02
de abril
por Sebastião Pinheiro
Usando um pretenso paralelismo com o livro do Nobel colombiano,
vivemos "O ódio em tempos de cólera", em nossa pandemia
entre patetas (chiflados) e burocratas modernos, aproveitando para exercícios
nostálgicos. Há 20 anos, ao ouvir "La llorona" em Vera Cruz cantada e
duas marimbas, cai em lágrimas...
Ontem recebi na língua Zoque das Selvas quentes de
Oaxaca, onde dançam as nervosas nauyacas (Bothrops atrox). Por economia,
não tenho TV a cabo e sou obrigado a assistir as notícias nos quatro canais de
TV abertas, o que me força a ver um programa de agitação policial, dizer repressão
é pleonasmo. Os três canais são religiosos do "Para de Sofrer". Mais
uma vez vi algo incomum no mesmo programa do início da semana e minha
imaginação voou imediatamente para 22 anos atrás em Paraguarí e Rincón-í, com
lembranças mais profundas que o lago de Ypacaraí…
No amado Paraguai conheci um jesuíta espanhol, agora não
é pleonasmo, chamado Francisco de Paula Oliva, que possui o título de Pai'i, algo
como professor, mestre por sua sabedoria. Estávamos no desastre causado pelo
Delta Pine (Monsanto-Bayer) com sementes de algodão sem poder germinativo,
importadas pela corrupção dos EE.UU. e tratadas com 6 inseticidas fosforados e uma
bactéria geneticamente modificada. Na verdade não era muita semente-lixo, o que
economizaria muito dinheiro por não ser descartada legalmente naquele país, o
equivalente a US$ 2.500 a tonelada. Ao mesmo tempo que poderia render muito
lucro nas terras guaranis, mas não tinha poder germinativo e as 660 toneladas
foram jogadas em uma cidade próxima a uma escola, intoxicando, contaminando e
matando seres humanos e Vida.
Pai'i tinha um programa de rádio ao lado de sua igreja e
fomos entrevistados várias vezes por ele. Recebi um alerta importante fora dos
microfones. Na ditadura paraguaia, há muitíssimos jornalistas que foram subsidiados
por militares com uma “mesada” regular. Os contrários sabem os riscos que
correm. - Cuidado, porque é perigoso dizer certas coisas aos jornalistas
errados que querem promoção pecuniária ... Ri, pois disse a ele: em Cali
Colômbia, eles me alertaram que todos os taxistas procuram falar com
estrangeiros, mas não é para a polícia, era para o narcotráfico de drogas saber
quem é quem...
Hoje, na TV, lembrei-me de Pai`i Oliva: o jornalista
Datena chama no ar o isolado e invisível presidente Bolsonaro, para uma
entrevista entre as perseguições policiais, mortes, tiros e ambulâncias em
tempos de pandemia.
De manhã, o presidente usou as redes (Twitter) para ser
visto novamente no espelho da sociedade nacional, com um vídeo mentiroso feito
por um correligionário buscando a corrida por comida na quarta cidade do país
(Belo Horizonte) no que é qualificado como terrorismo psicossocial. Em questão
de minutos, a imprensa descobriu que era uma mentira hedionda (Deep Fake News),
pior que a peste negra de Yersinia na Europa. O infeliz Bolsonaro estava
precisando trocar as fraldas para a infância matinal. O jornalista como um jogador
de vôlei perguntou sobre o vídeo mentiroso, para que ele se limpasse junto a
sociedade, principalmente entre os mais humildes, depois do panelaço da noite
anterior.
Eu ria, comi uma fatia de pastel, presente pelo santo, escutei
a chorona em Zoque, ela tinha uma harpa. Harpa é Paraguai, lembrei do Pai'i
Oliva, as ditaduras sempre usam as mesmas armadilhas, ainda mais em chocalhos
de morte (estertores).
Ninguém fala sobre algo fantástico que a TV não mostra,
porque para que as pessoas vejam é necessário que um jornalista honesto
decodifique: - Hoje no Brasil, e no mundo a pandemia colocou os políticos
reféns da ditadura e dos economistas (Chicago Boys) do monetarismo gringo, subordinado ao medo e risco do coronavírus tecnocrático.
Essa é a discussão oportuna. Esse é o problema, não a
nova ordem, o novo paradigma e outros onanismos do cérebro em tempos de
isolamento e ódio. Saúde, Educação e Segurança quando subordinados geram
corrupção e epidemias, até pandemias.
***
https://www.ft.com/content/19d90308-6858-11ea-a3c9-1fe6fedcca75
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