualquer ambiente, circunstância ou emergência.
Não vi isso e
dez ministros de estado estavam presentes e o presidente da república com 15 meses
de governo repito. Desculpe, mas senti vergonha. Por tanta inépcia. Hoje vejo
que a empresa proprietária do Ibuprofeno veio defender seus negócios o
consumindo do produto e o laissez-faire não é um privilégio nacional mas ordem
mundial. Já deve ser usado, porque o resultado é menos importante que o negócio
feito.
Uma renomada revista científica reúne quatro cientistas que concordam que o vírus não foi manipulado.
Sim, seria ingenuidade manipulá-lo grosseiramente do ponto de vista do
genótipo, mas fenotipicamente é muito mais difícil comprovar isso e os chineses
afirmam que já existiam casos nos EE.UU em junho de 2019 que não foram denunciados.
O estranho é que o Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat (Begin-Sadat Center for Strategic
Studies) já em outubro
denunciou e logo outro instituto indiano o ampliou... O que os chineses fizeram
foi algo que agora sabemos. Será que no laissez-faire daqueles que “copiam” ou
fazem testes cruzados nos exames, podem entender isso?
Quando os
italianos afirmam que aqueles com mais de 80 anos são abandonados à própria
sorte, porque não serão tratados, é a realidade do nosso dia a dia... e não é
por culpa pessoal, mas por imposição emergencial.
Quando Christine
Lagarde, vitoriosa, diz que os anciãos estão vivendo muito ou que os
pastores e seus bispos estão preocupados com o fechamento dos templos de arrecadação.
Eu, que assisto todos os dias na TV publica programas de duas horas em cinco
canais entre 21:00h e 22:00h e mais pessoas paralíticas andando, entrevados
movendo-se e o pastor sem pudor exigindo dinheiro explicitamente para os fiéis
ou paroquianos. Penso, respeitosamente, como me obriga a Constituição Nacional e
a Agenda 21 das Nações Unidas. Não seria o caso de abrir todos os templos e
convocar a todos os contaminados pelo coronavírus para comparecerem aos templos
e receber a graça de serem curados por esses pastores, que estão no congresso
nacional, ou fora dele como os bispos...
Mesmo
condenado à morte pela pandemia, sente-se forte e com poderes para dizer sem
medo que a rebelião não é genótipo, é mais do que fenótipo ou epigenética. É
espírito e, como tal, é eterno mais além e canalhice que vemos em toda parte na
Sociedade.
Quando os
usuários souberem isolar o lixo que há nas redes sociais, ela será uma escola
de transformação ética e moral, e não o laissez-faire da ignorância, vaidade e
cretinismo, mais além da peste. Obrigado Carrel, 1912, Medicina ("O
homem este desconhecido" e "Reflexões sobre a conduta da Vida")
et Camus, 1957, Literatura, com a Peste e o Primeiro Homem.
Na prova
oral, aprende-se que quem sabe não tem medo de nada, nem de ninguém. Carpe
diem.
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