"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Garantia da qualidade na produção de alimentos



Croma de Jairo Restrepo Rivera, curso internacional de orgânicos, Itajaí/SC, foto: O.Blanco

 ...do Saber e Fazer, tecnologia camponesa a serviço da emancipação e soberania de comunidades rurais Latinas, rumo ao desenvolvimento saudável das novas gerações - frutos cristais, futuros protetores da Mãe Terra. O.Blanco

O Posfácio reproduzido a baixo foi escrito pelo mestre 'Tião' Pinheiro para o livro em que ele traduziu - O Húmus: origem, composição química, e importância na natureza, de SELMAN ABRAHAM WAKSMAN - Professor de Microbiologia do Solo da Universidade de Rutgers e Microbiologista na Estação Experimental de Agricultura de Nova Jersey. Disponível em pdf (posso enviar caso há interesse) ou o livro, disponível na rede Caatinga.


Lutamos juntos ou morremos separados. Falamos aqui da real Agricultura. Não se engane assistindo as notícias agropecuárias reproduzidas na TV. Falamos de um caminho de respeito a todas as espécies existentes no planeta. Falamos em garantir alimentos de qualidade, tão importante como garantir o acesso ao solo (Terra) a todos que estão decidido a fincar raiz, molhar as mãos, semear.

Precisamos estar atentos a palavra Agroecologia, pois ela exclui a palavra Cultura e vem sendo acochambrada, de fachada, quando o Estado a adota, na tentativa de controlar o progresso da Agri-Cultura cidadã, pública, comunitária, urbana, microbiológica, orgânica, humana, Familiar... Na real, na prática, não se edifica nada com qualidade no Saber e no Fazer vindo da extensão do Estado. Um Estado favorável ao desenvolvimento de Latifúndios, aplicação de Agrotóxico (guerra, Morte!), altos impostos, concessões a Multinacionais (exploradora da riqueza nacional), com negligência a Reforma Agrária e outras injustiças, não quer sua nação livre, soberana, saudável, harmônica, de direitors iguais.

Não obstante, sem mais blá, nem disse me disse, pra quem tem a pegada... "E não protejo 'pesquisador' de dez estrelas / Que fica atrás da mesa com o cú na mão"     
Posfácio

GARANTIA DE QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
ALTAMENTE MINERALIZADOS, ATRAVÉS DA CROMATOGRAFIA DE
RUNGE-PEIFFER PARA A SAÚDE DO SOLO, DA AGRICULTURA E
HUMANA, SOB CONTROLE DOS AGRICULTORES E CONSUMIDORES.

INTRODUÇÃO:

A má qualidade dos alimentos da agricultura industrial cresceu inversamente proporcional ao conteúdo de húmus no solo agrícola, e exponenciou com a presença de resíduos tóxicos e xenobiontes tornando-se uma constatação mundial. Hoje, a pobreza em vitaminas e nutrientes, conhecida e questionada desde o final do Século XIX (Hensel, 1891) cria uma corrida para o consumismo de alimentos orgânicos, escorados em uma cadeia de serviços de interesse financeiro e econômico de grandes grupos internacionais e ONGs locais.

A pressão das empresas de fertilizantes, antibióticos e agrotóxicos para o não-funcionamento dos laboratórios de análises de resíduos fica periférica com a publicidade dos documentos sobre a desmineralização de alimentos alemães (1941) e britânicos (1944), ONU, (1973 e 2000).

O Professor Pfeiffer (1958) aperfeiçoou um método simples e barato de controle de qualidade da saúde do solo, logo após a primeira Guerra Mundial, mas não pode aplicá-lo, e nos EUA onde refugiou-se, o ampliou para o controle da qualidade dos alimentos. Contudo, ali não havia interesse e sua divulgação ficou restrita a grupos místicos e religiosos.

O alto custo das análises de qualidade e as constantes fraudes com alimentos orgânicos certificados criam desespero entre produtores e consumidores e a situação é insustentável, pois manipula os agricultores no interesse de certificadoras, ONGs, atravessadores e governos.

Nos últimos trinta anos lutamos com denodo por uma agricultura orgânica, mas ao vermos os resultados das ONGs internacionais, nos últimos sete anos nos dedicamos a treinar mais de vinte mil agricultores na América Latina, onde instalamos mais de dez laboratórios para o exercício soberano do controle de qualidade dos alimentos a partir da Cromatografia de Pfeiffer para a Saúde do Solo.

O propusemos como política pública educativa e social, mas não houve, até o momento, qualquer interesse. Reavivar as campanhas manipuladas e induzidas contra transgênicos, agrotóxicos, nanotecnologia em nome da agroecologia é a ordem que estrutura o interesse político tendencioso.

O uso intenso da cromatografia de Pfeiffer no controle da remineralização (farinhas de rochas) e saúde do solo nos permitiram (com mais de dois mil cromatogramas) aprofundar e enfocar o presente trabalho. Há uma epidemia oculta e silenciosa que grassa pelo planeta e está comprometendo não só a saúde, mas a capacidade cognitiva das crianças, conforme documentos da União Europeia, China e EUA, a desmineralização dos alimentos.

Resolvemos, então, através da Cromatografia Runge-Pfeiffer, avaliar a importância do conteúdo de húmus (Waksman, 1936) no solo na restauração da qualidade mineral e proteção contra xenobióticos e outros resíduos tóxicos.

O método é simples, apenas uma inovação, percebida depois de realizar uma centena de análises cromatográficas em Terra Preta de Índio29, no Instituto Federal da Amazônia em Manaus. Os ácidos húmicos possuem a capacidade de regularizar a velocidade e dinâmica das reações no solo, metabolismo de microrganismos e alterar o metabolismo de muitas plantas. Os minerais mais estratégicos, hoje, do ponto de vista nutricional são os lantanídeos, que em quantidades de traços provocam a duplicação da vida dos cobaias em laboratórios.

Nossa primeira preocupação foi adequar a cromatografia de Pfeiffer para a detecção dos lantanídeos, sua distribuição nos cromatogramas conforme a qualidade e quantidade de húmus em função dos microrganismos. Os lantanídeos possuem emissão radioativa, facilmente detectável por papel fotográfico em contato direto com a mesma protegida da luz para o revelado autorradiográfico sobre o papel fotográfico. O papel fotográfico e o cromatográfico têm suas marcações coincidentes para comparar os dois cromatogramas e avaliar a importância do húmus na presença e dispersão dos lantanídeos, facilmente identificáveis pelos seus respectivos Rf.

A leitura tradicional do cromatograma nos dá a Saúde do Solo e a leitura da autorradiografia (fotografia) nos dá a riqueza, equilíbrio e sintonia entre húmus e lantanídeos, permitindo ao agricultor, em um primeiro momento garantir o uso de farinhas de rocha, depois a qualidade do seu produto quanto à saúde do solo e remineralização do alimento e para a saúde do consumidor.

Em um segundo momento a cromatografia do alimento é acompanhada de uma fotografia para fazer o mesmo processo e detecção dos lantanídeos diretamente nas frutas, hortaliças e outros alimentos com maior sensibilidade.




Posfácio de Sebastião.indd p. 403 a 404 20/04/2012 – do livro:

O HÚMUS: ORIGEM, COMPOSIÇÃO QUÍMICA, E IMPORTÂNCIA NA NATUREZA.


Por SELMAN ABRAHAM WAKSMAN - Professor de Microbiologia do Solo da Universidade de Rutgers e Microbiologista na Estação Experimental de Agricultura de Nova Jersey

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rumo ao VI Congresso do M S T


"Lutai ativo, corajoso e esperto. Pois só  verás o teu país liberto se conseguires a Reforma Agrária".
Patativa do Assaré



Entre os dias 10 a 14 de fevereiro de 2014 o MST realiza seu 6° Congresso Nacional, em Brasília.

“Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!” é o lema deste próximo Congresso, que representa a síntese das tarefas, desafios e do papel do Movimento nesse período histórico que se abre.

Desde o começo do ano passado o MST está em período congressual, realizando o trabalho de base nos acampamentos e assentamentos para definir o programa agrário.

Dessa maneira, em debates com a militância, com as famílias acampadas e assentadas, pesquisadores da agricultura e apoiadores, o Movimento tem construído propostas em torno do programa de Reforma Agrária Popular para o meio rural, que corresponde ao novo período histórico de hegemonia do capital financeiro e a ofensiva do agronegócio.

Com isso, esse espaço pretende trazer à militância e à sociedade, em geral, discussões que estão sendo realizadas para compreender melhor esse período histórico pelo qual passa o MST, para a partir daí, enfrentar os desafios que estão colocados.

Portanto, bom estudo a todos e vamos à luta!


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Reunião do Fórum de Agricultura Familiar da Região de Sorocaba, SP



...porque todo o santo dia é Dia de Agricultura Familiar. - Diz aê meninas? - Verdade verdadeira seu moço. Então, que cuidemos, muito bem cuidado, de nossos agricultores e agricultoras. - Viva! Assim vivamos todos com seus alimentos... - mas ó seu moço! - oi... - Agricultor e agricultora são aqueles e aquelas que ficam a raiz; possui mãos abençoadas por manterem o contato com a terra. - Há sim, eu sei. - Mais, meninas! - E aqueles do tal Agronegócio Biotecnológico? - Chê loco! nem por Deus...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

RECEITAS ALTERNATIVAS

...do Saber e Fazer, tecnologia camponesa a serviço da emancipação e soberania de comunidades rurais Latinas, rumo ao desenvolvimento saudável das novas gerações - frutos cristais, futuros protetores da Mãe Terra. O.Blanco

Calda Sulfocálcica
  
As caldas preparadas a base de enxofre, ajudam a solucionar problemas de nutrição e doenças nos cultivos agrícolas. Essa calda controla mais de 40 enfermidades com bom resultados, como fungos e diferentes diminutos ácaros que danificam a planta, como o ácaro vermelho, e outros tipo de insetos, pulgões, trips, cochonilhas, coleobrocas ou besouros furadores, ferrugem, larvas mastigadoras, assim como ovos e larvas de diferentes mariposas e pulgões. Também é excelente no controle de doenças causadas por fungos. Se recomenda principalmente para o cultivo de cactáceas (palma, por exemplo) e frutas, podendo também se utilizar no controle de carrapatos e sarna dos bovinos.

Restrições ao uso

Não aplicar nos cultivos de curcubitáceas (pepinos, abóboras, melões, melancias, buchas, cabaças, abobrinhas, etc.) porque o composto poderá queimar as folhas e abortar a produção.

Utensílios

latão no fogo
- Lata ou tambor com capacidade de 100 litros
- Recipiente plástico ou a carriola (para a mistura seca do enxofre e cal)
- Boa lenha que garanta por 30 a 40 minutos um bom fogo.
carriola

Ingredientes
(para o preparo de 100 litros de Calda Sulfocálcica)

- 100 litros de água fervendo
- 20 kg de enxofre*
- 10 kg de cal de construção, cal virgem ou hidróxido de cálcio

enxofre
Validade 
 1 ano, guardada em recipientes escuros e locais sombreados
preparando a mistura





Preparação

- No tambor ou na lata, colocar os 100 litros de água para ferver mantendo sempre o fogo alto em todo o processo, mesmo quando a água estiver fervendo e ao iniciar a colocação da mistura (enxofre e cal). O ideal é ter uma água fervendo ao lado, em outra lata, para ir repondo a água que vai se evaporando no sistema.

-  No recipiente de plástico ou carriola, misture os 20 kg de enxofre com os 10 kg de cal.

mistura do enxofre com o cal

- Depois que a água começar a ferver, colocar cuidadosamente a mistura de enxofre com o cal.
 
adicionar a mistura

- Mexer constantemente com um bastão de madeira durante 25 a 45 minutos até o preparado tomar a coloração alaranjada escura, cor de telha, de acordo com o andamento da solubilização da mistura.
mexer constantemente
Quanto maior a temperatura e quanto mais intensa, melhor para a preparação da calda.

cor de telha















- Após concluída a preparação, resfriar e repousar; filtrar e envasar em recipientes escuros (vidro âmbar ou plástico opaco) para que não pegue luz direta. Para evitar o contato com o oxigênio no vidro, coloca-se no final um pouco de óleo de cozinha até formar um pequeno selo protetor e tampar bem.

após retirada do fogo
- No fundo da lata ou tambor, sobrará uma massa esverdeada-laranjada composta de cal e enxofre que não se misturou, e que poderá ser utilizada no tratamento de trocos e ramos após as podas. Guardar em recipientes bem fechador e colocar óleo de cozinho para o fechamento.

em repouso na sobra no dia seguinte
Aplicação

- Recomenda a diluição de 5 a 7 litros de Calda Sulfocálcica em 100 litros de água, em média se utiliza 1 litro da mistura em 20 litros de água. Aplicar de maneira foliar, sempre de manhã antes do sol nascer ou no entardecer.
- As doses podem variar de acordo com o tipo de cultivo:



Recomendações para o uso da pasta sulfocálcica

A Pasta Sulfocálcica é utilizada para o tratamento de troncos e ramos de árvores que tem sido atacadas principalmente por cochonilhas, brocas, besouros furadores ou árvores que estão sofrendo com algum tipo de moléstia (câncer), principalmente no cultivo de abacates, mangas e citrus. Ajuda na cicatrização de árvores recém podadas e, nos enxertos.




Fonte: Curso Internacional de Agricultura Orgânica com Jairo Rivera Restrepo - Univali - Itajaí/SC - novembro/2013 & tradução do livro: LAS MAZORCAS DE MAÍZ ERAN TAN LARGAS... Preparados Básicos en Agricultura Orgánica (caso haja interesse, posso enviar o pdf do livro via e-mail, apenas deixe no comentário o correio eletrônico).

A fotos podem ser utilizadas para reprodução, citando a fonte: @extensionista

*Onde encontrar o Enxofre Duplamente Ventilado?






 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Saber e Fazer a tecnologia camponesa - etnobiofertilizantes

“Delvino”, equipamento camponês para fazer eletroforese sobre papel e um vaporizador e cromatografia para o revelado.


Ao passar 30 anos (1983) a (Fundação) Juquira Candiru (Satyagraha) desclassifica um de seus segredos, o “Delvino” (foto). Essa engenhoca foi homenagem ao camponês Delvino Magro de Ipê/RS. (A classificação deveu-se à um problema anterior resultado de uma entrevista jornalística sobre outra engenhoca, o Lutz II, um conjunto (Kit) para analisar resíduos de fungicidas em hortaliças e frutas através de uso educacional para a solucionar o mau uso de agrotóxicos e não autuação de forma policial como sempre desejou a ditadura. Aquela entrevista nos custou duas punições administrativas por “Falta de Urbanidade”, uma “Sindicância” e um “Inquérito Administrativo” pelo alegado Escândalo dos Moranguinhos de Feliz. Hoje sabemos o quê e quem estavam por trás e o que queriam. Não conseguiram!).


Éramos analista de resíduos de agrotóxicos no Laboratório do Ministério da Agricultura e durante curso de treinamento na Alemanha conhecemos o “boneco de correção” do livro sobre Biotecnologia que iria ser lançado no final do ano, como não tínhamos acesso ao mesmo por ser estrangeiro, o fotocopiamos (ilegalmente). Nesse livro estavam uma série de microrganismos usados como agrotóxicos para combater doenças e pragas na agricultura. O Magro produtor de maçãs desejava participar da Feira da Coolméia, mas tinha de usar certos fungicidas em função da sarna da macieira. Foi passada a ele, sob reserva, a forma camponesa de cultivo de um microrganismo de alta segurança para os agricultores e que estavam funcionando em nível laboratorial. Era uma tecnologia descalçada, não constava em livros: Fermentação de esterco de vacas leiteiras com o agregado de nove sais micro elementos [Ca, Mg, Mn, Cu, Zn, Co, Mo, Fe, B] com a precaução de não misturá-los de uma só vez para evitar possíveis incompatibilidades químicas; Além do agregado de starter de fermentação: fermento de pão, melaço e soro de leite em função do clima serrano de Ipê.

O período de fermentação desse biofertilizante era de somente onze dias, mas para a segurança do agricultor determinamos seis meses como mínimo. Nós tínhamos interesse em aproveitar a atual safra e os ensaios começaram a imediatamente em uma parte do pomar do Magro, que recebeu emprestada uma poderosa lupa Leitz e todo o apoio laboratorial.

Segundo von Clausewitz em “On War”, é recomendável divulgar a “tática” (prática) como forma de preservar a percepção da “estratégia” (teoria), oculta na fermentação do Bacillus subtilis, inóculo, sempre presente nos estercos de herbívoros, produtor de sideróforos, um poderoso enraizador e inibidor de microrganismos patogênicos. As precauções eram com as possíveis fitotoxicidade e danos às frutas, enquanto nós no laboratório avaliávamos os resultados e os aspectos de segurança operacional da biotecnologia. Assim foram cultivados pepino, tomate, feijão e radicci com adubações predisponentes ao desenvolvimento de pulgões e doenças em áreas dos pomares do próprio Magro, que eram tratadas com o biofertilizante em várias dosagens. Nós, depois analisávamos no laboratório para encontrar qualquer anomalia mineral, fitoquímica e obter o quadro tecnológico. 

Os micróbios (inóculos) metabolizam matéria orgânica e formam polipeptídios diversos, que é o biofertilizante. Era necessário garantir ao camponês o índice de bioatividade e a dosagem especifica para os cultivos.

A trilogia cobiça – ódio – ignorância sempre é o empecilho, ainda mais quando através da Teoria Matemática da Comunicação se comanda a agricultura. Optamos por divulgar o uso da técnica, sem explicar a formação de polipeptídios na fermentação. Quando uma técnica é de uso fácil, mais longe ficam seus fundamentos. No laboratório ao misturarmos o biofertilizante em igual quantidade de álcool 96GL formou-se um coagulo do material proteico criado pelo metabolismo do inoculo e era possível medir percentualmente sua concentração de substâncias bioativas. Este ensaio foi durante os primeiros vinte anos nosso primeiro segredo, pois sabíamos que as grandes corporações de agroquímica já tinham seus departamentos de biotecnologia e não permitiriam uma tecnologia descalça em benefício dos camponeses fora do mercado e usariam seu poder de dissuasão e corrupção sobre o governo e universidades para impedir o sucesso.

O teste do álcool (cujo nome código nos telefonemas era “graspa”) deixou de ser escondido a sete chaves em Guayaquil no Equador, em 2000. Um antigo estudante de agronomia (UFPEL) fora nosso estagiário no Laboratório do MA, e agora consultor internacional solicitava nossa ajuda sobre qualidade de biofertilizantes. Pelo trabalho dele grandes produtores e exportadores de banana orgânica estavam produzindo quantidades superiores a cem mil metros cúbicos de biofertilizantes, pois o resultado do biofertilizante contra a Sigatoka Negra era formidável e estava acabando com as 50 aplicações de fungicidas sistêmicos sobre o bananal, economizando centena de milhões de dólares.

Na propriedade do Senhor Simon Cañarte (R.I.P) fizemos para o Doutor em Bioquímica Rodolfo Maribona (R.I.P) a mistura do biofertilizante com álcool e rapidamente, pelo tamanho do coágulo formado, demonstramos seu grau de sua qualidade para a surpresa de todos. Em seguida avaliamos uma dezena de diferentes biofertilizantes. O Dr. Rodolfo Maribona era o chefe do Centro Internacional de Biotecnologia Cuba-Equador em Guayaquil e estava boquiaberto com a simplicidade. Ficou assustado quando alertamos que toda a agricultura orgânica brasileira e latino americana era sorrateiramente estimulada pela Fundação Rockefeller, Ford e Kellogs e que nós não estamos na “sociologia”, mas na a primeira linha de combate. Com a ciência fica no seu pedestal, não há revolução, pois somente o camponês é quem a sustenta. Em Cuba não usaríamos o álcool 96 GL, mas o Ron (na proporção de 2 para 1), pela graduação com o mesmo resultado e muitíssimo maior aceitação e compreensão. A ele foi explicada a tática, mas não foi dito nada de nossa estratégia maior: O álcool permite uma análise qualitativa, mas não quantitativa esta era a função do “Delvino”.
Lembro no final de 1983, do convite foi feito ao Magro para visitar o laboratório do M.A. Ele veio no dia de Reis e foi apresentado, primeiro ao LutzII (variante do Cazzenave-Ferrer para determinação de resíduos de Ditiocarbamatos). Ele ria e usava a tradicional expressão “Porco Dio”, o Lutzenberger sabe disso?

O Magro andava chateado porque os agrônomos que trabalhavam na região o estavam gozando haviam apelidado o biofertilizante de “Super-Magro”. O tranquilizamos, um dia eles vão pagar a ousadia e conhecerão o “Delvino”. Ele riu. Para quê serve? - Para comprovar a qualidade quantitativa do biofertilizante, futuro enfrentamento com a Bayer, Dow, Du Pont, Pfizer, pois a luta será entre o biofertilizante industrial (deles) e o artesanal (nosso) e nós manteremos a dianteira.

“Delvino” era uma cuba cromatográfica cilíndrica de vidro. Dentro dela um pedaço de régua plástica com duas tampas de garrafa PET uma azul e outra vermelha coladas a 16 cm de distância uma da outra. Dentro destas tampas se colocam dois anéis de fio de cobre com uma haste de conexão fora da mesma. Os fios de um adaptador de voltagem 110/220 AC com saída de 9 Volt DC são presos a cada haste de cobre. Os fios são presos com esparadrapo à régua. A análise é feita sobre uma fita de papel filtro marcada com lápis no seu centro equidistante das extremidades e semeadura da amostra de biofertilizante. Depois de seca naturalmente cada tampa é cheia com o tampão de desenvolvimento. As pontas do papel são colocadas simultaneamente sobre cada tampinha. Então a régua é colocada dentro da cuba cromatográfica e fechada. A absorção do tampão sobre o papel logo chega ao centro onde está a semeadura. Então o “Delvino” é ligado à corrente elétrica (AC) ou pilhas.

A migração dos polipeptídios dependem do tampão, os melhores são Carbonato/Bicarbonato em pH 5 ou pH 9,2; Ácido cítrico/citrato de Sódio pH 3,5 e 5,0. A duração de migração nos oito centímetros é de seis horas no verão e nove horas no inverno. O Magro ficou rindo: - Mas, eles não vão gostar nem um pouco, ainda mais com esse nome. – Veja, quando substituo as tampinhas presas à régua por tubos de PVC de 10 ou 20 cm., podemos fazer dez ou vinte análises comparativas simultaneamente então temos o “Delvino Gordo”. Ele permite acompanhar a fermentação dia a dia. – Madonna che cosa bella. Ele aceitou o nome. Foi mostrado que se podia substituir as cubas de vidro por garrafas PET e pilhas, para transportar e trabalhar a campo sem que ninguém desconfiasse ou soubesse, pois antevíamos que burocratas corruptos e pesquisadores de aluguel começariam a alardear do perigo dos Coliformes Fecais e doenças. Dito e feito não se passaram dez anos e a cantilena começou em toda a América Latina. 

O subversivo laboratório do MA começou a ser fechado em 1987 com a eliminação de uma colega de trabalho, mas antes de seu fechamento em 89 já tínhamos criado os biofertilizantes de soro de leite com farinha de rochas, o de abóbora vermelha e farinha de rochas; propusemos ao Frassy o de Sargaços; o de péla da seringueira, no Acre; o de caroço de Açaí no Pará; o de água de coco em Sergipe; o de mecônio ao Elemar Schmidt e muitos outros. O tempo passou.

Com tristeza, em 2007 na Estação Experimental de Tlamanalco no Estado de México escutei de uma pesquisadora: “O Super-Magro foi criado por cientistas brasileiros do governo brasileiro durante a Conferência Rio-92 das Nações Unidas”, mas se deve ter muito cuidado com os Coliformes fecais e Rotavírus. É assim, história é o registro de fatos no interesse dos poderosos e a ciência e tecnologia são seus aparelhos fáticos de elite perante a ignorância. 

O tempo passou e as grandes corporações avançaram hoje elas podem produzir polipeptídios e alterá-los através de catalisadores para obter, por exemplo, patentes com exclusividade de mercado (sideróforos) como o Diffidin e Oxy-Diffidin.

O Delvino Magro por sua diabete nos deixou há aproximadamente dez anos. Somente vimos uma homenagem ao seu trabalho por parte do prof. Carral. Contudo, como dizem os camponeses: “Zapata Vive, la lucha sigue y sigue”. Em Nepantla no Estado de México no Instituto da “Tierra Prieta” conhecemos o “Projeto Pan de Gallina” do Mestre Gumercindo Léon revolucionando a tática da entomo-biossíntese de Bacillus, Frankia, Azospirillum, tecnologias de sandálias (huaraches) úteis à agricultura. Lembramos o saudoso amigo Magro, o camponês, muito maior que o “Super Magro”, apelido deboche, apenas sua criatura.

Faz um ano e meio um formando em Agronomia entrou na sala 39 da FCE-UFRGS e disse satisfeito que havia aprendido a “receita” do Super Magro no sitio do Seu Juca. Ele a princípio não entendeu o sarcasmo: “- Quando ainda é possível aprender na casa do camponês, resta uma esperança tanto para a Universidade quanto para a Revolução.

Ele não sabia que o melhor café do mundo é produzido na Nicarágua em Las Segovias, táticos eles dizem ao mundo: “Mientras las vacas tengan culo, vampos ganar este premio, pues para producir el mejor café necesitamos solamente estiércol.” . Isso que ele não leu Deadalus (1923) de JBS Haldane, o grande estrategista que sorriria complementando: “Enquanto a turminha estiver ativa estaremos livres da trilogia cobiça – ódio – ignorância”.

A foto mostra o “Delvino”, equipamento camponês para fazer eletroforese sobre papel e um vaporizador e cromatografia para o revelado. Ele evoluiu, continua ativo para a identificação proteômica de polipeptídios, sideróforos e enzimas da Saúde do Solo. Hoje há a corrida das grandes transnacionais para potencializar seus biofertilizantes industriais. Em contraponto temos os etnobiofertilizantes, muito superiores, afinal Zapata vive e o Magro descansa em paz...

por Sebastião Pinheiro

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