"Perdemos
a estruturação hierárquica da matilha (rebanho). Os lideres são um mal exemplo
de políticos imbecis, sacerdotes fanáticos e principalmente investidores e
banqueiros corruptos que geram medo, ódio para aumentar seus “poderes” e
fortunas. A propaganda e publicidade nos fazem ver isso mas não vemos o dano da
miséria, da devastação da Natureza e menos ainda o genocídio com agrotóxicos
para o bem estar e sunsidiar tudo isso. Para mudar somente com amor, alteridade
e humildade ultrassocial camponesa."
- Sebastião Pinheiro - 08/01/2020
09
de janeiro
Do Jaboti
O
periodista Federico Pieraccini publicou em inglês e eu sem
autorização fiz uma rápida tradução. “Dias depois do assassinato do general Qasem
Soleimani, um discurso pronunciado pelo primeiro ministro iraquiano vem
à luz nova informação e importante. A história detrás do assassinato de
Soleimani parece ser muito mais profunda do que se tem informado até agora,
envolvendo a Arábia Saudita e China, assim como o papel do dólar estadunidense
como a moeda de reserva global.
O
primeiro ministro iraquiano, Adil Absul-Mahdi, revelou detalhes
de suas interações com Trump nas semanas prévias ao assassinato de Soleimani em
um discurso ante o parlamento iraquiano. Tratou de explicar várias vezes na
televisão ao vivo como Washington o estava intimidando, a ele e a outros
membros do parlamento iraquiano para seguir a linha estadunidenses, até
ameaçando em participar em disparos de franco-atiradores de bandeira falsa
contra manifestantes e o pessoal de segurança para inflamar a situação,
recordando um modus operandi similar visto em O Cairo em 2009, Líbia em
2011 e Maidan em 2014. O propósito de tal cinismos era jogar o Iraque ao caos.
Aqui
está a reconstrução da história:
[Presidente do Conselho
de Representantes do Iraque] Halbousi assistiu a sessão
parlamentar enquanto quase nenhum dos membros sunitas o fez. Isto porque os americanos
haviam aprendido que Abdul-Mehdi planejava revelar segredos sensíveis
na sessão e enviaram a Halbousi para evitar isso. Halbousi interrompeu Abdul-Mehdi
ao começo de seu discurso e logo pediu que se detivesse a transmissão ao vivo
da seção. Depois disto, Halbousi junto com outros membros, sentou-se junto a Abdul-Mehdi,
falando abertamente com ele, mas sem ser gravado. Isto é o que se discutiu
nessa seção que não foi transmitida:
Abdul-Mehdi
falou zangado sobre como os estadunidenses haviam arruinado o país e agora se
negavam a completar projetos de infraestruturas e rede elétrica, a menos que
tenham sido prometidos a 50% das receitas de petróleo, o que Abdul-Mehdi
rejeitou.
As
palavras completas (traduzidas) do discurso de Abdul-Mahdi ao parlamento:
Foi por isso que visitei a China e firmei um importante acordo com eles
para empreender a construção. Em meu retorno, Trump me ligou para pedir que eu
rejeitasse esse acordo. Quando recusei, ameaçou desencadear grandes
manifestações contra mim que acabariam com minha posição de primeiro-ministro.
Grandes manifestações contra mim se materializaram devidamente e Trump voltou
a telefonar para me ameaçar que, se não cumprisse suas exigências, teria franco-atiradores
marinhos em prédios altos contra manifestantes e pessoal de segurança para me
pressionar.
Neguei novamente e
entreguei minha renúncia. Até o dia de hoje, os estadunidenses insistem em que rescindamos
nosso trato com os chineses.
Depois disso, quando nosso Ministro da Defesa declarou publicamente que um
terceiro estava atacando tanto aos manifestantes como o pessoal de segurança
por igual (assim como Trump ameaçara fazê-lo), recebi uma nova ligação de Trump
ameaçando me matar e também o Ministro da Defesa, se continuarmos falando sobre
esse "terceiro".
Nada se imaginou que a
ameaça se aplicaria ao general Soleimani mas foi difícil para o primeiro
ministro Adil Abdul-Mahdi revelar a história de fundo, uma semana atrás do
ataque terrorista.
Se atribuía que me
encontraria com ele [Soleimani] mas tarde na manhã quando foi assassinado. Ele
veio a entregar uma mensagem do Irã em resposta a mensagem que havíamos lhe
enviado aos iranianos dos sauditas.
Podemos supor, a julgar pela reação da Arábia Saudita,
que estava se levando a cabo algum tipo negociação entre Teerã e Riad:
A declaração do Reino sobre os eventos no Iraque enfatiza a visão do Reino
da importância da redução de escala para salvar os países da região e a seu
povo dos riscos de qualquer escalada.
Especialmente,
a família real saudita queria que as pessoas sabiam de imediato que não haviam
sido informadas da operação dos Estado Unidos:
O reino da Arábia Saudita não foi consultado sobre o ataque dos estadunidenses.
À luz dos rápidos desenvolvimentos, o Reino enfatiza a importância de exercer
moderação para proteger contra todos os atos que podem levar à uma escalada,
com sérias consequências.
E, para enfatizar sua relutância na guerra, Mohammad bin Salman
enviou uma delegação aos Estados Unidos. Liz Sly, chefe do
escritório do Washington Post em Beirute, twittou:
A Arábia Saudita está enviando uma delegação a Washington para pedir
moderação com o Irã em nome dos países do Golfo Pérsico. A mensagem será: "Perdoe-nos
a dor de passar por outra guerra".
O que surge claramente é que o sucesso da operação contra Soleimani não
teve nada a ver com a compilação de inteligência dos Estados Unidos ou Israel.
Todos sabiam que Soleimani estava indo para Bagdá em uma capacidade diplomática
que reconhecia os esforços do Iraque para mediar uma solução para a crise
regional com a Arábia Saudita.
Parecia que os sauditas, iranianos e iraquianos estavam a caminho de evitar
um conflito regional envolvendo a Síria, o Iraque e o Iêmen. A reação de Riad à
greve americana não mostrou alegria nem celebração pública. O Catar (Qtar),
apesar de não concordar com Riad em muitos assuntos, também expressou
imediatamente sua solidariedade com Teerã, organizando uma reunião de alto
nível do governo com Mohammad Zarif
Jarif, ministro das Relações
Exteriores iraniano. Incluindo a Turquia e o Egito, ao comentar sobre o
assassinato, usaram linguagem moderadora.
Isso pode refletir o medo de estar no lado receptor das represálias do Irã.
Catar, o país onde decolou o avião não tripulado que matou Soleimani, fica a
poucos passos do Irã, localizado do outro lado do Estreito de Ormuz. Riad e Tel
Aviv, os inimigos regionais de Teerã, sabem que um conflito militar com o Irã
significaria o fim da família real saudita.
Quando as palavras do primeiro-ministro iraquiano estão ligadas aos acordos
geopolíticos e energéticos da região, começa a surgir a preocupante imagem de
um ataque desesperado dos EE.UU contra um mundo que dá as costas a uma ordem
mundial unipolar em favor da emergência multipolar sobre o qual escrevi durante
muito tempo.
Os Estados Unidos, que agora se considera, por ele mesmo, um exportador
líquidos de energia como resultado da revolução do petróleo de xisto betuminoso
(em que o júri ainda está ausente), já não necessita importar petróleo do
Oriente Médio. No entanto, isso não significa que agora o petróleo possa ser
negociado em qualquer moeda que não seja o dólar americano.
O petrodólar é o que garante que o dólar estadunidenses conserve (retenha)
seus status (sua condição) de moeda de reserva global, concedendo aos Estados
Unidos uma posição monopolista da qual obtém enormes benefícios ao desempenhar
o papel de hegemonia regional.
Essa posição privilegiada de manutenção da moeda de reserva global também
garante que os EE.UU possam facilmente financiar sua máquina de guerra em
virtude do fato de que grande parte do mundo está obrigado a comprar seus
títulos do tesouro que simplesmente pode conjurar do nada. Ameaçar esse cômodo acordo
é ameaçar o poder global de Washington.
Mesmo assim, a tendência geopolítica e econômica é inexoravelmente rumo a
uma ordem mundial multipolar, com a China desempenhando cada vez mais um papel
de liderança, especialmente no Oriente Médio e na América do Sul. Venezuela,
Rússia, Irã, Iraque, Catar e Arábia Saudita juntos formam a esmagadora maioria
das reservas de petróleo e gás do mundo. Os três primeiros têm um alto
relacionamento com Pequim e estão muito no campo multipolar, algo que a China e
a Rússia querem consolidar ainda mais para garantir o crescimento futuro do
supercontinente da Eurásia sem guerra nem conflito.
A Arábia Saudita, por outro lado, é pró-americana, mas pode gravitar em
direção ao campo china-russo, tanto militarmente como em termos de energia. O
mesmo processo está acontecendo com o Iraque e o Catar, graças aos muitos erros
estratégicos de Washington na região, a partir do Iraque em 2003, da Líbia em
2011 e da Síria e do Iêmen nos últimos anos.
O acordo entre o Iraque e a China é um excelente exemplo de como Pequim
pretende usar a troika Iraque-Irã-Síria para reviver o Oriente Médio e
vinculá-la com à Iniciativa da Faixa e a Estrada da China.
Embora Doha e Riyadh sejam os primeiros em sofrer economicamente um acordo financeiro
deste tipo, o poder econômico de Pequim é tal que, com sua abordagem de
benefício mutuo, há espaço para todos.
A Arábia Saudita fornece à China a maior parte de seu petróleo e o Catar,
juntamente com a Federação Russa, abasteem à China com a maioria de suas
necessidades de GNL, o que se alinha à visão de Xi Jinping de 2030, que visa
reduzir em grande medida as emissões contaminates.
Estados Unidos está
ausente nesta imagem, com pouca capacidade para influenciar nos eventos e
oferecer alternativas econômicas atrativas.
Washington gostaria de evitar qualquer integração euroasiática,
desencadeando o caos e a destruição na região, e matar Soleimani serviu a esse
propósito. Os Estados Unidos não podem contemplar a idéia de que o dólar perde
seu status como moeda de reserva global. Trump está participando de uma aposta
desesperada que pode ter consequências desastrosas.
A região, no pior dos casos, poderia estar enrolada em uma guerra
devastadora envolvendo vários países. As refinarias de petróleo podem ser
destruídas em toda a região, um quarto do trânsito mundial de petróleo poderia
ser bloqueado, os preços do petróleo disparariam (US $ 200 a US $ 300 por
barril) e dezenas de países mergulham em uma crise financeira global. A culpa
seria colocada diretamente aos pés de Trump, pondo fim a suas chances de
reeleição.
Para tentar manter todos on-line, Washington deve recorrer ao terrorismo, as
mentiras e as ameaças não especificadas de destruição de visitas a amigos e
inimigos por igual.
Obviamente, alguém tem convencido a Trump de que os Estados Unidos pode
prescindir do Oriente Médio, que pode prescindir dos aliados na região e que nada
se atreveria a vender petróleo em nenhuma outra moeda que não seja o dólar
americano.
A morte de Soleimani é o resultado de uma convergência de interesses
americanos e israelenses. Sem outra maneira de impedir a integração da Eurásia,
Washington só pode levar a região ao caos, visando países como Irã, Iraque e
Síria, que são centrais no projeto da Eurásia. Embora Israel nunca tenha tido a
capacidade ou a audácia de levar a cabo este assassinato, por eles mesmos, a
importância do lobby de Israel para o sucesso eleitoral de Trump teria
influenciado em sua decisão, especialmente em um ano eleitoral.
Trump acreditava que seu ataque com drones poderia resolver todos os seus
problemas, assustando seus oponentes, ganhando o apoio de seus eleitores
(equiparando o assassinato de Soleimani ao de Osama bin Laden) e enviando uma
advertência aos países árabes sobre os perigos de aprofundar seus interesses
com a China.
O assassinato de Soleimani é que os Estados Unidos arremete contra sua
constante perda de influência na região. A tentativa iraquiana de mediar uma
paz duradoura entre o Irã e a Arábia Saudita foi frustrada pela determinação
dos Estados Unidos e Israel de evitar a paz na região e, em vez disso, aumentar
o caos e a instabilidade.
Washington não alcançou seu status hegemônico através de uma preferência
por diplomacia e diálogo tranquilo, e Trump não tem intenção de se afastar
dessa abordagem.
Tanto os amigos quanto os inimigos de Washington devem reconhecer essa
realidade e implementar as contramedidas necessárias para conter a loucura””””.
Não pude deixar de lembrar o incidente
na plataforma P-48 da petrobras na época de Petrobrax, Lubrax e charamuscas e
pichuleos...
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