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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

“A queda do império americano"

"Perdemos a estruturação hierárquica da matilha (rebanho). Os lideres são um mal exemplo de políticos imbecis, sacerdotes fanáticos e principalmente investidores e banqueiros corruptos que geram medo, ódio para aumentar seus “poderes” e fortunas. A propaganda e publicidade nos fazem ver isso mas não vemos o dano da miséria, da devastação da Natureza e menos ainda o genocídio com agrotóxicos para o bem estar e sunsidiar tudo isso. Para mudar somente com amor, alteridade e humildade ultrassocial camponesa."

- Sebastião Pinheiro - 08/01/2020
 


09 de janeiro
Do Jaboti

O periodista Federico Pieraccini publicou em inglês e eu sem autorização fiz uma rápida tradução. “Dias depois do assassinato do general Qasem Soleimani, um discurso pronunciado pelo primeiro ministro iraquiano vem à luz nova informação e importante. A história detrás do assassinato de Soleimani parece ser muito mais profunda do que se tem informado até agora, envolvendo a Arábia Saudita e China, assim como o papel do dólar estadunidense como a moeda de reserva global. 

O primeiro ministro iraquiano, Adil Absul-Mahdi, revelou detalhes de suas interações com Trump nas semanas prévias ao assassinato de Soleimani em um discurso ante o parlamento iraquiano. Tratou de explicar várias vezes na televisão ao vivo como Washington o estava intimidando, a ele e a outros membros do parlamento iraquiano para seguir a linha estadunidenses, até ameaçando em participar em disparos de franco-atiradores de bandeira falsa contra manifestantes e o pessoal de segurança para inflamar a situação, recordando um modus operandi similar visto em O Cairo em 2009, Líbia em 2011 e Maidan em 2014. O propósito de tal cinismos era jogar o Iraque ao caos. 
   
Aqui está a reconstrução da história:

[Presidente do Conselho de Representantes do Iraque] Halbousi assistiu a sessão parlamentar enquanto quase nenhum dos membros sunitas o fez. Isto porque os americanos haviam aprendido que Abdul-Mehdi planejava revelar segredos sensíveis na sessão e enviaram a Halbousi para evitar isso. Halbousi interrompeu Abdul-Mehdi ao começo de seu discurso e logo pediu que se detivesse a transmissão ao vivo da seção. Depois disto, Halbousi junto com outros membros, sentou-se junto a Abdul-Mehdi, falando abertamente com ele, mas sem ser gravado. Isto é o que se discutiu nessa seção que não foi transmitida:  
  
Abdul-Mehdi falou zangado sobre como os estadunidenses haviam arruinado o país e agora se negavam a completar projetos de infraestruturas e rede elétrica, a menos que tenham sido prometidos a 50% das receitas de petróleo, o que Abdul-Mehdi rejeitou. 

As palavras completas (traduzidas) do discurso de Abdul-Mahdi ao parlamento: 

Foi por isso que visitei a China e firmei um importante acordo com eles para empreender a construção. Em meu retorno, Trump me ligou para pedir que eu rejeitasse esse acordo. Quando recusei, ameaçou desencadear grandes manifestações contra mim que acabariam com minha posição de primeiro-ministro.

Grandes manifestações contra mim se materializaram devidamente e Trump voltou a telefonar para me ameaçar que, se não cumprisse suas exigências, teria franco-atiradores marinhos em prédios altos contra manifestantes e pessoal de segurança para me pressionar.

Neguei novamente e entreguei minha renúncia. Até o dia de hoje, os estadunidenses insistem em que rescindamos nosso trato com os chineses. 

Depois disso, quando nosso Ministro da Defesa declarou publicamente que um terceiro estava atacando tanto aos manifestantes como o pessoal de segurança por igual (assim como Trump ameaçara fazê-lo), recebi uma nova ligação de Trump ameaçando me matar e também o Ministro da Defesa, se continuarmos falando sobre esse "terceiro".

Nada se imaginou que a ameaça se aplicaria ao general Soleimani mas foi difícil para o primeiro ministro Adil Abdul-Mahdi revelar a história de fundo, uma semana atrás do ataque terrorista. 

Se atribuía que me encontraria com ele [Soleimani] mas tarde na manhã quando foi assassinado. Ele veio a entregar uma mensagem do Irã em resposta a mensagem que havíamos lhe enviado aos iranianos dos sauditas.

Podemos supor, a julgar pela reação da Arábia Saudita, que estava se levando a cabo algum tipo negociação entre Teerã e Riad:

A declaração do Reino sobre os eventos no Iraque enfatiza a visão do Reino da importância da redução de escala para salvar os países da região e a seu povo dos riscos de qualquer escalada.

Especialmente, a família real saudita queria que as pessoas sabiam de imediato que não haviam sido informadas da operação dos Estado Unidos: 

O reino da Arábia Saudita não foi consultado sobre o ataque dos estadunidenses. À luz dos rápidos desenvolvimentos, o Reino enfatiza a importância de exercer moderação para proteger contra todos os atos que podem levar à uma escalada, com sérias consequências.

E, para enfatizar sua relutância na guerra, Mohammad bin Salman enviou uma delegação aos Estados Unidos. Liz Sly, chefe do escritório do Washington Post em Beirute, twittou:
A Arábia Saudita está enviando uma delegação a Washington para pedir moderação com o Irã em nome dos países do Golfo Pérsico. A mensagem será: "Perdoe-nos a dor de passar por outra guerra".

O que surge claramente é que o sucesso da operação contra Soleimani não teve nada a ver com a compilação de inteligência dos Estados Unidos ou Israel. Todos sabiam que Soleimani estava indo para Bagdá em uma capacidade diplomática que reconhecia os esforços do Iraque para mediar uma solução para a crise regional com a Arábia Saudita.

Parecia que os sauditas, iranianos e iraquianos estavam a caminho de evitar um conflito regional envolvendo a Síria, o Iraque e o Iêmen. A reação de Riad à greve americana não mostrou alegria nem celebração pública. O Catar (Qtar), apesar de não concordar com Riad em muitos assuntos, também expressou imediatamente sua solidariedade com Teerã, organizando uma reunião de alto nível do governo com Mohammad Zarif
Jarif, ministro das Relações Exteriores iraniano. Incluindo a Turquia e o Egito, ao comentar sobre o assassinato, usaram linguagem moderadora.

Isso pode refletir o medo de estar no lado receptor das represálias do Irã. Catar, o país onde decolou o avião não tripulado que matou Soleimani, fica a poucos passos do Irã, localizado do outro lado do Estreito de Ormuz. Riad e Tel Aviv, os inimigos regionais de Teerã, sabem que um conflito militar com o Irã significaria o fim da família real saudita.

Quando as palavras do primeiro-ministro iraquiano estão ligadas aos acordos geopolíticos e energéticos da região, começa a surgir a preocupante imagem de um ataque desesperado dos EE.UU contra um mundo que dá as costas a uma ordem mundial unipolar em favor da emergência multipolar sobre o qual escrevi durante muito tempo.

Os Estados Unidos, que agora se considera, por ele mesmo, um exportador líquidos de energia como resultado da revolução do petróleo de xisto betuminoso (em que o júri ainda está ausente), já não necessita importar petróleo do Oriente Médio. No entanto, isso não significa que agora o petróleo possa ser negociado em qualquer moeda que não seja o dólar americano.

O petrodólar é o que garante que o dólar estadunidenses conserve (retenha) seus status (sua condição) de moeda de reserva global, concedendo aos Estados Unidos uma posição monopolista da qual obtém enormes benefícios ao desempenhar o papel de hegemonia regional.

Essa posição privilegiada de manutenção da moeda de reserva global também garante que os EE.UU possam facilmente financiar sua máquina de guerra em virtude do fato de que grande parte do mundo está obrigado a comprar seus títulos do tesouro que simplesmente pode conjurar do nada. Ameaçar esse cômodo acordo é ameaçar o poder global de Washington.

Mesmo assim, a tendência geopolítica e econômica é inexoravelmente rumo a uma ordem mundial multipolar, com a China desempenhando cada vez mais um papel de liderança, especialmente no Oriente Médio e na América do Sul. Venezuela, Rússia, Irã, Iraque, Catar e Arábia Saudita juntos formam a esmagadora maioria das reservas de petróleo e gás do mundo. Os três primeiros têm um alto relacionamento com Pequim e estão muito no campo multipolar, algo que a China e a Rússia querem consolidar ainda mais para garantir o crescimento futuro do supercontinente da Eurásia sem guerra nem conflito.

A Arábia Saudita, por outro lado, é pró-americana, mas pode gravitar em direção ao campo china-russo, tanto militarmente como em termos de energia. O mesmo processo está acontecendo com o Iraque e o Catar, graças aos muitos erros estratégicos de Washington na região, a partir do Iraque em 2003, da Líbia em 2011 e da Síria e do Iêmen nos últimos anos.

O acordo entre o Iraque e a China é um excelente exemplo de como Pequim pretende usar a troika Iraque-Irã-Síria para reviver o Oriente Médio e vinculá-la com à Iniciativa da Faixa e a Estrada da China.

Embora Doha e Riyadh sejam os primeiros em sofrer economicamente um acordo financeiro deste tipo, o poder econômico de Pequim é tal que, com sua abordagem de benefício mutuo, há espaço para todos.

A Arábia Saudita fornece à China a maior parte de seu petróleo e o Catar, juntamente com a Federação Russa, abasteem à China com a maioria de suas necessidades de GNL, o que se alinha à visão de Xi Jinping de 2030, que visa reduzir em grande medida as emissões contaminates. 

Estados Unidos está ausente nesta imagem, com pouca capacidade para influenciar nos eventos e oferecer alternativas econômicas atrativas. 

Washington gostaria de evitar qualquer integração euroasiática, desencadeando o caos e a destruição na região, e matar Soleimani serviu a esse propósito. Os Estados Unidos não podem contemplar a idéia de que o dólar perde seu status como moeda de reserva global. Trump está participando de uma aposta desesperada que pode ter consequências desastrosas.

A região, no pior dos casos, poderia estar enrolada em uma guerra devastadora envolvendo vários países. As refinarias de petróleo podem ser destruídas em toda a região, um quarto do trânsito mundial de petróleo poderia ser bloqueado, os preços do petróleo disparariam (US $ 200 a US $ 300 por barril) e dezenas de países mergulham em uma crise financeira global. A culpa seria colocada diretamente aos pés de Trump, pondo fim a suas chances de reeleição.

Para tentar manter todos on-line, Washington deve recorrer ao terrorismo, as mentiras e as ameaças não especificadas de destruição de visitas a amigos e inimigos por igual.

Obviamente, alguém tem convencido a Trump de que os Estados Unidos pode prescindir do Oriente Médio, que pode prescindir dos aliados na região e que nada se atreveria a vender petróleo em nenhuma outra moeda que não seja o dólar americano.

A morte de Soleimani é o resultado de uma convergência de interesses americanos e israelenses. Sem outra maneira de impedir a integração da Eurásia, Washington só pode levar a região ao caos, visando países como Irã, Iraque e Síria, que são centrais no projeto da Eurásia. Embora Israel nunca tenha tido a capacidade ou a audácia de levar a cabo este assassinato, por eles mesmos, a importância do lobby de Israel para o sucesso eleitoral de Trump teria influenciado em sua decisão, especialmente em um ano eleitoral.

Trump acreditava que seu ataque com drones poderia resolver todos os seus problemas, assustando seus oponentes, ganhando o apoio de seus eleitores (equiparando o assassinato de Soleimani ao de Osama bin Laden) e enviando uma advertência aos países árabes sobre os perigos de aprofundar seus interesses com a China.

O assassinato de Soleimani é que os Estados Unidos arremete contra sua constante perda de influência na região. A tentativa iraquiana de mediar uma paz duradoura entre o Irã e a Arábia Saudita foi frustrada pela determinação dos Estados Unidos e Israel de evitar a paz na região e, em vez disso, aumentar o caos e a instabilidade.

Washington não alcançou seu status hegemônico através de uma preferência por diplomacia e diálogo tranquilo, e Trump não tem intenção de se afastar dessa abordagem.

Tanto os amigos quanto os inimigos de Washington devem reconhecer essa realidade e implementar as contramedidas necessárias para conter a loucura””””.  Não pude deixar de lembrar o incidente na plataforma P-48 da petrobras na época de Petrobrax, Lubrax e charamuscas e pichuleos...


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