04 de agosto, rede sociais,
por Sebastião Pinheiro
Voltei para casa
depois de uma jornada de 60 dias sem parar um dia, mas fui duas vezes para a
praia em Huatulco e Acapulco. Eu trouxe uma frase das muitas do Mestre
Cantinflas: "O mundo deveria rir mais, mas depois de ter comido". Com
a jornada que tive, me sobrou tempo para
ler o livro de Noam Chomsky, “Requien por el Sonho Americano”, uma maravilha,
imperdível, ainda mais para quem conhece os degenerados que pastores travestidos
conseguem mandatos políticos para roubar, assaltar e estuprar crianças, além de
realizar nas ruas exorcismo contra a homossexualidade ou "cura gay". Eles
estão em toda parte no México gritam na Rádio e TV ou em cada esquina o slogan "Pararem de Sofrer" para culpar as pessoas humildes vítimas das vendas de cigarros,
bebidas alcoólicas, propaganda imoral e pornográfica que geram lucros para
governos ineptos que fazem ouvidos de comerciante e nada veem.
Com um
inverno de 6 graus Celsius, dormi 14 horas ininterruptas e comi minhas hortaliças
e legumes sem qualquer "fritangas", pois tenho que perder 4 quilos
que ganhei. Comecei a estudar uma novidade: alguém me contou uma cena de
Cantinflas e Carmelo, onde alguém com fome tenta comer um tomate no rancho em
que trabalha. O professor o reprime: "Você está louco, isso é para vender
e não para comer, você quer morrer". Pois descobri o que para mim era
invisível quando ouvi a frase “Eu na Universidade não estudei o Amaranto”. Foi
um choque forte, mais que elétrico, era magnético. Meu Deus, eu pensei que era
o terceiro ou quarto alimento mais importante depois do milho, cacto e tomate...
Mais tarde soube que ele era desprezado por ser comida de pobre. Isso existe
onde não há identidade étnica. Os maiores produtores de amaranto são China,
Índia e Quênia (olhe que quinoa e kwicha não são amarantos pela saponina), onde
não se pode perder espaço sem conversão total do Sol em proteínas. Na
universidade, trinta anos atrás, um geneticista me disse ser seu potencial para
30 toneladas/ha de diversidade, metabolismo e manipulação genética. Nós se quer
conhecemos o híbrido. Ele trabalhou com híbrido de girassol, a média nacional
de sementes oleaginosas foi de 900 kg, mas ele disse que em três anos seria de 4.000
kg/ha. E foi, eu deveria seguir o conselho do Mestre Cantinflas e rir mais. Mas
os resíduos de agrotóxicos no governo não me deixam.
A singeleza
da ironia me fez acordar. Acordar com vergonha, pois depois de conviver 20 anos
me caiu outros vinte, não somente existem duas agriculturas no México: O agronegócio
e a agricultura ejidatária. Se existe uma outra que é básico para o Biopoder
Ultrassocial Camponês, veem que eu adicionei um qualificador para o biopoder:
"ultrassocial".
No modelo
agrícola desenvolvimentista e moderno, a agricultura indígena é sujeito da
cultura. Foi para este pobre sisudo por faminto e envenenado pelos resíduos de
agrotóxicos e governo sem espaço no contexto.
Nossa agricultura
indígena não tem território para o seu exercício foi isso que ouvi de eng. agrônomos
nos Vales de Yaqui e Mayo ou como dizem os de lá "A Bacia dos três
rios", que não é o berço da Revolução Verde e sim a desterritorialização
da agricultura indígena das nações Yaqui e Mayo.
No livro
de Noam Chomsky há uma carta-documento do presidente John Tyler (foto) para seu
filho, o coronel Tyler, comandante da Guerra de Anexação do Texas por razões
geopolíticas do monopólio do algodão para se dobrar a Grã-Bretanha
recém-industrializada e transferir para os EEUU a industrialização mundial da
época.
Pobre General
Antonio de Pádua María Severino López de Santa Anna e Pérez de Lebrón enfrentar
aquele crânio com uma perna só, porém ele teve um funeral digno, segundo as
pinturas (foto).
Com a
agricultura indígena com seus valores, sabedorias e estratégias milenares,
seria fácil para os países da América Latina, incluindo os de origem dos “Parem
de Sofrer”, onde o agronegócio quer sair das dívidas e sem perspectivas pela
degradação total do solo do segundo maior ecossistema nacional com o uso de
Farinhas de Rochas, que não suportou duas décadas de desterritorialização com a
agricultura de soja. Isto que no primeiro ecossistema está condenado ao mesmo
exorcismo por parte dos pastores no poder político da nação a serviço do mesmo
interesse de John Tyler, agora sem necessidade de conquista ou invasão militar,
mas as vítimas dão lucro pelos transplantes e tratamentos.
Se deseja
entender a importância da agricultura indígena quando tantas nações reivindicam
seu território e status de nação, deixo uma preliminar para me ajudar a
enquadrar.
- Em 1867,
Karl Marx escreve O Capital, apenas em 1891 é dada a resposta pelo Papa Leão
XIII em "Rerum Novarum", onde a dicotomia é o universo que deixa os
povos indígenas fora da relação unívoca do capital-trabalho, pois não são
nenhum nem outro, mas a partir de agora totalmente ignorados a não ser como uma
massa de manobra (guerra Cristera)..
Com todos
eles foram obrigados a viver essa realidade deixando de lado a agricultura
comunal, que segue o preceito ultrassocial segundo a definição (Ecological
Economics 95 (2013) 137-147 Opções Metodológicas e Ideológicas A origemultrassocial do Antropoceno J. Gowdy e Lisi Krall, Departamento de Economia,
Universidade Estadual de NY, EUA). Leiam irão gostar, mas lembre-se do
presidente John Tyler e seu filho...
No México,
nesta viagem, pude compreender uma leitura antiga de Mariátegui sobre os
"Sete Ensaios sobre a interpretação da Realidade Peruana". É poesia
na agricultura ancestral longe dessa dicotomia. Cinqüenta anos para entender o
óbvio e ululante... Mas antes tarde do que nunca...
Por favor,
paraguaios, peruanos, bolivianos, chilenos e mexicanos e outros latinoamericanos
leiam minha postagem anterior sobre o assunto e me ajudem, pois os "Parem
de Sofrer" merece uma resposta, como ilhoses que são, não entenderam
a riqueza do espanhol latinoamericano...
A
agricultura camponesa indígena merece um centro de treinamento internacional
para combater as anexações e desterritorializações estrangeiras e nacionais. É raro,
mas Cantinflas falava criptografado, tem que estudá-lo, quiçá em
"pós-doc".
Depois de
60 dias falando até 15 horas diariamente, passei todo o sábado e domingo sem
dizer uma palavra... para quê, por aqui é melhor ouvir sem rir, pois ."Estamos
em uma época, na qual o homem, cientificamente e tecnologicamente é um gigante,
mas moralmente ... é um pigmeu".
***
OS DEZ PRINCÍPIOS DA
CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA E PODER:
1. Reduzir a Democracia
2. Moldar a ideologia
3. Redesenhar a economia
4. Deslocar o fardo de
sustentar a sociedade para os pobres e classe média
5. Atacar a solidariedade
6. Controlar os reguladores
7. Controlar as eleições
8. Manter a ralé na linha
9. Fabricar consensos e criar
consumidores
10. Marginalizar a população
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