18.VIII.2019
genial Sebastião Pinheiro
genial Sebastião Pinheiro
"O mundo tornou-se perigoso, porque os humanos aprenderam dominar a
Natureza antes de se dominarem a si mesmos". - Albert Schweitzer,
médico, Prêmio Nobel da Paz (princípios Ultrassociais)
Por não
possuir um racionamento vergonhoso me atrevo a perguntar: Será correto dizer
que a pesca só se desenvolveu depois de muito tempo de nomadismo? Formular uma
indagação ou pergunta, obriga seu autor a escrutinar as possíveis respostas no
desenvolvimento da mesma. Minha autorresposta trouxe uma limitação geográfica.
Certamente que para os caiçaras tenha sido mais óbvio o desenvolvimento
invertido, com a pesca desenvolvida anteriormente pelos nativos (autóctones).
A pesca é
tão importante para a humanidade quanto a agricultura e, em alguns casos, ainda
mais, mas a investigação é agora outra: no entanto, a pesca não se desenvolveu
como uma ação ultrassocial? Certamente que não, meu devaneio cresce quando
relaciono a pesca como ação de ócio e descanso. Terá ela portanto, alguma
relação antagônica as ansiedades e tensões no período da caça no nomadismo,
implicadas na personalidade humana através dos tempos?
Um jovem
indígena do Xingu, com notável orgulho, me disse: "Nosso chefe (cacique)
não vai renovar o contrato que permite às TVs filmarem a pescaria esportiva de
peixes em nossos rios, porque os espíritos lhes disseram que isso machuca os
peixes". Sorrindo disse, deixamos de ganhar o equivalente a 1 milhão de
dólares/ano. Cabotino (por seu significado francês), pensei entender: Sua
felicidade está sobre o conceito mais além da nação, onde o seu chefe e você
determinam sobre o território, mais além que físico ou cultural é o tê-lo com
raízes espirituais.
Viver e conviver
com pescadores é algo magnífico. Eles têm um mundo muito complexo, rico e
diverso. Às vezes eu saía de Mutuapira de bicicleta e os acompanhava para
pescar na Praia da Luz, em Itaóca, a mais de 40 quilômetros de distância, ali
começou a se transformar em um lixão cheio de catadores no mais lindo de todos
os mangues que conheci na minha vida.
Ali peguei
meu primeiro tubarão cabeça de martelo (mangona) com mais de 75 cm de comprimento.
Ao português Dom Romão perguntei sobre a parábola de "Cristo e os Pescadores"
(foto). Entre risos ouvi a resposta: O mar muda a cada segundo, pode ser por
causa da sombra de uma nuvem, pode ser por causa da temperatura ou até mesmo a
direção do vento. No entanto, acredito que foi mais para Jesus ou que os raios
que me partam, e desandou a rir. O depósito de lixo destruiu o mangue e foi o
principal responsável pela poluição na Baía de Guanabara. A modelo
internacional Sandra Pasos (foto) foi uma catadora, saiu de lá pela fama internacional,
e pode ajudar a criar seus 15 irmãos menores.
Há 40 anos
em meu trabalho de pós-graduação sobre a instalação de uma empresa de celulose
da Noruega em frente à cidade de Porto Alegre, já com um milhão de habitantes,
na maior lagoa do mundo, a "Lagoa dos Patos", o nome nada tem a ver
com aves, mas a etnia que habita suas fronteiras. Havia mais de dez Colônias de
Pescadores, que produziam muitos pescados, crustáceos com economia sólida e
poder político estabelecido e até mesmo exportavam o bagre para os EEUU, lá conhecido
como "catfish" famoso no café da manhã sulista. Hoje é fluxo contínuo
de Dioxinas Cloradas.
As
colônias de pescadores começaram com D. Juan VI, expulso da Europa por
Napoleão, que cria as colônias como uma forma de proteção da costa do reino,
com medo do escalado gaulês da Córsega de Santa Helena.
O Decreto
Lei 530/43 todas as colônias foram transformadas em Cooperativas, depois de
Manoel Cayman, Manoel Negro, Tata e Jerônimo viajaram em uma jangada de varas
por 61 dias do Ceará até o Rio de Janeiro (3.200 km) para denunciar a escassez
dos Pescadores (foto) artesanais. O famoso Orson Wells que havia assombrado o
mundo, antes de fazer o filme "Four Men on a Raft", (foto acima, capa)
Em minhas
férias no litoral, pude conviver com pescadores nos últimos 20 anos. Fiquei
muito feliz em vê-los com crédito para máquinas de fazer gelo, barcos a motores
e organização social, como nunca havia visto antes.
Recordei minha
juventude com eles em caldeiradas amazônicas de pampo e papa terra em suas
casas. Foi algo que me lembrou José Correia de Pariconha, com suas Ligas Camponesas.
Eu já conhecia o José Fritsch, que havia começado toda essa bagunça. Li muitos
documentos na Cúpula da OMC em Cancún, onde fui credenciado como cinegrafista
de uma TV suíça. O capital internacional determinava que a pesca artesanal era
subversiva, já que o acordo entre os EEUU em dívida com os vietnamitas pela
derrota na Guerra obrigava a pagar os 8 bilhões de dólares mais interesses, e o
acordo chegou com Clinton no comércio de "Panga" no mundo. Por outro
lado, no rio São Francisco, no Brasil, o peixe mais pescado é a tilápia
africana, que é vendida no mundo como Blanco del Nile (Nilo Branco), tudo
criado com a ração Cargill. Não há ali o Jackal Macrobrachium carcinus,
nem o camarão de San Fidelis. A desterritorialização é total.
Ontem
houve uma manifestação contra o retorno da pesca de arrasto já proibida pela
legislação e repudiado em todo o mundo. Mas as autoridades do governo são
pressionadas a destruir a organização dos pescadores artesanais protegidos pela
lei federal 11.959 / 09. Pois o mar é a fronteira extrema do território.
Os tolos
não percebem que a gigantesca crise no mundo, necessita de projetos e propostas
de mineração para criar a falsa perspectiva de crescimento futuro dos
investimentos para o gigacapital como garantia de não ter uma corrida rumo ao
ouro e aos bens imobiliário como aconteceu em 2007 nos EEUU e na Europa. É a
guerra monetária e a desterritorialização dos pobres impostos pelos algoritmos
de propaganda, Gangsters em o "Pare de Sofrer”.
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