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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Agricultura indígena



04 de agosto, rede sociais,
por Sebastião Pinheiro

Voltei para casa depois de uma jornada de 60 dias sem parar um dia, mas fui duas vezes para a praia em Huatulco e Acapulco. Eu trouxe uma frase das muitas do Mestre Cantinflas: "O mundo deveria rir mais, mas depois de ter comido". Com a jornada que tive,  me sobrou tempo para ler o livro de Noam Chomsky, “Requien por el Sonho Americano”, uma maravilha, imperdível, ainda mais para quem conhece os degenerados que pastores travestidos conseguem mandatos políticos para roubar, assaltar e estuprar crianças, além de realizar nas ruas exorcismo contra a homossexualidade ou "cura gay". Eles estão em toda parte no México gritam na Rádio e TV ou em cada esquina o slogan "Pararem de Sofrer" para culpar as pessoas humildes vítimas das vendas de cigarros, bebidas alcoólicas, propaganda imoral e pornográfica que geram lucros para governos ineptos que fazem ouvidos de comerciante e nada veem.

Com um inverno de 6 graus Celsius, dormi 14 horas ininterruptas e comi minhas hortaliças e legumes sem qualquer "fritangas", pois tenho que perder 4 quilos que ganhei. Comecei a estudar uma novidade: alguém me contou uma cena de Cantinflas e Carmelo, onde alguém com fome tenta comer um tomate no rancho em que trabalha. O professor o reprime: "Você está louco, isso é para vender e não para comer, você quer morrer". Pois descobri o que para mim era invisível quando ouvi a frase “Eu na Universidade não estudei o Amaranto”. Foi um choque forte, mais que elétrico, era magnético. Meu Deus, eu pensei que era o terceiro ou quarto alimento mais importante depois do milho, cacto e tomate... Mais tarde soube que ele era desprezado por ser comida de pobre. Isso existe onde não há identidade étnica. Os maiores produtores de amaranto são China, Índia e Quênia (olhe que quinoa e kwicha não são amarantos pela saponina), onde não se pode perder espaço sem conversão total do Sol em proteínas. Na universidade, trinta anos atrás, um geneticista me disse ser seu potencial para 30 toneladas/ha de diversidade, metabolismo e manipulação genética. Nós se quer conhecemos o híbrido. Ele trabalhou com híbrido de girassol, a média nacional de sementes oleaginosas foi de 900 kg, mas ele disse que em três anos seria de 4.000 kg/ha. E foi, eu deveria seguir o conselho do Mestre Cantinflas e rir mais. Mas os resíduos de agrotóxicos no governo não me deixam.

A singeleza da ironia me fez acordar. Acordar com vergonha, pois depois de conviver 20 anos me caiu outros vinte, não somente existem duas agriculturas no México: O agronegócio e a agricultura ejidatária. Se existe uma outra que é básico para o Biopoder Ultrassocial Camponês, veem que eu adicionei um qualificador para o biopoder: "ultrassocial".

No modelo agrícola desenvolvimentista e moderno, a agricultura indígena é sujeito da cultura. Foi para este pobre sisudo por faminto e envenenado pelos resíduos de agrotóxicos e governo sem espaço no contexto.


Nossa agricultura indígena não tem território para o seu exercício foi isso que ouvi de eng. agrônomos nos Vales de Yaqui e Mayo ou como dizem os de lá "A Bacia dos três rios", que não é o berço da Revolução Verde e sim a desterritorialização da agricultura indígena das nações Yaqui e Mayo.

No livro de Noam Chomsky há uma carta-documento do presidente John Tyler (foto) para seu filho, o coronel Tyler, comandante da Guerra de Anexação do Texas por razões geopolíticas do monopólio do algodão para se dobrar a Grã-Bretanha recém-industrializada e transferir para os EEUU a industrialização mundial da época.


Pobre General Antonio de Pádua María Severino López de Santa Anna e Pérez de Lebrón enfrentar aquele crânio com uma perna só, porém ele teve um funeral digno, segundo as pinturas (foto).

Com a agricultura indígena com seus valores, sabedorias e estratégias milenares, seria fácil para os países da América Latina, incluindo os de origem dos “Parem de Sofrer”, onde o agronegócio quer sair das dívidas e sem perspectivas pela degradação total do solo do segundo maior ecossistema nacional com o uso de Farinhas de Rochas, que não suportou duas décadas de desterritorialização com a agricultura de soja. Isto que no primeiro ecossistema está condenado ao mesmo exorcismo por parte dos pastores no poder político da nação a serviço do mesmo interesse de John Tyler, agora sem necessidade de conquista ou invasão militar, mas as vítimas dão lucro pelos transplantes e tratamentos.

Se deseja entender a importância da agricultura indígena quando tantas nações reivindicam seu território e status de nação, deixo uma preliminar para me ajudar a enquadrar.

- Em 1867, Karl Marx escreve O Capital, apenas em 1891 é dada a resposta pelo Papa Leão XIII em "Rerum Novarum", onde a dicotomia é o universo que deixa os povos indígenas fora da relação unívoca do capital-trabalho, pois não são nenhum nem outro, mas a partir de agora totalmente ignorados a não ser como uma massa de manobra (guerra Cristera)..

Com todos eles foram obrigados a viver essa realidade deixando de lado a agricultura comunal, que segue o preceito ultrassocial segundo a definição (Ecological Economics 95 (2013) 137-147 Opções Metodológicas e Ideológicas A origemultrassocial do Antropoceno J. Gowdy e Lisi Krall, Departamento de Economia, Universidade Estadual de NY, EUA). Leiam irão gostar, mas lembre-se do presidente John Tyler e seu filho...

No México, nesta viagem, pude compreender uma leitura antiga de Mariátegui sobre os "Sete Ensaios sobre a interpretação da Realidade Peruana". É poesia na agricultura ancestral longe dessa dicotomia. Cinqüenta anos para entender o óbvio e ululante... Mas antes tarde do que nunca...

Por favor, paraguaios, peruanos, bolivianos, chilenos e mexicanos e outros latinoamericanos leiam minha postagem anterior sobre o assunto e me ajudem, pois os "Parem de Sofrer" merece uma resposta, como ilhoses que são, não entenderam a riqueza do espanhol latinoamericano...

A agricultura camponesa indígena merece um centro de treinamento internacional para combater as anexações e desterritorializações estrangeiras e nacionais. É raro, mas Cantinflas falava criptografado, tem que estudá-lo, quiçá em "pós-doc".

Depois de 60 dias falando até 15 horas diariamente, passei todo o sábado e domingo sem dizer uma palavra... para quê, por aqui é melhor ouvir sem rir, pois ."Estamos em uma época, na qual o homem, cientificamente e tecnologicamente é um gigante, mas moralmente ... é um pigmeu".


                                    ***
 
“Requiem for the American Dream” - O Fim do Sonho Americano [e do Brasileiro ?] from Tuany de Paula on Vimeo.



OS DEZ PRINCÍPIOS DA CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA E PODER:
1. Reduzir a Democracia
2. Moldar a ideologia
3. Redesenhar a economia
4. Deslocar o fardo de sustentar a sociedade para os pobres e classe média
5. Atacar a solidariedade
6. Controlar os reguladores
7. Controlar as eleições
8. Manter a ralé na linha
9. Fabricar consensos e criar consumidores
10. Marginalizar a população
 

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