Sebastião Pinheiro
Pobre
Lisarb, o Pereba com toda a política antissocial (contra indígenas,
quilombolas, LGBT, feministas, pobres e miseráveis) estimulando à arrecadação
do fanatismo religioso se superou com os incêndios estimulados com vozes ao
vivo e liberados na selva com punições aos responsáveis. No sul, onde o fogo é
facilmente perceptível, a ação foi o enterro de florestas tombadas com
correntes e tratores durante a noite; mas a chuva denuncia o crime. O resultado
veio a galope ultrapassando fronteiras e continentes causando uma crise mundial,
para oportunistas, cretinos e corruptos, o que deixou o Pereba mais desesperado.
Pela
noite, o inconsciente o traiu, mergulhando-o em um pesadelo sombrio, onde
caminhava pelas profundezas de Xilbalba no coração do inframundo e não estava
sozinho, mas acompanhado pelo índio Galdino Pataxó, queimado vivo por jovens em
Brasília em 1997.
A freira
norte-americana Dorothy Mae Stang de 73 anos de idade (assassinada com seis
tiros por defender os camponeses posseiros na selva em Anapu, no Pará, em
fevereiro de 2005); junto a ela estavam outros, mas destacou a presença de
Francelmo (Francisco Anselmo Gomes de Barros) ao imolar-se a "bonzo
vietnamita" em protesto contra um projeto de usina de álcool no Pantanal
de Mato Grosso, em 12 de novembro de 2005.
Dois anos
depois, a juíza Clarice María de Andrade determinou que uma menina de 15 anos
fosse levada a uma prisão junto com 15 homens condenados em uma presídio em
Abaetetuba, no Pará, onde ela foi repetidamente estuprada. A juíza não sofreu
punição, foi aposentada nove anos depois com direitos integrais... Ah
democracia brasileira, libelos nacionalistas (lembre-se do que disse Samuel
Johnson), agora grita-se "Brasil acima de todos e Deus acima de todos"
em consignação, quatro simples exemplos de ausência de direito à vida na
escalada democrática da morte.
Diabólico
o ano começou e terminou com a morte de dois lutadores sociais e ninguém se deu
conta de uma nova realidade ou ponto de inflexão, com perda de cidadania e
valorização dos valores monetários mesmo em um governo que se gabava de
praticar políticas sociais. A pressão internacional, nacional e as elites
aristocráticas não permitem qualquer construção que contrarie seus interesses.
Vivemos uma fantasia de propaganda, tanto a anterior quanto a atual. Ambos
diametralmente idênticas, mas opostas pela execução do poder heteronômico,
servil, sustentado pela compra de publicidade em mídia privada...
Galdino e
Francelmo começaram a rir, acompanhados pela freira, atônito o Pereba, demonstrava
não entender. Os indígena explicou: "Você ignora o uso de Napalm no “Registro
Operacional" com assessoria diplomática de torturadores franceses no Vale
do Ribeira em abril, maio de 1970 pelas forças armadas contra camponeses mortos ao
caçarem meia dúzia de guerrilheiros... E não foi diferente quando militares da
Guerra da Crimeia foram contratados como assessores e introduziram a intervenção
de camponeses rebeldes em Canudos.
Lisarb
ficou envergonhado ao ignorar isso e se sentir culpado começou a sufocar-se e
não foi por causa da fumaça da queimada da Amazônia, era pela ausência de valor
à Vida e cultura da morte para silenciar os humildes.
O
desespero e asfixia pela fumaça dos incêndios nas selvas, savanas e florestas
tropicais. Sim, ele também se preocupa muito em saber das condições ambientais
que causam incêndios sem importar-se com as fronteiras nacionais, elas pouco
importam quando o agronegócio é o interessado em limpar todas as áreas públicas
ou privadas mecanizadas para ampliar suas áreas de commodities
desterritorializadas. Para isso, conta com governos endividados ou com campanhas
financiadas de lideres que são transformados em títeres do agronegócio mundial,
que manipulam o congresso nacional e regionais para responder às suas
necessidades.
De todos
eles, seu conterrâneo é o mais popular, pois sua campanha foi de total
pornografia explícita sobre suas ações sobre populações autóctones (nativas),
quilombolas, natureza e meio ambiente. Cumprindo a "Alternativa do
Diabo", o presidente arrogante mandatário demonstrou sua inépcia em todos
os sentidos, algo estranho para um treinamento militar de formação
especializado, com um grupo palaciano também formado para servir à exigente da elite
nacional aristocrática. O Pereba nove meses depois da posse presidencial, não
ficou surpreso quando sua avó deixou o tricô e gritou para o anúncio de TV:
"Bestialidade, bestialidade pura, nove meses e pariu a Besta; e como deu à
luz e pôs-se a bater as panelas desde sua cadeira de rodas.
Lisarb,
ignora muitas coisas, mas foi dotado de uma memória de elefante, então ele
lembrou o que o antropólogo Villas Boas registrou em sua biografia, ao relatar a
um cacique indígena o que estava acontecendo com o início da Segunda Guerra
Mundial com o avanço nazista em todas as frentes. O cacique foi peremptório:
este povo será derrotada por essas loucuras e pagará muito caro por essa
violência. O Pereba sabia que a escola indígena na selva, na savana ou na
floresta é muito mais eficiente do que as congêneres da elite aristocrática, pois
não educa nem capacita para servir, mais para sua sobrevivência e de seu povo.
Comparou o
tratamento dado aos "calouros" nas universidades civis e militares,
quando são preparados para servir uma elite e não um povo. Situação diametralmente
oposta ao "perfurar as orelhas" dos "cadetes" indígenas.
Equilibrado
e harmonioso Libarb percebeu a gravidade do fogo juvenil durante a visita à
comunidade indígena Yaviche do povo Xizdah. A comunidade decidiu criar seu
próprio Centro Universitário, sob o controle da comunidade. Note-se que esta
reação ocorreu em um país que tem as melhores universidades públicas do
subcontinente, onde todos os filhos dos camponeses têm incentivos, bolsas em
dinheiro, bem como infra-estrutura para todos os seus alunos, sem qualquer limitação
e a preparatória para a admissão é feito na própria faculdade durante três anos
de avaliações integrais.
É óbvio
que a pergunta é: O que levaria uma comunidade tomar a atitude drástica? Sem
exageros, podemos dizer que sua formação está melhor voltada para o mercado do
que para a sociedade e demonstra o poder das corporações, organizações
financeiros e multilaterais em alterar as prioridades, principalmente
eliminando a dimensão social da conexão entre o jovem profissional com sua
origem, comunidade e meio ambiente ou ecossistema. Este é o pior incêndio que
estamos testemunhando em nossos países, que sufoca não apenas o presente, mas
queima o futuro.
Enquanto
isso, os jovens de países avançados como a Noruega, Suécia, Alemanha, França, EEUU,
quando participam de atividades de extensão universitária em outros países, se
destacam por ter uma ótima formação nativa em seu país, o que os faz suportar
melhor situações exóticas do que os nativos.
Yuvel Noah
Harari previu que, até 2050, uma classe de inúteis dominará a sociedade, mas
Lisarb acredita que a ação na comunidade Xizdah de Yaviche permite remover
aquela maldição.
Lisarb
circunspecto entendeu que o fogo não é na distante Amazônia, que está mais
distante do povo do que do poder financeiro mundial e industrial. Nem por causa
da seca e do agronegócio ou da loucura e da corrupção governamental.
Esse
incêndio começou quando nas rádios, nos jornais, na TV e na campanha política
ameaçaram com as "Escola Sem Partido" não agora, mas no início das
ditaduras latino-americanas há mais de cinquenta anos, quando todos os
professores foram perseguidos, demitidos e uma tecnocracia servil e
aristocrática se instalou para servir não como uma força militar, mas como um
poder estrangeiro.
Este é o
fogo que faria Nero embelezar-se com sua lira, convocada por WhatsApp para
apoio presidencial. Sim, estamos procurando mineração preciosa e diamantes sem
compromisso ético e moral com o futuro. E nada vai acontecer. Isso é
irreversível e não é um pesadelo, é a realidade, pura e crua realidade, que somente
pode ser apagada pelos bombeiros agroecológicos, colocados, com muita água,
flores e Vida. O amor acima de tudo e todos contra o ódio e a ignorância pela
educação laica, autônoma e cidadã. O resto é um algoritmo inepto de quem
confunde poder e força e ego irônico de capitão de motosserra...
