9 de setembro de 2018.
por Sebastião Pinheiro
(Redes sociais..)
LISARB, sim o
“Pereba”, é verdade que ele andou sumido e não estava em retiro espiritual no
Tibet ou Nepal. Nos últimos tempos calou, observou e relevou sobre a epidemia
que se alastra. Não de modo algum me refiro à Febre Amarela Selvagem atacando
as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. As
autoridades dividiram a dose internacional das vacinas em 5 partes para aplicar
1/5 da mesma em toda a população, mas avisou que, quem viajar para o exterior
deve tomar a dose integral em outros locais.
O tempo passou a
febre amarela continua fazendo vítimas, mas não sai nos jornais; tampouco me
refiro ao sarampo, que não faz dois anos estava extinto e retornou como epidemia.
Lisarb ficou assustado, pois se passou a fazer uma campanha para vacinação da
tríplice e poliomielite, mesmo para as crianças já vacinas e com sua carteira
pediátrica atualizada. O mais triste é que culparam refugiados políticos como
causadores do surto, como não existisse governo, nem autoridades.
Qual a razão
verdadeira para se revacinar crianças com suas vacinação em dia? Houve perda de
imunidade, fraude, negociata? O Pereba é experto buscou respostas com
profissionais da área sem sucesso.
Ele estava atônito
com a epidemia de ódio. No domingo no final da tarde a TV mostrava o Museu
Nacional queimando e Lisarb ruminou com suas entranhas: - Puseram fogo para
roubar alguma coisa. O Pereba não exagera, a Copa Jules Rimet guardada dentro
de uma estante sem proteção, era para ser garimpada pelo primeiro ousado; em 13
de dezembro de 1987 dois catadores de ferro velho provocaram o pior acidente
com Césio137 radioativo no mundo e aquele não foi o primeiro no país, matutou o
ferino escroto. Pôs-se a pensar sobre a hermenêutica como ciência técnica e a
simiótica de seus símbolos e lembrou que Estamos completando um século da
Reforma Universitária de Córdoba, fundada em 1621. Correu aos alfarrábios e
encontrou o velho texto daquele manifesto e a parte que mais gostava:
...“Las
Universidades han sido hasta aquí el refugio secular de los mediocres, Ia renta
de los ignorantes, Ia hospitalización segura de los inválidos y lo que es peor-
el lugar donde todas Ias formas de tiranizar y de insensibilizar hallaron Ia cátedra
que Ias dictara. Las Universidades han Ilegado a ser así fiel reflejo de estas
sociedades decadentes que se empeñan en ofrecer e! triste espectáculo de una
inmovilidad senil. Por eso es que Ia ciencia, frente a estas casas mudas y
cerradas, pasa silenciosa o entra mutilada y grotesca al servicio burocrático.
Cuando en un rapto fugaz abre sus puertas a los altos espíritus es para
arrepentirse luego y hacerles imposible Ia vida en su recinto. Por eso es que,
dentro de semejante régimen, Ias fuerzas naturales Ilevan a mediocrizar Ia
enseñanza, y el ensanchamiento vital de los organismos universitarios no es el
fruto dei desarrollo orgánico, sino el aliento de Ia periodicidad
revolucionaria.”…
Ele não indiferente
lembrou que sua Escola de N°20 visitou aquele museu, nos idos de 1957, mas ele
não pode ir, pois não tinha sapatos, nem sandálias, já que a professora o
proibiu ir de tamancos de madeira. Instilando e remoendo veneno e o ódio na
memória pela insensibilidade, ignorância da sua professora, Lisarb começou a
relevar, pois nem um Século depois a Reforma de Córdoba chegou ao Brasil. Ele
estava se preparando, pois sabia o Carnaval que a imprensa ia fazer durante
toda a semana na construção “alienadora messiânica”, ainda mais com uma
campanha política, e presidencial.
Tudo que ele
esperava ocorreu, mas eis que no dia 5 de setembro ocorreu a máxima e o
incidente com um candidato à presidência empana o brilho do incêndio e todos
esquecemos do Museu Nacional. Nem se chegou a calcular o valor das coisas nele
“depositadas” e as pertinentemente denúncias ao Ministério Público Federal que
uma catástrofe era anunciada e esperada. Nem os bombeiros funcionam bem no
Brasil, pois em nada resultou a denuncia formal e fartamente documentada ao Ministério Público Federal.
Pelo óbvio, Lisarb deixou de abordar o incêndio e passou a ruminar o que estava
sendo gestionado com habilidade pelo candidato vítima. Há muito sua falecida
avó dizia do alto de sua sabedoria, embora analfabeta: “Toda formiga sabe a
roça que corta”.
Existe algo que
perdemos que é o respeito e cordura. Por cinismo a mídia é obrigada a não dizer
“PCC” ou “Comando Vermelho” para não promover bandidos, mas candidatos tem a
liberdade de ofender pessoas por terem um mandato e entrar na casa de todos e
dizer em debates ou propagandas as maiores agressões e aberrações.
Lisarb sabia o quão
difícil é trilhar por esses análises em país onde a professora foi formada para
trabalhar com crianças em uma escola pública e impediu uma das maiores aulas
que uma criança pode receber, ir ao museu de seu país.
Lisarb sentiu a
mesma sensação que na visita ao museu. Ancião conhecia os maiores museus do
mundo, mas aquele era o melhor, pois o faria igual a todos os outros alunos em
posição privilegiada, e era o Museu Nacional de seu país.
Devaneando,
enquadrou a visão do agressor como heroica, pois sobreviveu ao ataque e faz
parte de sua formação profissional, duplamente. Já a visão da vítima é de dever
cumprido pela metade, seja por sua crença religiosa, insanidade ou razão que se
desconhece ou estará durante muitos anos escondida por outras razões.
O melhor nesta
ocasião é a comiseração tanto com o agressor-vítima e com a vítima agressora, e
para isso nada é melhor do que Bertold Brecht e sua energia.
A corrente
impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contem
Ninguém chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as bétulas
E tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
Nos livros antigos
está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!
Eu vim para a
cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo
da revolta e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Vocês, que vão
emergir das ondas
em que nós perecemos, pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de
sapatos, desesperados! quando só havia injustiça e não havia revolta.
Nós sabemos: o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós, que queríamos preparar o caminho para a amizade, não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós com um pouco de compreensão.
*informações: emporioagricola@gmail.com