"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Retrocesso Democrático

inferno verde

'Não reconhecemos qualquer autoridade humana. Não reconhecemos senão um só rei e legislador, um juiz e líder da humanidade. Nossa pátria é o mundo inteiro; nossos compatriotas são todos os homens (e mulheres). Amamos todos os países como nosso próprio país, e os direitos dos nossos compatriotas não nos são mais caros do que os de toda a humanidade. Por isto, não aceitamos que o sentimento de patriotismo possa justificar a vingança de uma ofensa ou de um mal feito ao nosso país'. 

- Willian Lloyd Harrison em 1838, citado no livro 'O Reino de Deus está em vós', de Tolstoi.

Jesus Cristo era um anarquista que recusava a violência como forma de combater ao mal...😉

 do amigo Thomas Castilho in memoriam

14 de fevereiro
por Sebastião Pinheiro
 
O "Inferno Verde" é o lugar comum das ficções, onde as expedições pioneiras são recebidas e apresentadas como superiores, talvez pelo espírito ou impulso inconsciente de carregar "poder" (tecnologia e armas). É assim que nos ensinam nas escolas e adotamos esse comportamento cultural dos "assuntos" onde quer que vamos e tudo mais passa a ser meros "objetos".

A prova confiável são os grandes descobrimentos de espanhóis, portugueses, ingleses e outros, onde a realidade foi ignorada, escondida pela ambição de riqueza e expansão do "conquistador" e pela respectiva submissão dos "dominados" (arenga miliciana do Rio de Janeiro).

Não é necessário citar a estrondosa situação encontrada em Tenochtitlán, Cusco, Machu Pichu, Tiahuanaco; ou ruínas em Tikal, Vedas, Sukhothai, Xia, Hititas, Sumérios, etc., o interesse é idêntico. O recém-chegado passa a ser o dono, proprietário, senhor, e impõe sua vontade em nome de sua coroa, deus ou cultura e tudo passa a ser uma relação temporal do passado nativo sob o atual poder exótico.

Haverá muitos livros e narrativas, com por exemplo a do Inca Garcilaso da Veja (foto), mas todas não são contadas a partir de sua referência ao inverso do atual para o passado, como se o passado perdesse sua inflexão de futuro.  
  
As pedras, monumentos e construções deixam aprisionadas e a mesma sociedade compõe outra paisagem, mesmo quando a contradição é percebida e identificada.

422 anos depois dessa introdução, que poderia ser chamada de "colonização", os poucos colonizadores e os muitos colonizados, regidos por organizações internacionais dos primeiros, onde os segundo são meros figurantes co-validadoras dos interesses daqueles.

No coração da "Querida Amazônia", em 1932, o empresário Henry Ford, se instalou nas margens do rio Tapajós e construiu duas cidades para organizar o plantio da monocultura da seringueira (caucho). Ele era o empresário que tentava dominar a Amazônia e havia um governo mais que nacionalista, muito identico com os nossos dias. O colonizador externo e seu sócio interno não respeitaram os trabalhadores da selva e os impediram de comer farinha de mandioca... Rebelião... As ruínas da Fordlândia e Belterra ainda permanecem lá, a maior de todas as derrotas do magnata americano, criador do Fordismo, uma etapa do capitalismo mundial.
 
Son coeur, sur qui pèse une
stupeur morne, se soulève en
proie à des tortures convulsives. Il semble qu`il vienne d`entrevoir l`enfer dans sa vie, et qu`il se soit révélé à lui quelque chose de plus que le désespoir.

Victor Hugo:  Han d´Islande.

 De 5 a 16 de junho de 1972, tivemos a Conferência das Nações Unidas sobre "O Desenvolvimento Humano" em Estocolmo. No entanto, os colonizadores não aprenderam o ensino. A visão era outra. A ciência ou disciplina acadêmica criada por Ernst Haeckel (foto), em 1866, com suas duas partes: Autoecologia e Sinecologia, vai ser as pupilas dos olhos do capitalismo por sua necessidade de compatibilizar as ações humanas na natureza com o mesmo sentido e ação do "colonizador" depois dos grandes descobrimentos.

As regras vão harmonizar a grande contaminação industrial (poluição) nos países colonizadores e a gigantesca devastação da natureza e da pobreza social nos países colonizados. Pelo que uma terceira parte da Ecologia será adicionada às duas primeiras: O "Ecossistema", onde o gerenciamento da energia será continuamente avaliada  pela ótica econômica do poder (tudo está dominado). Isso traz uma situação esdrúxula, porque a história natural ou a ecologia passa a ser vistas dentro de uma ambiguidade: por um lado, intacta vestal e de outro passível de transformação, mas disfarçados ou maquiados pelo governo, assumem as novas abordagens e custos.

Há três dias, no Jornal da Televisão, vimos a criação de um novo Conselho Nacional da Amazônia, com a eliminação de todos os órgãos civis, que nos últimos 50 anos fizeram a gestão tripartite com controle nacional, sociedade civil organizada, mantida através de doações interessadas ou não de colonizadores e de organizações multilaterais de raízes e intenções idênticas. Foi uma antecipação da apresentação do resultado do Sínodo  e Documento Papal. Por outro lado, os ativistas amazônicos começaram a adquirir identidade com o bioma e passaram a ser incômodos para os interesses das grandes transnacionais, capital financeiro e políticas públicas retrógradas.

Na criação do Conselho, a situação é tão estapafúrdia que os governadores dos nove Estados Amazônicos foram ignorados e confiscados em seu território, igualzinho o que se passava na ditadura, quando um governador não tinha ação sobre o território. Era época do GETAT e GEBAM

Na criação do referido conselho, com discursos de pompa e circunstância, após o discurso do presidente da república, que fala por último, em quebra do protocolo um ministro militar, pegou o microfone e convidou seus pares militares em arenga (pronunciar em público) - Viva o Amazônia! Todos gritaram "Selva", não satisfeito ele repetiu e eles em uníssono voltaram a gritar mais alto "Selva". Essa é a palavra militar para aqueles que ali receberam treinamento militar anti-guerrilha desde 1969, quando foi criada uma super infraestrutura (estrada) militar de nome trans-Amazônica e centenas de Batalhões de Infantaria de Selva, nos moldes do que os britânicos tinham como “comandos” na Malásia na era colonial, pela insatisfação e desejo de independência dos indígenas malaios (foto).

Em um filme-documentário, o ex-deputado e atual presidente afirma que ali houve uma "guerrilha", comparada a um grupo militar que existia no país vizinho. Exagero. O xadrez da Guerra Fria e muitas palavras inapropriadas são usadas como propaganda, dissuasão (está tudo dominado de miliciano) desde o golpe militar de 1964 determinado pelos EE.UU.

Tanto a visão exagerada do "colonizador", quanto a "canção épica" dos colonizados não são verdades cristalinas e necessitam de análises científicas com honestidade e seriedade em suas dimensões, pois o que houve ali foi muito parecido com Canudos, com pessoas sem perspectivas que lutaram contra a "nova colonização", indígenas foram levados a milhares de quilômetros de distância e suas terras confiscadas pelos políticos, no entanto, são terras indígenas e a ameaça é idêntica. Os incêndios (fogo) que era um ato legal de benefício naquela época, volta contra a selva e o cidadão para expansão da fronteira da milícia dos agronegócios. (agronecrócios)

Voltando à região da guerrilha no local, que era muito mais educação e extensão da cidadania, o que é indiscutível é que a população local sabia que havia uma gigantesca mina de ouro que estava sendo cercada para exploração mecanizada pelo grupo Rockefeller. O próprio Sr. David Rockefeller baixou de helicóptero na mina para parabenizar os geólogos yanques e as contrapartes brasileiras que fizeram a pesquisa. E o Jary do D. Ludwig? Há muito o que explicar.

A “mina desapropriada” recebeu o nome de Serra Pelada e passou a ter 120 mil clientes regulares em busca de ouro (paládio), e recebendo em troca papel moeda colorido com tantos zeros e carimbado transformado em centavos, sendo desvalorizado em 10% ao mês, pior do que um ataque de guerrilha.

Entre as obras faraônicas daquela época com seus problemas como Balbina, Tucuruí, recordamos o Acordo Nuclear Brasil Alemanha (1975) que levaria à construção de 8 usinas atômicas, coincidentemente 2 no Rio Grande do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre.

Quando, do assassinato de Chico Mendes, que indignou o Banco Mundial e todas as nações colonizadoras, desesperadas e surpresas com a realidade ambiental, iniciaram o Programa Nossa Natureza, onde toda a legislação estratégica foi colocada em um pacote legislativo. Foi por isso que a Lei Nacional dos Agrotóxicos, 7802/89, foi aprovada.

No nascimento do período democrático, houve outra Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento Humano, no Rio de Janeiro, 1992.

Não é ficção, nem literatura, estamos em retrocesso democrático, em queda livre pior que meio século atrás, quando não existia a Rede Globo, os pastores despachantes, deputados, senadores, governadores e presidentes de participações (mordidas-piratas), nem milicianos, regulares inconformados. 
 
-

- Inferno Verde (Conto), de Alberto Rangel

- Johan Dalgas Frisch ‎– Ecos Do Inferno Verde

- 84 anos do fim da Guerra do Chaco, o "inferno verde"

- Fúria no Inferno Verde - Cenário: Os Guardiões do Utinga

- Fúria no Inverno Verde - Cenário: O Forte da Samaúma


Nenhum comentário:

Postar um comentário

"no artigo 5º, inciso IV da Carta da República: 'é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato'."

Rede Soberania

Rede Soberania
Esta Nação é da Multitude brasileira!

Blogueiros/as uni vós!

.

.
.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...