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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Cartilha da Solidariedade (esboço)



“A vida é uma união simbiótica e cooperativa que permite o triunfo aos que se associam" – Lynn Margulis


Há uma frase sempre atual: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Ela é atribuída à M. Lobato e a Mário de Andrade, contudo seu autor é o naturalista francês Saint Hilaire e a saúva encontra-se mais íntima aos brasileiros e a humanidade do que se possa imaginar.

Na humanidade sobressai-se um grupo seleto de seres vivos (cupins, abelhas, formigas, toupeiras e suricatos), também seres ultrassociais, todos pela característica mais marcante: a necessidade de transformar o ambiente para a produção de alimentos e energia, embora ela vá além ao dominá-lo. Atividades que hierarquizam a divisão de trabalho e capacidade de fazer prisioneiros, escravos ou estabelecer parcerias vantajosas e estratificar o poder (organização, ambição e egoísmo).
  
Antes éramos apenas nômades, até desembarcar na agricultura, que molda a humanidade à sua feição (gregário, crente, místico, prolífico, isolado, comunitário, independente e autônomo, subordinado) formando comunidades fraternas pela crença, língua e raça criando a identidade que desemboca no Estado Nacional, onde o termo amizade era de significado pessoal, já a amizade coletiva era a solidariedade, herdada do pixurín tupi-guarani que originou o (pixurum, mutirão e mixurão). A industrialização impôs a lenta e inexorável individualidade e necessidade social e econômica de geração e acúmulo de riquezas.

A escala de valores da sociedade industrial exige um sistema de educação, comportamento diferente com outra moral e ética a cada dia mais fora da natureza, e abstrata tornando os critérios e parâmetros da sociedade agricultora insustentáveis, contudo ela é imprescindível por sua capacidade de transformar o Sol em Alimento, ainda não totalmente atingido como indústria. Veja na Wikipédia a definição de Food Industry, traduza...
   
A Justiça social só pode ser definida a partir de fatos concreto da “injustiça social” e para alguns ela corresponde à “justiça distributiva” de Aristóteles diferente à “justiça comutativa” (cega) que se aplica aos iguais. Justiça social balizador do contrato do Estado de Bem-Estar para garantia da liberdade e igualdade (fraternidade) de oportunidades e opções coletivas entre humanos nas suas relações na agricultura, comércio e manufatora quanto à riqueza, sua estabilidade, cada dia mais precária pelo avanço industrial (científico tecnológico), atualmente totalmente rota pelo sistema financeiro internacional.

O auxílio da física ajuda a discernir: em ótica sabemos que o branco é a soma de todas as cores e o preto a ausência de cor. A variação entre esses extremos permite infinitos tons de cinza, mistura dos extremos, que pedagogicamente podem ser separados entre a disputa do poder do criador da riqueza (agricultura-comércio) e o poder (manufator-industrial) intermediado pelo comércio, agente do poder financeiro (supremo).
   
O concerto entre ambos os extremos determina o valor do trabalho e distribuição da riqueza como ideologia do poder (financeiro). Para o capital quanto maior sua concentração e estratificação menor deve ser a interferência da justiça social, pois isso acelera a perfeição ultrassocial (eugenia mercantil), enquanto a inversa é o socialismo Fabiano1 (eugenia ética).

Neste diapasão a gestão da justiça social fica minuto a minuto mais frágil pelos conflitos entre os extremos, embora sua existência esteja garantida pela necessidade de liberdade e igualdade, mesmo que aparente como ocorre nas ditaduras.

A aplicação do capitalismo desde Assíria, Babilônia permite sua evolução com mecanismos cada vez mais sofisticados para satisfazer seu desenvolvimento e crescimento.  Dia a dia tons de cinza que pertenciam à ideologia do socialismo Fabiano são incorporados pelo capitalismo através do mercado e anunciados ao mundo como sua virtude e benevolência (cotas e consumo).

A “água” e o “ar’ são os elementos mais indispensáveis à vida. No tempo dos bisavós, negar água ao viajante era um desrespeito, ultraje e má educação. Hoje pedir água é o desrespeito e ultraje, pois a venda (ou outorga) de água nos acompanha mesmo nas mais remotas tribos da Amazônia ou interior da África e Ásia; nos aviões ou na China já há “ar purificado” para a primeira classe ou elite dirigente, respectivamente.

O termo “justiça social” tão pujante até as primeiras décadas do Século XX inexiste no corolário dos governos periféricos no Século XXI sem espaço ideológico. Eis a necessidade de um novo neologismo, disfarce para reorganizar a relação de poder e manter o equilíbrio social.

20 de janeiro de 1949 o presidente Harry Trumann em seu discurso de posse usou pela primeira vez o advérbio “desenvolvimento”, antes usado somente na embriologia e com significado concreto. Hoje podemos dissecar sob a ótica da justiça social, diplomacia, política, religião o que significou o termo subdesenvolvido...
  
Isso são águas e ares passadas, pois entre 1986 e 1994 nas tratativas da Rodada Uruguai para a nova Ordem pós-GATT (OMC) vimos surgir o neologismo “sustentabilidade”.  Em 2000 fizemos nossa Cartilha da Sustentabilidade, que foi distribuída na Extensão da UFRGS, pagamos um preço alto pela ousadia, mas não há arrependimento, ao contrário apenas luz. Segue:
  
- Paiê, o que é sustentabilidade? E o pai, burguês, lendo jornal dos Esportes, cai de costas. [atenção: ver as charges 17ª e 19ª]

A palavra da moda para políticos, religiosos, governantes e formadores de opinião é sustentabilidade. É um termo novo, até há pouco desconhecido e sem definição nos dicionários.

Muitos pensam que a sustentabilidade está ligada à questão do meio ambiente, outros, com a evolução da economia ou racionalização de energia. Alguns afirmam que ela tem ligação direta com o equilíbrio. Há também os que a relacionam com a espiritualidade e a consciência. Embora todos estejam com razão, são necessários mais elementos, para construir a compreensão do que seja sustentabilidade.

Hoje existem mais de 190 diferentes definições de sustentabilidade, pois este é o de número países nas Nações Unidas e cada um deles tem pelo menos a sua definição oficial.

A economia internacional, no final do Século XIX, estava insustentável. Os Estados Nacionais autônomos imediatamente formaram blocos para um enfrentamento inevitável, a Primeira Guerra Mundial. Ela durou cinco anos, e o armistício* não solucionou o problema.

Em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial, mais encarniçada e tecnológica. Ante a evidente vitória dos "aliados", foi realizada, em setembro de 1944, em São Francisco, uma reunião para a criação da Ordem Econômica, após o final do conflito. Ela ocorreu na cidade de Bretton Woods, na Califórnia, e ali nasceram as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o GATT*, a vigorar logo após o fim do conflito entre os países alinhados às nações aliadas autônomas. Era a organização de uma nova "sustentabilidade", para o comércio do mundo. Os empréstimos, agora, podiam ser de empresa privada para Estado Nacional e o dólar passava a ser a moeda internacional.
  
Vem chegando a era do Biochar, para nós o “picumã” há muito tempo presente nas roças e roçados. Dona Ana Marie Primavesi ao tocar os solos tropicais logo expressou que o solo nunca poderia ficar descoberto e que a lavra pesada seria um desastre para o meio ambiente e saúde de seus filhos e filhas. ‘A biomassa, ecológica, é a agregação de todos organismos vivos, de micróbios a planta e animais. Presente em um ecossistema e parte do ciclo do carbono ativo’ (PINHEIRO, 2018).

A Comissão Bruntland tem o mérito de incluir uma definição de desenvolvimento sustentável como “Satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas”. A sustentabilidade abrande as preocupações com a capacidade de carga e a resiliência nos sistemas ambientais, sociais e econômico e suas inter-relações (PINHEIRO, 2018).

O termo herbivoria2 trata do conhecimento sobre a relação entre saúvas e natureza e foi criado recentemente diante da ineficiência dos formicidas para o controle dos insetos, mas isso demorará meio século para chegar ao mercado.

  Agora, sem ingenuidade podemos adentrar ao neologismo “Solidariedade” recordando que a palavra surge de uma ação estratégica entre Thatcher, Reagan e Papa J. Paulo II para soçobrar o bloco soviético de economia capitalista de Estado, onde já não havia justiça social, apenas a comutativa.

Uma das grandes ações naquela Europa e mundo divididos foram criar um sindicato na Polônia comunista (ocupada desde 1939).  Ele recebeu o nome de “Solidariedade” (Lech Walesa).  Logo o país “comunista” transformou-se em uma ditadura militar ao estilo latino-americano. Em nove anos a Alemanha foi reunificada e a URSS dissolveu-se dois anos mais tarde.

Em 1992 no Rio de Janeiro foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) e sua paralela de ONGs, a Eco-92.  Em ambas a discussão “induzida e manipulada” em nosso inconsciente era sobre o valor sonante da biodiversidade e a necessidade de sua sustentabilidade econômica, onde a “Agenda XXI” era o vade-mécum da nova “justiça social” em seus 40 capítulos [Cap. 2 Acelerar o Desenvolvimento Sustentável; 3 Combate à pobreza; 4 Demografia e Sustentabilidade;... 15 Conservação da Biodiversidade; 16 Manejo ambientalmente saudável da Biotecnologia (?); 33 Recursos e Financiamento; 34 Transferência de Tecnologia ambientalmente saudável; 38 Arranjos institucionais internacionais].

Não é estranho não haver nela qualquer referência ao termo “justiça social”, mas o item 3 é combate à pobreza e no da biodiversidade diz que os indígenas e povos das selvas devem ser remunerados.... O que subentende que a globalização imporá sua “justiça social” e que seu nome será: “Solidariedade” tão objeto quanto foi na bacia do rio Vístula3.
      
Logo, o prócer da ditadura Senador Marcos Maciel vai capitanear um grupo de políticos e tecnocratas para criar a segurança da biodiversidade através da Lei de Biossegurança e ninguém discute a quem interessa aquele tipo de diploma legal. Na mesma época começa a discussão da Lei de Populações Tradicionais. Os itens 33 e 38 da Agenda XXI explicam e permitem perceber que nos países sérios telefonemas e e-mails públicos são gravados para registrar pleitos e pressões contra a justiça social. Ambas as leis são mutiladas através de vetos por interesse de grandes corporações e depois moldadas no interesse do poder financeiro através de Medidas Provisórias de justiça cumulativa, com nova festejada redação vaidosa mantendo o conteúdo e continente determinado pelo poder financeiro internacional.
..  
Desde 1992 o neologismo “solidariedade” vem se consolidando em poderoso segmento de Terceiro Setor na economia, o que permite perguntar: em economia não há espaço para ética, mas há a necessidade de “solidariedade” através de relação mercantil por existir o Estado de Bem Estar Social apenas no discurso e propaganda, pelo que ela passa a ser bandeira político partidária.

  Faço a tradução da Wikipédia (nova língua) diz: A economia solidaria é uma forma de produção, consumo, e distribuição de riqueza (ou seja, um tipo de economia), centrada na valorização do ser humano e não na priorização do capital. Promove a associatividade, a cooperação e a autogestão, e está orientada à produção, ao consumo, e à comercialização de bens e serviços, de um modo principalmente em autogestão, tendo como finalidade o desenvolvimento ampliado da vida. Preconiza o entendimento do trabalho e no trabalho, como um meio de liberação humana, no marco de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa viável à dimensão geralmente alienante e assalariada do desenvolvimento do trabalho capitalista.



* General Agreement for Trade and Tariffs (Acordo Internacional de Comércio e Tarifas).
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