20 de fevereiro
Por Lisarb
O congá era singelo fora construído sobre uma penha de onde
escorria uma cachoeira de mais de 12 metros e entrava mangue e mar adentro. Era
um local de raríssima beleza geomorfológica. No seu interior ela o olhou com os
olhos fechados e sorriu. E com uma gargalhada de auditório de TV, disse bem
séria: Sunsê que saber como é que aconteceu. Lisarb ficou imóvel, sabia que não
era preciso expressão corporal ou mental. Ele fora criado ali e havia conhecido
a bisavó dela, escrava mandinga, que o havia salvado da morte recém-nascido e
depois na infância. Lisarb estava bem próximo onde o Brasil começou a receber
os portugueses em território que fora tupiniquim até um governador
irresponsável para roubar terras tinha reunido todos os indígenas da Bahia e
levado para aquela área.
Ela tomou a pemba roxa, a preta e a Vermelha, riscou o chão
duro do congá e desenhou com uma precisão de artista. Sua voz mudou ficou grave
e densa: - O morto estava prófugo e continuaria assim, mas foi chamado para vir
para a região, para expandir seus negócios. Foi enganado, pois todos temem seus
documentos, mas ele pensou que seus documentos lhe garantiam a vida, mas eles
ao contrário são a tranquilidade na sua morte, pois sua voz e imagem é que não
pode ser vinculada…
Parou e agarrou a cabaça e tomou uma talagada de marafa,
ofereceu, mas o Pereba continuou impassível.
- A voz ao vivo nos tribunais ou na opinião pública não é mais risco, pois nenhum morto dispõe de poder. Fez um enorme círculo sobre com pemba roxa em volta ao corpo desenhado em vermelho, mas com os pés pretos.
- Mas,
todo cadáver é um instrumento para o poder. Todo cadáver fala, conta detalhes
de sua morte, mesmo passando milhões de anos em seus restos fossilizados.
- Ele
caçava gente (sniper). Pensava que era Deus, pois decidia quem vivia e quem
não, fosse por ideologia, religião, raça e principalmente por dinheiro. Foi
educado para cumprir a ordem imediata superior com confiança mortal, pois
necessitava de apoio no território e nos aparelhos de Estado dos governos. Por
isso morreu.
Em seu território de ação ele tinha que usar muita mobilidade
e só com boa cobertura garantia sua sobrevivência pelos alimentos e água e
municiamento. Seus algozes são treinados como ele, em escolas bem superiores à
dele… Seu problema é que estava protegido ao estar isolado, mas necessitava
contatos. O perigo está no contato, pois quanto mais veloz o contato mais
perigoso e mortal. Para monitorar ele houve até satélites, mudando de rota;
programas de computador estavam escrutinando mais de 300 aparelhos telefônicos,
cartões de credito redes de internet profunda, chinesa, russa e de institutos
de inteligência militar. Se na execução do programa houve una coincidência de
20 a 40 bytes ele era localizado em poucos minutos.
Todos viram ele há mais de 45 dias se exercitando dentro de uma academia e sua cara estava já totalmente identificada na Bahia há mais de 8 meses. Um foragido só se instala em um condomínio de luxo se o seu superior determina, pois ele sabe que sem o aparelho e a proteção a morte ocorre. A sua rede de proteção, Odessa era mais de 30 pessoas. Cerco, tiroteio, isso é “cineminha” da repressão no velho estilo dos anos 70 e 80. O resto é conversa para boi dormir.
O cadáver fala. Ele foi entregue e confiando não resistiu,
mas foi dominado e com sprays de substancias para abrir sua mente foi
preparado. Sobre seu ventrículo direito foi instalado um equipamento
eletromagnético, que pelo tempo que ficou ligado fez a equimose circular
violácea. Lisarb escutou, mas não entendeu:
“A função do VD é essencial para a homeostase cardiovascular,
principalmente em pacientes críticos submetidos à ventilação mecânica. Alterações
no débito do VD definem a maioria das alterações dinâmicas no débito do VE.
Isso explica porque os parâmetros “esquerdos” para prever a capacidade de
responsividade a fluidos são menos precisos em caso de insuficiência
ventricular direita (IVD)”.
Isso é o mais moderno que existe no mundo na China tratou os
dissidentes da Praça da Paz Celestial, depois foram mais de 400 mil vítimas.
Muitos deles conseguiram chegar a Taiwan e foram levados para os Estados Unidos
onde é área prioritária na inteligência e central para todo o Ocidente.
Ele morreu sabendo que havia dentro dele um celular que
falava o que ele pensava, de forma que não podia enganar quem já sabia o que
ele pensava: Tortura de Control Mental Eletromagnético, que ficou conhecido
como Controle Mental Sangrento, por 400 mil vítimas e já tem mais de 60 anos de
ação na China.
O sinal eletromagnético dos telefones celulares com uma grande carga de energia pode mudar as ondas cerebrais e isso foi usado em Guantánamo desde seu início. As ondas cerebrais para o funcionamento interno da mente são tão fundamentais que, elas se tornaram a definição legal definitiva que traça a linha entre a vida e a morte, através da estimulação transcranial magnética (TMS).
A “mãe de santo” estava exausta o chão do terreiro ficou todo
molhado com seu suor. Lisarb tinha um gosto amargo na boca, não conseguia
mover-se. Ela lhe alcançou a marafa e ele deu uma talagada generosa e sentiu o
cheiro de “vinho de arroz”. Ela sorriu e disse aqui muitas vezes há algazarra
pois todos eles querem cooperar, mas eu quero que eles fiquem lá fora nas
pedras, na cachoeira e no mar.
Lisarb já do lado de fora, bem arejado agradeceu e mandou um
grande abraço para sua Dinda. - Ela está na Chapada, aqui está muito quente
para a circulação e pressão alta. O ogan bateu o toque da verdade. Se
despediram. Lisarb segui a pé, mas ao passar pela cachoeira sentiu uma serie de
risos de felicidade de gente muito feliz, até os pássaros e calangos
sintonizavam na mesma alegria.
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