"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Da série de textos: suicídio consciente. Veneno V

http://www.mst.org.br/sites/default/files/756.pdf

Estudo mostra riscos da contaminação de hortaliças por agrotóxicos no Brasil 

 

17 de março de 2010
 
Apresentar o quadro de insegurança alimentar no Brasil associado à contaminação de hortaliças por agrotóxicos e os desafios de políticas públicas para a promoção da saúde, por meio do incentivo ao consumo saudável, são os objetivos do estudo "Agrotóxicos em hortaliças: segurança alimentar, riscos socioambientais e políticas públicas para promoção da saúde". 

Publicado pelos pesquisadores Vicente Almeida e Nirlene Vilela (da Embrapa Hortaliças) e Fernando Carneiro (professor da Universidade de Brasília - UnB), o estudo verificou que o grupo das hortaliças representa 19,75% do consumo de ingredientes ativos de fungicidas no país, demandando um consumo médio por hectare em até oito vezes, se comparado com outras culturas, como a soja. Além desse fato, 22% das amostras em hortaliças foram consideradas insatisfatórias. Dessas, a presença de acefato, banido em vários países, foi detectada em 87% das culturas. 

Os pesquisadores concluíram que o conceito de alimentação saudável está aquém do que preconiza a Lei Orgânica de Segurança Alimentar (LOSAN) frente ao quadro de contaminação de hortaliças por agrotóxicos no Brasil. 

Nesse contexto, conclui-se que o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) deve ser considerado como um instrumento essencial às políticas públicas para a promoção da segurança alimentar, de aprofundamento e ampliação da participação social em nível local e nacional e reforço às ações institucionais direcionadas à produção de hortaliças de base agroecológica - incluindo o registro de fitossanitários para produção orgânica. 

Leia e baixe no arquivo anexo a íntegra do artigo, publicado originalmente na revista Tempus (UnB).

Da série de textos: suicídio consciente. Veneno IV

A alimentação dos brasileiros está cada vez mais envenenada

Pesquisadores e movimentos sociais alertam sobre a duplicação em um ano dos índices de uso de agrotóxicos no Brasil

 29 de julho de 2010

Pedro Carrano, de Curitiba
para o Brasil de Fato

O brasileiro ingeriu, em média, 3,7 quilos de agrotóxicos em 2009. Trata-se de uma massa de cerca de 713 milhões de toneladas de produtos comercializadas no país por cerca de seis corporações transnacionais. Estas empresas controlam toda a cadeia produtiva, da semente ao agroquímico ligado a ela. Uma condição que pressiona o agricultor familiar, refém da compra do “pacote tecnológico” gerador da dependência na produção. O capital dessas companhias do ramo é maior que o produto interno bruto da maioria dos países da Organização das Nações Unidas. Só no Brasil lucraram 6,8 bilhões de dólares em 2009.

Para tanto, o país ergueu a taça de campeão mundial em uso de agrotóxicos e bateu outro recorde: duplicou o consumo em relação a 2008. Relatórios recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vem sendo criticado pelo lobby do agronegócio, apontam que 15% dos alimentos pesquisados pelo órgão apresentaram taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Cana-de-açúcar, soja, arroz, milho, tabaco, tomate, batata, hortaliças (veja tabela) são produtos do dia-a-dia que passaram a ter alto índice de toxidade.

Agroquímico, semente, terra e mercado fazem parte da mesma cadeia produtiva sob controle dos monopólios. Larissa Parker, advogada da Terra de Direitos, aponta uma relação direta entre a concentração do mercado de sementes e de agrotóxicos. A transnacional Monsanto controla de 85 a 87% do mercado de sementes. No caso do transgênico Milho BT (da empresa estadunidense), de acordo com a advogada, o próprio cereal é desenvolvido com uma toxina contra determinado tipo de praga. Ainda assim, agricultores no Rio Grande do Sul precisaram realizar mais de duas aplicações de agrotóxicos na lavoura. Os insetos mostraram-se resistentes à substância tóxica. Na Argentina, as corporações cobram patentes apenas dos agrotóxicos e não das sementes, já que o seu uso está atrelado a elas.

Apesar de surgir como a “salvação da lavoura”, prometendo aumento de produtividade, a introdução do químico ligado à semente transgênica incentivou o aumento do uso de tóxicos. O cultivo da soja teve uma variação negativa em sua área plantada (- 2,55%) e, contraditoriamente, uma variação positiva de 31,27% no consumo de agrotóxicos, entre os anos de 2004 a 2008, como explicam os professores Fernando Ferreira Carneiro e Vicente Soares e Almeida, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB).

Além disso, produtos que foram barrados no exterior são usados em diferentes cultivos brasileiros. Entre dezenas de substâncias perigosas, o endosulfan, por exemplo, é um inseticida cancerígeno, proibido há 20 anos na União Europeia, Índia, Burkina Faso, Cabo Verde, Nigéria, Senegal e Paraguai. Mas não é proibido no Brasil, onde é muito usado na soja e no milho.

Da série de textos: suicídio consciente. Veneno III

Agrotóxicos aumentam índice de câncer no meio rural 

16 de setembro de 2010
 
Por Vanessa Ramos
Da Página do MST

O modelo de produção agrícola e o comportamento alimentar social podem ser responsáveis pelos problemas de saúde enfrentados hoje pela população brasileira.

Regina Miranda, presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul, alerta que "geração atual é a primeira em que os filhos não vão viver mais do que os próprios pais".
Isso vai acontecer porque, ao longo do tempo, o homem permitiu que os hábitos alimentares fossem moldados pelo interesse do capital. O primeiro passo foi a Revolução Verde e, agora, com uma produção agrícola viciada em produtos nocivos à saúde. O resultado disso é, principalmente, um índice crescente de pessoas doentes.

Segundo Regina, a relação social com o alimento era baseada "na busca pela excelência". Em outras palavras, o homem tinha preocupação de consumir alimentos nutritivos e de boa qualidade.
No entanto, no processo de industrialização, o sistema capitalista padronizou os hábitos alimentares. “Nós nos tornamos seres ociosos e consumidores de alimentos pouco nutritivos. Ou seja, a relação alimentar do homem tornou-se mórbida”, afirmou Regina.

“Essas escolhas sociais de alimentação impactam diretamente o modelo de produção vigente, a qualidade do alimento, a maneira de como o indivíduo vai se alimentar e, por fim, o próprio corpo, pois o corpo é desenhado a partir das nossas escolhas”, concluiu Regina.

Câncer

Não é a toa que, entre 2000 e 2006, os agricultores tiveram uma maior incidência proporcional de câncer do que a população urbana, mostrou Raquel Maria Rigotto, integrante do Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará. “A leucemia é o principal câncer associado ao uso de agrotóxico”, afirmou.

Os agrotóxicos podem causar intoxicação aguda – aquelas em que se pode perceber imediatamente após o contato com o produto químico – ou doenças crônicas, que aparecem semanas e meses depois. 

Os agrotóxicos podem causar, entre as doenças crônicas,dermatite, câncer, desregulamentação endócrina, neurotoxidade retardada, efeitos sobre o sistema imunológico, doença do fígado, má formação fetal e aborto.
Apesar disso, há uma grande barreira para associar o agrotóxico como causa dessas enfermidades. “Quando a gente vai discutir com as indústrias que os agrotóxicos são responsáveis pelas doenças, elas dizem que não há problema algum com os produtos químicos. O que dificulta a comprovação de que os agentes químicos são os causadores das doenças crônicas”, desabafou a pesquisadora da área de estatística e saúde publica da Fiocruz, Rosany Bochner.

Para avançar na construção de um banco de dados com informações sobre as intoxicações, Rosany ainda fez um apelo de que “é muito importante que as pessoas nos informem sobre os casos de doenças crônicas causadas pelo contato com agrotóxicos”.

A Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica, sob coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Fiocruz, possui um disque intoxicação (0800 722 6001), por onde a população pode informar os centros sobre os casos de contaminação por agrotóxicos.

Para os estudiosos, é necessário que se criem políticas públicas que viabilizem uma produção agrícola sem o uso de agrotóxicos. “O problema do agrotóxico não é mais só do agricultor, mas também do consumidor”, afirmou Rosany.

O país é o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Cerca de 451 produtos químicos estão registrados hoje no Brasil. Mais de 1090 produtos químicos são comercializados em território nacional e o governo brasileiro ainda faz redução fiscal para o uso de agrotóxico. 

O integrante da coordenação nacional do MST João Pedro Stedile apresentou preocupação com a falta de estudos sobre os impactos dos agrotóxicos no meio ambiente nas áreas tropicais, uma vez que as indústrias de agrotóxicos fizeram testes somente em solos de clima temperado.

O Seminário Nacional contra o uso de Agrotóxicos, organizado pela Via Campesina, Fiocruz e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio termina nesta quinta-feira.

 

Da série de textos: suicídio consciente. Veneno II

Agrotóxicos livres de impostos causam problemas de saúde

20 de setembro de 2010

Por Cida de Oliveira
Da Rede Brasil Atual

A isenção de impostos para agrotóxicos no Ceará, em vigor desde 1997, é responsável por um uso indiscriminado de insumos na lavoura e na pecuária. Segundo Raquel Maria Rigotto, médica, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, a prática provoca danos à saúde de trabalhadores e ao meio ambiente. A crítica foi feita durante sua palestra na manhã desta quarta-feira (15), no Seminário Nacional contra o uso dos Agrotóxicos, promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema (SP).

Um decreto do então governador Tasso Jereissati (PSDB), hoje senador e candidato à reeleição, isentou do pagamento de diferentes tributos e contribuições (ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins) estaduais os insumos agrícolas. A norma foi mantida pelas gestões de Lúcio Alcântara (PR) e Cid Gomes (PSB). São incluídos inseticidas, fungicidas, formicidas, herbicidas, parasiticidas, germicidas, acaricidas, nematicidas, raticidas, desfolhantes, dessecantes, espalhantes adesivos, estimuladores e inibidores de crescimento (reguladores), vacinas, soros e, ainda, medicamentos produzidos para uso na agricultura e na pecuária.

Desde 2007, Raquel coordena pesquisas sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde do trabalhador e dos consumidores de frutas no Ceará. Os resultados que ela tem encontrado não são nada animadores. Somente no ano passado, 42 pessoas morreram de câncer em Limoeiro do Norte (a 200 quilômetros da capital) – a maioria delas agricultores. No município, são cada vez mais comuns a pulverização aérea sobre as lavouras de abacaxi, melão e banana, localizadas muito próximas das casas dos trabalhadores.

O número é considerado alto para uma cidade com pouco mais de 50 mil habitantes. Embora os médicos não associem a causa da doença aos agrotóxicos, Raquel não tem dúvidas. "A relação entre câncer e agrotóxicos está muito estabelecida pelas pesquisas científicas. A ação cancerígena desses produtos é potencializada com as misturas que geralmente são feitas", vaticina. 

Os agrotóxicos são utilizados na Chapada do Apodi – na divisa entre Ceará e o Rio Grande do Norte – de forma indiscriminada e desconhecida, segundo a pesquisadora. Pelo menos 68% das pessoas que aplicam o produto para combater as pragas não sabem com que tipo de veneno estão lidando.

Segundo Raquel, estudos da companhia de gestão dos recursos hídricos no Ceará encontraram contaminação por oito de dez substâncias agrotóxicas no Aquífero Jandaíra, a segunda maior reserva subterrânea da Região Nordeste, situada entre os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. 

O seminário realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, discute o uso indiscriminado de agrotóxicos no país. O Brasil é um dos maiores consumidores de insumos químicos na produção agrícola. Segundo especialistas, boa parte dessas aplicações são feitas sem critério e em excesso.

Da série de textos: suicídio consciente. Veneno I

Agrotóxico, transgênicos e o novo agronegócio

21 de setembro de 2010

Por Débora Prado
Da Caros Amigos

A concentração no campo é conhecida inimiga na luta pela justiça social no Brasil. No País do agronegócio – em que usineiro é herói e a reforma agrária é divida histórica centenária – 2,8% das propriedades rurais são latifúndios que dominam mais da metade de extensão territorial agricultável do país (56,7%), segundo os dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2006. 

Mas, a concentração no campo não se limita às propriedades. O oligopólio das fabricantes de sementes transgênicas e agrotóxicos se fortaleceu no Brasil nas últimas décadas, imprimindo um novo modelo de dominação que vai do campo para a cidade, rendendo cifras bilionárias para poucos e prejuízos à saúde de muitos.

Detentoras de grande capital, patentes, poderosos lobbies políticos e com um exército técnico e jurídico a sua disposição, essas companhias não conheceram a crise econômica. 

As vendas mundiais de agrotóxicos atingiram cerca de US$ 48 bilhões em 2009, o que significa que o faturamento das empresas deste setor é maior que o PIB de grande parte dos países no mundo. 

Entre 2000 e 2009, o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 94%, ao passo que o brasileiro subiu 172%.
Somente no ano passado, foram registrados 2195 agrotóxicos no mercado brasileiro, que movimentou US$ 6,8 bilhões, de acordo com dados da Sindag, o sindicato das empresas. 

Os dados foram apresentados pela integrante da Gerência Geral de Toxicologia da Anvisa, Leticia Rodrigues da Silva, em um seminário nacional contra o uso dos agrotóxicos promovido pela Via Campesina, em parceria com a Fiocruz e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) do MST.

Apesar das altas cifras, este é um mercado caracterizado pelo oligopólio e por um elevado grau de concentração – 13 empresas multinacionais respondem por 90% do mercado, sendo as 6 maiores (Syngenta, Bayer, Basf, Monsanto, Dow Quemical e DuPont) - responsáveis por 68%.

Já poderosas no setor de agrotóxicos, estas multinacionais investiram ainda na compra de inúmeras fabricantes de sementes no Brasil a partir da década de 1990 e, recentemente, criaram o crédito direto ao produtor, ampliando seus braços de controle sobre a produção de nacional. 

Para Leticia, isto significa que “a relação do agronegócio e da indústria de agrotóxico não é só de compra e venda, mas de subordinação”.

Além dos impactos econômicos e sociais desta dominação, a disseminação em escala industrial dos produtos fabricados por estas empresas é uma questão ambiental e de saúde pública. 

"No ano passado, por exemplo, a Anvisa começou a fiscalizar as empresas produtoras e encontrou irregularidades em todas, como adulteração de produtos que estavam com formulação diferente da registrada e comercialização de vencidos", relata Letícia. 

Somente na Dow Chemical, em junho deste ano, foram interditados mais de 500 mil litros de agrotóxicos e um funcionário foi conduzido à polícia por tentativa de omissão de produto.

A Anvisa colocou ainda 14 agentes ativos usados em agrotóxicos que se espalham pelas lavouras brasileiras em reavaliação – muitos deles inclusive proibidos em outros países como os EUA e alguns Europeus – sob suspeita de prejuízos à saúde. As empresas do setor entraram na justiça para impedir a revisão e até o momento quatro elementos foram banidos.

"O problema é que o prazo entre a entrada de um produto novo no mercado, a constatação dos seus efeitos e a retirada, no caso de ele ser prejudicial, é muito grande. E os danos à saúde ou mortes causadas pelos agrotóxicos geralmente são em longo prazo, então fica difícil provar o nexos de causalidade. Claro que há produtos em que se pode afirmar isto e é estes que queremos banir”, ressalta Letícia, complementando que “não há estudos em nenhum lugar do mundo sobre os efeitos da exposição à mistura de agrotóxicos, mesmo que seja em lavouras sucessivas”.

Para ela, o que está em cheque é a possibilidade da população decidir se quer ou não consumir agrotóxico. "Hoje é praticamente impossível comprar um alimento sem agrotóxico, porque mesmo aqueles que são produzidos sem mostram índices de contaminação, que está em toda cadeia alimentar, na água e até no ar”.
Com isso, em 2009, mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados do Sindag. O Brasil ocupa o posto de liderança no consumo desses produtos e, segundo dados do Movimento de Pequenos agricultores, se dividida a quantidade total de agrotóxicos utilizados em 2009 pelo número de habitantes do País, cada pessoa consumiu em média 5,2 kg de agrotóxicos ao longo do ano.
Horacio Martins de Carvalho, engenheiro agrônomo, avalia que este é um um novo modelo produtivo econômico, político e cultural, em que a patente dos genes e os Organismos Geneticamente Modificados fazem parte das estratégias comerciais das empresas para vender pesticidas. “O consumo mundial de agrotóxicos determina e é determinado pela combinação do controle privado das patentes de OGM e das fusões das empresas da área da indústria química”, explica.

Os números corroboram com esta avaliação. A Monsanto, por exemplo, tem hoje 25% do mercado brasileiro de sementes de hortaliças, segundo dados levantados pelo professor. 

Já um levantamento feito Sérgio Porto, da Conab, mostra que somente no cultivo de soja, um dos flancos dos transgênicos no Brasil, o uso de herbicidas passou de 142,16 mil toneladas, em 2005, para 226,82 mil toneladas no ano passado, um aumento de 60%. 

O custeio agrícola seguiu a expansão do uso de herbicidas, passando de R$ 4,82 bilhões, em 2005, para R$ 8,24 bilhões no ano passado.

“Os dados comprovam que não se usa menos agrotóxicos, nem se gasta menos, com os transgênicos, como os produtores costumam dizer. Pelo contrário, o uso de herbicidas, fungicidas e inseticidas só aumentou no Brasil”, conclui Porto.

O modelo é altamente concentrado: das 149 milhões de toneladas de grãos na colheita deste ano, 80% é de milho e soja e outros 10% de arroz. Ou seja, apenas 3 produtos dominam a produção brasileira de grãos. Isto gera uma insegurança alimentar que pode penalizar toda sociedade. “São Paulo é o Estado com maior insegurança alimentar em termos de demanda e oferta, uma vez que a opção pela cana-de-açúcar leva o Estado a trazer de fora grande parte dos alimentos”, complementa Porto.

A concentração em poucos produtos é acompanhada de uma concentração regional na produção. “A transição para um novo modelo é crucial e para isso a pressão social é necessária. O debate sobre a alimentação saudável e o modo com se produz deve ser um elemento central na união das lutas no campo e na cidade”, destaca Porto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ninhos epígeos de cupins em pastagens

          A palavra epígeos, no que se refere aos ninhos de cupins em ambientes de pastagens, quer dizer, sobre a terra. São montículos de argila + silte (solo) construídas pelas térmitas subterrâneas, ou seja, a fauna de cupins do solo.

          Muitos pecuaristas associam a grande concentração destes ninhos (foto ao lado) ao Ph ácido do solo. Estes cupins pertencentes aos gêneros Cornitermes e Procornotermes têm frequentemente sido associadas a situações de desequilíbrio ambiental e manejo inadequado do solo e da pastagem (FONTES, 1988; CONSTANTINO, 2005).

          O manejo inadequado de um ambiente pastoril durante anos - 3, 7, podendo chegar até 15 anos - faz com que, evolua neste ambiente, durante todo este período, bioindicativos da qualidade ambiental. A presença do cupim, como na foto, é o primeiro indicativo de um novo processo biocenótico, ou seja, o pasto está em um nível alto de degradação e a  grande quantidade de epígeos é o início de um longo processo de recuperação.
 

           O resultado desta presença povoadora e colonizadora dos cupins é o incremento de matéria orgânica humificada, com a degradação inicial dos materiais lignificados (indicativo  este, do manejo extensivo do pasto).


          A associação da ocorrência de cupinzeiros a solos ácidos ou de baixa fertilidade, o conhecimento empírico evidenciado apresenta fundamentação científica e nesses casos, o papel entomoindicador dos cupins pode ser aperfeiçoado para o monitoramento da qualidade ambiental dos ecossistemas antropizados pela pecuária (MARQUES, 2008). Neste caso, ao amostrar o solo desta área é evidente a presença do Ph ácido.

          Citando a conclusão científica do trabalho de MARQUES, 2008, dada à necessidade de uma postura diferenciada em função da crise paradigmática que norteia as questões ambientais, faz-se necessário uma melhor compreensão por parte dos pecuaristas dos processos ecológicos presentes no seu ambiente produtivo. Essa compreensão baseada numa visão holística bem como em um enfoque sistêmico, é fundamental para o entendimento das fragilidades do ecossistema, e consequentemente, para a utilização dos recursos naturais sob a perspectiva da racionalidade ambiental, de forma a garantir a sustentabilidade da atividade pecuária.


          Entrementes, concluo: o uso do PRV - pastejo rotacionado voisin - é a primeira atitude que um pecuarista deveria ter para evoluir tanto econômicamente como ambientalmente, em todos os níveis no manejo de animal a pasto.
 
Oliver Blanco Eng. Agrônomo

 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Condição essencial

"E as propriedades cresciam cada vez mais e os proprietários iam simultaneamente diminuindo", John Steinbeck

A REFORMA AGRÁRIA é uma condição essencial para o Brasil.  Hoje, o essencial é invisível aos olhos dos brasileiros pelos padrões constantes de consumo, ideologias enganosas e pelas coerções econômicas corporativas de grandes empresas ao Estado. 

RESPEITEM A AGRICULTURA FAMILIAR E OS MOVIMENTOS QUE LUTAM PARA PRESERVAR A ESPÉCIE CAMPONESA NO CAMPO. 

Eu apoio e colaboro com a Reforma Agrária em nosso país...

OLIVER BLANCO - ENG° AGRÔNOMO 





segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mesa Densimétrica

Utilizada na UBS - Unidade de Beneficiamento de Sementes, principalmente em empresas forrageiras, está máquina foi desenvolvida para separar, através do peso - densidade - as impurezas das sementes. As impurezas são caracterizadas por torrões de terra, palhas, palitos (são hastes, perfilhos secos, etc.) e sementes "chochas" - semente que não estão granadas, ou seja, não contém o embrião no seu interior, somente a casca.

Ao beneficiar a semente de capim utilizando a Mesa Densimétrica, as quais chegam do campo com  aproximadamente 60% de pureza (aqui vai depender das máquinas que o produtor possui para realizar uma pré-limpeza das sementes antes de comercializá-las. É bom saber que as empresas compram as sementes por ponto de pureza, assim, quanto mais limpa a semente estiver, mais o produtor vai ganhar por kg), podemos obter sementes de alta qualidade, com até 96%.

As Mesas Densimétricas também são utilizadas para o beneficiamento de grãos e cereais. O preço varia entre R$ 6.000,00 a 8.500,00.

O vídeo acima foi produzido na UBS da empresa Sementes Naterra, hoje Wolf Seeds do Brasil, em 2003 quando lá estagiei.

Mais informações sobre o assunto é só me eviar um correio eletrônico: emporioagricola@gmail.com

Oliver H.Naves Blanco 

Rede Soberania

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Esta Nação é da Multitude brasileira!

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