17 de maior 2019
por Sebastião Pinheiro
Não é todo dia que temos a alegria de visitar um Parque Nacional no país
onde está o pico mais alto do mundo. Tive essa sorte, sem estar de turista,
graças a um convite de um amigo equatoriano, técnico e produtor de orgânicos,
que me convidou para o problema do uso do "soro de leite"
substituindo o leite fresco natural nas bebidas lácteas para crianças, causando
prejuízos éticos, morais e econômicos para os camponeses daquele país, cuja
qualidade do leite compete com os uruguaios em toda a América. E eu disse
América. E o pico mais alto não é o Everest é o Chimborazo. Eles me ensinaram
na escola que os ingleses inventaram a pólvora. Um império é um falsificador de
mentiras e ódio.
Falamos sobre como o leite fresco é
substituído pelo leite em pó da mesma forma que o “leite materno” foi
substituído pela ama de leite e depois pelo leite em pó, removendo a dimensão
do amor e da espiritualidade nas crianças e famílias, que hoje são os adultos
cheios de ódio e autoritarismo na onda que assume solucionar o problema
econômico do império que zozobra.
Depois de muito tempo voltei a fazer
a equação comparativa de valor na produção de leite: Uma vaca que pari um
bezerra (50% de chance). Bezerra que necessita de 2,5 anos para a puberdade;
gravidez + 9 meses e (alimentação, veterinária, vacinas, impostos, muito
trabalho, incerteza e para aumentar a produção é necessária mais terra) =
produção de dezenas de litros por dia durante seis a sete meses e custa e
recebi 0,42 US$/L. Enquanto em um litro de água são colocadas 8 gotas de xarope
de cola, 2 colheres de açúcar de milho (HFCS, que possui noventa patentes
industriais) + gás carbônico + 78% de publicidade, design e propinas de
corrupção para o que custa 2 dólares o litro e para aumentar a produção precisa
de mais energia, salário e mão-de-obra, sempre com o apoio do governo. É por
isso que eles compram soro e o substituem por soro que custa US$ 0,03.
O sorriso da camponesa tinha detalhes de identidade. A anciã com a
cabeça branca e o chapéu "colla" com seu sorriso demonstrava que era
ela quem estava falando e isso massageava o coração. Num piscar de olhos, raio,
lembrei-me das aulas do Prof. Mulvany,
a terceira matéria mais difícil da carreira...
Desde 1988, fazíamos biofertilizantes com soro de leite, substituindo o de
esterco de vaca, por questões do desgosto do consumidor desinformado/alienado. A produção do polipéptideos Nisina(a) substitui os múltiplos polipéptideos do Bacillus subtilis que se encontra no esterco
fresco, mas normalmente também está presente no leite e afasta o nojo pela
origem do estrume e o substitui pelo valor do creme de Chantilly. Lembre-se que
Nisin(a) é o maior conservante de alimentos depois do ácido ascórbico e que a
China é o maior produtor mundial.
Com uma leitura de Rinaudo em 1999 e pela necessidade dos
equatorianos com o soro. Lembro-me de relermos Rinaudo em um novo trabalho em 2006 sobre a produção de Quintosano,
que fizemos a partir da fermentação de "soro de leite e casca de camarão
dentro do Laboratório de Solo da U.A. de Sinaloa em Culiacán no diplomado do
ano seguinte. O professor, muito próximo dos fertilizantes, no início estava
enojado, mas ficou surpreendido com os resultados.
O ponto alto na Oficina em Cuenca foi fazer Quitosano com casca de camarão
que é produzido na costa oceânica (Guayaquil). Havíamos feitos em novembro/2018
no Sítio Blanco em São Paulo, feito mais de mil litros com a colaboração do Agroecólogo
Oliver Blanco.
Com a fermentação do ácido láctico que atua como "desacetilador" da quitina temos a formação do Quitosano
que se mede campenesinamente através da viscosidade e já temos nosso
viscosímetro para medir a concentração da solução final. Não precisamos fazer a
desmineralização, porque a agricultura necessita muito de Cálcio e Magnésio e
oligoelementos. Colocamos um pouco de farinha de rochas pelos minerais,
principalmente o Ferro. Com isso, aumentamos a formação da Lactoferrina, um
sideróforo estratégico, formado nas fermentações com Ferro e Lactobacillus.
Imagine vocês, quando a Quitosano Camponês chegar ao produtor de Banana,
Cacau, Rosas, Hortaliças, Pastagens, Cereais, Frutas e outros alimentos. Usaremos
menos venenos. Recordaremos que os camponeses ultra-sociais, agora desenvolvem
sua tecnologia como sujeitos e não as consomem como objetos de corporações
industriais e financeiras.
Saí de Machache e Cuenca descansado, um abraço e um sorriso camponês vale
mais do que mil artigos científicos publicados por vaidade ou dinheiro. Para
nós isso justifica ficar sem almoçar ou sem café da manhã, porque a luta e
segue e Zapata Vive pelo Biopoder Camponês.
Logo veremos o Quitosano nos artigos, discursos e indexação, mas nossa
sorte é que eles trabalham como mercenários para as empresas e nós jamais fomos
regulares.
Vinte anos atrás, acompanhei um sério problema das pulverizações de Glifosato
no sul da Colômbia e os protestos do povo e do país vizinho que exigiu respeito
ao seu território. Participei com alguns subsídios para agentes acadêmicos. Recordo
que o embaixador nos EEUU justificava e exigia que fosse aplicado também no
território sagrado dos Parques Nacionais Colômbianos, onde há um urso de óculos
que alegra a cultura andina e está em extinção. Hoje, quando há 48.000 ações
judiciais contra o Roundup, agora Bayer, perguntamos ao embaixador: Excelência
em seu país 60 mil cidadãos morrem por Disbioses causada pelo Glyphosate e o
tratamento é a ingestão de excrementos humanos frescos camponês sob controle
pela sua qualidade e não que não pode ser pasteurizado. Isso recebe o nome
eufemístico de Transplante de Bioma Fecal Humano para o que foi criado o Banco
do Bioma Aberto (Open Biome Bank) que paga 40 dólares da defecada do camponês
com bônus por cinco defecadas consecutivos.
Retornamos por terra rumo a Guayaquil e atravessamos o Parque Nacional de
Cajas, onde está o reservatório de água de Cuenca para os próximos milênios.
Uma bela cidade com uma atmosfera de paz, quando no mundo a mídia semeia ódio. Alí,
milhares de pessoas idosas buscam tranqüilidade para o fim da vida por todas as
qualidades. Enquanto atravessava e alcançava o ponto máximo de altitude do
Parque 4.100 metros em Cuatro Cruces, depois de Dos Chorreras, fiquei pensando
no Rio de Janeiro onde jornais publicam possíveis vínculos de um jovem senador
com as milícias (Oficiais e suboficiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a
maioria deles treinados por antigos treinadores das Escolas das Américas no
Panamá, que usam o logotipo de pára-quedas com asas que significa comando de
combate à subversão. A morte e o crime para eles é um negócio rentável vinculado
ao tráfico e sindicato do crime desde a ditadura).
Quando se trata dos Parques Nacionais Brasileiros, que estão entre os
piores da América para sua administração, eles agora têm um governo que querem
privatizar para atender ao agronegócio e turismo.
No Parque Nacional das Cajas ainda existem vicunhas, quase extintas, mas o que me espanta é que no Brasil, desde
Harvard, um sociopata instiga o ódio e a intolerância. Não fui eu que coloquei
o nome "Super Magro" nos
biofertilizantes pioneiros, mas sei por que foi colocado e como o transformamos
em limonada. Me ocorreu um nome para a Quitosano Camponês: "Sorriso
Camponês" ("Sorriso da Camponesa"), talvez pela Pachamama, talvez por Ometeolt.
Hoje no Brasil poucos sabem o que isso significa, mas em breve muito em breve
vão saber e gritarão como no altiplano: Acusijo, acusijo ...
E. T. Dentro de uns trinta anos, quando me sentir velho, vou morar em Cuenca/Equador,
enquanto isso, não há medo ou trégua, pois a luta segue e segue e o império zozobra
(se contrai, se erodi, se lixivia...).
NOTAS A MAIS:
* SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DO MERCADO MUNDIAL DE XAROPE DE MILHO DE ALTO TEOR DE FRUTOSE (HFCS)i
**Chitin and chitosan: Properties and applications
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