Perguntaram-me uma vez sobre a Teoria da Trofobiose...
O desequilíbrio nutricional tanto dos seres humanos como também das plantas, desencadeiam mudanças no estado de resistência e suscetibilidade aos agentes causadores de doenças, pragas e patógenos. Então, se uma planta está equilibrada em nutrientes, obviamente, tem construída em seu interior forte síntese de proteínas, inibindo assim, o ataque dos agentes. A teoria cabe também aos humanos, em que se fazendo da alimentação produzidas em agroecossistemas equilibrados (com diversidade biótica, estrutura trófica e ciclos de materiais) serão mais resistentes às doenças.
O tratamento do solo, por conseguinte, se torna sine qua non, para que se inicie a sanidade biológica de plantas e humanos. Ana Primavesi diz que "quanto mais variada a matéria orgânica que um solo recebe, tanto maior e mais ativa se torna a microvida, a mobilização de nutrientes e a saúde vegetal. Assim, por exemplo, as lagartinhas da traça (Ascia monusta orseis) do repolho, brócolis e couve-flor, somente atacam plantas deficientes em molibdênio, o Elasmopalpus que mata até 20% das plantinhas rescém nascidas de feijão e milho, não as ataca mais se as sementes forem enriquecidas com zinco.
Francis Chaboussou explica melhor sobre a Trofobiose:
"As pesquisas têm mostrado que a maior parte dos insetos e dos ácaros fitófagos dependem de substâncias solúveis existentes na seiva das plantas ou no suco celular, tais como aminoácidos livres e açúcares redutores, pois estes não são capazes de desdobrar proteínas em aminoácidos. Foi a partir da relação entre o estado nutricional da planta e sua resistência às doenças, que Dufrenoy (1936) postulou que toda circunstância desfavorável ao crescimento celular tende a provocar um acúmulo de compostos solúveis não utilizados, como açúcares e aminoácidos, diminuindo a resistência da planta ao ataque de pragas e doenças. A partir disso, Francis Chaboussou formulou, em 1967, a teoria da trofobiose, ao afirmar que “todo processo vital está na dependência da satisfação das necessidades dos organismos vivos, sejam eles vegetais ou animais, ou seja, a planta, ou mais precisamente o órgão vegetal, será atacado somente quando seu estado bioquímico, determinado pela natureza e pelo teor de substâncias nutritivas solúveis, corresponder às exigências tróficas (de alimentação) da praga ou do patógeno em questão”. Assim, a explicação para o aumento de pragas ou desequilíbrios biológicos nos agroecossistemas pode estar associada ao estado dominante de proteólise nos tecidos das plantas." (Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - nº 21- julho/agosto 2001 17)
Francis Chaboussou, ao enunciar a teoria da trofobiose, lançou um dos pilares da agroecologia. Ao longo desta obra, o leitor encontrará uma sólida argumentação científica, demonstrando que os parasitas não atacam as plantas cujos sistemas nutricionais estejam equilibrados; em contrapartida, são os fertilizantes solúveis e os agrotóxicos que os atraem, gerando, assim, um ciclo de dependência. As pragas e doenças vegetais hoje chegam à casa do milhar, com o uso crescente desses agrotóxicos e fertilizantes. Resultante desse processo é o fracasso da “revolução verde” e do “agronegócio”, com suas lamentáveis e sombrias conseqüências para o planeta. O equilíbrio da composição mineral do solo é condição sine qua non para a sua fertilidade; o problema está em como alcançar esse equilíbrio.
Nesta obra pioneira, Chaboussou, mostra como o equilíbrio biocenótico da fertilidade do solo propicia a produção de alimentos limpos, sem uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. Aí está, para os cientistas e para os agricultores pesquisadores, a base de uma tecnologia da vida - a agroecologia -pela qual se propõe alcançar a maravilhosa harmonia da natureza com a própria consciência humana, por um modelo de produção capaz de alimentar a humanidade, sem dilapidação dos recursos não renováveis. Fonte: Editora Expressão Popular. _Baixe o Livro aqui_