por Sebastião Pinheiro
Se você
também sente vergonha dos abusos do novo governo (BR), não tenha medo,
decepção, nem alegria, pois o engendrado tem um braço tão largo quanto os
malefícios do Glifosato, Faena, Round up. Por causa de sua vil arrecadação na
década dos anos 60 do século XX em Neves São Gonçalo - Rio de Janeiro - houve
uma tragédia provocada pelo "pastor" Miranda com 21 mortos e centenas
de feridos na inauguração de sua igreja Deus é Amor...
Na
ditadura, expuseram sua febre pelo dízimo compulsório, principalmente dos muitos
humildes e agora faminto de poder político suplantam a TV Globo, por meio de
sua rede ao eleger o presidente... Eu na minha ingenuidade acreditava que os
ministros do atual governo eram frutos de algoritmos de inteligência (CIA, NSA,
Blackwaters, Rockefeller e similares) e não de oportunismo sobre miséria e
ignorância.
Estou
em Sonora, berço da Revolução Verde, por aqui estive há três anos diante de
produtores rurais tão desesperados quanto aqueles humildes crentes, por seus
baixos rendimentos decrescente apesar de suas compras crescentes de
fertilizantes e agroquímicos. Antes o solo tinha mais de 2,5% de Matéria Orgânica
e havia vida, hoje tem menos de 0,05% e há morte e uma epidemia encoberta cujas crianças são as maiores vítimas da contaminação por agrotóxicos e
resíduos de fertilizantes na água. Quem em sana consciência promove a
destruição do solo? Somente alguém que se beneficia com sua restauração para
lucrar com investimentos futuros em tais passivos ambientais.
Decepção
e alegria tornam-se caros em uma mesma moeda, dicotômicas como o
"capital" e o "trabalho" na consciência da Sociedade Moderna.
Desculpem a minha ousadia, mas em 1867 o mundo é impactado pelo livro “O Capital”
e a reação da Igreja Católica teve um comportamento semelhante ao de hoje, com
os pastores brasileiros que gritaram “Parem de Sofrer” na mídia para elevarem
suas arrecadações. Naquela época então, o medo da insurgência dos trabalhadores
ameaçava seu poder hegemônico. A encíclica de Leão XIII "RerumNovarum" ("Das coisas Novas") de 1891, por dever de ofício necessitava
confirmar o poder da terra ao "capital" com a transformação
inexorável do camponês em um trabalhador assalariado, removendo-o da liberdade
que anteriormente desfrutava de consumir alimento do seu suor, sem que isso
signifique "trabalho capitalista". Lentamente, sua autonomia política
e alimentar afunda na degradação humana, devemos revolucionar
(Novarum) as coisas (Rerum), o trabalho assalariado compreendido como de maior valor
social, ignorando as propriedades comunais das populações tradicionais.
As seções
abaixo são as da encíclica referida aos camponeses:
6. ...O
fato de que Deus havia dado a terra para usufruí-la e desfrutá-la para totalidade
da raça humana não pode de modo algum se opor à propriedade privada. Pois é
dito que Deus deu a terra em comum à humanidade não porque ele queria que sua
possessão fosse dividida para todos, mas porque não atribuiu a ninguém a parte
que havia de possuir, deixando a delimitação de posses privadas para a
iniciativa de indivíduos e às instituições dos povos. De resto, embora seja
distribuído entre os indivíduos particulares, não deixa de servir a utilidade
comum a todos, já que não há nenhum mortal que não se alimente do que os campos
produzem. Aqueles que carecem de propriedade, complementam-na com o trabalho;
de modo que é possível afirmar com verdade que os meios universais de obter
alimento e vestuário estão no trabalho, os quais, prestados nas propriedades
adequadas ou num ofício mecânico, recebem, finalmente, como uma misericórdia,
nada mais do que os múltiplos frutos da terra ou algo que é alterado por eles.
7. Como
que novamente vem a demonstrar que as posses privadas estão sujeitas à
natureza. Pois a terra produz com generosidade as coisas necessárias para a
conservação da vida e até para a sua perfeição, mas não poderia produzi-las
sozinhas sem o cultivo e o cuidado do homem. Agora, quando o homem aplica sua
capacidade intelectual e suas forças corporais para obter os bens da natureza,
por este mesmo fato ele é concedido se aquela parte da natureza corpórea que
ele mesmo cultivou, na qual sua pessoa deixou um modo de impressão, de modo que
é absolutamente justo que ele use essa parte como sua e que de forma alguma é
lícito a alguém violar esse direito de si mesmo.
8. É tão
clara a força desses argumentos, que surpreende ver dissentir deles para alguns
restauradores de opiniões incomuns, os quais concedem, é certo, o uso do solo e
dos vários produtos do campo ao indivíduo, mas eles negam categoricamente a
existência do direito a posse como dono, o solo em que tem construido ou o
campo que cultivou. Eles não veem que, negando isso, o homem seria privado das
coisas produzidas por seu trabalho. De fato, o campo cultivado pela mão e
iniciativa do camponês muda completamente sua fisionomia: do selvagem, torna-se
frutífero; do infértil, fértil. Agora, todos esses trabalhos de melhoria aderem
de tal maneira e se fundem com o solo, que, em geral, não há como separá-los do
mesmo. E a justiça admitirá que ninguém vem se apropriar do que o outro regou
com seu suor? Assim como os efeitos seguem a causa que os produz, é justo que o
fruto do trabalho seja daqueles que colocam o trabalho (a 'mão na massa'). Não é
de admirar, portanto, que toda a raça humana, sem se preocupar em absoluto com
as opiniões de poucos discordantes, com o firme olhar sobre a natureza,
encontrasse na lei da mesma natureza o fundamento da divisão de bens e
consagrou, com a prática dos séculos, a propriedade privada como a mais
adequada à natureza do homem e com a pacífica e tranquila convivência.
Nos vales
de Yaqui e Mayo em Sonora, e em todas as outras partes do mundo, havia
populações muito antigas, com sua função comunal de classe ultrassocial que não
podiam ser enquadradas diretamente tanto no "O Capital" quanto no
"Trabalho assalariado". Essas populações milenares tradicionais, como
as nações Yaqui e Mayo, como milhares de outras no México e em outros
continentes no mundo, passarão a ser ignoradas e se mantiveram por sua
"resiliência", mais de resistência.
Quando
Noam Chomsky disse que as populações tradicionais podem salvar o planeta da
mudança climática e do Efeito Estufa, entendo que são observações fáceis de
aplicar nos vales de Yaqui e Mayo apelidados de vales da morte, como em muitas
outras regiões onde o desejo do lucro fácil não respeita o valor sagrado da
vida, nem cultura e civilização. Logo veremos os mesmos mercadores da morte
gritarem como os "pastores brasileiros": - Parem de sofrer! Talvez repitam
algo com o mesmo significado. Da encíclica extraímos, ... 13 «Maldita a terra no teu trabalho; comerás dela
entre fadiga todos os dias da vossa vida». E da mesma forma, o fim das
outras adversidades não se dará na terra, porque os males resultantes do pecado
são ásperos, duros e difíceis de suportar e é necessário que acompanhem o homem
até o último momento de sua vida. O que é algo esdrúxulo fora da dicotomia
supracitada ou dentro da comunalidade (sem coletivização) da vida em populações
tradicionais. Quando os ministros e dirigentes brasileiros ou sua bancada
evangélica atuam na natureza ou na economia, fazem a cidadania se sentir desvalida
e mais ainda as populações tradicionais em sua vida comunitária, pois pressentem
mais do que nunca as ameaças do genocídio como na ditadura e também antes,
quando o Serviço de Proteção ao Indígena - SPI - foi denominado de Serviço de
Proteção ao Trabalhador na Selva sob a influência dos primeiros anos da Rerum
Novarum.
O
presidente propôs nomear seu filho para um cargo para o qual nem que se queira
ambos suspeitam do significado. Novamente, ingênuo, acreditava ser um algoritmo
antes citado, mas ficou claro, é apenas “ignorância pastoral” quando até mesmo
a OMC desde a Rodada Uruguai determina que o capital (e mercado) não podem
interferir sobre as comunidades indígenas e outras populações tradicionais. Contra
a ignorância o único remédio é uma educação de qualidade para todos e não
alcançada através do dinheiro para os mais ricos. Olhem a foto similar do
agronegócio brasileiro é plágio.
desumanização do campo |
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