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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sábado, 21 de janeiro de 2023

Purim-microbiano de Tainá-Kan

 

 por Sebastião Pinheiro

atualizações do livro Agroecologia 7.0

Alexandre Soljenítsin, em seu livro "O Arquipélago Gúlag" no prefácio escreve o provérbio: “Aquele que recorda o passado perde um olho. Aquele que o esquece perde os dois!”.  As boas escolas que tornam seus alunos caolhos ensinam como o petróleo privado substituiu o carvão mineral estatal, provocou a Conferência de Berlim de repartição da África em 1884 e suas consequências nas primeira e segunda (1914-18 e 1939-1945) Guerras Mundiais e desencadear até nossos dias de mudança climática.

Antes de brilhar o Sol dos Tempos Modernos, em todas as propriedades rurais haviam estruturas para preparar e armazenar os resíduos sólidos e líquidos da criação de aves, animais, e também vegetais, que recebiam tratamentos prévios para o seu emprego.  Estes eram os principais insumos dos agricultores para o manejo do solo, água e sua produção, significando a gestão, manejo, ciência e cultura da matéria orgânica.

A parte mais nobre destes resíduos e tratamentos eram denominados "purines" pela riqueza em Nitrogênio amoniacal.

Esterqueiras, poços e lagoas de chorumes eram parte imponente nas propriedades e seu manejo e controle de energia e qualidade importante para o controle de vetores e importância para a saúde no solo, economia de água e controle das pragas e doenças na saúde das aves domésticas, rebanhos de animais e qualidade de seus produtos.

Nos países denominados "em desenvolvimento, do G.A.T.T" (Ponto 4, de Truman) seu uso foi impedido, através de políticas públicas autoritárias sobre as atividades culturais camponesas, pois concorriam com o consumo de derivados de petróleo, impediam as projeções e vendas da indústria petroquímica (combustíveis, fertilizantes e agrotóxicos). Foi imposto um "modelo ideológico" disfarçado em tecnológico e lenta e inexoravelmente transformados em ditaduras militares.

No entanto, nos países com "cultura agrícola caolha" seu uso não foi impactante, pois para o uso crescente de insumos industriais eram necessárias maiores quantidades de matéria orgânica no solo para equilíbrio energético.

Em função da mudança de matriz tecnológica que já deixou a petroquímica nos países centrais (caolhos), nos últimos 35 anos, vem sendo transformada em biotecnologia, que necessita de Sol, Natureza, Clima e Território. Logo a  matéria orgânica entre os que possuem os dois olhos volta a ter importância e os países deixam de ser "em desenvolvimento do GATT" e passam a buscar  a "sustentabilidade da OMC", novo colírio.

A situação torna-se mais grave, pois a alienação e ignorância anterior combinadas com a propaganda dos produtos da biotecnologia criam o anseio de consumo da biotecnologia modernizadora, através da compra de matéria orgânica industrial das mesmas indústrias petroquímica agora conglomerados de capital e poder no Complexo Industrial Militar.

Isto é bom para os países caolhos, pois significa maior velocidade de amortização para seus produtos, com melhores preços, sem concorrência, e garantido através da venda de serviços para os países com dois olhos míopes. Assim se apropriam do Sol, Natureza, Clima e Território e organizam (financiam) as transições em sanitarismo, saúde, meio ambiente, educação, agricultura e política.

Bloqueiam os que trabalham com o desenvolvimento, adequação, formação e introdução de biotecnologias autóctones de forma antecipada e apropriada para evitar a perda de um olho acadêmico, técnico e mediocridades na Sociedade heteronômica, que usa suas estruturas para proteger o interesse mercantil de empresas biotecnológicas industriais.

Enxergar com acuidade a política é trazer elementos muito além do mercado e consumo, alicerçados em cultura e espiritualidade.

Na agricultura purines nitrogenados e M.O. permitem uma estratégia assaz.

Depois de ver na televisão as questões do agronegócio, fui estudar a "crise" dos fertilizantes e busquei "chorume", em homenagem aos avatares que lá atrás (1850) perceberam os erros industriais e militares prussianos com os sais químicos solúveis aplicados em os pisos. Construíram o uso da “farinha de rocha” e o ridículo com que foram tratados pelos oportunistas de plantão, que ainda não sabem o que é o Ciclo Ultrassocial da Matéria Orgânica Camponesa, um “Purim”-microbiano, na serule e sucessão ecológica e termostato do planeta (clima).

Ontem os oportunistas na TV, logo no início do Purim. Uma pessoa mal-intencionada comparou que os depósitos de rocha podem sustentar 500 empresas produtoras de farinha de rocha para a crise. Você não sabe o que significa heteronomia. Tenho cópia do estudo contratado e feito pelos mesmos cretinos há 26 anos, dizendo que as rochas moídas não tinham concentração de sais, nem solubilidade para uso. Para os "iniciados" o estudo foi sobre os "Carbonatitos". Elas são rochas ígneas alcalinas, como as vomitadas por Ol Donyo Longai ou pelo Kilimanjaro, berço da humanidade. Todos são "tralhados", foi até o "filé mignon" da mina Guaíba (atrás do P...). Todas as áreas do Carbonatito no Brasil são registradas como reservas de mineração, por testas de ferro ao nível de ex-ministros da ditadura...

Onde Sonham as Formigas Verdes (1984)

Pior, a opinião daquele estudo dizia que isso não tinha futuro, quando já existiam 4 trituradoras de pedra e um mercado. Dizer que no antigo solo manto basáltico é cretinismo. Sabe-se que, há vinte anos, outros cretinos buscam legislações que privilegiem os grandes interesses dos holandeses, britânicos, australianos, americanos, alemães e chineses em monopolizar a remineralização dos solos. No entanto, quarenta anos atrás.

Há um desespero com o Potássio, mas os corruptos da ditadura vão fechar a mina bem perto de Sergipe, para fazer negócio, desculpe, não seria tráfico de dinheiro em dólar? O agronegócio é tão elogiado quanto se fosse economia, mas agora voltamos a Aristóteles/Carpentier: é mera crematística.

Estudar os purines/biofertilizantes no Ciclo da Matéria Orgânica e buscar o olho perdido.

Amor, paz e espiritualidade brotam do ciclo da matéria orgânica, celebremos à Vida.

A mitologia é mais que colírio, amplia a visão e riscos ambientais. Antropólogos estudam a cosmovisão do povo Carajás sobre a gênesis do planeta.

Para entender a matriz da biotecnologia vamos estudar a Lenda de Tainá-kan.

A compreensão de Denakê

[Os índios Carajás contam a lenda de Tainá-Can (a Estrela Vésper), Imaeró e Denakê. Imaeró certo dia estava à beira do rio quando olhando o céu viu brilhar intensamente a luz de Tainá-Can, admirou-se com sua beleza e se perdeu de amores por Tainá-Can pedindo-lhe para que ele descesse do céu para casar-se com ela. Imaeró era uma Carajá muito bonita e falou com tanta paixão que Tainá-Can desce do céu em uma noite e acorda Imaeró dizendo que veio para se casar com ela, mas para a surpresa de Imaeró tão brilhante estrela ao tomar a forma humana era um velho já enrugado.

Imaeró ao ver aquele velho recusa-se a casar com ele, pois esperava um homem jovem e não um ancião. Sua irmã Denakê compadecida do pobre velho resolve se casar com ele, Tainá-Can então diz que iria trabalhar para alimentar Denakê, pois ela possuía bom coração e no mesmo instante foi para o mato fazer o roçado para plantar, ordenando a Denakê que não o seguisse e ficasse em casa preparando a comida. Como demorava muito Denakê resolve segui-lo e para sua surpresa ao invés de um ancião encarquilhado pela idade encontra um guerreiro Carajá jovem e forte, feliz e surpresa o leva para casa para mostrar a sua família, Imaeró ao ver tão belo jovem o reclama pra si, dizendo que tinha sido ela e não sua irmã Denakê que o tinha invocado no que Tainá-Can responde: “Você foi "caolha", incapaz de enxergar além do que seus olhos podiam ver, seu amor não era por mim, e sim pelo meu brilho, contudo sua irmã soube me amar mesmo parecendo velho, Denakê será minha esposa. Então a bela índia Imaeró se transformou no Urutau, pássaro que até hoje canta tristemente ao ver Tainá-Can no céu. Quanto a Tainá-Can e Denakê tiveram muitos filhos, ensinaram os Carajás a plantarem a mandioca, o milho e após muitos anos de uma vida feliz ambos subiram ao céu, e até hoje é possível ver Tainá-Can brilhando e uma pequena estrela ao seu lado, a bondosa Denakê.]

Essa lenda Carajá traz em si uma lição muito importante, a necessidade de conseguirmos ver através das aparências. Muitas das escolhas erradas que fazemos em nossas vidas fazemos unicamente por não saber identificar a diferença entre essência e aparência. A Natureza tão sábia mãe nos cobriu de exemplos que não sabemos tomar para nós, muitos dos predadores mais perigosos se apresentam de forma muito bela, justamente para atrair a sua presa, como as plantas carnívoras com suas belas cores que tem como único objetivo atrair insetos incautos.

Nem tudo que parece realmente bom aos nossos olhos é o melhor para nós. Salomão, o mais sábio rei que o povo de Israel já teve certa vez disse: "Há caminhos que ao homem parecem bons, mas o seu final é a morte...” Se deixar guiar apenas pela aparência é a maior prova de loucura que uma pessoa pode dar, contudo é o que vivemos todos os dias.

Somos fruto de uma sociedade enferma, louca e extremamente hipócrita, preocupada com uma autoimagem, mas nem um pouco preocupada com a própria essência. As pessoas não valem mais pelo que são e sim pelo que aparentam, pois como dizem: imagem é tudo.

Na Terra das Aparências tudo que é essencial é desprezível e descartável. Relacionamentos de interesse e conveniência, a busca insana pela “forma perfeita” que a mídia vende e que nos leva a uma corrida louca em direção a autodestruição, necessidades artificiais são criadas a cada instante. Fetichismo, hedonismo, individualismo, tudo isso é apenas um reflexo embaçado de uma sociedade que caminha a passos largos para o abismo. Uma sociedade podre, doente, decadente que preocupasse cada vez mais com o que aparenta ser e menos com o que realmente é.

Nela é importante saber fazer.  Contudo, saber fazer não significa que se sabe o que está fazendo.  Logo é mais importante saber o saber.  O que não é tão fácil, entendendo a lenda de Tainá-Kan é fácil. Ao sentir-se o Polifemos da mitologia grega e deseja mudar, leia e estude este texto.        

As Chinampas mexicanas são um sistema respiratório celular [processo onde os nutrientes são convertidos em energia útil no solo, ao mesmo tempo que elimina produtos residuais, respectivamente dióxidos de Enxofre - Carbono, cloreto de sódio e água], que atuam no metabolismo de seres primitivos do Enxofre e Oxigênio em sucessão, por ação humana sincronizada, oferecendo gradientes no tempo-espaço a ambas, para a biodiversidade reguladora dos ciclos biogeoquímicos do planeta, em especial o Ciclo da Matéria Orgânica, conjunto dos Ciclos do Carbono e Enxofre.

A respiração celular do S combina suas duas valências com Carbono e ou Oxigênio, e reage com outros minerais. Há três tipos de respirações anaeróbicas celulares na ausência de Oxigênio:

a) Fermentação de álcool (tio álcool),

b) Fermentação de ácido lático e [Lactobacillus® no solo reduz a biodiversidade microbiana?]

c) Decomposição de matéria orgânica.

A quantidade de respiração celular necessária para que um organismo se mantenha em um estado constante é denominada de respiração de manutenção; já fisiologicamente a respiração significa o transporte Enxofre/Oxigênio e seus dióxidos de Carbono entre as células e o ambiente externo, através de diversas formas na natureza, onde cada ser tem seu sistema respiratório (anatômico), desde uma membrana até um aparelho usado para passar o ar para dentro e para fora pelos órgãos respiratórios.

A Ecologia da Regulação Biótica do Planeta, preocupa-se com a dinâmica da respiração do Carbono, um conceito usado no cálculo de carbono (como CO2) fluxo ocorrendo na atmosfera e a Respiração do Ecossistema, medição da produção bruta de dióxido de carbono por todos os organismos em um ecossistema (incluindo a fotorrespiração enzimática de RuBP e Oxigênio.).

Os vulcões garantem o abastecimento abundante de Enxofre e Minerais (Ferro) às Chinampas. Isto é bem menos presente e notável na Terra Preta de Índio da Amazônia, onde a excessiva pluviosidade os lixivia. A formação da TPI usa a migração dos minerais ventilados desde o Saara e arrastados desde a Cordilheira dos Andes pelos rios, depositados nas vazantes.

A Amazônia está sobre a placa tectônica Guiano-brasileira de origem basáltica que é a rocha-mãe dos seus solos, que através do tempo e calor pelo aspecto redutor da pluviosidade o reduz a Óxido de Ferro II.

Da mesma forma a matéria orgânica em grande parte é oxidada [C(s) + O2(g) → CO2(g)] à Dióxido de Carbono (CO2) gasoso.

A Redução indireta através de monóxido de Carbono (CO) pela ação enzimática (Ф) pode ocorrer: o óxido de Fe III é reduzido a CO em três estágios:

3Fe2O3 + CO Ф → 2Fe3O4 + CO2

Fe3O4 + CO Ф → 3FeO + CO2

FeO + CO Ф → Fe + CO2

O Fe3O4 é diretamente reduzido a Fe passando à wustita (FeO). Já a redução indireta é através de Hidrogênio (pluviosidade), também enzimática em 3 estágios:

3Fe2O3 + H2 Ф → 2Fe3O4 + H2O

Fe3O4 + H2 Ф → 3 FeO + H2O

FeO + H2 Ф → Fe + H2O

A redução direta pelo Carbono durante a coivara ou queimada Δ:

No processo de redução direta do Carbono sólido, as três seguintes reações de redução podem ser escritas:

3Fe2O3 + C Δ → 2Fe3O4 + CO

Fe3O4 + C Δ → 3FeO + CO

9 FeO + C Δ → Fe + CO

Somente uma mínima quantidade de redução poderá ocorrer através de contato direto de reação de partículas de Carbono sólido-sólido, de forma lenta através do monóxido intermediário.

O próprio solo fecha o ciclo da Matéria Orgânica, mas a mão humana é vital, no caso do Enxofre abundantes nas cinzas vulcânicas para as Chinampas, mas escasso no Amazonas.

    Ela é feita pela inoculação microbiana na TPI através de excrementos humanos ricos em S de origem animal (caça, peixes e vegetais) como matéria orgânica excretada na vida microbiana de Enxofre e sua ação junto à biomassa, resíduos de lenha como “piro carvão”, e resíduos vegetais ricos em tecidos duros das cascas de cocos abundantes na dieta indígena pela riqueza em azeites. As cascas dos cocos são abundantes em lignina, esclerossomas (esclereídas), presentes na cor café de muitos rios amazônicos, como o Rio Negro.

Estes esclerossomas são polímeros de núcleos aromáticos de α, β e γ Fenilpropano, substância precursora na síntese microbiana de ácido chiquimico, que dá origem a todo o metabolismo secundário dos microrganismos e plantas, ligados à saúde e biodiversidade microbiana no solo e bioma. (ver abaixo).

O Fenilpropanóide é responsável ainda pela formação da “melanina”, importante para a absorção na fotorrespiração ao transformar a partícula (fóton) sobre o corpo negro que é o solo escurecido por ela para transformar o fóton em luz e calor. Luz, estratégica para as ações do Silício, Ferro e minerais no metabolismo do Carbono e Enxofre, e, na geração de calor celular para a vida microbiana.

Os α, β e γ Fenilpropanos (também denominados de fenilpropanóides) são essenciais para a síntese do aminoácido Fenilalanina, que deriva o Triptofano, Tirosina e muitas outras substâncias do metabolismo secundário de forte impacto sobre a saúde (sistemas imunológicos), e regulação biótica da natureza.

Os fenilpropanóides são encontrados em todo o reino vegetal, e servem como precursores de uma série de polímeros naturais, os quais fornecem proteção contra a luz ultravioleta, defesa contra herbívoros e patógenos, além de mediarem interações planta-polinizador por pigmentação e compostos de aroma floral (Ácidos hidroxicinâmicos; Aldeídos cinâmicos e monolignóis; Cumarinas e flavonoides; Estilbenoides, nele o renomado trans-resveratrol), todos oriundos da molécula das esclereidas compostas de α, β e γ Fenilpropano. Nestes quatro compostos está grande parte do sistema imunológico adquiridos através da alimentação pelos animais, vegetais e microrganismos a partir do solo vivo, que é a Terra Preta de Índio da Amazonia e outros do sistema Waru-Waru e Chinampas Mexicanas.

Este é o grande legado agroecologia, indígena camponesa, que denominamos de Biografeno, Biofullereno, antagônicos ao mercantilizado BIOCHAR, que nada mais é que “piro-carvão”, com a função da Fênix grega de ressurgir das cinzas. Mas a sabedoria de Tainá-Kan usou o fóton, o Enxofre e o Carbono para produzi-lo, tudo isso graças a compreensão de Denakê, pois saber, o saber liberta.

VAMOS FAZER O PURIM DE TAINÁ-KAN?


 

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