"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

domingo, 28 de julho de 2019

"Parem de Sofrer"


por Sebastião Pinheiro


Se você também sente vergonha dos abusos do novo governo (BR), não tenha medo, decepção, nem alegria, pois o engendrado tem um braço tão largo quanto os malefícios do Glifosato, Faena, Round up. Por causa de sua vil arrecadação na década dos anos 60 do século XX em Neves São Gonçalo - Rio de Janeiro - houve uma tragédia provocada pelo "pastor" Miranda com 21 mortos e centenas de feridos na inauguração de sua igreja Deus é Amor...

Na ditadura, expuseram sua febre pelo dízimo compulsório, principalmente dos muitos humildes e agora faminto de poder político suplantam a TV Globo, por meio de sua rede ao eleger o presidente... Eu na minha ingenuidade acreditava que os ministros do atual governo eram frutos de algoritmos de inteligência (CIA, NSA, Blackwaters, Rockefeller e similares) e não de oportunismo sobre miséria e ignorância.
Estou em Sonora, berço da Revolução Verde, por aqui estive há três anos diante de produtores rurais tão desesperados quanto aqueles humildes crentes, por seus baixos rendimentos decrescente apesar de suas compras crescentes de fertilizantes e agroquímicos. Antes o solo tinha mais de 2,5% de Matéria Orgânica e havia vida, hoje tem menos de 0,05% e há morte e uma epidemia encoberta cujas crianças são as maiores vítimas da contaminação por agrotóxicos e resíduos de fertilizantes na água. Quem em sana consciência promove a destruição do solo? Somente alguém que se beneficia com sua restauração para lucrar com investimentos futuros em tais passivos ambientais.

Decepção e alegria tornam-se caros em uma mesma moeda, dicotômicas como o "capital" e o "trabalho" na consciência da Sociedade Moderna. Desculpem a minha ousadia, mas em 1867 o mundo é impactado pelo livro “O Capital” e a reação da Igreja Católica teve um comportamento semelhante ao de hoje, com os pastores brasileiros que gritaram “Parem de Sofrer” na mídia para elevarem suas arrecadações. Naquela época então, o medo da insurgência dos trabalhadores ameaçava seu poder hegemônico. A encíclica de Leão XIII "RerumNovarum" ("Das coisas Novas") de 1891, por dever de ofício necessitava confirmar o poder da terra ao "capital" com a transformação inexorável do camponês em um trabalhador assalariado, removendo-o da liberdade que anteriormente desfrutava de consumir alimento do seu suor, sem que isso signifique "trabalho capitalista". Lentamente, sua autonomia política e alimentar afunda na degradação humana, devemos revolucionar (Novarum) as coisas (Rerum), o trabalho assalariado compreendido como de maior valor social, ignorando as propriedades comunais das populações tradicionais.

As seções abaixo são as da encíclica referida aos camponeses:

6. ...O fato de que Deus havia dado a terra para usufruí-la e desfrutá-la para totalidade da raça humana não pode de modo algum se opor à propriedade privada. Pois é dito que Deus deu a terra em comum à humanidade não porque ele queria que sua possessão fosse dividida para todos, mas porque não atribuiu a ninguém a parte que havia de possuir, deixando a delimitação de posses privadas para a iniciativa de indivíduos e às instituições dos povos. De resto, embora seja distribuído entre os indivíduos particulares, não deixa de servir a utilidade comum a todos, já que não há nenhum mortal que não se alimente do que os campos produzem. Aqueles que carecem de propriedade, complementam-na com o trabalho; de modo que é possível afirmar com verdade que os meios universais de obter alimento e vestuário estão no trabalho, os quais, prestados nas propriedades adequadas ou num ofício mecânico, recebem, finalmente, como uma misericórdia, nada mais do que os múltiplos frutos da terra ou algo que é alterado por eles.

7. Como que novamente vem a demonstrar que as posses privadas estão sujeitas à natureza. Pois a terra produz com generosidade as coisas necessárias para a conservação da vida e até para a sua perfeição, mas não poderia produzi-las sozinhas sem o cultivo e o cuidado do homem. Agora, quando o homem aplica sua capacidade intelectual e suas forças corporais para obter os bens da natureza, por este mesmo fato ele é concedido se aquela parte da natureza corpórea que ele mesmo cultivou, na qual sua pessoa deixou um modo de impressão, de modo que é absolutamente justo que ele use essa parte como sua e que de forma alguma é lícito a alguém violar esse direito de si mesmo.

8. É tão clara a força desses argumentos, que surpreende ver dissentir deles para alguns restauradores de opiniões incomuns, os quais concedem, é certo, o uso do solo e dos vários produtos do campo ao indivíduo, mas eles negam categoricamente a existência do direito a posse como dono, o solo em que tem construido ou o campo que cultivou. Eles não veem que, negando isso, o homem seria privado das coisas produzidas por seu trabalho. De fato, o campo cultivado pela mão e iniciativa do camponês muda completamente sua fisionomia: do selvagem, torna-se frutífero; do infértil, fértil. Agora, todos esses trabalhos de melhoria aderem de tal maneira e se fundem com o solo, que, em geral, não há como separá-los do mesmo. E a justiça admitirá que ninguém vem se apropriar do que o outro regou com seu suor? Assim como os efeitos seguem a causa que os produz, é justo que o fruto do trabalho seja daqueles que colocam o trabalho (a 'mão na massa'). Não é de admirar, portanto, que toda a raça humana, sem se preocupar em absoluto com as opiniões de poucos discordantes, com o firme olhar sobre a natureza, encontrasse na lei da mesma natureza o fundamento da divisão de bens e consagrou, com a prática dos séculos, a propriedade privada como a mais adequada à natureza do homem e com a pacífica e tranquila convivência.

Nos vales de Yaqui e Mayo em Sonora, e em todas as outras partes do mundo, havia populações muito antigas, com sua função comunal de classe ultrassocial que não podiam ser enquadradas diretamente tanto no "O Capital" quanto no "Trabalho assalariado". Essas populações milenares tradicionais, como as nações Yaqui e Mayo, como milhares de outras no México e em outros continentes no mundo, passarão a ser ignoradas e se mantiveram por sua "resiliência", mais de resistência.

Quando Noam Chomsky disse que as populações tradicionais podem salvar o planeta da mudança climática e do Efeito Estufa, entendo que são observações fáceis de aplicar nos vales de Yaqui e Mayo apelidados de vales da morte, como em muitas outras regiões onde o desejo do lucro fácil não respeita o valor sagrado da vida, nem cultura e civilização. Logo veremos os mesmos mercadores da morte gritarem como os "pastores brasileiros": - Parem de sofrer! Talvez repitam algo com o mesmo significado. Da encíclica extraímos, ... 13 «Maldita a terra no teu trabalho; comerás dela entre fadiga todos os dias da vossa vida». E da mesma forma, o fim das outras adversidades não se dará na terra, porque os males resultantes do pecado são ásperos, duros e difíceis de suportar e é necessário que acompanhem o homem até o último momento de sua vida. O que é algo esdrúxulo fora da dicotomia supracitada ou dentro da comunalidade (sem coletivização) da vida em populações tradicionais. Quando os ministros e dirigentes brasileiros ou sua bancada evangélica atuam na natureza ou na economia, fazem a cidadania se sentir desvalida e mais ainda as populações tradicionais em sua vida comunitária, pois pressentem mais do que nunca as ameaças do genocídio como na ditadura e também antes, quando o Serviço de Proteção ao Indígena - SPI - foi denominado de Serviço de Proteção ao Trabalhador na Selva sob a influência dos primeiros anos da Rerum Novarum.

O presidente propôs nomear seu filho para um cargo para o qual nem que se queira ambos suspeitam do significado. Novamente, ingênuo, acreditava ser um algoritmo antes citado, mas ficou claro, é apenas “ignorância pastoral” quando até mesmo a OMC desde a Rodada Uruguai determina que o capital (e mercado) não podem interferir sobre as comunidades indígenas e outras populações tradicionais. Contra a ignorância o único remédio é uma educação de qualidade para todos e não alcançada através do dinheiro para os mais ricos. Olhem a foto similar do agronegócio brasileiro é plágio.

desumanização do campo
  *** 

 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"no artigo 5º, inciso IV da Carta da República: 'é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato'."

Rede Soberania

Rede Soberania
Esta Nação é da Multitude brasileira!

Blogueiros/as uni vós!

.

.
.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...