01 de maio
Por Tiao
Spooky havia se banhado e se penteado, trajava uma camisa vermelha e preta, velha, mas bem conservada com alguns furinhos. Não era 26 de julho, a captura de Moncada, pensava Lisarb. Spooky sorria, com um escrutínio mental. Esperou. Lisarb, já tinha a resposta, mas precisava conhecer o ambiente do quebra-cabeça. Ora, por quê, pois fora convidado para uns “tapas” com Montila em Calalunya para celebrar o Primeiro de Maio, mas não havia cores amarela e vermelha, mas vermelho e preto. Mas o que isso significa?
Foi quando notou o facão ao lado de três fatias de presunto espanhol. Não havia nada lá da Catalunha, exceto o presunto. O vínculo era o facão angolano. Respondeu a sorriso e elevou a voz: Quifangondo, a derrota do Zaire e da África do Sul e dos agentes mercenários da CIA, para o braço da FLNA do MPLA. Eles planejavam tomar Luanda para impedir a declaração de independência tomando a capital, mas ali havia guajiros “palestinos” e os “guantanameros”. Foi rápido, por causa da tática com uma estratégia de não permitir uma longa guerra com cerco a capital. Os batalhões de Zaire e a força aérea da África do Sul não tiveram chance. Eram prisioneiros mercenários da CIA de todos os países títeres… Isso lembra o julgamento no Estádio….
Spooky disse: é primeiro de maio e ninguém pode esquecer da Angola. Lisarb sarcástico, poupado do esforço mental, as fatias são cortadas e o aroma não se oxida, não o cortaste com facões que os espanhóis te matam.
~ Não tenho uma sevillana, e uma de toledo, quando é para fatias extrafinas como os alemães gostam. Beba um jerez, para começar tenho o Garnacha Calatayud da República da Catalunha com 35 anos, quase a idade de Angola.
- Lisarb compenetrado contestou o Primeiro de Maio que o merece.
- A Dolores Ibárruri gritou Spooky!
- Lisarb levantou seu jerez para o comandante do rebelde Pino entre os rebeldes pelo valor da vida.
Ambos riram e repetiram com as tapas de pata negra.
Lisarb disse: mas a mensagem dizia: "patético" e "esculacho" e estamos a tomar jerez e comer presunto.
Você viu na TV o que o Guedes falou, é o “esculacho governamental”.
- Bem, tudo bem, mas e o patético?
Simples, você se lembra dos comandantes da FLNA?
- Sim, o General Ramos "Ngongo".
É o “patético”, um General do Exército entre nós e no mais alto cargo, coordenador de todos os outros ministérios, dizer em uma rede internacional que estava tomando a vacina escondida por medo de desagradar a política determinada pelo presidente.
Spooky baixou os olhos, tomou o jerez de dose. Esperou, mastigava, mas não conseguia engolir. Lisarb desviou a conversa: - A Igreja Universal em Angola foi expulsada; tem gente na rua que fala algo sobre diamantes encher intestinos e "bíblias".
Spooky se recompôs: - Witzel se foi, qual será o próximo.
Lisarb moveu as costas: - Depois do esculacho e o patético, e das contínuas ameaças do artigo 142 da Constituição, acho que procuram provocar, mas o brasileiro não é ingênuo nem tonto. Os que saem fantasiados são bem pagos ou hors concours, nada mais. O mundo tanto em Angola quanto na China é o mesmo, muito igual, mas diferente, diferente o suficiente. Só patéticos e esculachados não sabem e continuam praticando o "Buzkashi", onde tudo vale há dois mil anos.... O mundo, porém, mudou...
- Spooky sorriu, já com seu kristoff fedorento aceso: Gosto do Pato, uma adaptação pampeana Argentina que está por todo o Pampa, evoluiu muito mais, é muito forte entre os jovens, tem meninas que praticam na Argentina. Se o mundo é o mesmo, muito igual, mas não há mais lugar para o patético ou esculachos.
Quifangondo, foi a última batalha, no dia seguinte, 11 de novembro, foi declarada a Independência de Angola.
Tenho aqui o poema de Agostinho Neto sobre a Liberdade. Agora que muitos estão fazendo o DNA para descobrir suas raízes, vale a pena recitá-lo com crianças e jovens.
Criar, criar
estrelas sobre o martelo guerreiro
paz sobre o pranto das crianças
paz sobre o suor sobre o rasgo do contrato
paz sobre o ódio
criar
criar paz com olhos secos
criar, criar
criar liberdade em estradas de escravos
esposas de amor nos caminhos paganizados de amor
sons festivos sobre corpos em equilíbrio em forças simuladas
criar
criar amor com os olhos secos
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