"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Análises do solo durante o ciclo produtivo de alfaces com a técnica da Cromatografia de Pfeiffer

Produção de Hortaliças do P.D.S. João Ramalho/SP - Lote da família, Diva e Tião.
 Foto: Oliver Blanco
A 10 km da cidade de Quatá, se estabelece mais um projeto de segurança social no paço de João Ramalho - SP - Brasil. Programa de Reforma Agrária brasileira (INCRA - atendimento técnico e social via ITESP..), Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Boa Esperança, criado em dezembro de 2006 com capacidade, já assentada, de 29 famílias.

Este ano fiz algumas visitas em particular enquanto residia na cidade de Quatá; na medida do possível transmitir e receber generosidades. Conhecer e sempre olhar como se fosse a primeira vez. Muito apresso pelas amizades, e estou devendo outras visitas e também mais AGIR. 'Militar é agir'.  

Acesse o site
Um total de 11 famílias se organizam na Cooperativa COOAABE. Pude participar de alguns dos encontros promovido em parceria dos assentados/as e Incop - Incubadora de Cooperativas Populares da Unesp de Assis e pelos jovens estudantes da AGAPE - Grupo de Agroecologia e Permacultura de Assis

Toda quarta-feira, no campus da Unesp-Assis, no período da tarde (17h em diante) consumidores recepcionam um total de 40 a 50 cesta de alimentos frescos vindas do Assentamento. Alunos, professores e outros cidadãos, integram a "Rede Trem Bão" e contribuem com a economia das famílias produtoras. 

Amostras de solo secando em local sombreado e arejado.

ANÁLISES

Um cromatograma é uma imagem holográfica e pontual (momento da percepção real) em que se tirou as amostras. Assim como citado por Pierre LÉVY, "a teoria do conhecimento de Al-Farabi e de Avicena é inseparável de sua cosmologia: o mundo procede de um processo de percepção ou de contemplação e, simetricamente, todas as hierarquias celestes estão implicadas no menor ato de conhecimento". Pois é que tudo flui na natureza e as transformações é um continum no tempo e espaço. Nos dizia Spinosa, "os profetas inspirados pelo intelecto comum 'veem' ou 'entendem' diretamente a verdade, como uma percepção que sempre implica ao mesmo tempo o raciocínio", antigamente, no tempo de Aristóteles, para os filósofos era imprescindível a "capacidade excepcionais de perceber imagens mentais (e isso é exclusivo dos profetas)". Hoje temos celulares e muito falta de raciocínio. Observar e anotar todos os detalhes e com auxílio de uma câmera fazer o registro fotográfico é importante para a interpretação de um cromatograma.
  
Na cromatografia, metade (50%) da sua interpretação se encontra nas observações de campo (topografia, solo, histórico, o modus operandis de antropomorfização da área, e a fitossociologia - do passado e do presente, e outros coeficientes técnicos..), como também, da vivência do técnico comunicador em conciliar o entendimento das relações ecológicas locais e sociais, no momento do diagnóstico co-participativo - de preferência para que um maior número de agricultores e agricultoras possam completar o histórico - a dialogicidade, até porque entendo que a agroecologia constitui-se deste movimento de construção do pensamento coletivo com a possibilidade de compartilhar e construir conhecimentos. Bem, a outra metade na realização do croma é o capricho e as práticas em realizar uma boa fase laboratorial.

Canteiros de alface 5 dias pós plantio
Na produção (foto) podemos considerar extensiva a um modo convencional que encontramos na maioria das propriedades do Estado de São Paulo em que se produz hortaliças do tipo folhosas. A primeira ação é um preparo mecânico de capina, logo em seguida, após aplicar o composto (estercos, cama de aviário) ou até mesmo o destruidor de solo NPK.., novamente, faz-se um preparo mecânico de incorporação do composto e de ação física (eliminar compactação superficial, adensamento e encharcamento - que é prejudicial para a cultura do alface) 'arrumando a cama' para receber as plântulas. A profundidade mexida pela máquina deste tipo de trato mecânico, fica entre 10 a 15 cm, portanto, para canteiros de hortaliças, deve-se fazer, quando possível, duas amostras nas profundidades de 3 cm e 25 cm.

Canteiro de alface recém colhido.
Chego em um momento de colheita do alface (foto). E percebo, que os agricultores são dedicados e minuciosos no plantio. As plântulas estavam na sua linearidade perfeita. Os canteiros tinham uma sequência em dias de desenvolvimento da produção: 5, 12, 22 e aos 30/32/36 dias se colhia o alface. Então, resolvo tirar as amostras simples neste padrão de tempo, em canteiros diferentes em que o alface desenvolvia, adubado com a cama de frango (foto), a uma profundidade de  coleta: 10 cm. A família não aplica agrotóxicos e adubos químicos de alta solubilidade!
cama de frango. Foto: Oliver Blanco

Pego também uma amostra do composto (cama de frango) utilizado na adubação.  Acrescento que os canteiros passam por uma rotação de cultura, sendo alternado por cebolinhas e salsas, período curto, e outros com couve, berinjela, períodos mais longos.  

Peço que observem o composto. O encontro com mau cheiro, ainda cru e sendo transformado por processos anaeróbicos. Por não ter uma dinâmica de oxigenação e ainda sendo armazenado desta maneira..: a lona para o agricultor o impede de molhar; porém, há o aprisionamento dos gases provenientes da putrefação com reações de energia altíssimas. Este composto ao ir para os canteiros desta maneira, incorporados, continua a liberar o oxigênio de sua matéria orgânica reduzida e consumida pelas putrefações com formação de metano. 

Segundo PINHEIRO, 2015, "As putrefações tem mau cheiro*, principalmente pela formação de aminas tóxicas como cadaverina e putrescina (ptomaínas) que capturam também o Nitrogênio,.. (...) O racionamento cartesiano superficial e linear oferecido nas escolas não permite entender que na evolução dos ciclos os microrganismo patogênicos são incapazes de sintetizar seus próprios aminoácidos, mas podem aproveitar os aminoácidos a partir da matéria orgânica em decomposição. Muitos deles, necrotróficos, desenvolvem toxinas. Estas toxinas atuam à distancia e provocam a necrose progressiva das células, para que estas parasitas possam invadir e colonizar estes tecidos. Estas toxinas determinam até mesmo que a célula hospedeira produza sustâncias como água oxigenada. Sabemos que a água oxigenada no plasma de uma célula em presença do Sol causa queimaduras e destruição de tecidos, que permite a penetração e nutrição dos microrganismos patogênicos incapazes de aproveitar o Ferro bloqueado como Sideróforos pelos saprófitos". Assim conclui-se as doenças fúngicas e bacterianas observadas nas folhas do alface em contato direto com o solo.      


Canteiros de cebolinha, após ter incorporado a cama de frango. Irrigação por aspersor e uso do sombrite para as horas quentes do dia. Foto: Oliver Blanco

INTERPRETAÇÕES DAS ANÁLISES   

1. CROMA AOS 5 DIAS PÓS PLANTIO DO ALFACE

Cromatografia de canteiros de alface aos 5 dias pós plantio. Foto: Oliver Blanco
As interpretações deste primeiro croma também cabe aos outros em sequência a baixo. As diferenças entre eles são sutis, em leves alterações na intensidade das cores; apesar de pontos diferentes da coleta da amostra, os canteiros tiveram intervenções agrícolas em tempos diferentes, seguindo um mesmo manejo.

O resultado não é bom. O solo, podemos dizer que está sendo sobre explorado e tratado como um suporte inerte. A família de produtores correm o risco de cair nas garras da indústria e utilizar fertilizantes químicos solúveis, por decadência da fertilidade natural e pressão da entrega das hortaliças.  

A zona central quase não aparece, o que revela compactação, falta de oxigênio. A microbiologia não está presente neste solo. Solo com pouca vida.

De acordo com o manejo acima descrito, podemos dizer que este croma de 5 dias após o plantio do alface, possui cores mais suaves e até é possível notar a formação de alguns jovens dentes na zona externa, mostrando que a adubação (cama de frango) anterior foi totalmente mineralizada e o solo sobrevive com resíduos de cultura anterior. A nova adubação que recebe as primeiras águas da irrigação, assim como a recente escarificação (oxigenação) fixa esta característica em particular.         
2. CROMA AOS 12 DIAS PÓS PLANTIO

Cromatografia de canteiros de alface aos 12 dias pós plantio. Foto: Oliver Blanco
Aos 12 dias, este croma fixa melhor, o que representa a utilização de um composto cru e sua incorporação ao solo, como vem sendo realizado neste manejo de produção de hortaliças. Algo que sufoca o solo (mecanização, irrigação, metabolismo anaeróbio do composto). As zonas se definem melhor e perdem aos poucos a leve harmonia que havia no croma anterior. Zona central está mais fechada, densa; o marrom forte bloqueia o acesso ao mineral, resultado da putrefação. Não há o metabolismo aeróbico - "quando os organismos aeróbicos sucumbem em favor dos anaeróbicos, acumulam-se substâncias tóxicas na atmosfera do solo (metano, amoníaco, fosfina, gás sulfídrico, borano) não há atividade de oxidação de minerais, ação fermentativa ou respiratória, há a quimiossintese pelo que, a cor é escura ou preta".

3. CROMAS AOS 22 DIAS PÓS PLANTIO

Cromatografia de canteiros de alface aos 22 dias pós plantio. Foto: Oliver Blanco
Idem ao croma anterior, caminhando...

4. CROMA AOS 36 DIAS, PÓS COLHEITA DO ALFACE

Cromatografia de canteiros de alface pós colheita. Foto: Oliver Blanco

Idem ao croma anterior, caminhando...

5. CROMA DO COMPOSTO - CAMA DE 'FRANGO'

Cromatografia de compostos, cama de grango. Foto: Oliver Blanco
Este croma é típico de um croma de composto* cru. Não humificado. Não pronto para ser levado ao campo de produção. A imagem é como se apresenta este formato de organização de suas zonas: tendo a zona central branca e sem estrutura e a zona intermediária comprimida em um arco pela zona da borda. As cores pretas raiadas na zona intermediária indica a má qualidade do material e, também, manejo inadequado, putrefação (composto cru), monocultura, falta de cobertura, como foi descrito acima.    

A organização das zonas (central, intermediária e externa) de um croma de composto é semelhante ao croma de um solo e da mesma maneira podemos observar e interpretá-lo. Um croma de composto se diferencia no seu estado de maturação: cru, ponto excelente (húmus) e passado (mineralizado). Quando os processos de humificação estão se desenvolvendo em um composto, ele se parece a um solo de boa qualidade.

Quanto melhor for os materiais que compõe um composto tanto melhor será as cores, a intensidade do marrom, ou pior, cores cinza, escuras, materiais de baixa qualidade.  

*"Um 'composto' é um adubo bruto com a cama de aviário, cama de estábulo ou pocilga, ou uma adubo elaborado, geralmente com terra, palha, esterco, farelo, farinha de rocha, melaço, carvão mineral moído, leveduras e inoculantes microbiológicos. Esta mistura é homogeneizada e colocada para fermentar sob condições controladas permite observar o desarmar da matéria orgânica em diferentes componentes e seu rearme em matéria orgânica complexa pelas diferentes etapas sucessivas de fermentação" (PINHEIRO, 2015). 

CONCLUSÃO

Apesar do estado atual do solo ser ruim, bem como nos revelou a cromatografia, no seu natural, é um solo bom e, em pouco tempo (3 meses) se consegue mudar totalmente esse quadro. Os cromas estão muita além, bem melhores, se comparados aos cromas das atividades agrícolas que caracterizam a região sucroalcooleira carregados de venenos, adubos químicos, mecanização pesada, transgenia.

Planejar as áreas de canteiros para que um ou dois, passem por uma rotação de cultura em que a planta seja utilizada como cobertura, biomassa (leguminosas, ou uma muvuca de sementes com espécies variadas); podendo ainda trazer essa biomassa de outra áreas. Entender a dinâmica dos policultivos, integrando melhor os espaços do alface; as raízes se comunicam e auto-disponibilizam minerais. Lembrando que, tamanho não é documento e sim, a qualidade, ou composição mineral deste alimento, nutracêutico. Aplicar a farinha de rocha e se possível, incorporada à munha de carvão vegetal, como base de um bom preparo de solo e canteiros; diminuir estão, a mecanização. Agregar ao composto calcário, gesso (o nitrogênio na forma de carbonato de amônio é diretamente prejudicial ao crescimento das plantas), está ação o neutralizaria. Porém, e melhor, seria aplicar a farinha de rocha e revirá-lo 2 x ao dia. Outra opção seria fazer o adubo fermentado tipo bocashi. O residual de uma adubação orgânica, neste caso, seria cada vez mais crescentes. A família, portanto passaria a fertilizar o solo, e o solo nutrir as plantas. 

Agricultura orgânica é a habilidade do produtor em maximizar a independência de insumos externos, construindo o diagnóstico a partir de materiais locais, descobrindo as ferramentas e práticas adequadas, também as que possível se adaptam ao local, e eficientes para se processar o manejo de uma produção de alimentos holística, regenerativa, com coeficiente ascendente de fertilidade do organismo solo. Alimentar o solo é a melhor poupança, para se sacar no tempo certo, o melhor alimento.         

O que nos entristece é a "extensão", o "ATER" 'Itespiano'/INCRA caduco, falidos no orçamento e na mente. Isso me deixa com muita vergonha. O assentamento se estabelece oficialmente em 2006, quer dizer que as famílias, não tenho a informação, pode estar a mais tempo na área (a velha maldita burocracia...); quando faço uma primeira visita, em 2017, 11 anos depois, encontro a família mais motivada do assentamento padecendo de informações simples, como as descritas acima; técnicas simples que em 3 meses, 6 meses, um ano, daria um salto de qualidade produtiva e social.

Faço aqui uma denúncia e peço explicação ao sistema Itesp/INCRA. Façam essa publicação chegar aos 'técnicos' que atendem estes agricultores e agricultoras, e aos seus diretores indignos! Mirem a placa... Projeto de 'Desenvolvimento' Sustentável; (será?) 

O agricultor Tião e sua esposa Diva são de uma simpatia e motivação incrível. A família possui também uma estufa; Tião contente, em outras visitas me dizia, "vou plantar tomates!". Logo lhe forneci informações de cobertura do solo, adubação, e alguns manejos para se planejar, antes de instalar a cultura. No dia em que colhi as amostras, vi a estufa e os tomates plantados. Não havia cobertura do solo. Dizia que ao lado de
Nitrato
cada pé tinha enterrado, um  preparado de adubo orgânico misturado com um mineral e fez uma calagem. Analiso alguns pés amarelecidos.. Em outro momento encontro um saco de adubo (foto). O produtor então me diz: "foi recomendação do técnico do Itesp" que dizia que não se colhia tomates sem ele...  via foliar: ((aplicar nitrogênio sintético, solúvel, é prejudicial para qualquer cultura - trofobiose))



Em outro lote visito uma estufa (fotos) fechada por um quebra vento alto de capim-napier. Entro e sinto um ar parado e forte, que pelo jeito havia se aplicado algum tipo de fungicida a poucas horas.. Estufa é um perigo pois aprisiona os gases, sufoca.. O quebra vento estava muito próximo o que dificultava ainda mais a passagem do ar pela estufa. A plantação de abobrinhas estava vistosa, arrumada e iniciava a formação de seus frutos (foto). 
  Em outro momento visito novamente o produtor e pergunto sobre a produção da estufa. Desanimado me disse que não conseguiu colher nada, e que tinha perdido toda produção em doenças... Caramba! Isso me mata...

A presença do grupo de agroecologia no assentamento os motiva. Com oficinas técnicas (compostagem, cisterna, agrofloresta, sistema de tratamento de esgoto), teatro, e diálogos sobre os andamentos administrativo da Cooperativa. No entanto, a teoria produtiva se encontro ainda, distante da realidade. Militar é 'mão-na-massa'.

Pergunto ao Governo Federal (INCRA) como se permite a instalação de projetos de desenvolvimento sustentável, diante da luz de tanto conhecimento, sem ter instalado durante a construção das moradias, o tratamento de esgoto? Ou ao menos ter fornecido um técnico com informações simples, carregando na bagagem alternativas que a própria família o faria.. (permaCultura..) Descaso de um sistema burocrático, sucateado e caduco! 

De alguma maneira as famílias possuí informações e vem sendo amparadas...  Em prosa com o produtor Tião, dizia que tinha indo a São Paulo para a tal "certificação agroecológica dos alimentos lançado pelo Estado" e que levaria cinco (5) anos para adquiri-la; dizia que deveria conduzir sua produção por  5 anos com BOAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS. Transição agroecológica. Ilusão! Quem precisa de uma transição é o Governo desta pauliceia. Repito, basta um ano de capacitações, acompanhamentos técnicos, para se criar um planejamento local e,... para se ter Saúde no Solo de fato!

Acompanhei pesquisadores da Apta 'agronegócio' e SENAR (sindicato patronal) em atividades práticas e cursos sobre agricultura orgânica em 'extensão'... o Fazer está muito longe do Saber. Até reconheceria que o aprendizado para alguns é lento, gradual e algumas vezes depende do acaso. Mas isso, segundo os estudos sociológicos de campo remete aos agricultores... Como dizia Bernard Shaw quem saber faz, quem não sabe ensina! 

Arte do produtor Tião
Enquanto a certificação não chega para o Tião, o seu fertilizante fermentado com Sideróforos amadurece... Nossa proposta humanista, é graças à passagem pelos mundos virtuais, que, quando está em campo, adquire-se um corpo angélico, que as almas melhor imaginam a humanidade, de onde se segue talvez, com o desejo de aprender, a extensão da amizade entre os homens.

Será que já caiu a ficha aos militantes técnicos sobre o MAPA 'agroecológico'? Esbarrei seu coordenador 'infiltrado' RD no EIA - encontro internacional de agroecologia - Botucatu/2013, nas oficinas agroecológicas da ONG Giramundo, quem organizou o evento e outros. Saquei logo o esquema, e em prosa alertei o amigo Kawamura da rede APA. Tempo passou...  amadurecemos e, em tempo de Golpe e retrocessos, juntar-se ao opressor para mim é uma vergonha.

Em épocas em que a agricultura familiar camponesa não depende mais dos insumos da agricultura dominante industrial, pois é capaz de ser sujeito de sua produção de insumos "eco-tech", conhecimentos agroecológicos campesinos, e avanços reais de uma revolução agrária, sendo 'competidora' direta e que para as multinacionais & corporações de grande capital, isso deve ser inibido, impedido e destruído para o bem da economia industrial e governo. Até porque estão de olho neste potencial de mercado da Agricultura Familiar e seus 80 milhões de hectares (foto projeção do PRONAF) "Isto é feito por todos os meios: ideológicos, tecnológicos, financeiros e econômicos, pois a criação e acumulação de riqueza por este agricultor é subversiva ao sistema e não promove as metas de crescimento e desenvolvimento de infraestrutura e mecanismo econômico e financeiros". 

Sobre a mão-de-obra familiar um exemplo: "Se alguém tem alguns hectares de terra (vide estes vídeos da família do produtor Jairo 1,8 ha como exemplo: Vídeo 1 e Vídeo 2), cria algumas galinhas, uns porcos, tem uma vaquinha de leite e para mantê-los planta milho, trigo, aveia, arroz, tem uma horta e pomar, além de produzir algum mel e peixes etc. O que ele pode ter é uma mesa farta, por conseguinte saúde, uma vida idílica, ou de alta qualidade, mas nada disso promove o crescimento e desenvolvimento da sociedade industrial globalizada. Ao contrário, isto prejudica a produção, comércio e indústria de ovos, frango-de-corte, suínos, leite, manteiga, queijo, bovinos etc. (Sadia, Perdigão, Swift-Armour etc.), por uma concorrência 'desleal'. Ao prejudicar a indústria de alimentos, prejudica a indústria de rações, medicamentos veterinários, embalagens, de energia, de transporte, de créditos etc. De forma cética podemos afirmar que, também, a mesa farta é um entrave aos objetivos e metas da indústria farmacêutica, indústria de assistência hospitalar, indústria de assistência médica etc. Com agravante que o agricultor não-industrial compete com seu produto (de poucas inversões-industriais), de forma muito vantajosa pois usa insumos não-industriais e natureza de sua própria propriedade e se apropria da 'mais valia industrial indevidamente' ".

Meus amigos, caminhamos para o fim deste post, com uma passagem da A inteligência coletiva: "Redefinidas numa perspectiva humana, as regiões angélicas abrem o espaço da comunicação das coletividades consigo mesmas, sem passagem pela divindade, nem por qualquer representação transcendente (lei revelada, autoridade ou outras formas definidas a priori e recebidas de cima). Os mundos virtuais se propõem como instrumentos de conhecimento de si e de autodefinição de grupos humanos, que podem então constituir-se em intelectuais coletivos autônomos e autopoiéticos. (...) Acolhem de igual modo os 'corpos angélicos' (ou imagens virtuais) dos membros dos intelectuais coletivos - indivíduos ou equipes - , encorajando-os à observação de si e ao contato recíproco. Sintetizando a complexidade e as transformações do mundo terrestre, os mundos virtuais põem as inteligências em comunicação e acompanham as navegações dos indivíduos e dos grupos de conhecimento coletivo. Graças aos mundos virtuais, o mundo terreno ainda prolifera, transforma-se, abrem-se novas vias de singuralização, as quais, por sua vez, alimentam o 'espaço angélico'. (...) "É claro que a luz dos mundos virtuais ilumina e enriquece as inteligências humanas; não as fazendo passar das potência ao ato, já que são sempre efetivas, mas abrindo-lhes possibilidades às quais não poderiam ter tido acesso de outra maneira, informando-as dos saberes das outras inteligências, oferecendo-lhes novas potências de compreensão e novos poderes de imaginar". O Biopoder Campesino!         

Lutamos e preferimos que as utopias continuem a descrever um estado ideal do ser às do ser ideal do Estado! Estamos em luta: pela Terra, pelo solo, pelo alimento, o conhecimento a todos e todas, e pela agriCultura, que, como no pós-Guerra, continua sendo a única "tábua de salvação". 

Oliver Blanco
Comunicação Técnica Dialógica 
Juquira Candirú Satyagraha
 
Bibliografia

- A inteligência coletiva - por uma antropologia do ciberespaço, Pierre Lévy, 1994.
- Agricultura Ecológica e a Máfia dos Agrotóxicos no Brasil, Sebastião Pinheiro, Nasser Youssef Nasr e Dioclécio Luz, 1998.
- Saúde no Solo, biopoder campesino, Sebastião Pinheiro, 2015.              



Fotos em detalhes








segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Dez Mandamentos do Agricultor Biodinâmico

No final de 2008 tive o primeiro contato com o conteúdo teórico dos princípios da agriCultura Biodinâmica através do livro Biodinâmica e Agricultura,  do floricultor e paisagista Bernardo Thomas Sixel, ao passar por Botucatu junto ao amigo Diego (Micuim) - hoje Embrapa Sinop - que tinha o livro e logo levei para tirar uma cópia. Diego também, tinha muito conhecimento sobre o assunto e recebi uma aula. Na pulsão do thc, e bem banzado, admirado na prosa, tudo ficou no consciente, como um recado..  Acredito que um profissional, estudante ou amante do cultivo da terra passar por Botucatu e não for atraído pela biodinâmica, se alguma coisa ou ideia não lhe tocar, lhe direcionar, é porque está devendo por 3. Faltando-lhe inspiração nos estudos, música boa, espiritualidade na caminhada, como ei de se tornar um ecoguerreiro defensor da Vida.
 "Respeitar o decifrar do Dahmma da Natureza é Espiritualidade."
 Ontem um amigo recente que por algum motivo nos encontramos em São Pedro, me enviou, o texto que vós os compartilho. A contribuição a seguir vem de Ricardo Sixel.
Aproveitem! abç      


* 30 de junho 1927 +12 de novembro 2008

Bernardo Thomas Sixel, natural de Petrópolis, nasceu em 30 de junho de 1927, formando-se como floricultor e paisagista na Escola Técnica de Horticultura, em Munique na Alemanha. Conheceu a prática do manejo biodinâmico por intermédio de Franz Rulni, um dos participantes do Curso Agrícola de Rudolf Steiner, e iniciou essa prática, sob orientação deste, nos anos cinquenta numa fazenda em Bocaina MG, na Serra da Mantiqueira..

Thomas viveu anos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e finalmente São Paulo. Foram necessários anos de estudos e um trabalho de muitas pessoas dos mais variados enfoques sobre o manejo biológico agrícola centralizados na Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica que deixaram finalmente deslumbrar um caminho biodinâmico condizente as nossas condições agrícolas.

Thomas fez parte da equipe da Associação Biodinâmica atuando como bibliotecário e tradutor, palestrante e consultor para a divulgação da Biodinâmica e Agricultura.

Bernardo Thomas Sixel
3 de Janeiro de 2002

(1) X Correção do Solo
Fornecer a planta material para que ela possa elaborar seus nutrientes, seja em forma de pó de rocha, isto é, minerais previamente insolúveis, contando entretanto, após a sanação do organismo, com a realidade da transmutação biológica dos elementos químicos, visando então pesquisar quais plantas ou qual consórcio de espécies assumem essa tarefa.

Na prática nós conseguiremos isto se observarmos na integra todos os outros mandamentos aqui propostos, que, aliás, devem ser considerados somente como linhas diretrizes. Vamos nos convencer de que adubar não é, em realidade, fornecer diretamente nutrientes (adubos) às nossas plantações, mas sim, ensiná-las que elas mesmas podem mobilizar ou produzir o que precisam. Isto é o que nós devemos compreender como vivificação do solo.

Cuidado, portanto, com aportes e insumos, mesmo que sejam permitidos. Tudo isto custa caro e, mesmo tendo efeitos imediatos, pode atrapalhar o futuro. Segundo Ana Primavesi, 2 kg de calcário usado na peletização das sementes pode ter o mesmo efeito que uma aplicação de 2 t/ha de calcário.

(2) IX Biofertilizantes e Compostos
corrigir uma eventual falta de nutrientes e micronutrientes (com a mesma ressalva do item anterior).

Biofertilizantes e Compostos, em geral, devem ser usados como veículos dos Preparados de Ervas Medicinais e eventualmente como fornecedor de estirpes de microorganismos para uma aceleração e uma boa condução da decompostagem da biomassa existente no campo. Podemos aceitar também um fornecimento em doses pequenas (homeopáticas) de micronutrientes. Usar Biofertilizantes e Compostos para repor nutrientes gastos pelas culturas é tão nefasto quanto usar NPK mineral solúvel. Fornecimento de nutrientes é só é aceitável quando queremos acelerar o início do processo de vivificação do solo ou para nutrir plantas novas, caso isso seja indispensável.

(3) VIII Preparo do solo, plantio e tratos culturais
Melhorar, no início, mecanicamente a estrutura física do solo, caso julgue necessário: preparar as sementes e evitar capinas desnecessárias.


O solo é um órgão vivo que tem sua estruturação própria. Mexer com ela significa obrigar o solo a iniciar continuamente este processo. Portanto, o plantio direto deve ser o nosso alvo. A maioria dos nossos solos se encontra num estado tão deplorável que uma recuperação natural seria muito demorada, seja devido ao adensamento das camadas mais profundas, ou pela presença de invasoras indesejáveis. Assim, uma subsolagem profunda e mesmo uma aração inicial, não devem ser rejeitadas. Posteriormente, devemos passar a um preparo cada vez menor até conseguiremos produzir uma camada suficiente de biomassas, consistente de palha e material lenhoso que permitem o plantio direto.
Em todos esses manejos jamais devemos abrir mão da atuação dos Preparados Biodinâmicos, chamados de composto ou das ervas medicinais (502 – 507), seja em forma de Composto, de Fladen ou Biofertilizantes biodinâmicos sempre em quantidades moderados.
No plantio terras de mates recentemente derrubadas, preservar a brotação dos tocos. Deixar os brotos dos arbustos e árvores se desenvolverem até que os troncos tenham pelo menos 2 ou 3 cm de grossura e observar como as culturas crescem bem ou mal perto dessas brotações. Caso observemos um crescimento melhor, devemos deixar um broto da moita crescer. Convém, contudo, só deixar crescer uma árvore dentro do roçado, a cada 15 metros. Se comecem de competir com as culturas cortar alguns galhos. Observando desde o início que essa brotação não se mostra amiga, cortá-las sem dó. Esse procedimento facilitará a formação de Sistemas Agroflorestais que trataremos como próximo item.

Antes do plantio, peletizar as sementes. Para tal, molha-las bem, usando um regador, com o Preparado Chifre-esterco (500) corretamente dinamizado e secá-las com uma mistura de pó de calcário, fosfato de rocha, pó de basalto ou então pó de lama seca e as leguminosas, com inoculante (às vezes nem é preciso, mas em terras novas é bom não facilitar). Mudas de raízes nuas podem ser mergulhadas em lama líquida feita com o preparado 500 e os mesmos ingredientes.

Em terra fraca, plantar primeiramente uma adubação verde, preferencialmente o nosso "coquetel". Nunca plantar uma coisa só, a terra quer diversidade. Uma boa prática é semear sempre a lanço uns 5 kg de sementes de girassol por hectare. Só deixar depois os mais fortes, os restantes devem ser cortados sem dó quando florescem. Isso é importante. Exemplos para consórcios são: (sempre com girassol)
    • Milho -- Feijão de Porco mais tarde Mucuna preta;
    • Milho Safrinha – Mucuna cinza,
    • Milho – Feijão – depois da colheita do último - Mucuna cinza
    • Feijão – Guandu (estudar ainda)
    • Arroz – Calopogônio ou Guandú;
    • Girassol para colheita de sementes – Feijão comprido (Vincas)
Tudo sempre em Sistemas Agroflorestais.

Para evitar que nossas plantações serem sufocadas pelo capim, não tem outro jeito, a não ser capinemos até que nossa terra esteja no ponto, passando a capina cada vez mais seletiva, até que ela se torne desnecessária. A prática de chegar terra ao milho, com o arado de disco de tração animal, parece-me uma boa. Entretanto depois da fase do desenvolvimento das plantações, não capinem mais, isto vale principalmente para a horta. Eventualmente só cuidar que o capim não forma sementes.


(4) VII Sistemas Agroflorestais
Aumentar a produção e reciclagem da biomassa, aumentar a diversificação de espécies, criar novo eco-nichos e criar modelo de sucessão de ecossistemas.

Sistemas Agroflorestais são a espinha dorsal da nossa Individualidade Agrícola. Por meio delas, conseguimos harmonizar as nossas necessidades com as necessidades da Terra. e também com as necessidades das nossas culturas.

A presença de árvores e arbustos na paisagem é indispensável, contudo a harmonização do elemento arbóreo com as culturas é uma arte. Em localidades ausentes de matas, devemos formar faixas ou ilhas com árvores e arbustos, o que em Prudentópolis não é necessário. Lá as lavouras em geral. já estão rodeadas de florestas ou pelo menos de capoeiras, onde se cultiva, ou pode-se cultivar a Erva Mate.

Basta em geral deixar que alguns brotos dos tocos se formarem novamente em árvores Mas para evitar a erosão e poder fornecer biomassa suficiente ao solo, devemos formar faixas secundárias com essências arbustivas ou também simplesmente com Capim Napiê. Devemos plantar essas faixas rigorosamente em curvas de nível.

Infelizmente a implantação dessas aléias não está sendo observada ou está sendo posta em segundo plano ou que é lamentável. Em Prudentópolis somente o nosso amigo Miguel iniciou essa prática.

Um outro elemento necessário é o cultivo e a veneração de pelo menos uma árvore solitária, não muito perto mas também não muito longe da casa principal do sítio ou da fazenda. O Açoita Cavalo é uma boa escolha. Também as Palmeiras precisam ser preservadas, pois elas convivem com um fungo que é importantíssimo para solubilização do fósforo.

Tem árvores que não são muito amigas das nossas plantações e pastos. O Pinheiro é uma delas. Reconheço apesar da sua peculiar característica e beleza como solitárias o seu lugar é na capoeira e lá são benéficos. As Bracatingas também não servem para nossas aléias, mas seu cultivo é fácil e para quem quer fazer carvão ou vender lenha, elas são ótimas, mas é necessário ter uma licença para tal. No futuro deve-se estudar, elas como fonte de cavacos, um produto que esta ganhando uma crescente importância econômica.

(5) VI Manutenção e diversificação das Espécies
Amar e proteger a nossa flora e fauna, mas também aceitar de bom grado as exóticas

As leis ambientais parecem ser exageradas, mas conhecendo bem a mentalidade do nosso povo, foi o único jeito que nossos legisladores encontraram para preservar e proteger nossa flora e fauna. E devemos reconhecer que está dando certo. Por outro lado sabemos que as espécies das nossas culturas, na sua grande maioria, foram trazidas de fora. Também muitas ervas invasoras vieram, às vezes involuntariamente, com as levas dos emigrantes. Novidade é que o nosso manejo biodinâmico esta intensificando a busca por espécies novas para fins completamente diferentes e muitas delas já são introduzidas ao nosso meio e muitas nativas ganham importância em sentido novo. Não falo somente das ervas medicinais dos preparados, mas também daqueles que servem para a adubação verde ou simplesmente de fornecedores de biomassa lenhosa ou fibrosa. Essa, por sua vez, terá de ser decomposta e aí entram os microorganismos que nem conhecemos bem ainda. Também esses, nós devemos cuidar e espalhar. Os preparados biodinâmicos cuidam disso mas por meio dos nossos biofertlizantes e da inoculação das sementes das leguminosas podemos ainda dar mais uma mãozinha. Boas técnicas são colocar arroz cozido dentro de um saco de algodão num lugar úmido na mata fechada que acrescentamos depois aos Biofertilizantes. Importante também neste Sentido é cuidar das Palmeiras. Existem com certeza ainda muitas outras plantas cuja importância nem sabemos ainda.

(6) V Planejamento Paisagístico
Planejamento paisagístico do sítio ou da fazenda dentro da sua microbacia

O tratamento paisagístico do seu sítio deve ser bem planejado, por isso pensem bem, antes de fazer uma curva de nível permanente, onde fazem um caminho novo, onde fazem uma construção, onde plantam um bosque ou mesmo uma árvore solitária e, principalmente, onde querem fazer um açude. Evitem ao máximo possível de movimentar terra.

Talvez sempre será bom de discutir o assunto com os vizinhos amigos ou com o consultor e verificar qual a situação geográfica de sua propriedade dentro da microbacia . Contudo podem abusar de plantar flores. Eles não trazem somente beleza mas também pelas suas cores as forças dos planetas.


(7) IV A vida econômica da Individualidade Agrícola
Escolha criteriosa das linhas produtivas, visando a sustentabilidade econômica da individualidade agrícola, harmonizando as inclinações pessoais com as necessidades sociais e as predisposições naturais da região

A primeira coisa que teremos de fazer é produzir nossos próprios alimentos para nossa família e nossos encarregados. Mas naturalmente teremos que vender produtos. Ora, para um sitiante vender grãos não é um grande negocio. Assim é melhor de transforma-los em produtos panificados, flocos etc. ou até em carnes e ovos. Melhor ainda é industrializar os dois últimos. Para tal teremos que nos juntar. Há contudo para nossa produção ainda outros meios de fazer dinheiro. Há frutas que podem ser industrializadas, há verdura, ervas medicinais e em Prudentópolis também a Erva Mate. Também há o fumo que devemos aprender a plantar biodinamicamente. Uma boa dica é um restaurante na beira de uma estrada e há o ecoturismo. Bem, tudo isso esta sendo discutido na ING. Entretanto quero alertar, querer criar gado num sítio pequeno não dá certo. A vaca é um animal que vive em manadas e vacas no fundo são predadores como também as galinhas. Mesmo sendo a vaca para a Agricultura biodinâmica um animal verdadeiramente sagrado, elas devem ser tratadas como tais. O sistema de faxinais seria uma boa solução, se estas são tratados biodinamicamente, mas isso necessita uma união de todos moradores. Há uma certa necessidade de decidir-se ser agricultor ou pecuarista, o ultimo precisa muito mais terras.

Deve-se ponderar também um aspecto completamente diferente: a madeira é uma matéria prima que é muito mais consumida do que produzida e assim ela esta ficando sempre mais rara. Plantar árvores e a melhor poupança econômica que nós podemos fazer.

(8) III A Individualidade Agrícola como o novo Templo
O agricultor deve ter em mente que os produtos com qualidade Demeter só podem ter "caráter" quando além da cura ou sanidade da terra, busca-se também sua santificação, para que esses produtos como alimentos possam ser transubstanciados por quem os come, o que só é possível se essa encarnação do espírito se processar anteriormente no cultivo. A Individualidade Agrícola como sítio ou fazenda torna-se local da verdadeira comunhão da Terra com o Cosmo, a saber, um Templo erguida na natureza.

Assim como nós seres humanos temos um corpo que vive e temos uma alma que nos permite dizer Eu, assim a Terra também é um organismo, cuja vida é mantida pelas plantas, tem uma alma que é representada pelos animais e pelas estrelas e tem um Eu que se representa por nós, os seres humanos. Nós que queremos ser cristãos, sabemos que Cristo de deu a reconhecer aos seus discípulos dizendo: Quem come o pão, pisa-me com seus pés. Isso indica claramente que Cristo tem a Terra como seu corpo e o que cresce nela é parte Dele. Um saber dessa natureza aumenta imensamente a nossa responsabilidade quando cultivamos o nosso pedaço de chão. Imaginem, o que produzimos e da natureza do Cristo, o que entretanto só é real, se durante a nossa lide temos esse saber sagrado vivo em nossas corações. E é esse saber que difere a Agricultura Biodinâmica de todos os outros sistemas de manejos agrícolas. Podemos também afirmar o contrário, se alguém tem realmente no seu coração esse saber, então ele é um agricultor biodinâmico.
Posso transmitir ainda mais um segredo: Se for verdade que a humanidade deve representar o Eu da Terra então o Cristo, como Eu do mundo, é o representante do Eu da humanidade no céu, ou no mundo espiritual como dizemos nós os antropósofos. Isso a natureza quer mostrar-nos como imagem. Um portador de um Eu sempre há de estar em pé. Os seres da natureza que estão em pé são os homens e são as plantas. Só que nós erguemos as cabeças em direção ao céu e as plantas têm sua cabeça, as raízes, dentro da terra. Assim elas têm o segredo de poder estar ereto e esse segredo elas nos transmitem quando elas se oferecem a nós como alimento.

Por sua vez, o "estar em pé", dos seres humanos e das plantas e em especial das árvores invertido, é uma imagem para uma lei geral. Cada processo corre paralelamente sempre também em direção contrária. Portanto, se algo espiritual desce para um físico, um físico sobe para o espiritual. Assim podemos também inverter esses 10 mandamentos. Aliás, eles foram só chamado de mandamentos por motivos didáticos e querem ser somente linhas de condutas, o que em realidade também as são os dez mandamentos do Velho Testamento, quando o primeiro mandamento o EU SOU é bem apreendido.

(9) II Dinâmica do Cosmo e Calendários Agrícolas
O agricultor deverá novamente orientar--se pelos movimentos e constelações dos astros e tentar colocar todos os afazeres cotidianos da lide agrícola em correspondência com o acontecer cósmico como uma oferenda nossa, para recebermos em troca, por meio dos Preparados Biodinâmicos, a bênção celeste.

Para sermos, cada um, um Eu, nós temos que pisar firmemente na terra, olhar para frente e também para cima. Nós teremos que estar conscientes do que acontece no cosmo. Observemos como cada dia Sol e a Lua se movimentam um pouco diferente na cúpula celeste e como toda noite as estrelas não estão bem lá onde estavam ontem. Compreender esse acontecer, foi sempre um grande desafio para a humanidade e mesmo os povos tidos como primitivos sabiam prever o que acontecia lá em cima.

Por meio de uma observação consciente de todos esses processos, nós podemos inscrever os movimentos dos astros dentro do nosso complexo corpóreo vital e faze-lo orientar o que devemos fazer. Observar, compreender e reconhecer o movimento dos astros é um exercício para ser representante do Eu.

Enquanto formos ainda meros "pixotes" podemos orientar-nos pelos calendários agrícolas. Mas por favor; não cegamente. Evitamos plantar e semear quando há nódulos (tendo um traço no calendário) pois nós já observamos que em certas horas e dias as sementes nascem muito mal e isso coincide com esses traços no calendário. Mesmo se em todos os casos isso não pode ser comprovado estatisticamente.

Se quisermos folhas e massa verde, por exemplo, para a adubação verde, devemos semear em dias de folha, mas um pouco antes da Lua cheia. Se quisermos plantar grãos, como milho e feijão, devemos escolher dias de fruto, mas depois da Lua cheia para evitar que as sementes colhidas carunchem. Lembrem que os pós de sílica jogados por pitadas em cima dos sacos que guardam os grãos ou em cima das espigas armazenadas, ajudam em muito evitar o caruncho. Acho uma aplicação do Preparado Chifre sílica terá o mesmo efeito.


(10) Preparados Biodinâmicos - Mensageiros e Mediadores entre Terra e Cosmo

São essenciais para o nosso trabalho. Sabemos que temos dois tipos de preparados. Os dois de chifres, esterco e sílica. O primeiro o Chifre-esterco faz que as raízes logo apreendem o que fazer e assim deve ser aplicado diretamente no solo. Podemos usá-lo na peletilização das sementes e assim poupamos trabalho. Caso que termos necessidade de comprar sementes comerciais devemos primeiramente deixá-los de molho, para livrá-los dos venenos que os cobrem.. Nesse caso é melhor aplicar o Chifre-esterco diretamente no chão.

O segundo, o Chifre-sílica, faz que a planta aprende a ser o que ela é e ajuda para que ela cresça bem segundo a sua natureza específica. Assim aplicamos esse preparado em forma de névoa por cima das primeiras folhas já desenvolvidas.

Temos mais seis que foram chamados Preparados de Composto, pois para aplica-los temos preparar com eles primeiramente um composto de materiais orgânicos de origem vegetal e animal. Como se atendo o composto em primeira linha como um adubo, isto é fornecedor de nutrientes. O que nos teremos evitar se queremos uma verdadeira qualidade, prefiro chama-los de Preparados de Ervas Medicinais. Para aplica-los, principalmente na compostagem laminar, dispomos alem do composto também o Fladen que é um composto muito concentrado, ou os Biofertilizantes. Servem, em todos os casos, para conduzir em maneira adequada, a decomposição do material orgânico produzido no meio das nossas culturas, para que a Terra possa incorporá-los como sua substância viva, seja em forma de humos ou talvez ainda em forma de outros aminoácidos formadoras de substâncias protéicas.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Interpretação Cromatográfica do solo coletado nas cercanias de uma Olaria

"Decidi não mais servir e sereis livres; não pretendo que o empurreis ou sacudais, somente não mais o sustentai, e o vereis como um grande colosso, de quem subtraiu-se a base, desmancha-se com seu próprio peso e rebentar-se." Etinne de La Boétie (Discurso da Servidão Voluntária)
Fora Governo! 'Militar é agir'. Grupelhos!


Em leitura recente do livro A Inteligência Coletiva, de Pierre Lévy, numa passagem sobre qualidades humanas e economia da inteligência coletiva, final do capítulo 2, nos diz: "Ora, precisamente em período de nomadismo antropológico, quando se passa de mundo em mundo (em lugar dos deslocamentos em um território geográfico), a transmissão e a integração não podem mais passar unicamente pela linhagem familiar ou pela instituição escolar. Quando só existem alguns saberes estáveis a transmitir em meio a uma variação maciça e contínua de conhecimentos pertinentes, a canalização da transmissão - útil em outros tempo - pode se tornar um freio, ou mesmo um fatal ponto de estrangulamento. À desterritorialização dos fluxos econômicos, humanos e informacionais, ao surgimento de uma nomadismo antropológico, propomos responder com uma desterritorialização da iniciação e da própria humanização. A serviço da liberdade, não são necessários meios que reforcem a autonomia e aumentem a potência dos que dela se servem, em vez de habituá-los à dependência? É por isso que a transmissão, a educação, a integração, a reorganização do laço social deverão deixar de ser atividade separadas. Devem realizar-se do todo da sociedade para si mesma, e pontencialmente de qualquer ponto que seja de um social móvel a qualquer outro, sem canalização prévia, sem passar por qualquer órgão especializado. Existem técnicas adequadas para obter esse resultado? Que engenharia corresponderia à ascendente economia das qualidade humanas?" 
 
Em julho deste ano, ainda residindo no município de Quatá – SP/Brasil, deparei me com um solo preto muito próximo aos fornos de barro utilizados para a queima de tijolos em uma Olaria (foto acima). Na ocasião, sabendo da presença artesanal da biofábrica, fui buscar um pouco de seus resíduos para a produção de insumos agrícolas de síntese orgânica (bokachi e biofertilizantes fermentados): cinza e munha de carvão.

A família, a 26 anos no ofício de oleiros no município, sendo considerada uma das oficinas mais antigas em termos industriais, técnica pré-histórica datada do neolítico, logo me recebeu e disseram para ficar à vontade para pegar os materiais que quiser. Um jovem veio até mim e damos a prosear.

A matéria prima utilizada em uma olaria (de “ola” termo antigo para “panela de barro) é o barro ou argila, como também a madeira para alimentar o fogo das caieiras. Para cada 1 tonelada de argila se fabrica 1.000 tijolos. Os mais atentos sabem que ali também geram resíduos como a cinza e a munha de carvão, provenientes da limpeza das caieiras após assar as peças de tijolos. A técnica da queima do barro ou terra queimada já era de conhecimento dos indígenas no Brasil; método que deveras, também contribuiu para a transformação da “Terra Preta” indígena no passado em território amazônico.

“Na metade do Século XXI, arqueólogos descobriram na bacia Amazônia, grandes áreas com ‘Terra Preta’ (Amazonian Black Earth) com mais de dez por cento de matéria orgânica. Por sua origem geológica estes solos, muito oxidados e ‘pobres’ em minerais (Oxysoles) não têm fertilidade, mas foram totalmente transformados por indígenas. São mais de cinquenta áreas, construídas desde há mais de cinco mil anos, através do manejo do carvão vegetal, biomassa, minerais, cerâmicas moídas, microrganismos pelos indígenas. Esta obra é tão fantástica quanto uma pirâmide ou construção de um calendário. As análises com a matéria orgânica da terra preta de índio, o que mais choca é o altíssimo conteúdo em ácido himatomelânico, muito similar à dos andosoles riquíssimos em minerais das regiões vulcânicas semi-áridas. O mais fantástico é que essa membrana de Carbono permaneceu ativa e auto-sustentável sem a presença do homem, enquanto as terras da agricultura industrial tendem ao deserto por não-sustentabilidade do Carbono, na presença da ciência do homem civilizado.

Este é o principal instrumento da nova ordem da ‘Revolução Verde na África’ “(PINHEIRO, 2015).

E, em julho de 2017, 'Eu' descubro uma mancha de solo ‘preto’ nas cercanias de uma olaria, transformado pelo trabalho de oleiros, microrganismos, restos de tijolos, telhas, cavacos de madeiras, munha de carvão*, cinza*, o tempo e lixo; lixos!? (plástico, vidro..). Pode-se dizer que houve uma integrada e sequencial ação de diferentes fatores ambientais estocástico e organismos vivos, o que acaba sendo parte desta evolução do homem e sociedade, neste caso em particular não visava um 'sistema' agrícola, mas uma mancha de membrana orgânica se formou..  

Disse-me o jovem com quem tive uma longa prosa sobre agricultura que naquela mancha preta já se colheu abóboras enormes. Sem a qualquer intenção de plantio! Havia uma vegetação espontânea exuberante e muito verde, e também pude ver um emaranhado de pés de abóboras se misturando com os montes de madeiras de todo tipo, como paletts, restos de galhos de árvores, tocos.

Perguntei a quanto tempo a família estava ali no local neste ofício, depositando os resíduos. Disse que já fazia uns 16 anos, mais o pai tinha mais tempo de trabalho, e que a 6 anos atrás, um plantador de hortaliças local, com auxílio de uma máquina, rapou mais ou menos uns 60 cm deste solo preto para adubar seus canteiros. Disse que o pessoal então começou a vir coletar o solo preto para colocar em suas hortas caseiras.

Passado 6 anos de depósito de resíduos, este é continuo de acordo com o trabalho, após a maior retirada; resíduos por cima de resíduos, intercalando também uma vegetação espontânea que por ciclos recebiam uma carga de todo tipo de madeiras para serem queimadas nos fornos, então, fiz uma pequena trincheira de 1 metro e constato até uma profundidade de 30 cm a existência de resíduo orgânico, mais na superfície madeiras em estágio avançado de decomposição, e manchas prestas de um 'Solo preto'. Realmente preto.
solo da olaria

Fiz uma coleta de 300 gramas de solo nas profundidades 10, 30 e 50 cm. Ganho uma linda abóbora e termino a prosa com o jovem, que também me relatou que seu pai estava ruim no hospital com problemas nos pulmões, uma semana depois, volto ao local e fico sabendo do seu falecimento. Faço um alerta sobre a questão da fumaça e poeira de carvão vegetal, podendo ser a causa da morte do pai. Pois vi que trabalhavam sem camisa, muito menos usavam máscaras.

Segue os cromas revelados na técnica de Cromatografia de Kolisko/Pfeiffer em novembro 2017:

1. Na profundidade 10 cm
Solo Olaria, 10 cm - papel W#4 150mm Foto: Oliver Blanco
Este é um Cromatograma de uma solo nas cercanias de uma Olaria na cidade de Quatá - São Paulo - Brasil. Utilizamos a técnica de Cromatografia de Kolisko/Pfeiffer para ser possível obter está harmonia holográfica das relações intrínsecas àquele ambiente/habitat, mais especificamente nas integrações dos resíduos da produção de tijolos: munha de carvão, cinza e resto de madeiras (cavacos, pedaços e outros..), pedaços de cerâmicas, telhas, tijolos.

Constata-se a presença e a atividade microbiana nos primeiros 10 a 20 cm até 30 cm de solo. Com uma boa oxigenação e um metabolismo primário, até um pouco acelerado da matéria orgânica - bem representada pela cor clara, rumando para o branco no centro do croma, zona central.

Apesar da boa integração da zona mineral com a zona proteica, a pouca diferenciação dos dentes na zona externa mostra-se também pouca diversidade do mesmo. O que podemos completar, ao manejá-lo para a produção de alimentos, remineralizando-o com farinha de rochas, no ocasião o basalto, em grande quantidade na região.

O solo superficialmente possui boa atividade enzimática. Visto que a terceira zona, está bem integrada, com cores ideais, evidenciando esse conteúdo da digestão proteica.

O solo até a profundidade de 30 cm é possível observar sua cor preta - característica de um solo com boa reserva de energia - húmus. Tal característica se confirma pelo metabolismo secundário ativo da matéria orgânica revelados também no croma; início de formação dos dentes rumando para característica em ‘explosões lunares’ na zona externa, e com boa atividade enzimática - metabolismo secundário dos resíduos. Concluímos com isso que o solo possui uma boa fonte de carbono (húmus em formação) e um bom nível de potencial nutricional.
Para entender um pouco mais dessa dinâmica  da formação do solo de cor preta, ver o post (PICUMÃ) sobre o uso do carvão vegetal no solo. Estudar também as característica técnicas das partículas micropuverizadas do carvão (tal biochar gringo!).. 


2. Profundidade 30 cm 

Solo Olaria, 30 cm - papel W#4 150mm Foto: Oliver Blanco
Com este cromatograma, e comparando-o ao primeiro acima, fica nítida a diferença, na dinâmica biológica e na presença dos materiais e dos agentes transformadores deste solo (de novo horizonte A). A zona central, que quando aparece vai da cor preta, creme, ao cinza, branco.. e prata (do 'mínimo metabolismo microbiano aeróbico e máxima fermentação anaeróbica' - aqui podendo o leitor/a constatar melhor ainda essa mudança ou diferença no terceiro croma logo a baixo), portanto, vemos neste croma que, a 30 cm, a zona central está menor, com mudanças na cor para creme, porém, possui ainda oxigênio que alimenta a atividade microbiana, e no mais, com dinâmica lenta em relação ao nível mais superficial do solo. Pode ser acelerada com a infiltração de água, no início das chuvas. É evidente as características do antigo horizonte deste solo; de menor densidade e argila média, chegando no máximo a 18%.

Na zona intermediária, já é possível notar um círculo linear com um marrom mais escuro, evidência de uma membrana inorgânica com um pouco menos de vida, menos integrada em relação ao primeiro croma (profundidade 10 cm).

Este croma nos revela um bom solo para o que antes estava exposto (erosividade), com pouca conservação, erodibilidade e, agora possui uma evolução dinâmica criada pelos resíduos de ação entrópicas e humana.

Uma vegetação de estratos maiores, no entanto, levando em consideração as peculiaridade biológicas de cada planta, se arbórea, definir os espaços certos com maior distância e planejamento: algumas frutíferas e nativas, portanto, com preferência em potencial forrageiro, o tornaria  melhor em profundidade, com maior infiltração de ar e água. É uma recomendação dentro do manejo agrícola. Ideal seria uma expansão de raízes (lembrar que, por exemplo, Panicum máximos e Brachiarias possuem raízes que chegam até 2 ou 3 metros de profundidade)  e cobertura vegetal para que este croma evolua, como ao primeiro (1), ampliando assim, sua capacidade em armazenar o carbono e os gases do efeito estufa, ao mesmo tempo em que mantém sua fertilidade em níveis sustentáveis. Caso, é claro, se neste solo desenvolvesse a agricultura (produção de milho, hortaliças, etc).       

3. Profundidade 50 cm

Solo Olaria, 50 cm - papel W#4 150mm Foto: Oliver Blanco
Neste croma, foto de como é o mesmo solo acima só que aos 50 cm de profundidade, fica mais expressivo observar a falta das características que compõe um solo vivo: boa oxigenação, reserva hídrica, micróbios e principalmente o que poderia proporcionar uma vegetação com raízes mais profunda.  Nota-se, que a zona central já é pouco evidente e a cor creme escura mostra a presença ou efeitos de uma ligeira fermentação anaeróbica, compactação e falta d'água.
A zona intermediária se define melhor; sem uma harmonia integrativa entre a zonas interna e periférica. A cor castanha escura se estende para a zona externa; não há formação de dentes, porém a cor castanha escura bem definida na borda, não é ideal, pode evidenciar a ação do metabolismo secundário do enxofre, quiçá pela ação das enzimas Arylsulfatases de liberação de enxofre, que também deve atuar no metabolismo primário, centro do croma.

         
4. Extração de Huminas camponesa
 
Extração de Huminas Camponesa, amostra composta entre 10 a 30 cm de profundidade - papel W#4 150mm Foto: Oliver Blanco
"Huminas é a transformação progressiva e lenta do ácido húmico, fúlvico e himatomelânico na sintropia microbiana nos períodos humogênicos para resiliência aos períodos humolíticos." (PINHEIRO, 2017).

O cromatograma acima é uma tentativa de extração e identificação de huminas deste mesmo solo. Representa a composição espectral holográfica das Huminas extraíveis do solo de olaria analisado. Não me parece ser um bom croma de Huminas. Podemos especular que na grande interferência e depósitos intercalados de resíduos proveniente das atividades semanais da olaria: munha de carvão, pedaços de madeiras, cinzas e pedaços de argilas, faltou o fator vegetação para uma completa sintrofia deste elementos no solo.

CONCLUSÃO

Concluímos que é evidente o potencial agrícola do carvão vegetal como agregador de outros elementos bióticos e abióticos nesta hierarquia em espiral da vida, podendo acelerar a construção de um solo, armazenar energia, aumentar o potencial resiliente de microrganismos, bem como, aumentar sua fertilidade.

Um sistema agroflorestal, 'Agricultura Sintrópica', por exemplo, considerando o tempo e o espaço (da arquitetura vegetativa) e a ação do trabalho, corpo presente no agir (famílias de agricultores) e também as leis termodinâmicas, não colocaria tanto carbono no solo em nível agrícola e na linha de produção 'sustentável' em tão pouco tempo. Ou seja, não formaria um solo tão rápido, 30 até 60 cm de solo preto em 3 até 6 anos, paralelamente a um ciclo de extração biológica de minerais, quando se utiliza o manejo de técnicas como adubação verde (foto no final), remineralização, carvão vegetal, restos de madeiras trituradas, apoio de compostos pré-fermentados enriquecidos de micróbios, etc.. Porém, uma técnica não inviabiliza a outra. Uma agrofloresta pode se iniciar com essa base, não só como técnica, mas como planejamento holístico dentro de uma propriedade, até porque, um dos objetivos de uma agrofloresta, também, seria reconstituir uma Floresta em equilíbrio entrópico.

Diz Pinheiro, S.:
"6. Brasil: A falta de visão estratégia com respeito às cortinas florestais e quebra-ventos são inexplicáveis. Não há como aumentar a precipitação no Cerrado, Pampa e Caatinga, mas diminuindo a incidência dos ventos podemos preservar a umidade no solo por um período de tempo longo e se integrarmos com o armazenamento de Carbono no solo é possível em pouco tempo regularizar o ciclo hidrológico e Nitrogênio podendo quadruplicar a produtividade. Entretanto, não há política pública para a instalação de cortinas florestais ou quebra-ventos. Embora no passado, no nordeste o sistema de produção mocó-seridó usasse vento de baixa estatura (guandú, algodão arbóreo, crotalária, leucena) com sucesso, aproveitando as cercas, caminhos, sem ocupar os espaços de produção. O mesmo pode ser feito nos assentamentos de Reforma Agrária com frutíferas. É lastimável, mas a questão do Carbono é negócio de interesse financeiros internacional, com disputa estéreis entre latifundiários, ambientalistas e movimentos de luta pela terra."

Assim, o agir da agriCultura, na qualidade biológica e de composição mineral (em quantidade, presença de elementos traços) nos alimentos, provenientes de uma técnica com maior diversidade vegetativa e de ciclo rápido, cortinas florestais, etc., transitaria para a formação de húmus de qualidade e em menor tempo, num alcance maior em espaço de área, como também, no maior aproveitamento da energia Sol, o que traria um maior equilíbrio no tempo natureza (Tn), no tempo camponês (Tc) e extração econômica de alimentos saudáveis das atividade agrícola sob a terra, atendendo a um mercado local e até regional (Ti). (Ti = tempo industrial)     

Oliver Blanco
Comunicação Técnica Dialógica 
Juquira Candirú Satyagraha


Bibliografia:

- PINHEIRO, Sebastião. Saúde no Solo (BIOPODER CAMPONÊS), 2015. Editora Salles.

- PDF, Extração e Identificação (Camponesa) de Huminas por Cromatografia de Pfeiffer, Pinheiro, S. 2017.

*Biomassa com 70 dias pós plantio 'muvucado' de espécies de plantas leguminosas, oleaginosas e gramíneas, Bebedouro/SP.
Foto: Oliver Blanco, empresa Wolf Seeds/Brasil
 *Munha de carvão nas cercanias da olaria.


*Cinzas




 

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