26 de fevereiro
Por Sebastião Pinheiro
Acordei indiferente. Não vivo em uma bolha de “Reality Show”, como cobaia humana de estudos psicanalíticos (militares), nem viciado em vaidades perseguidas por agrupadores de algoritmos, resultado da “Teoria dos Jogos” e da inteligência sobre estudos (nazistas) sobre o controle de padrões comportamentais. Eis por que acordei indiferente, como todos os dias, desde que me descobri como gente, perdi a crença, a cor e os sentimentos alheios a realidade verdadeira que me chocou, ser obrigado a não chorar por fome. Não só a fome de alimento, mas miséria de liberdade (no meu Gulag).
Morro 1582 vezes ao dia na pandemia, sem desesperança no crescer ou diminuir.
A melhor professora na primaria tinha elogios para meus trabalhos muito caprichados. Na Biblioteca pública recebia presente por ser o mais assíduo e educado, contudo em casa a minha “tia-mãe” me obsequiava até cinco surras diárias, pois me descobri “divã psicanalítico”. Estudar era a fuga e passaporte para construir além do ódio e da vaidade pessoal.
Na fase de interno em um Colégio Agrícola, única forma de continuar assíduo à necessidade de conhecimento e saber, a cada livro, experiência e aprendizado a violência se afastava, e uma percepção premonitória do que ia acontecer se cristalizava com maior frequência, sem ser mágica ou prestidigitação.
Na faculdade, alcancei a liberdade e escapar do futuro predestinado pelas elites brancas, fascistas, religiosas, mas pérfidas e não-cidadãs. Nem ser exemplo de suas justificativa fascistas. Assim escapei à condena de ser selecionado através do vestibular em uma Vara Criminal e contemplado com um número e vaga em um presidio… Eles são derrotados todos os dias desde então, não vivo em seu garimpo...
Ao transmutar-me de “vendedor de jornais nas ruas” em aluno “crema de la crema” classificado “niilista” ou “nietzschiano” todos os dias, consolidei a solidão na massa, como peixe na agua, do livrinho de Mao, sem que fosse uma Bíblia sagrada ou argumento de revoltado de uma juventude alienada.
O diploma que recebi foi de que não o necessitava para nada, pois o insurgente deve estar sempre nu, ou vestido como Natureza sem pleonasmos no combate.
Desvio os devaneios capitais, evito todos os dias e desperto indiferente, mas hoje é um dia diferente, tão diferente que é incompreensível. Estamos sob Bandeira Preta, não a verdadeira, mas em prenuncio dela.
Sim, Bandera Nera do italiano feudal que derrotou o feudalismo, a servidão e forjou uma cultura sobre todas as pestes que o assolaram através dos tempos. Que sobreviveu à la “Fascetta Nera” dos camisas pardas na Abissínia em prenuncio da guerra europeia, no reino que sobreviveu ao holocausto africano na Segunda Guerra Mundial, que recém terminou, e agora conhece a “Bandeira Amarela”, que derrotou Trump e suas farsas na democracia do dinheiro, crença e cor, contudo ela não tem a cor da raça, mas a cor da ansiedade humana e a sua música e letra mesmo em mandarim continua idêntica aos anseios da Bandeira Negra.
Busquei a letra para cantá-la, a melhor foi forjada no, depois, mas que permite encontrar o valor da anterior. Foi forjada por um português operário do F.O.R.A em Buenos Aires.
Morra Quem Não Tem Amores
Ó que linda rama tem o alecrim
Ó que linda rama tem o alecrim
Toca-lhe mansinho que ele está em flor
Como vão os teus amores
No alto da serra está uma bandeira
No alto da serra está uma bandeira
Não tem uma letra, não tem um bordado
Deixa não te dê cuidado
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Eu não tenho cor e sou de seda pura
Faço inveja à formosura
Negra como a noite, negra como os corvos
Negra como a noite, negra como os corvos
Crista em desafio contra os ditadores
Morra quem não tem amores.
Sim agora podemos cantar, sem ódio, sem raiva,
sem a necessidade de tempo ou espaço,
Arriba los pobres del mundo,
de pie los esclavos sin pan
y gritemos todos unidos:
¡Viva la Internacional!
Removamos todas las trabas
que nos impiden nuestro bien,
cambiemos el mundo de base
hundiendo al imperio burgués.
Agrupémonos todos
en la lucha final
y se alcen los pueblos con valor
por la Internacional.
El día que el triunfo alcancemos
ni esclavos ni hambrientos habrán,
la tierra será el paraíso.
Que la tierra dé todos sus frutos
y la dicha en nuestro hogar,
el trabajo es el sostén que a todos
de la abundancia hará gozar.
A foto é do pássaro, ginandromorfo lateral do “Reality Show” nacional, onde todos estamos dentro do garimpo, onde não há inocentes, apenas cúmplices ou insurgentes.
Um vírus pode conseguir nosso renascimento. Aproveitamos a oportunidade sem medo.
Cantemos, pois como os pássaros, sem se importar com nosso aspecto ou os espectros insanos do criminoso.
Despertem os que não têm amores.
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