30 de dezembro, por Sebastião Pinheiro
Corria o ano de 1970, na classe, o professor Ringuelet da Sociologia Rural, abordava o tema do aborto e me surpreendeu, ao dizer que nas Obras Sanitárias da Nação havia um setor encarregado de desobstruir os dutos de água negra devido aos abortos e que a criminalização do aborto era a maior hipocrisia da Elite Nacional, já que o país se divorciava desde 1888, porém não permitia novo casamento até 1954, pela lei 14.394, mas a ditadura militar que derrubou Perón, imediatamente a revogou.
Sem berço ou família de linhagem, fiquei sem entender muito, pois como indigente eu tinha outras prioridades, que na minha ignorância julgava mais importantes. Com tudo, eu estava procurando algo semelhante no Brasil. Não houve, porque a lei do ventre livre em relação aos africanos escravizados, foi uma manobra elitista nacional para procrastinar a abolição da escravatura, o que mantém o seu atraso.
Hoje as mulheres argentinas alcançam a alforia sobre seus corpos, mente e espírito e não foi uma vitória fácil, pois governos como Menem, os Kirchners e não havia condições para tal.
Quero ser feliz por ter o direito de suspeitar que a mão oculta que permite essa vitória de gênero, sem tirar todo o mérito das argentinas, é o torcedor fervoroso de San Lorenzo, que se encantava com os gols de Lobo Fischer, missionário Oberá e muito mais até com a "quadrado mágica" de Tim (Elba de Padua Lima).
Fischer morreu por COVID -19 em 16 de outubro passado.
No Brasil, o projeto aceitado pelas autoridades perante os banqueiros internacionais é a não vacinação, Carta de Intenções ao FMI com o compromisso de vender todas as estaduais, a começar pela Petrobras. O ódio racial instilado cotidianamente, parece indicar que apenas a COVID-19 não está garantindo o número pretendido de vítimas.
A procrastinação oficial não é incompetência, é um projeto. É o mesmo que aconteceu com a abolição da escravatura até hoje. Com o que aprendi com o professor Ringuelet, tenho a liberdade de perguntar aos meus conterrâneos, mesmo que eles achem que eu não tenho esse direito. Bem, nesse caso, eu tenho Ricardo Flores Magón que morreu na Penitenciária de Yuma, e ele me ensinou ainda mais, a luta segue e segue, Zapata Vive, Carpe Diem.
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